Segundo o pesquisador Carlos Fico, responsável pela compilação de áudios, os próprios ministros do STM faziam “piadas” com as vítimas da Ditadura: “morreu mesmo e está enterrado”.
A divulgação de áudios inéditos que comprovam que o Superior Tribunal Militar (STM) sabia da tortura a mulheres grávidas durante a Ditadura foi motivada pelo ataque que o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) fez com o que houve com a jornalista Miriam Leitão, da Globo, que foi presa pelo regime autoritário juntamente com uma cobra quando estava grávida.
A divulgação dos áudios foi feita pela própria jornalista no jornal O Globo e no programa Fantástico nesse domingo (17).
O material está sendo compilado pelo historiador e pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Carlos Fico, que explicou ao jornal Extra, o motivo de tornar público os áudios.
“É importante que o estado e que as autoridades se manifestem sempre em defesa dos direitos humanos, e é o que a gente não tem desde a eleição do atual presidente. É preciso sempre, permanentemente, defender os direitos humanos, coisa que o governo Bolsonaro não faz. Em todos os governos, mesmo os mais conservadores, como Collor e Sarney, mais ao centro como o FHC e à esquerda com Lula, todos defenderam os direitos humanos. Tem o ineditismo do governo Bolsonaro, que é péssimo para sociedade porque afloram esses sentimentos de negacionismo”, disse o pesquisador.
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Num exame que o Comitê de Direitos Humanos da ONU realizará sobre as políticas de direitos humanos no Brasil, o governo de Jair Bolsonaro terá de dar respostas sobre o que é considerado como taxas elevadas de mortalidade por conta da covid-19.
Num documento oficial, obtido pelo UOL e enviado ao governo em 7 de abril, o órgão destaca temas que terão de ser explicados pelas autoridades brasileiras durante a revisão de suas políticas.
Num dos trechos, porém, o foco é o direito à vida e, de acordo com o documento, caberá ao governo explicar o que foi feito diante da pandemia.
O Comitê, assim, solicita ao governo “responder aos relatos de altos níveis de mortalidade da covid-19 e descrever as medidas tomadas para evitar mortes evitáveis”. O órgão, na prática, coloca o governo contra a parede, exigindo que as autoridades expliquem o que foi feito para lidar com a pandemia a partir de uma estratégia que foi condenada por especialistas, cientistas e médicos.
Com 661 mil mortos, o Brasil aparece como o segundo lugar com maior número de óbitos pela covid-19, desde que a pandemia começou em 2020. Apenas os EUA, com mais de 900 mil mortes, superam a marca brasileira.
Por meses, o governo Bolsonaro negou a gravidade da doença e promoveu remédios e tratamentos que tinham sua eficácia contestada pela ciência.
Ao longo dos meses, o Brasil foi alvo de críticas públicas por parte da OMS (Organização Mundial da Saúde), que imploravam para que líderes políticos assumissem suas responsabilidades. Em 2021, ainda na ONU, um relator chegou a sugerir a criação de uma comissão internacional de inquérito contra o Brasil por conta das decisões tomadas sobre a pandemia.
Não existe uma punição prevista por parte da ONU. Mas uma conclusão de que o governo falhou em garantir o direito à vida será um constrangimento político relevante para a imagem internacional de um presidente que já sofre para ser recebido por governos estrangeiros. Fontes em Genebra ainda apostam que uma eventual conclusão do Comitê sobre o tema poderia alimentar a queixa que existe no Tribunal Penal Internacional contra Bolsonaro.
No atual texto enviado no início do mês, a ONU ainda pediu para o governo “descrever as medidas tomadas para proteger grupos vulneráveis, tais como afro-brasileiros, mulheres grávidas e povos indígenas, da covid-19 e fornecer estatísticas sobre taxas de mortalidade da COVID-19 dentro desses grupos, em comparação com a população em geral”.
Se o vírus foi logo chamado de “democrático” por afetar a todos, ficou claro em diversos países que ele foi mais mortal justamente entre as camadas com menor acesso aos serviços públicos. No Brasil, isso não foi diferente.
