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Superávit de Milei é ‘picaretagem’, afirma economista argentino

Além dos cortes em programas sociais e congelamento das obras públicas, Ramon Garcia-Fernandez destaca que Milei vem adiando pagamentos e prevê “estouro social” no médio prazo

Na última quinta-feira (4), a porta-voz do Fundo Monetário Internacional (FMI) Julie Kozack classificou como “impressionante” os supostos progressos que o governo de Javier Milei vem obtendo na condução da economia argentina. Ela destacou que, em janeiro e fevereiro, o país registrou superavit fiscal pela primeira vez em mais de uma década. Além disso, a inflação está caindo e as reservas internacionais, subindo.

Porém, o plano “motosserra” de corte de gastos tem cobrado alto custo da população argentina. A previsão do próprio FMI é que o PIB da Argentina registre retração de 2,8% em 2024. De acordo com a Confederação Argentina de Médias Empresas (Came), a venda de medicamentos, por exemplo, sofreu queda de 42,4% nos dois primeiros meses do ano. Já os dados do Observatório da Dívida Social, da Universidade Católica Argentina (UCA), mostram que a taxa de pobreza no país passou de 49,5% para 57,4%, atingindo seu patamar mais elevado desde 2004.

Para garantir as contas no azul, Milei suspendeu as obras públicas. Também congelou recursos destinados aos restaurantes e cozinhas comunitárias. E também já demitiu cerca de 24 mil funcionários públicos. Mas esses cortes não são suficientes. Numa espécie de maquiagem das contas públicas, o atual governo também vem adiando o pagamentos de energia e repasses para as províncias.

Nesse sentido, o professor titular do Bacharelado em Ciências Econômicas e da Pós-Graduação em Economia da Universidade Federal do ABC (UFABC) Ramon Garcia-Fernandez afirma que o sucesso do ajuste fiscal de Milei não é sustentável. “O superávit das contas públicas está sendo obtido adiando pagamentos. Assim até eu consigo”, ironizou o economista argentino que vive no Brasil. “Posso aumentar minha poupança, se continuo recebendo e não pago para ninguém. Se você adia todos os pagamentos, vai ter superávit, obviamente. Mas isso é uma estratégia sustentável? Pareceria mais uma picaretagem.”

Entre falsas promessas e o “estouro” social
A estratégia de Milei se resume a cortar gastos e acumular reservas, explica o economista. No discurso de posse, em dezembro, o líder ultrarradical argentino afirmou que não tem dinheiro – “No hay plata”. Contudo, o sofrimento decorrente dos cortes da motosserra conduziriam o país ao caminho do desenvolvimento. A população começaria a perceber melhora no cenário econômico entre o segundo semestre deste ano e o ano que vem.

Ainda durante a campanha, prometeu que, destruindo as instituições de Estado, os argentinos teriam um padrão de vida semelhante ao da Itália ou França em até 15 anos. “Se me derem 20, Alemanha. Se me derem 35, Estados Unidos.”

Para Garcia-Fernandez, trata-se de um lugar-comum presente em todos os planos de austeridade. Ele citou o renomado economista argentino Fabio Erber, que antes de morrer comparou o discurso neoliberal com o êxodo do povo judeu em busca da Terra Prometida. Seriam 40 dias de sacrifício caminhando pelo deserto para então viverem com abundância de leite e mel – ou doce de leite, no caso argentino.

“Esse é um lugar comum de todos os planos de austeridade. Tem a famosa frase do presidente (Carlos) Menem: ‘estamos mal, pero nos va bien’. É uma estratégia discursiva bastante frequente. Então, respondendo sua pergunta, quando vai dar certo? O que o Milei diz é que vai ser entre o segundo semestre e 2025. Eu acho que a coisa não vai ter bons resultados, em momento nenhum. Suponho que, em algum momento, pode ter assim um estouro social”.

Apesar do sofrimento imposto ao povo argentino, Milei ainda mantém apoio social, destaca o professor. “Enquanto boa parte da população estiver apoiando, a coisa pode se sustentar. Mas acho que esse apoio não pode passar. No meio do ano, a situação tende a se reverter”, prevê Garcia-Fernandez, diz a Rede Brasil Atual.

Mais inflação à vista?
A inflação de fevereiro na Argentina ficou em 13,2%, de acordo com o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec). Na ocasião, Milei chegou a comemorar o respiro na alta dos preços, já que estimativas apontavam alta acima de 15%. Os números de março ainda não foram divulgados. O professor trabalha com números entre 10,5% e 13%. Mas destaca que é difícil que a inflação se mantenha nesse patamar, ainda elevado, no médio prazo.

“É difícil pensar que possa se sustentar, porque o dólar está relativamente baixo. O país está muito caro para quem vem de fora, ou para exportar qualquer coisa. Então tem uma pressão muito forte do agronegócio para ter uma nova desvalorização. O que certamente seria um combustível para o recrudescimento da inflação”.

Ele destaca que a alta dos preços vem desacelerando, mas o consumo também vem caindo. As vendas no varejo em geral retraíram cerca de 20% nos últimos meses. Assim, afirma que no curto prazo, não há vencedores com as medidas de arrocho do governo Milei.

“Se pode perguntar, por que então Milei tem apoio de industriais, que estão perdendo, com produtos encalhados nesse momento. De alguma maneira, se trata de uma redistribuição de poder na Argentina. Tudo isso reduz o poder de barganha dos trabalhadores. Obviamente vai facilitar para as grandes empresas. Por isso, todas as seis grandes câmaras empresariais argentinas manifestaram estar de acordo recentemente quanto ao rumo em geral que o governo Milei quer impor à economia.”

