Política

Marcos do Val tem rede social suspensa e R$ 50 milhões bloqueados após novos ataques ao STF

Suspensão e bloqueio partiram do ministro Alexandre de Moraes, do STF.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, determinou na noite da última segunda-feira (12) a suspensão do perfil do senador Marcos do Val (Podemos-ES) no Instagram e o bloqueio de R$ 50 milhões em suas contas bancárias, informa O Globo. A decisão veio após do Val publicar novos ataques à Corte e ao magistrado, afirmando que o “cerco estava se fechando contra Moraes” e que iria denunciá-lo em tribunais internacionais.

O senador afirma que a decisão é inconstitucional e configura “abuso de autoridade”. “O que estamos vivenciando é uma flagrante contravenção e um desrespeito não apenas à minha pessoa, mas a todo o Senado Federal, que está sendo desmoralizado diante de uma medida arbitrária, que fere o princípio da dignidade humana e a própria essência da imunidade parlamentar”, escreveu em seu perfil no X.

Não é a primeira vez que Marcos do Val tem as redes sociais suspensas após ataques ao STF. No ano passado, a Corte determinou que as contas do senador fossem suspensas quando ele foi alvo de um mandado de busca e apreensão cumprido pela Polícia Federal. Ele era suspeito de obstruir investigações sobre os atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023.

A operação ocorreu após ele relatar que teve uma reunião com o ex-deputado Daniel Silveira e o ex-presidente Jair Bolsonaro para discutir um suposto plano de golpe. Do Val teria sido incitado a gravar um encontro com Alexandre de Moraes com o objetivo de obter uma declaração comprometedora que pudesse impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Bolsonarista ameaça Padre Júlio Lancellotti de morte: “vai comer grama pela raiz”

O bolsonarista possui fotos exaltando a polícia militar, compartilhando notícias falsas e posando ao lado de Jair Renan.

O Padre Júlio Lancellotti denunciou em suas redes sociais que foi alvo de uma nova ameaça de morte, desta vez pelo bolsonarista identificado como Paulo Sposito, que se apresenta como “presidente da AF dos CACs do Brasil”.

Em um comentário no Instagram, Sposito afirmou que os furtos e ocupações no bairro da Mooca, onde o padre atua, só teriam fim quando “Lancenheta for transferido para outra pastoral ou for comer grama pela raiz”, incitando abertamente o assassinato do líder religioso.

Em seu perfil, o bolsonarista possui fotos exaltando a polícia militar, compartilhando notícias falsas e posando ao lado de Jair Renan, filho de Bolsonaro. O perfil segue ativo, mesmo após várias denúncias feitas por internautas sobre seu conteúdo.

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Lula se reúne com lideranças indígenas para discutir conflitos no Mato Grosso do Sul

Há quase um mês, o conflito entre indígenas e produtores rurais tem gerado tensão na área rural de Douradina (MS).

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se encontrou na manhã deste sábado (10) com lideranças indígenas Guarani-Kaiowá do Mato Grosso do Sul para abordar a escalada dos conflitos fundiários na região.

Em suas redes sociais, Lula compartilhou uma foto ao lado das lideranças indígenas e dos ministros Sonia Guajajara (Povos Indígenas), Márcio Macedo (Secretaria-Geral da Presidência da República), Paulo Pimenta (Secretaria Extraordinária de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul) e da presidente da Funai, Joênia Wapichana. “Recebi uma comitiva de lideranças Guarani-Kaiowá para tratar do conflito no Mato Grosso do Sul, que se intensificou nos últimos dias”, escreveu o presidente.

Conflito Fundiário

Há quase um mês, o conflito entre indígenas e produtores rurais tem gerado tensão na área rural de Douradina (MS). Na última semana, diversos feridos foram registrados durante disputas armadas pela terra conhecida como Panambi-Lagoa Rica.