Os peritos do Comitê ainda pedem que o próprio governo “compartilhe as conclusões da investigação lançada pelo Senado sobre o tratamento da pandemia” por parte do Executivo. A CPI da covid-19 pediu o indiciamento do presidente Bolsonaro, assim como de vários de seus ministros e ex-ministros. Um ano depois da instalação da Comissão de Inquérito, nenhum dos envolvidos foi oficialmente denunciado pela Procuradoria-Geral da República.
O documento enviado ao Brasil resume, no fundo, o mal-estar internacional diante do desmonte das políticas públicas de direitos humanos nos últimos três anos.
A carta pede que se explique os ataques do presidente contra a democracia, a fragilidade do combate à corrupção, o corte de recursos para programas de apoio à mulher, o discurso do ódio por parte das lideranças políticas, a situação dos indígenas, meio ambiente, imprensa, afrodescendentes, violência policial e outras suspeitas de violações.
A cobrança ocorre no momento em que o órgão das Nações Unidas inicia seu processo para examinar a situação brasileira, no que ganha uma dimensão de um levantamento sobre o impacto dos anos do governo de Jair Bolsonaro no poder.
O Executivo já havia submetido um informe sobre a situação do país para o Comitê, na esperança de que o documento fosse suficiente para que os peritos tomassem como base para examinar o Brasil. Mas, conforme o UOL revelou com exclusividade, o informe tratava das questões de direitos humanos apenas até o final de 2018 e não explicava o que havia sido feito no governo Bolsonaro.
Procurado, o Ministério da Família, Mulher e Direitos Humanos explicou que não houve tempo para incluir as atuais políticas no documento, que havia sido preparado nos primeiros meses de 2019. Mas o gesto brasileiro foi recebido com ironia e desconfiança por parte de alguns dos peritos que, agora, questionam o governo sobre acontecimentos e dificuldades dos últimos três anos.
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Dois dias depois da “mortociata” fúnebre, o troglodita do Planalto teve que engolir uma espinafrada histórica em pleno estádio Vila Belmiro em Santos.
A torcida do Santos já havia avisado que ele não era bem vindo. E o cartão postal que ficará para a história sem que Bolsonaro piasse, foi um coro humano pulsando frenético uma das maiores expurgadas que um presidente da República já teve que encarar, pior, ele não pôde sequer relinchar, tendo que engolir seco aquele grito da massa que arrombou seus tímpanos, “ei Bolsonaro, vai tomar no c*”.
Foi uma verdadeira guerra do povo contra quem produz uma das maiores barbaridades contra o povo brasileiro.
O vídeo não mostra os gestos que vinham das arquibancadas contra Bolsonaro, mas dá para imaginar a desonra pela intensidade que pilhou os torcedores a produzirem esses decibéis com altíssima voltagem.
A coisa é tão séria que não para Bia Kicis ou coisa que o valha romantizar o vergonhoso vexame que Bolsonaro amargou.
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O clã Bolsonaro não esconde o desespero com o acordo do TSE com o Whatsapp, por isso os ataques, junto com uma especulação que não vai pra frente.
O motivo é um só, a limitação de indivíduos da chamada comunidade que, no máximo, tem 256 integrantes. O que antes era ilimitado, agora passará para milhares.
Na verdade, Bolsonaro está jogando para a torcida, pois ele não tem poder normativo para mudar nada.
Assista:
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Há na sociedade um grau de consciência de que os projetos de governo de Lula e de Bolsonaro são diametralmente opostos.
A mídia trata isso como uma coisa maléfica. A sociedade, que sente no lombo o cipó de aroeira, não.
A mídia é signatária do neoliberalismo, e diga-se de passagem ,sempre jogou o país no buraco, seja no período da ditadura em que o país foi sugado pelo FMI, produzindo uma hiperinflação histórica, seja pelos governos pós-democratização, exceto os governos de Lula e Dilma, numa crise permanente por adotar a mesma cartilha, que não só aumentava o fosso social, como mergulhava o Brasil cada vez mais num atraso icônico diante das maiores nações do planeta.
