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Depois de ter criado o Dia do Fogo, Bolsonaro culpa os índios pela tragédia na Amazônia

Presidente se reuniu com governadores da Amazônia Legal para discutir estratégias para queimadas, mas mudou o foco do discurso.

Em reunião com governadores da Amazônia Legal nesta terça-feira 27, o presidente Jair Bolsonaro atacou a demarcação de terras indígenas, enfatizou as críticas ao presidente francês Emmanuel Macron e afirmou que os incêndios “não eram tudo isso”, mas que o momento estaria unindo o País em um “sentimento patriótico”. Alguns governadores, por sua vez, insistiram em proposições práticas e reafirmaram a importância do Fundo Amazônia e de uma comunicação mais adequada para a resolução da crise.

A reunião com os chefes dos estados foi convocada para debater sobre as queimadas crescentes na Floresta Amazônica, assunto que está sob pressão internacional principalmente após a reunião do G7, que determinou a doação de 20 milhões de dólares para o combate aos incêndios. A maioria dos governadores mostrou-se a favor de fundos internacionais de emergência e ajuda permanente na conversa, que contou também com presença de ministros do governo – como Ricardo Salles, da pasta de Meio Ambiente.

No final da reunião, o governador do Amapá, Waldez Góes (PDT), entregou ao presidente o texto de um projeto nomeado de Consórcio Interestadual da Amazônia para discutir, em parceria com o governo federal, pautas comuns aos estados da região que tratam da proteção da Amazônia. Bolsonaro afirmou que até a próxima quinta-feira 5, ele iria encaminhar um pacote de medidas ao Congresso, sem especificar exatamente sobre o quê elas se tratam.

Todos os nove estados da Amazônia Legal – Acre, Rondônia, Roraima, Amazonas, Mato Grosso, Amapá, Pará, Maranhão e Tocantins – solicitaram adesão ao decreto da GLO (Garantia da Lei e da Ordem) e a ajuda das Forças Armadas para o combate ao fogo. A Procuradoria-Geral da República e a Polícia Federal apuram se houve ação criminosa nos incêndios, que se intensificaram no início deste mês.
Bolsonaro critica a “selvageria” de antigos governos

O presidente afirmou no encontro que a questão ambiental deveria ser conduzida com “racionalidade” e não com a “selvageria” de antigos governos. Apesar da pauta principal ser a combate às queimadas, Bolsonaro foi endossado pelos governadores nortistas de seu partido, Antônio Denarium, de Roraima, e Coronel Marcos Rocha, de Rondônia, que defenderam a perspectiva de uma demarcação ‘excessiva’ de terras indígenas e reservas ambientais.

Entre as falas dos governadores, Bolsonaro nomeava pedidos de parques nacionais, reservas ou mais demarcações que, segundo ele, estavam congeladas em seu governo – uma “verdadeira psicose de demarcações”, afirmou, fugindo do tópico principal da reunião mais de três vezes ao longo de suas observações. “Para nós, a região mais rica não é o Sudeste, é o Norte. Temos como sair dessa situação que nos encontramos: viver como pobres vivendo em terras riquíssimas”, afirmou.

Mauro Mendes (DEM), governador do Mato Grosso, disse que a “guerra de comunicação que se estabeleceu foi muito ruim” para o Brasil. “Essa guerra está sendo patrocinada pelos nossos principais concorrentes internacionais”, acrescentou em uma crítica adicional a Emmanuel Macron. Depois, reconheceu a importância do debate ambiental para o setor prevalente em seu estado, o maior agroexportador do País, ao dizer que este era o “abre alas para o agronegócio brasileiro”.

O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), defendeu o que chamou de “meritocracia para quem preservar” após apresentar dados sobre o desmatamento em seu estado, entre eles a denúncia de uma fronteira agrícola na área de Triunfo do Xingu. “Nós temos que chamar esse pessoal: você vai expandir essa pecuária ou topa construir um plano pra deixar a floresta em pé e isso ser remunerado?”, disse.

Com as insistências de Bolsonaro em retomar à temática de Macron, o governador opinou que o grupo estava perdendo tempo com o assunto. “Temos que cuidar do nosso país e tocar a vida. Damos muita importância pra esse tipo de comentário, e temos que cuidar dos nossos problemas e sinalizar para o mundo a diplomacia ambiental, que é fundamental para o agronegócio”, falou, além de ter destacado a necessidade de um plano de regulamentação fundiária, também defendido por Salles.

Outro crítico aos pontos constantemente levantados por Bolsonaro foi o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), que destacou que “o meio termo é a melhor receita” em relação a diálogos e decisões. “Extremismos não são adequados numa temática complexa como essa. Acho fundamental que se faça um discurso ponderado”, falou, e acrescentou que movimentos arredios dos altos cargos da República eram ‘faíscas’ que poderiam se transformar em incêndios.

 

*Com informações da Carta Capital

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Alemanha: “Chegou a hora de se pensar em sanções econômicas contra o Brasil”

“Chegou a hora de se pensar em sanções diplomáticas e econômicas contra o Brasil. Os produtos agrícolas brasileiros devem desaparecer dos supermercados da União Europeia”, publicou o jornal alemão Der Spiegel sobre o descaso do Brasil de Bolsonaro com a Amazônia.

O descaso da política ambiental adotada pelo presidente Jair Bolsonaro pode trazer maiores consequências internacionais após novas declarações do mandatário que demonstram um descompromisso do governo com a questão dos aumento das queimadas e do desmatamento. Na Alemanha, diversos veículos começaram a cobrar sanções econômicas e diplomáticas contra o Brasil.