Na segunda-feira (5), seis pessoas ficaram feridas, sendo cinco produtores rurais e um indígena. Os feridos, que sofreram lesões superficiais, recusaram atendimento médico. No sábado anterior (3), cinco indígenas da etnia Guarani-Kaiowá foram atingidos por tiros de armas letais e munição de borracha. Os feridos foram encaminhados ao Hospital da Vida, em Dourados, onde apenas um indígena permaneceu internado.

Após o agravamento do confronto, a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, visitou a área na terça-feira (6), onde dialogou com representantes indígenas e prometeu buscar soluções para o conflito através do diálogo.

Aliados de Bolsonaro e Valdemar se preocupam com ordem de prisão após determinação de Moraes

Alexandre de Moraes intimou Bolsonaro e Valdemar a explicarem um eventual encontro em São Paulo, apesar de estarem proibidos de manter contato.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes intimou Jair Bolsonaro (PL) e o presidente da legenda, Valdemar Costa Neto, a explicarem sua presença em um evento político em São Paulo, no dia 3 de agosto, apesar de estarem proibidos de manter contato direto. Segundo a coluna do jornalista Igor Gadelha, do Metrópoles, na decisão assinada na quinta-feira (8), Moraes concedeu um prazo de 48 horas para que ambos esclareçam sua ida à convenção municipal do MDB, que oficializou a candidatura de Ricardo Nunes à reeleição como prefeito da capital paulista.

Desde 7 de fevereiro de 2024, Valdemar e Bolsonaro estão proibidos de entrar em contato direto por decisão de Moraes. A proibição de comunicação entre Bolsonaro e Costa Neto foi estabelecida no contexto da Operação Tempus Veritatis, deflagrada pela Polícia Federal com o objetivo de apurar a tentativa de um golpe de Estado para impedir a posse do presidente Lula (PT).

Segundo Guilherme Amado, também do Metrópoles, a determinação de Moraes gerou uma onda de especulação entre aliados de Bolsonaro e Valdemar. A principal preocupação é que a medida seja um indicativo de uma possível ordem de prisão, aumentando a tensão em torno do ex-mandatário e do líder partidário.

Nos corredores do STF, a avaliação predominante é de que a chance de uma ordem de prisão ser emitida neste momento é mínima. Mesmo assim, a movimentação de Moraes acende um sinal de alerta e mantém o clima de incerteza sobre os próximos passos do tribunal.

Lula decide expulsar embaixador da Nicarágua no Brasil

A Nicarágua expulsou o embaixador brasileiro do país e o presidente Lula decidiu adotar o princípio da reciprocidade diplomática.

Após o governo de Daniel Ortega expulsar o embaixador brasileiro Breno de Souza da Costa da Nicarágua, o presidente Lula (PT) decidiu, por reciprocidade diplomática, pela expulsão do embaixador nicaraguense em Brasília.

Na manhã desta quinta-feira (8), o chanceler Mauro Vieira se reuniu com Lula para discutir a resposta brasileira à medida tomada por Ortega. Duas fontes do governo confirmaram a Jamil Chade, do UOL, que a expulsão de Breno de Souza Costa estava em processo de ser oficializada, o que levaria à expulsão do embaixador da Nicarágua do Brasil.

A decisão de Ortega faz parte de uma estratégia para minar qualquer tentativa do governo Lula de mediar o diálogo entre o regime sandinista e a oposição nicaraguense. Oficialmente, a crise está sendo atribuída a um desentendimento relacionado à prisão do bispo católico Rolando José Álvarez, preso pelo governo nicaraguense. No entanto, fontes internas afirmam que a questão vai além do caso do bispo, envolvendo um esforço mais amplo dos sandinistas para congelar as relações com o Brasil.

O Brasil tem sido visto como um potencial mediador internacional na Nicarágua, o que aparentemente é visto como uma ameaça pelo governo Ortega. Esse temor é amplificado pela postura do governo brasileiro em relação à recente crise na Venezuela, onde Lula oferece resistência para reconhecer a reeleição do presidente Nicolás Maduro . Para Ortega, a presença brasileira até as eleições de 2026 poderia fortalecer a posição do Itamaraty como um garantidor do processo eleitoral nicaraguense, algo que o líder sandinista deseja evitar sem garantias de apoio incondicional.