Ninguém chega à sexta maior economia, como chegaram Lula e Dilma, na base do solavanco, muito menos se constrói uma reserva internacional de quase 400 bilhões de dólares no improviso, tanto que, depois do golpe em Dilma, há quase seis anos, o Brasil não ampliou um mísero centavo de reserva com Temer e Bolsonaro, o país foi chutado para 14ª posição econômica do mundo.
Essa parte a mídia sempre abstém. Ela não diz, por exemplo, que Lula e Dilma conseguiram esse feito sem o tal teto de gastos e sem deixar de promover a maior e melhor distribuição de renda da história, somado a maior valorização do salário dos trabalhadores e, junto, um inédito poder de compra e com a menor taxa de desemprego da história.
Por incrível que pareça, é disso que a mídia mostra ter um medo incomensurável. E assim se comporta, porque ela não é nada mais, nada menos, do que o espelho das classes economicamente dominantes nesse país que, em última análise, todos sabem, são herdeiros do pensamento escravocrata mais xucro do mundo.
Se com Lula e Dilma. o Brasil virou um canteiro de obras, que implementaram uma política extremamente ativa do ponto de vista do desenvolvimento na sua infraestrutura, por outro lado, programas como Minha Casa, Minha Vida, atenderam uma demanda de ordem social de extrema magnitude, somado à retirada do país do mapa da fome com a erradicação da mortalidade infantil em decorrência da miséria e, com isso, só as classes C, D e E transformaram o país no 16º balcão de negócios do mundo.
Abro um parêntese para falar das camadas mais pobres da população que estavam absolutamente segregadas do universo do consumo mais básico.
Há sim um mundo radicalmente polarizado que separa um genocida, que produziu, por falta de vacinas e a corrupção que envolveu o Ministério da Saúde, uma gigantesca diferença com um humanista que. durante a epidemia de H1N1 no Brasil, vacinou em tempo recorde 80 milhões de brasileiros em 100 dias.
Não há qualquer parâmetro minimamente racional que coloque Lula no mesmo balaio imundo de Bolsonaro. E não somente os brasileiros que dizem isso, Se Lula virou referência mundial em termos de política pública e política econômica em plena crise de 2008 nos EUA.
Não há uma fresta no mundo, inclusive na extrema direita mundial que não veja Bolsonaro como o governante mais inescrupuloso, criminoso e vagabundo, pelo mal que ele faz ao Brasil e ao mundo para atender aos interesses de banqueiros e milicianos, esses mesmos com os Setúbal e os muitos escritórios do crime que esse país inaugurou depois de sua chegada ao poder.
Essa parte do tal radicalismo que a mídia tenta vender no sentido negativo, ela não fala, por motivos óbvios.
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Caso envolvendo 50 pessoas ocorrido próximo ao Complexo do Alemão alerta para crescimento sem precedentes da miséria. Inflação explosiva dos alimentos e corrosão do poder de compra empurram cada vez mais brasileiros para a fome.
Um saque a um supermercado na noite de sábado (16) no bairro de Inhaúma, na Zona Norte do Rio de Janeiro, próximo ao Complexo do Alemão, organizado e levado a cabo por cerca de 50 pessoas, assustou os cariocas e emitiu um alerta preocupante para as autoridades locais e do governo federal, encabeçado por Jair Bolsonaro: os níveis de miséria e fome estão nas alturas e não param de crescer, o que pode fazer a situação sair do controle.
Por volta das 20h a Polícia Militar foi acionada para comparecer ao Supermercado Inter, localizado na Estrada Adhmear Bebiano, por conta de um grupo numeroso de pessoas que ingressou no estabelecimento e, de forma coordenada, começou a furtar mercadorias, sobretudo alimentos. Quando os PMs chegaram ao local da ocorrência os saqueadores já não estavam mais.
Imagens divulgadas na internet mostram a ação do grupo e o rastro de destruição deixado no comércio. Ninguém, de acordo com as autoridades das policiais Civil e Militar fluminenses, foi detido até o momento e não se sabe em que circunstâncias o saque foi planejado.
