Categorias
Política

Agro responde por 97% do desmatamento do país nos últimos 5 anos, mostra MapBiomas

Outro efeito nefasto da atividade econômica sobre o meio ambiente: bem mais da metade (61%) de todo desmate em 2023 está no Cerrado, estratégico para o controle hídrico.

O agronegócio é responsável por 97% do desmatamento do Brasil nos últimos cinco anos, segundo relatório anual divulgado nesta terça-feira (28) pelo MapBiomas. Outro efeito nefasto da ação da atividade econômica sobre o meio ambiente: bem mais da metade (61%) de toda a área desmatada em 2023 está localizada no Cerrado.

È nesse bioma, aliás, que estão áreas de fronteira dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, conhecida como Matopiba. Nos últimos anos a região vem ganhando destaque na produção de soja. E segue avançando. Em 2023 levou à perda de 858.952 hectares de vegetação nativa. Um aumento de 59% no desmate em relação a 2022, em que já havia registrado 36% a mais em relação a 2021.

Segundo o Mapbiomas, na prática, o Matopiba reúne três de cada quatro hectares desmatados no Cerrado em 2023 (74%). E 10 dos 33 municípios que mais desmataram no Brasil.

Com exceção do Piauí, São Paulo e Paraná, todos os outros estados que têm vegeração de Cerrado registraram aumento do desmatamento comparado com 2022. No caso do Maranhão, Tocantins, Goiás, Pará e Distrito Federal, a área desmatada mais do que dobrou, diz a RBA..

Cerrado é estratégico para o controle hídrico
Segundo a coordenadora do MapBiomas Cerrado, Ane Alencar, a perda de mais da metade de sua vegetação nativa desperta preocupação. “O Cerrado é um bioma estratégico no que diz respeito à questão hidrológica e o desmatamento do bioma tem um impacto grande na questão hídrica. Várias bacias que nascem no Cerrado banham outros biomas, então, nesse sentido, o desmatamento e a perda do Cerrado representa um impacto para os outros biomas”, disse.

Ainda segundo ela, o combate ao desmatamento no Cerrado exige uma abordagem multifacetada. “Primeiro, é essencial distinguir claramente o que é legal e ilegal, para que as ações de fiscalização possam efetivamente inibir o desmatamento ilegal. Ao mesmo tempo, devemos oferecer incentivos para o melhor aproveitamento das áreas já desmatadas, reduzindo assim a pressão sobre novas áreas e reduzindo portanto o desmatamento legal.”

Para Ane Alencar, o aumento do desmatamento no Cerrado parece resultar de uma percepção de que tudo pode ser legalizável no bioma. “Temos que entender que não é porque a reserva legal é menor no Cerrado que todo o desmatamento vai ser legal. Na realidade, precisamos sim ter claramente o número da ilegalidade para que as ações de comando e controle possam ser efetivas, assim como as ações de desestímulo à abertura de novas áreas também”.

Desmatamento nas terras indígenas no bioma
É também no Cerrado que fica a terra indígena (TI) com maior área desmatada no país no ano passado: Porquinhos dos Canela-Apãnjekra. A área total desmatada foi de cerca de 2.750 hectares. Ao todo, as terras indígenas no bioma perderam 7.048 hectares de vegetação nativa. Um aumento de 188% em relação a 2022. Em todo o Brasil, ao contrário, houve queda no desmate nessas áreas, segundo o MapBiomas.

A supressão diária dos 3.042 hectares de vegetação nativa do Cerrado é o dobro da área desmatada na Amazônia, de 1.245 hectares. Os dois maiores biomas do Brasil – Amazônia e Cerrado – somaram mais de 85% da área total desmatada no país. E responderam por quase metade (47%) de toda a perda de vegetação nativa no país no ano passado.

O relatório anual de desmatamento identificou que apenas 4,04% de toda a vegetação suprimida nos últimos cinco anos não tem indícios de ilegalidade ou irregularidade. Para o ano de 2023, mais de 93% da área desmatada no Brasil teve pelo menos um indício de irregularidade.

Categorias
Política

Vídeo – Miriam Leitão: ‘2023 está muito melhor do que se imaginava, por causa do agro e de Haddad’

Em participação na GloboNews nesta quinta-feira (20), a jornalista Míriam Leitão afirmou que 2023 “está muito melhor do que se imaginava” e creditou o bom momento econômico à produção agrícola do país e ao trabalho do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT).