Capitão recomendou intervenção do Exército contra o PT em tese para escola militar

Trabalho apresentado na EsAO, em 2020, defendia usar militares para impedir o retorno ao poder do PT..

Exército, no Rio de Janeiro, recomendou uma intervenção dos militares como “poder moderador” na política brasileira para enfrentar o Partido dos Trabalhadores (PT). No texto, o partido é descrito como uma “organização criminosa” ligada ao PCC (Primeiro Comando da Capital) que “deixou o estado à beira do fracasso” para implantar uma “revolução socialista”.

Intitulado “Partidos políticos no Foro de São Paulo: uma ameaça à segurança nacional” , o estudo foi apresentado em 2020 pelo capitão Diego Pereira Salgado e resgatado na semana passada por uma postagem de Piero Leirner, professor de Antropologia da Universidade Federal de São Carlos (UFscar) e pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

O capitão Salgado segue na ativa: recebe salário de R$ 16.351,65, segundo dados do Portal da Transparência do governo federal, atualizados até maio. Neste ano, o militar foi aprovado no processo seletivo da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme).

Foro de São Paulo, Farcs e ‘gayzismo’
O texto apresentado pelo capitão não está disponível no site da Biblioteca do Exército. Na página Internet Archive é possível encontrá-lo em duas contas: na Guerra_Cultural (onde o trabalho foi publicado em 2021) e na página Biblioteca do Professor Olavo (disponível desde fevereiro deste ano).

O estudo se baseia em teorias das conspiração espalhadas há anos pela extrema direita e que já foram largamente desmentidas, centradas no Foro de São Paulo, uma entidade criada em 1990 que reúne partidos e movimentos sociais de esquerda latino-americanos. O Foro é real, mas está longe de ter o poder de comandar nações imaginado por essas visões delirantes.

Além de falar sem provas de ligações do PT com o PCC, o autor menciona supostos elos entre o partido, o Foro de São Paulo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Uma ligação desmentida pelo serviço de verificação de fatos Comprova, da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), que, numa verificação de um conteúdo compartilhado pelo deputado federal Nikolas Ferreira (PL), mostrou que integrantes das Farc foram impedidos de participar de uma reunião do Foro em 2005, na cidade de São Paulo, por determinação da secretaria do entidade, presidida na ocasião pelo PT.

Capitão: tese golpista
No texto para a EsAO, o capitão Salgado afirma que os governos petistas teriam promovido intencionalmente uma deterioração do Estado brasileiro, com suposta perda do protagonismo internacional, em obediência aos planos do Foro de São Paulo visando à criação da União das Republiquetas Socialistas da América Latina, a Ursal — um termo inventado como piada pela socióloga Maria Lucia Victor Barbosa, mas que passou a ser levado a sério em campanhas de desinformação.

A prova das intenções destrutivas do PT seria a adoção de políticas consideradas nocivas, como as cotas para negros e indígenas nas universidades públicas, o Bolsa-Família e o que o autor chama de “gayzismo”.

O autor adverte para o risco de o Bolsonaro perder as eleições em 2022 e o PT retornar ao poder, o que voltaria a colocar o Brasil em risco. Como solução, sugere um rompimento institucional comandado pelo Exército, que deveria voltar a assumir um papel de “poder moderador”, como teria praticado em vários momentos ao longo da história da República, inclusive na ditadura militar de 1964 a 1985.

“A ausência do poder moderador do Exército após o fim do regime militar é um dos motivos que permitiram a ascensão das esquerdas, culminando em mais de uma década de governos petistas com a formação do atual estado extremamente danoso à segurança nacional”, escreve o militar.