O fato acontece num momento em que a inflação explode no país, sobretudo a dos gêneros alimentícios, corroendo gravemente o poder de compra dos brasileiros, numa crise socioeconômica que parece sem fim para o governo Bolsonaro, que assiste a tudo inerte e sem lançar mão de qualquer estratégia política que tente reverter a onda de miséria e fome que assola significativas frações populacionais do país.
A inflação de março, de 1,62% (vinda na sequência de 1,1% em fevereiro), foi a maior alta para o período desde 1994, quando o real sequer havia sido implantado, o que ocorreria em julho daquele ano. Alguns indicadores mostram o tamanho do problema: 116 milhões de brasileiros, ou 54% da população, vivem em situação de insegurança alimentar, com 9% (19 milhões) passam fome, segundo dados Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede PENSSAN) de outubro do ano passado.
Há duas semanas o IBGE informou que 12 milhões de brasileiros não têm emprego, além de 4,7 milhões de cidadãos em situação de desalento e 40,2% do total da mão de obra economicamente ativa do país exercendo atividades informais.
Na noite do Sábado de Aleluia, dia 16 de abril, trabalhadores e trabalhadoras com fome saquearam o Supermercado Intercontinental, do bairro de Inhaúma, na Zona Norte do Rio de Janeiro. pic.twitter.com/ZM740LZ5Xk
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Cantora afirma que equipe do presidente está usando críticas de artistas para parecer “bacana” e convoca fãs a sequer citarem o nome dele.
Anitta não gostou de ver o perfil do presidente Jair Bolsonaro (PL) no Twitter usar uma postagem feita por ela. “Meti logo um block pra esses administradores dele não ficarem usando minhas redes sociais pra ganhar buzz na internet”, escreveu a “girl from Rio” na rede social, no início da noite deste sábado (16/4).
“Ai, garoto, vai catar o que fazer”, respondeu ela, na postagem do presidente, antes de bloqueá-lo.
A artista se apresentou com um figurino nas cores da bandeira brasileira no festival Coachella, nos Estados Unidos, e depois disse que “ninguém pode se apropriar” desse símbolo, mas sem citar diretamente Bolsonaro. O presidente, então, retuitou a postagem de Anitta e escreveu, em tom de ironia, que concordava com a funkeira.
“Eles estão com uma equipe de redes sociais mais jovem e descolada para justamente passar essa imagem dele. Fazer o público esquecer as merdas com piadas e memes da internet, que façam o jovem achar que ele é um cara maneirão, boa praça. Então, nesse momento, qualquer manifestação contra ele por meio dos artistas vai ser revertida em forma de deboche pelas mídias sociais dele”, escreveu.
“Assim, o artista vira o chato mimizento e ele o cara bacana que leva tudo numa boa. As pessoas acabam esquecendo o que realmente importa, que é a forma como o país está caminhando, para votar pela identificação de fã que você tem pela pessoa. Aquela sensação de: queria ser amigo dele… logo, você votaria no seu amigo gente boa. É por aí vai a estratégia”, continuou ela.
Ainda segundo a cantora, a estratégia não é novidade. “Porque quanto mais você cita de forma negativa, mais mídia ele alcança e usa essa mídia para destinar ao que ele quer. Já usei essa estratégia algumas vezes por isso sei bem o que tá rolando”, revelou a cantora.
“Percebi isso quando começaram a usar as músicas dos artistas que odeiam dele nos stories sobre o governo. Agora, a estratégia do lado oposto precisa ser citar o nome dele o menos possível”, continuou Anitta, antes de dar conselhos aos opositores do presidente.
“Eu trocaria o slogan ‘fora fulaninho’ para ‘muda Brasil’ ou algo que desvincule completamente a narrativa do nome dele. Pois isso, no momento, só vai dar mais mídia e, consequentemente, mais força. Vocês não me verão falando ‘fora fulaninho’ até as eleições acabarem. E sugiro a quem for contra ele fazer o mesmo”, concluiu.