A Deutsche Welle, emissora pública da Alemanha voltada para o público internacional, reproduziu nesta quinta-feira (22) editoriais de três grandes jornais do país – Der Spiegel, Die Zeit e Frankfurter Allgemeine Zeitung – cobrando que se adotem sanções contra o Brasil de Bolsonaro em retaliação pelo descaso com a floresta considerada o pulmão do mundo.

Chegou a hora de se pensar em sanções diplomáticas e econômicas contra o Brasil. Os produtos agrícolas brasileiros devem desaparecer dos supermercados da UE se não for possível comprovar que foram produzidos em condições ambientalmente justas. Os poderosos grandes fazendeiros, que apoiam decisivamente Bolsonaro, devem sentir que sua atitude tem um preço. Porque seu ídolo não só inflige danos imensuráveis a seu próprio país, mas ao mundo todo”, publicou o Der Spiegel no último sábado (17).

Números trazidos pelo Inpe e pelo Climatempo, a partir de dados da Nasa, demonstram que as queimadas cresceram 82% no Brasil em 2019, principalmente nos estados de Rondônia e Mato Grosso do Sul. O desmatamento também disparou na região amazônica, com destaque para os estados do Pará, do Mato Grosso e do Amazonas.

Vale destacar que a Alemanha era, junto da Noruega, um dos principais investidores do Fundo Amazônia e congelou os repasses por acreditar que o governo não adota o combate ao desmatamento como compromisso.

Figuras ligadas às artes, ao esporte e lideranças políticas têm visibilizado internacionalmente a causa da Amazônia e cobrado uma maior atenção para a atuação do governo brasileiro na região.

 

 

*Com informações da Forum

 

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Enquanto sangue corria no Amazonas, Moro fazia política em Portugal

O jornalista Reinaldo Azevedo, em sua coluna no UOL, criticou a postura omissa do ministro da Justiça, Sérgio Moro; “Que coisa! Enquanto os valentes da chamada “nova política” brincam de caçar e cassar viés ideológico — só o dos adversários, claro! — e de atropelar a institucionalidade, aquela parte do país real que mata e que morre como quem diz “hoje é segunda-feira” vai esparramando sangue e emprestando cores sempre mais fortes à tragédia brasileira”.

“Nesta segunda, 40 presos foram assassinados em três presídios de Manaus: o CDPM1 (Centro de Detenção Provisória Masculina 1), o Ipat (Instituto Penal Antônio Trindade) e UPP (Unidade Prisional do Puraquequara). Os cadáveres se juntam, menos de 24 horas depois, aos 15 produzidos no domingo, num provável confronto entre dois partidos do crime que atuam no Complexo Penitenciário Anísio Jobim: PCC e Família do Norte. Nesse mesmo local, em janeiro de 2017, 59 detentos foram assassinados numa rebelião que durou 17 horas”.

“O Ministério da Justiça anuncia o envio para o Amazonas de um destacamento da Força-tarefa de Intervenção Penitenciária (FTIP) para atuar no Complexo Penitenciário Anísio Jobim”.

“Alguns leitores, claro!, esperam que eu culpe Sérgio Moro pelo ocorrido. Culpar? Eu prefiro falar em responsabilidade. No domingo, com os 15 cadáveres já empilhados, o ministro da Justiça foi ao Twitter para falar sobre os protestos a favor de Bolsonaro. Escreveu: “Festa da democracia. Povo manifestando-se em apoio ao Presidente Bolsonaro, Nova Previdência e ao Pacote anticrime. Sem pautas autoritárias. Povo na rua é democracia. Com povo e Congresso, avançaremos. Gratidão”. Como já destaquei aqui, os bolsonaristas já haviam atacado o presidente da Câmara, o Congresso, o Supremo e a imprensa. E defendido, claro!, que Moro fique com o Coaf”.

“O ministro está de novo em Portugal — pela segunda vez em pouco mais um mês, como destaca o jornal português Diário de Notícias.”

“No domingo, dia em que 15 pessoas morreram, ele ainda fez outra coisa: retuitou uma mensagem do presidente Jair Bolsonaro em que este se referia às manifestações afirmando que a “grande maioria foi às ruas com pautas legítimas e democráticas, mas há quem ainda insista em distorcer os fatos.” Na imprensa, colhem-se títulos às pencas na linha “Moro manda força-tarefa para o Amazonas”, como se estivesse atuando com excepcional prontidão. Uma tragédia havia acontecido em sua área de atuação naquele domingo, e ele estava no Twitter, bem longe do Brasil, fazendo proselitismo político. Outra ainda maior se deu nesta segunda. Até a noite, madrugada de terça naquele país, nenhuma manifestação do ministro. O envio da força-tarefa é uma obrigação que lhe impõe o Departamento Penitenciário Nacional, não uma diligência do ministro zeloso”.

O Ministério da Justiça anuncia o envio para o Amazonas de um destacamento da Força-tarefa de Intervenção Penitenciária (FTIP) para atuar no Complexo Penitenciário Anísio Jobim.

Alguns leitores, claro!, esperam que eu culpe Sérgio Moro pelo ocorrido. Culpar? Eu prefiro falar em responsabilidade. No domingo, com os 15 cadáveres já empilhados, o ministro da Justiça foi ao Twitter para falar sobre os protestos a favor de Bolsonaro. Escreveu: “Festa da democracia. Povo manifestando-se em apoio ao Pr Bolsonaro, Nova Previdência e ao Pacote anticrime. Sem pautas autoritárias. Povo na rua é democracia. Com povo e Congresso, avançaremos. Gratidão”. Como já destaquei aqui, os bolsonaristas já haviam atacado o presidente da Câmara, o Congresso, o Supremo e a imprensa. E defendido, claro!, que Moro fique com o Coaf.

 

 

 

 

 

*Com informações do 247