Na conclusão do estudo, o capitão Salgado afirma que, para enfrentar as “graves ameaças à segurança nacional” representadas pela existência do PT, as Forças Armadas, “em particular o Exército”, precisam “assumir a responsabilidade de exercer o poder moderador por intermédio do intervencionismo tutelado”.

O modelo não iria impor uma ditadura, na visão militar, mas um governo tutelado pelos militares. Como parte dessa estratégia, os militares deveriam usar as escolas militares para formar civis alinhados com a sua visão de mundo, destinados a ocupar quadros no governo “para implementá-la mediante o jogo político, com supervisão militar”.

Entre os autores citados, estão o jurista Ives Gandra Martins e o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, que comandou o DOI-Codi (Departamento de Ordem Interna — Centro de Ordem de Defesa Interna) e se tornou o primeiro militar a ser oficialmente reconhecido pela Justiça brasileira como torturador.

O curso em questão é o mesmo feito pelo ex-presidente Jair Bolsonaro em 1987, quando ele ameaçou explodir bombas em quartéis e no sistema de abastecimento de água do Rio de Janeiro. Embora tenha sido inocentado, a acusação o impediu de receber o diploma da instituição à época.

AGU cobra R$ 56 milhões de condenados pelos atos de 8 de janeiro

Em 1º lote, o governo pede o ressarcimento aos cofres públicos com o intuito de reparar danos morais e materiais.

A Advocacia-Geral da União (AGU) propôs à 8ª Vara Federal da Seção Judiciária do Distrito Federal, nesta quarta-feira (7/8), ações contra cinco condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na esfera criminal pela depredação de prédios públicos na Praça dos Três Poderes, no dia 8 de janeiro de 2023.

Em um primeiro lote de pedidos de indenizações, o governo pede o ressarcimento de R$ 56 milhões aos cofres públicos com o intuito de reparar danos morais e materiais, a serem pagos de forma solidária pelos executores dos atos.

O advogado-geral da União, Jorge Messias, afirmou que outros lotes de ações indenizatórias deverão ser propostos pela AGU como consequência dos danos causados por outras pessoas também condenadas criminalmente pelo STF.

“Seguiremos firmes em nossa missão de reparar os danos causados pelos agressores da democracia e garantir a integridade das instituições democráticas”, afirmou Messias.

Cofres públicos
A AGU também pede a conversão em renda para os cofres públicos do valor de R$ 1,240 milhão que já estava bloqueado no âmbito das ações civis públicas previamente. Requer, ainda, a transferência para a União de sete veículos, quatro motocicletas e dois imóveis pertencentes aos réus que já estavam indisponibilizados pela Justiça.

Dos15 deputados federais mais gastadores da cota parlamentar em 2024, nenhum é de esquerda

A matéria do grande jornalista, Guilherme Amado, no Metrópoles, que desanca a hipocrisia da direita nativa, é de fato algo que merece nota.

Amado traz, com precisão, os maiores gastadores entre os deputados federais, na lista, não há um parlamentar sequer de esquerda, já os de direita , que se autointitulam conservadores, na defesa da diminuição do Estado, clamando pela redução dos gastos, a lista é cravejada de nomes, mostrando o quanto eles usam e se lambuzam de verba pública. Segue a matéria de Guilherme Amado:

Os deputados federais já gastaram R$ 123 milhões de cota parlamentar neste ano. A verba, paga integralmente com dinheiro público, custeia as despesas do mandato, como propaganda, passagem aérea e aluguel de carros. Veja abaixo os 15 deputados federais que mais gastaram a cota em 2024, de acordo com dados da Câmara.