Meti logo um block pra esses adms dele não ficarem usando minhas redes sociais pra ganhar buzz na internet
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100 Dias do governo Bolsonaro, presidente Jair Bolsonaro com os ministro na cerimonia no Palacio do PlanaltoFoto: Sérgio Lima/PODER 360
Chefe do Executivo atuou para interferir na Polícia Federal para proteger família – Isaac Amorim/MJSP
“Acabou a corrupção no Brasil. Nos acusam de suspeita de corrupção. Me acusaram de suspeita de corrupção no caso da vacina da Covaxin. Eu não comprei uma dose, não paguei um centavo. Suspeita de corrupção de compra de ônibus para educação. Não foi feita a licitação”. Com essa declaração, o presidente Jair Bolsonaro (PL) se defendeu, em entrevista concedida nessa segunda-feira (11), das acusações de corrupção no seu governo. Mas a realidade é bem diferente.
Mergulhado em escândalos em diversas pastas de seu governo, o presidente tem lutado para se esquivar da pecha de “corrupto”. A interferência em investigações contra sua família, o uso descabido do sigilo em informações públicas e o aparelhamento do Estado para satisfazer interesses de aliados apontam em outra direção.
Bolsonaro ainda costuma dizer que, em três décadas de vida política, nunca foi condenado por corrupção. O chefe do Executivo também afirma que, nos quase quatro anos à frente do governo federal, ainda não foi responsabilizado por crimes contra a administração pública. A suposta “ficha limpa” do ex-capitão não quer dizer que o presidente e seu governo não possam ser considerado “corruptos”, de acordo com organizações internacionais e juristas.
Corrupto do Ano, aponta organização
As acusações não vêm de hoje. Em dezembro de 2020, Bolsonaro foi eleito a “Personalidade do Ano” por seu papel na promoção da corrupção e do crime organizado pelo Organized Crime and Corruption Reporting Project (OCCRP), um consórcio internacional que reúne jornalistas investigativos e centros de mídia independente.
“Eleito após o escândalo da Lava Jato como candidato anticorrupção, Bolsonaro se cercou de figuras corruptas, usou propaganda para promover sua agenda populista, minou o sistema de justiça e travou uma guerra destrutiva contra a região da Amazônia que enriqueceu alguns dos piores proprietários de terras do país”, disse a organização.
O que é corrupção?
Em entrevista ao Brasil de Fato, o advogado Nuredin Ahmad Allan, da Associação Brasileira dos Juristas pela Democracia (ABJD) aponta que “corrupção é algo sistêmico” e “enraizado dentro da estrutura política”. Por essa razão, não se mede a corrupção apenas pela mera existência de atos de corrupção na estrutura do governo – que, segundo ele, existiram.
“O que a gente deve medir é a maneira como esse governo tenta investigar, combater, repreender, reprimir e eliminar a corrupção. Há, sim, claramente, corrupção no governo Bolsonaro, não há dúvidas quanto a isso”, declarou Allan.
“O que não há no governo é tentativa ou inclinação alguma para combater a corrupção. Isso é muito claro, inclusive, pelo aparelhamento do estado”, reforça o advogado. De acordo com ele, o aparelhamento promovido por Bolsonaro tenta eliminar pessoas que estão dentro da instituição com autonomia para combater e investigar denúncias de corrupção ou notícias-crimes.
“Isso acontece hoje especialmente com o procurador-geral da República, Augusto Aras, que tem blindado Jair Bolsonaro em uma das cenas mais lamentáveis e vergonhosas da história constituinte do Brasil, pós-1988”, disse.
Corrupção vem de longe
Allan aponta ainda que a corrupção acompanha Jair Bolsonaro desde o tempo de congressista. “Como deputado, foram identificadas várias situações, especialmente a questão das rachadinhas”. Sobre os escândalos recentes e denúncias de corrupção no governo federal, como o caso dos pastores lobistas no Ministério da Educação, o advogado pediu apuração rigorosa do envolvimento do presidente.
“Há fortes indícios de que ele tem ciência de toda a corrupção e talvez participe, mas, para que isso seja identificado, é necessário que haja uma investigação observada pelos órgãos competentes”, pediu. “Se Jair Bolsonaro não é corrupto porque ele interfere tão incisivamente em órgãos ou instituições que estão tentando investigar notícias de corrupção que envolvem a família Bolsonaro? Essa é uma pergunta que precisa ser feita”, finalizou.