Ainda segundo ela, a retração econômica registrada em maio deste ano é culpa “não apenas”, mas “em grande parte” da política monetária colocada em prática pelo Banco Central. Atualmente, a autarquia mantém a taxa básica de juros (Selic) em 13,75% ano, patamar mais alto do mundo em termos reais.

*Com 247

Apoie o Antropofagista com qualquer valor

Agradecemos aos que formam essa comunidade e convidamos todos que possam a fortalecer essa corrente progressista. Seu apoio é fundamental.

Caixa Econômica, Agência: 0197

Operação: 1288
Poupança: 772850953-6
PIX: 45013993768 – CPF

Agradecemos imensamente a sua contribuição

Categorias
Uncategorized

Globo esconde o sofrimento dos heróis do Pantanal para proteger o agro e os negócios

A capa do Estado de Minas, bela em sua dramaticidade (abaixo), não denuncia apenas a negligência do governo federal no combate aos incêndios que já destruíram um quarto do Pantanal, muitos de origem sabidamente criminosa, porque ateados por fazendeiros criadores de gado.

A foto é um dedo acusador apontado também contra o próprio jornalismo que, apenas agora, quando já faz tanto tempo que a Amazônia e o Pantanal ardem em chamas, traz a público, e ainda assim num jornal de dimensão regional, o indizível sofrimento e o estado de desespero a que estão sendo submetidos bombeiros, brigadistas, voluntários e veterinários que lutam heroicamente contra as chamas e tentam salvar animais que estão morrendo naquele inferno.

Você está vendo esta capa de um jornal mineiro, mas certamente não viu ainda uma reportagem com imagens o dramáticas como esta no Jornal Nacional.

As emissoras de tevê, sobretudo a Globo e seus principais programas jornalísticos – JN, Fantástico e Globo Repórter -, não tiveram interesse até agora em produzir uma reportagem definitiva sobre o assunto, capaz de causar indignação e, talvez, provocar uma mudança de atitude por parte do governo.

A pauta está caindo de madura, mas o JN limita-se a um interminável desfile diário de imagens dos incêndios, repetitivas, as de hoje muito parecidas com as de ontem, quase monótonas, com escassa dimensão humana e sem olhar atento sobre o sofrimento dos personagens daquele cenário.

É bastante provável que esta reportagem ainda não tenha sido feita porque qualquer VT muito comovente sobre os dramas humanos daquele desastre levará o telespectador a pensar no envolvimento do agronegócio, como causador dos incêndios ou como beneficiário deles.

A Globo está respeitando o limite de sua linha editorial. E a Globo, como se sabe, é Agro, em campanhas publicitárias nos intervalos e em matérias de exaltação nos próprios telejornais.A Globo esconde como pode o sofrimentos dos heróis do Pantanal.

É perceptível que, quando exibe algum VT mais forte sobre os incêndios, o JN dá um jeito de botar no ar alguma matéria paralela, mesmo que em outro bloco, sempre longa, sobre as maravilhas do agronegócio.

Estivesse mesmo interessada em fazer jornalismo com a profundidade de que é capaz, a Globo já teria embarcado um repórter como Marcelo Canelas e um de seus ótimos cinegrafistas ao Pantanal para passar uma semana no local do combate aos incêndios e voltar de lá com reportagens dignas de prêmio para o JN, para o Fantástico e para o Globo Repórter.

Como fez no fim dos anos 1990, mesmo durante o governo FHC, que apoiava, pautando o mesmo Marcelo Canelas para uma série de reportagens que denunciou, enfim, a desgraça da fome no Brasil, e foi premiada pela ONU.

É bem verdade que, naquela ocasião, a reportagem só foi ao ar depois de alguma luta interna no departamento de jornalismo, porque alguns diretores tentaram vetá-la.

Mas isto é outra história, que apenas prova que, seja onde for, é necessário brigar pelo jornalismo.

 

*Com informações do DCM

Apoie o Antropofagista com qualquer valor acima de R$ 1,00

Caixa Econômica: Agência 0197
Operação: 013
Poupança: 56322-0
Arlinda Celeste Alves da Silveira
CPF: 450.139.937-68
Agradecemos imensamente a sua contribuição