1 – Eunício Oliveira, do MDB do Ceará: R$ 341 mil;
2 – Geraldo Resende, do PSDB de Mato Grosso do Sul: R$ 340 mil;
3 – Zé Haroldo Cathedral, do PSD de Roraima: R$ 339 mil;
4 – Vinícius Gurgel, do PL do Amapá: R$ 335 mil;
5 – Henderson Pinto, do MDB do Pará: R$ 333 mil;
6 – Domingos Neto, do PSD do Ceará: R$ 332 mil;
7 – André Ferreira, do PL de Pernambuco: R$ 332 mil;
8 – Danilo Forte, do União Brasil do Ceará: R$ 329 mil;
9 – Coronel Ulysses, do União Brasil do Acre: R$ 329 mil;
10 – João Maia, do PP do Rio Grande do Norte: R$ 327 mil;
11 – Dr. Fernando Máximo, do União Brasil de Rondônia: R$ 326 mil;
12 – Afonso Hamm, do PP do Rio Grande do Sul: R$ 325 mil;
13 – Átila Lins, do PSD do Amazonas: R$ 325 mil;
14 – Coronel Meira, do PL de Pernambuco: R$ 323 mil;
15 – Fernanda Pessoa, do União Brasil do Ceará: R$ 323 mil.

A maior parte da cota parlamentar neste ano foi gasta com “Divulgação da atividade parlamentar”, com R$ 47 milhões ou 38% do total. Entram nessa conta gastos com redes sociais, por exemplo. Em seguida, a despesa mais recorrente é “Aluguel de veículos”, com 17%, o equivalente a R$ 21 milhões de janeiro a julho de 2024. A despesa “Passagens aéreas”, com R$ 20 milhões, é a terceira da lista, com 16%.

Os deputados têm até três meses para pedir à Câmara os reembolsos, com a apresentação de recibos. É o caso de gastos com alimentação e com os Correios, por exemplo. A compra de passagens, por outro lado, é paga diretamente pela Câmara, em débito automático.

Carlos Bolsonaro ganha R$1,2 mi com venda de imóveis, mas só declara R$ 687 mil ao TSE

Filho de Jair Bolsonaro vendeu dois apartamentos que havia declarado na eleição de 2020.

Documentos obtidos com exclusividade pela coluna mostram que, meses antes do início da campanha eleitoral, o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) vendeu dois apartamentos de sua propriedade no Rio de Janeiro por um total R$ 1,25 milhão. No entanto, na semana passada, ao declarar seus bens ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ele informou um patrimônio de apenas R$ 687 mil, pouco mais da metade do valor obtido com as transações.

Há quatro anos, em 2020, Carlos tinha declarado ao TSE um patrimônio de R$ 591,6 mil, dos quais R$ 290 mil eram referentes aos dois imóveis vendidos.

Ele ainda informou em 2020 um terceiro apartamento, avaliado em R$ 180 mil. Esse imóvel não aparece em sua declaração neste ano, mas a coluna não localizou registros de venda. Os três imóveis representavam juntos 80% do valor dos bens do vereador na última campanha.

As vendas dos imóveis foram descobertas pela coluna a partir de documentos nos cartórios do Rio de Janeiro e os dados foram cruzados com o que foi informado pelo vereador ao TSE. Procurado para explicar as transações, o vereador não retornou.

Entre os bens listados, Carlos Bolsonaro informou possuir uma aplicação em renda fixa no valor de R$ 528 mil, além de R$ 35,6 mil em ações e R$ 5 mil em bitcoin. Ele ainda registrou novamente o mesmo carro que ele já tinha em 2020 e informou ter adquirido duas motos avaliadas em R$ 41,5 mil, somadas. Ele ainda disse guardar R$ 15 mil em dinheiro vivo.

Primeira venda
A primeira transação ocorreu em setembro de 2023, quando ele vendeu um apartamento na Tijuca, zona norte do Rio, por R$ 700 mil. Carlos foi o proprietário do imóvel por 20 anos. Ele adquiriu o imóvel em 3 de junho de 2003 por um total de R$ 150 mil que ele informou, em cartório, ter quitado em dinheiro vivo.. Naquela ocasião, o imóvel valia cerca de R$ 213 mil. A venda do imóvel representou uma negociação abaixo do valor de avaliação fiscal. A prefeitura do Rio avaliou o apartamento em um total de R$ 800,5 mil para fins de cobrança de impostos.