Capitão Sigilo
Especialistas e organizações apontam que outro fator relevante é o ataque sistemático do governo Bolsonaro à transparência pública. Um relatório da Transparência Brasil sobre a Lei de Acesso à Informação (LAI) com base nos dados do Executivo federal identificou quase 1.500 pedidos de informação que foram negados utilizando a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), de forma equivocada, como justificativa.
Um caso sintomático da aposta do Executivo no sigilo para “esconder” casos de corrupção aconteceu no final de julho de 2019, quando o Palácio do Planalto decretou o sigilo centenário sobre dados relativos aos crachás de acesso às dependências da Presidência da República concedidos para o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), os filhos “02” e “03” do presidente.
“Partido Militar”: falta de transparência
No início deste ano o governo federal manteve o sigilo de 100 anos do processo interno do Exército contra o general Eduardo Pazuello pela participação em um ato político ao lado de Bolsonaro, em maio de 2021. A decisão foi da comissão formada por servidores do alto escalão de sete ministérios, que justificou que a divulgação do documento representaria risco aos princípios da hierarquia e da disciplina do Exército.
Pazuello, que é ex-ministro da Saúde e atualmente tem cargo de assessor especial da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência, está sendo investigado por infringir Regimento Disciplinar do Exército, de 2002. No item 57 do Anexo I – que regulamenta as transgressões – está vedado ao militar da ativa “manifestar-se, publicamente”, “sem que esteja autorizado, a respeito de assuntos de natureza político-partidária”.
Relembre casos Covaxin
Luis Ricardo e Luis Claudio Miranda supostas irregularidades na contratação da vacina indiana Covaxin
A suspeita de corrupção na compra da vacina indiana Covaxin foi uma das principais linhas de investigação da CPI da Covid, realizada em 2021 no Senado. O caso também é investigado pelo Ministério Público Federal (MPF). No ano passado, o MPF citou suspeita da ocorrência dos crimes de corrupção e superfaturamento na compra.
Obras da Saúde no Rio
O Ministério da Saúde atuou para desembolsar, sem licitação, quase R$ 30 milhões em obras em prédios da pasta no Rio de Janeiro. Empenhados em ritmo de urgência, sob a justificativa da pandemia, os valores só não foram efetivamente gastos porque a Advocacia Geral da União (AGU) identificou indícios de irregularidades e cancelou os repasses.
Pastores lobistas
PF abriu recentemente dois inquéritos para investigar a atuação de pastores lobistas na pasta: um focado no ex-ministro Milton Ribeiro e outro nos pastores Gilmar dos Santos e Arilton Moura. Pelo menos 10 prefeitos relataram posteriormente que os pastores pediram propina para auxiliar na liberação de recursos para as suas cidades.
Ministro madeireiro
Em maio do ano passado, o então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, foi alvo de uma operação da PF que investigava se funcionários do ministério e do Ibama favoreceram indevidamente empresas que atuam no contrabando de madeira. Na mesma operação, o então presidente do Ibama, Eduardo Bim, foi afastado do cargo pelas mesmas suspeitas.
Orçamento secreto
Os documentos mostram que esse esquema atropela leis orçamentárias, já que são os ministros e não os congressistas que deveriam definir onde aplicar os recursos. Além disso, os acordos e o direcionamento do dinheiro não foram públicos, assim como a distribuição não foi igualitária entre os congressistas, evidenciando um interesse eleitoral do governo. Entenda o orçamento secreto.
Empreiteira fraudulenta
A empreiteira Engefort tem conquistado a maioria das concorrências de pavimentação do governo Bolsonaro. A empresa venceu diferentes licitações nas quais participou sozinha ou na companhia de uma empresa de fachada registrada em nome do irmão de seus sócios, a Del Construtora.
A informação foi revelada pelo jornal Folha de S.Paulo na segunda-feira (11). A reportagem aponta que a construtora, com sede na cidade de Imperatriz, sul do Maranhão, explodiu em verbas na atual gestão e assinou contratos para asfaltamento mesmo longe de sua base.