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Economia

Comércio exterior brasileiro fecha 2023 com superávit recorde de US$ 98,8 bilhões

Exportações, de US$ 339,7 billhões, também são as mais altas da história, mas queda de 11,7% nas importações ajudou no saldo positivo.

A balança comercial brasileira encerrou 2023 com um saldo positivo de US$ 98,8 bilhões, o maior valor desde o início da série histórica, em 1989. O superávit é resultado de US$ 339,7 bilhões em exportações e US$ 240,8 bilhões em importações. Os números foram anunciados nesta sexta- feira pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), segundo O Globo.

— O saldo comercial é 60% maior do que o último resultado e isso ajuda muito a economia nas reservas internacionais — disse o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin.

As exportações aumentaram apenas 1,7% em relação ao ano anterior. Já as importações tiveram uma queda de 11,7%, o que ajudou, em parte, que a balança fechasse no azul.

Segundo Alckmin, a queda nas importações teve como causa a redução dos preços dos produtos comprados no Brasil no exterior. São exemplos fertilizantes e óleo.

Com a queda das importações, a corrente de comércio (soma das vendas e das compras no exterior), que chegou a US$ 580,5 bilhões, caiu 4,3%. Mesmo assim, foi o segundo maior valor da história. Em 2022, o total foi de US$ 606,7 bilhões.

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Opinião

Cinquenta chefes de Estados querendo estar com Lula e Brasil tem superavit recorde, mas mídia ataca o presidente

Na picada recém aberta para a passagem do comboio midiático, que parece ser um território deserto de ideias e distante do Brasil real, Eliane Cantanhêde, do Estadão, diz que Lula perdeu o prestígio internacional.

É o preço que Lula paga por tratar o povo segregado como cidadão.

O Brasil segue na cena internacional com a própria estrela de Lula, sua capacidade impressionante de articulação na geopolítica global, tanto que 50 chefes de Estados querem estar com Lula. Mas O Globo pinta, em editorial, um Lula vacilante, quase selvagem e tenta fazer dele um peru de banquete da Faria Lima.

A economia vai bem, obrigado, aponta para um crescimento muito acima do previsto pelos porta-vozes do mercado na mídia, que vendiam uma tosca ideia de que o Brasil caminhava para um pinguela e um colunista papagaia o outro.

Defrontados com a realidade, nem ruborizam para dizer que Lula é um sortudo.

Agora, o Brasil alcança um recorde em seu superavit, com toques de corneta da mídia, mas a ela, misteriosamente, segue tratando Lula a ferro e fogo.

Bolsonaro deixou o Brasil amassado, na beira da linha, distante do mundo, numa fogueira amazônica nunca vista nesse país. O Brasil tinha sim voltado à idade da pedra.

Com Lula nessa nova arquitetura, que faz ferver o miolo mole do colunismo de banco, abriu um clarão, construiu pontes, mas a mídia insiste em criar uma rede de ignorância com aquele velho objetivo caseiro de produzir ódio contra o Partido dos Trabalhadores, na velha cultura de vender um Brasil inferior.

Para a mídia, Lula significa uma virada de ordem, isso remexe na cova das múmias nacionais. O aborigenismo neoliberal, que só admite filiação a um determinado grupo, não suporta qualquer fato novo que possa aferir pelo estalão das políticas públicas do governo Lula uma base social mais musculosa, sobretudo depois de Bolsonaro ter espancado e destruído uma rede de proteção social aos desvalidos, que produziu a volta de 33 milhões de brasileiros à mais absoluta miséria.

Por mais que Lula faça pelo país, pelos pobres, essa visão de idealismo moderno dos neoliberais, sem entender nada do Brasil profundo, estampa em garrafais corrompidas pela insensibilidade e pelo dinheiro grosso, um Brasil quase morto colhendo tempestades e não sonhos que vão se transformando em realidade, num prolongamento impressionante de esperança continuada.

A novela neoliberal é sempre a mesma, a lógica, idem. O ideal, nem se fala, que é não acabar com a pobreza, mas com os pobres.

Ao fim e ao cabo, é disso que se trata o lobsionismo da mídia contra os brasileiros.

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Economia Uncategorized

Com queda de 20,5% em 2019, balança comercial do governo Bolsonaro tem pior resultado em 4 anos

Superávit menor ocorre em ano de enfraquecimento PIB menor que 1%, muito menos do que garganteado na base do “deixa que eu chuto” de Paulo Guedes

A balança comercial brasileira fechou 2019 com superávit de 46,674 bilhões de dólares, recuo de 20,5% pela média diária sobre 2018, num ano marcado pelo menor crescimento doméstico que o inicialmente projetado.

A última previsão feita pelo Ministério da Economia para a balança era de que ela ficaria positiva em 41,8 bilhões de dólares em 2019. Mesmo acima deste patamar, o resultado efetivamente alcançado representou o pior para o país desde 2015, quando houve superávit de 19,5 bilhões de dólares.

Em dezembro, o superávit foi de 5,599 bilhões de dólares, informou o Ministério da Economia nesta quinta-feira, acima do saldo positivo de 4,352 bilhões de dólares esperado por analistas em pesquisa Reuters.

No último mês do ano, as exportações alcançaram 18,155 bilhões de dólares, enquanto as importações somaram 12,555 bilhões de dólares.

 

*Da redação