Segunda venda
Em fevereiro de 2024, Carlos negociou outro imóvel, dessa vez em Copacabana, na zona sul do Rio, por R$ 550 mil. Ele tinha comprado esse apartamento em 2009, por um valor declarado em cartório, de R$ 70 mil.

O imóvel foi comprado por um valor muito abaixo do mercado e em condições suspeitas já que o vereador foi a um cofre pouco antes de formalizar a negociação (Veja abaixo). O apartamento, um apart-hotel, tinha sido avaliado pela prefeitura do Rio, para fins de cobrança de impostos, em R$ 236 mil, à época.

Carlos também declarou anteriormente a aquisição de um terceiro apartamento que fica localizado na rua Leandro Martins, no centro do Rio. Na escritura, lavrada em 1 de outubro de 2012, ele informou que comprou o imóvel por R$ 180 mil. Ao checar o cartório de registro de imóveis, no entanto, a venda ainda não foi registrada formalmente.

Imóveis são alvo de investigação do MP
Os dois imóveis vendidos por Carlos Bolsonaro estão sob investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro devido a negociações suspeitas com uso de dinheiro em espécie.

O apartamento da Tijuca teve o uso de R$ 150 mil em dinheiro vivo. Já o caso do apartamento de Copacabana envolve o cofre dos irmãos Bolsonaro revelado pela coluna em julho. Carlos manteve um cofre junto com Flávio entre 2004 e 2016 e ambos costumavam acessar o cofre antes de aquisições de imóveis do clã.

Em 2009, na compra do imóvel de Copacabana, Carlos informou na escritura do imóvel que efetuou o pagamento por meio de transferência bancária. No entanto, ao analisar as contas bancárias do vereador, o MP não identificou nenhuma transferência bancária. No extrato bancário de Carlos, consta um débito no valor de R$ 60 mil, cujo lançamento foi identificado como “pagtos diversos autorizados”. Para atingir saldo suficiente para a transação, Carlos já havia recebido um depósito de R$ 10 mil, em espécie, dias antes.

No dia 20 de março, data em que o pagamento do imóvel foi feito, consta um novo crédito, dessa vez de R$ 31.687,05, identificado como “resgate poupança” — o relatório não indica de qual conta teriam vindo esses recursos, nem se ela pertencia ao vereador.

Após analisar as transações, os investigadores pediram mais informações ao Banco do Brasil e foram informados de que Carlos tinha feito um depósito em dinheiro vivo, na boca do caixa, para uma conta que consta em nome do vendedor, segundo o ICL.

O documento relata que “a título de informação, este depósito de R$ 60 mil, cuja origem se deu no saldo da conta Banco do Brasil, foi efetuado na boca do caixa às 14h40min”, duas horas e quarenta minutos depois que Carlos esteve no cofre. Não foi encontrado nenhum outro pagamento da conta de Carlos ao vendedor para totalizar os R$ 70 mil declarados em escritura de compra e venda e também na declaração de imposto de renda do vereador.

Ao mesmo tempo, os investigadores apontam que o depósito em espécie para o vendedor, no total de R$ 60 mil, foi feito em uma agência do BB que fica a 500 metros de onde Carlos mantinha o cofre — ambos os endereços são vizinhos à Câmara dos Vereadores do Rio.

A perícia do MP destaca a ida ao cofre poucas horas antes da transação: “Ademais, com base nas informações constantes no Contrato de Locação de Cofre, Carlos Bolsonaro no mesmo dia 20/03/2009 esteve na agência 0001-9 Rio (rua Lélio Gama, 105 – Centro) e acessou o seu cofre nº 225 entre os horários de 11h48min a 12h”, completa o documento. Carlos já havia mexido no cofre dois dias antes, em 18 de março.