Daniel Alves e Emerson Sheik
Na terça-feira (5), o jornal Folha de S.Paulo mostrou que o Executivo autorizou o repasse de R$ 6,2 milhões a duas organizações até então inativas e recém-assumidas pelo ex-jogador Emerson Sheik e pelo lateral-direito Daniel Alves, até hoje jogador da Seleção Brasileira e do Barcelona.
As entidades dos atletas tiveram projetos aprovados no ano passado para realização de cursos de esportes, mesmo sem experiência prévia. De acordo com a reportagem, a assinatura dos convênios só foi possível porque os atletas driblaram exigências legais usando as chamadas “ONGs de prateleira”.
Ônibus escolares superfaturados
O Ministério da Educação teria superfaturado em mais de R$ 700 milhões a compra de ônibus escolares. A denúncia foi revelada em documentos obtidos pelo jornal O Estado de S. Paulo.
De acordo com a reportagem, o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) abriu um processo de licitação para pagar R$ 480 mil por cada ônibus escolar destinado ao transporte de estudantes em áreas rurais. No entanto, Técnicos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) apontaram que cada veículo deveria custar no máximo R$ 270 mil.
Servidores do Planalto vendem cursos ao governo
Alocados pelo governo Bolsonaro em cargos de confiança na Casa Civil da Presidência da República, dois funcionários concursados do Poder Executivo Federal receberam, por meio de uma empresa criada por eles, o valor de R$ 17,2 mil do Ministério da Infraestrutura para realizar uma formação de 37 servidores da pasta de forma virtual. A informação foi obtida pelo Brasil de Fato no Portal da Transparência e confirmada pelo governo federal.
O valor é quase o máximo que o Executivo pode usar para contratar uma empresa sem licitação ou concorrência pública.
Corrupção no Incra
O advogado Marconi Gonçalves, que comandou a superintendência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no Maranhão entre novembro de 2021 e janeiro deste ano, contou em depoimento à Polícia Federal que recebeu um pedido de propina logo após tomar posse.
A proposta teria sido feita na porta da sede do órgão por um lobista. Em nota, o Incra diz que apura suspeitas de irregularidades na superintendência do órgão no Maranhão.
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Incógnita é até onde irá apego ao ideário da ditadura e ao poder de impô-lo em caso de derrota eleitoral do presidente.
Nenhuma instituição mostra maiores perdas, na confrontação dos conceitos públicos mais aparentes, do que as Forças Armadas atingidas pelas características do mandato de Bolsonaro.
O Judiciário, com seus momentos de alta e de baixa, a Câmara nos níveis mais deploráveis, o Senado, os partidos e a política em geral reproduzem, neste período singular, as suas imagens anteriores. Graças ao SUS, o serviço público viveu a experiência de aplaudido, com exceção das polícias.
As Forças Armadas, e o Exército em particular, têm situação sem precedente há mais de um século, desde os tempos de Floriano e de Hermes da Fonseca.
É eloquente, cheio de significados, o rompimento da cautela nas referências aos militares, criada pelas represálias de violência vigentes por muito tempo.
Cartunistas, humoristas, boa parte dos e sobretudo das comentaristas profissionais, cartas de leitores e, claro, as redes de internet praticam, uns, a franqueza de crítica, outros a libertação do sarcasmo e do deboche.
Militares mais antigos, crias e guardiães da ditadura como realidade e como memória, viram na candidatura de Bolsonaro, com as circunstâncias produzidas pelos agentes da Lava Jato, a oportunidade ideal: impor as visões da ditadura sem a ditadura, tornada difícil e talvez insustentável.
Eram e são as visões para a exploração da Amazônia, para os costumes, para as relações internacionais, os indígenas, várias das minorias, para a cultura. A tolerância com a violência organizada, policial ou não, o condicionamento dos tribunais e o mais que temos visto em prática ou tentativas.
O governo Bolsonaro corresponde à visão geral das Forças Armadas, no mínimo por decorrência das dimensões majoritárias do Exército.