Declaração incorreta pode configurar falsidade ideológica eleitoral
A declaração de bens e patrimônio é requisito obrigatório para o registro de candidaturas. Quando foi incluída na lei das eleições, duas preocupações principais sustentavam sua obrigatoriedade: facilitar o acompanhamento da evolução dos bens dos candidatos eleitos; e permitir que eleitores tenham conhecimento desses bens e não sejam manipulados por discursos e aparências. Porém, na prática, a aplicação dessa norma não possibilitou efetivamente a fiscalização e/ou punição de candidatos.

Volgane Carvalho professor da PUC Minas e especialista em direito eleitoral avalia que a jurisprudência consolidada impõe limites para a atuação da própria Justiça Eleitoral. Ele classificou o cenário como “frustrante”: “Hoje a pessoa faz uma declaração, que é preenchida lá no site do TSE, e coloca o que quiser. Sem grandes evidências públicas, só o Imposto de Renda, que é sigiloso, poderia confrontar essa declaração. A Justiça Eleitoral não pode pedir essa quebra de sigilo, então fica limitada, de mãos atadas”.

O candidato que declarar valor diferente do que de fato tem, pode ser enquadrado no crime de falsidade ideológica eleitoral — previsto no art. 350, do Código Eleitoral. Volgane Carvalho defende uma mudança na interpretação da lei e na jurisprudência: “A interpretação tem que mudar. Uma coisa é você dizer, declarar que tem um documento que comprova. Outra é apresentar algo que não seja só o Imposto de Renda”, afirmou o especialista, completando:

“Recentemente, a Justiça Eleitoral lidou com um caso de um candidato que alterou sua declaração entre o primeiro e segundo turno, diminuindo consideravelmente o valor que possuía em bens e patrimônio, com o intuito de se apresentar como o candidato mais pobre e humilde. Fez para manipular o eleitorado. A Justiça precisa ter mecanismos para monitorar isso e aplicar a lei”, concluiu.

Lula comemora ouro de Bia Souza no judô e destaca importância do Bolsa Atleta

Programa completa 20 anos em 2024 e já empenhou cerca de R$1,7 bilhão em bolsas.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comemorou nesta sexta-feira (2) a conquista do ouro pela judoca brasileira Bia Souza nos Jogos Olímpicos de Paris, a primeira medalha dourada do país nesta edição. A fala de Lula ocorreu durante uma agenda no Ceará para a sanção de um fundo voltado para obras de infraestrutura social e a política nacional de hidrogênio de baixa emissão de carbono, além da expansão do programa Pé-de-meia.

Lula aproveitou a oportunidade para exaltar o programa Bolsa Atleta, iniciativa do governo federal criada em 2004 e que já empenhou cerca de R$1,7 bilhão em bolsas, se tornando a principal política pública de apoio ao esporte no Brasil. “Eu recebi um recado aqui: a nossa companheira Beatriz Souza, no judô, acaba de ganhar a primeira medalha de ouro do Brasil nas Olimpíadas. É importante lembrar que 80% dos atletas que estão em Paris recebem uma coisa chamada Bolsa Atleta, que nós criamos em 2004”, disse.

O presidente também explicou o funcionamento do Bolsa Atleta e a sua importância para o esporte nacional. “Você tem várias faixas salariais, mas todo mundo ganha. Uns ganham R$ 10 mil, outros ganham R$ 15 mil, outros ganham R$ 3 mil, outros ganham R$ 4 mil. E por que a gente fez isso? Porque quando o atleta fica famoso ele tem patrocínio, aí os bancos vão atrás dele, os empresários vão atrás. Mas enquanto ele não é famoso, às vezes ele não tem um tênis para andar, não tem um lugar para uma menina jogar bola, saltar, dançar. Não é bonito a gente ver aquilo na televisão? Por que a gente não garante que as nossas crianças nascidas nos lugares mais pobres tenham direito de chegar ali? Por que a gente não garante? É só a gente direcionar o dinheiro público para isso”, afirmou.