É natural, portanto, a identificação também em outras características, como demonstrações patéticas de incompetência, quando não de ignorância primária, a normalidade de abusos de poder e, além de várias outras, agora os escândalos. Estes, com um toque original: o cômico. Ou ridículo.
Os cidadãos estamos a financiar próteses penianas e viagra para as Forças Armadas, ou um tanto desarmadas.
Nas palavras do próprio Bolsonaro: “Foram trinta e poucos mil comprimidos para o Exército, 10 mil para a Marinha e eu não peguei da Aeronáutica, mas deve perfazer o valor de 50 mil comprimidos. Com todo respeito, isso é nada”.
Já se soubera da fortuna gasta com outras comidas, as preciosidades de mesa, não esclarecido se consumidas nas casernas ou também servidas em residências.
Bolsonaro não faltou com a mentira. Os 10 mil comprimidos que citou como “valor” para a Marinha são, no processo de compra, 28 mil. Trambiques em curso, pois. Um, já desvendado, no verdadeiro significado de valor: o acréscimo de 143% no preço real.
A má fama da Intendência militar, até que o golpe de 64 silenciasse notícias dos seus feitos, volta com lentidão por deficiências do jornalismo praticado. Ainda assim, não deixa dúvida da inclusão militar na bagagem de corrupção do governo Bolsonaro.
Contrafeitos no Estado Democrático de Direito, os herdeiros da mentalidade expressada pela ditadura tiveram, de fato, a oportunidade esperada do papel da Lava Jato e da eleição de Bolsonaro.
O resultado está à vista. Está no inovado conceito público do ideário das casernas para o país. E está no conceito internacional que a ONU concentra em sua cobrança, ao governo, de explicação sobre as ameaças à democracia e aos direitos humanos no Brasil.
A incógnita é até onde irá o apego ao ideário da ditadura e ao poder de impô-lo, em caso de derrota eleitoral de Bolsonaro —e dos representados por ele.
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Que fique bem claro, Bolsonaro nunca foi de extrema direita, é um mero picareta saído do chorume do baixo clero. Ele sempre agiu dialogando com o chiqueiro.
Não é por acaso que ele mantém sua rotina fisiológica com o chiqueirinho do Palácio da Alvorada, este sempre foi seu modus operandi. O que ocorre é que, despido de qualquer escrúpulo, Bolsonaro não vê limites para as suas calhordices, tanto que, com sua política genocida durante a pandemia, já matou mais 660 mil brasileiros.
Bolsonaro patrocinou com dinheiro público uma das campanhas de genocídio mais cruéis da humanidade, em parceria com um jornalismo como o da Jovem Pan que exala o mesmo fedor que hoje toma conta do Palácio do Planalto.
O problema de Bolsonaro é que ele tem um dispositivo que todo psicopata tem, que é, dentro do seu universo cultural, não abrir mão do cinismo, da absoluta falta de vergonha na cara e da destruição indiscriminada das instituições para lhe servirem e, assim, como é prática no baixo clero se servir ao máximo da condição política que o cargo lhe confere.
Depois de duas semanas em que a denúncia vazada da irmã de Adriano da Nóbrega que deixou claro que o Planalto tinha interesse na morte de Adriano, uma renca de pastores lobistas transformou o MEC num prostíbulo, o Brasil descobre que o Palácio do Planalto também virou um sex shop para militares com a aquisição de viagra a próteses penianas, com direito a gel lubrificante e sabe-se lá mais o quê.
Bolsonaro gasta R$ 1 milhão de verba pública com uma motociata debaixo das barbas do TSE em plena campanha antecipada. Ou seja, enquanto o país se vê estarrecido com as patuscadas neoliberais de Paulo Guedes levando a economia à bancarrota, com uma inflação galopante em que a baderna de preços explode o custo de vida e o bolso dos brasileiros, Bolsonaro faz um baile animado reunindo gente paga para fazer as vezes de eleitores numa comemoração ao aniquilamento quase total do Brasil.
Isso pode ser caracterizado como uma “putocracia” em que o Brasil foi transformado em um bordel pelas mãos de delinquentes que tomaram de assalto o Estado brasileiro e que transformaram o Brasil nessa baderna generalizada.
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