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Por uma amizade imaginária com Trump, Bolsonaro sacrifica interesses brasileiros

Jair Bolsonaro adora dizer que falta patriotismo à sociedade civil brasileira. Usa a manjada teoria da conspiração de que a defesa dos direitos dos povos indígenas às suas terras abre caminho para a internacionalização da Amazônia. Mas é ele que, novamente, deu provas que seu fetiche político-ideológico nos guia para “America First, Brazil later”.

O governo brasileiro renovou a cota de etanol dos Estados Unidos que pode entrar no Brasil sem pagar imposto de importação, um mar de 62,5 milhões de litros por mês. Acima disso, o valor é a tarifa comum do Mercosul, 20%. A cota havia expirado em agosto.

Mas para ajudar Donald Trump, que busca votos nos estados produtores de milho (matéria-prima do etanol por lá), Bolsonaro dificultou a vidas dos produtores brasileiros, que estão com estoques para gastar devido à redução no consumo na pandemia.

E isso logo depois dos Estados Unidos terem reduzido a cota de aço semiacabado que o Brasil pode vender a eles sem tarifas – o total caiu de 350 mil para 60 mil toneladas para o quatro trimestre do ano. O motivo também foi pressão da indústria dos EUA sobre Trump, candidato à reeleição, por causa da queda de demanda devido à pandemia.

Ou seja, após levarmos um pescotapa de alguém que Bolsonaro chama de amigo e aliado, servimos a ele um chazinho e fizemos massagem nos seus pés. O chanceler Ernesto Araújo pode chamar isso de diplomacia, mas por aqui tem outro nome: paga-lanche.

No debate que levou à renovação da cota, o Ministério da Agricultura foi contra. Acabou vencido sob a justificativa de que isso abre caminho para facilitar a exportação de açúcar para os EUA. Fontes ouvidas pela coluna afirmam que é mais fácil o tal camelo passar pelo buraco da tal agulha do que isso ocorrer no curto prazo.

Além disso, a renovação da cota dura apenas três meses. O produtor de etanol de milho nos Estados Unidos tem que ser muito otário para não perceber que isso vai funcionar como uma jogada eleitoral, pois muito provavelmente o Brasil vai elevar a cota novamente após as eleições presidenciais de novembro nos EUA.

Mas o que a história nos mostra é que tem gente que gosta de ser enganada. Lá, aqui, em todo o lugar.

A questão que está em jogo aqui não é o livre comércio de etanol, de açúcar, de álcool. Você pode ser a favor de que Brasil e Estados Unidos tenha uma relação de compra e venda sem tarifas para vários produtos – como já aconteceu com o etanol até os EUA darem um salto no total exportado para cá.

A questão é que tudo soa como subserviência bem crua mesmo, inclusive na opinião de negociadores. Bolsonaro teme que Trump saia do poder, o que fragilizaria a posição da extrema direita internacionalmente. E, por conta disso, aceita fazer o que for necessário. Inclusive agir como poodle do norte-americano, passando por cima dos interesses dos brasileiros.

Nos últimos meses, Trump usou o Brasil de Bolsonaro até como exemplo negativo no combate à covid-19. Mas nosso presidente segue firme e forte na arte de lamber botas.

O atual governo não é muito bom de trocas. Tanto que abandonou uma tradição de mais de um século de uma diplomacia independente em nome de amigos imaginários.

 

*Leonardo Sakamoto/Uol

 

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Assustador: Governo discute o congelamento das aposentadorias

Tereza Cruvinel escreve sobre o plano do governo Bolsonaro de desvincular o reajuste das aposentadorias do salário mínimo e congelá-las por dois anos: “Se ele concordar com esta proposta indecente da turma de Guedes, dará um tiro no pé”.

“Não vou tirar dos pobres para dar aos paupérrimos”, disse Bolsonaro recentemente, quando a equipe de Paulo Guedes tentou acabar com o abono salarial e a Farmácia Popular em busca de recursos para o Renda Brasil.
A turma de Guedes não pensou em tirar dos mais ricos, através da tributação do patrimônio ou dos dividendos, os recursos de que precisa para empinar o programa com que Bolsonaro quer turbinar sua popularidade e reeleger-se em 2022. Mirou outro pobres, os aposentados, inclusive os que ganham o salário mínimo. O que se discute no governo, segundo o portal G1, é o congelamento de todas as aposentadorias por dois anos.

Isso significa desvincular do salário mínimo as aposentadorias que hoje têm este valor, o piso garantido pela Constituição. E tirar dos que ganham acima disso a correção anual da inflação pelo INPC. Em dois anos, os mais pobres do INSS estarão ganhando bem abaixo do mínimo e os valor das demais aposentadorias começará a virar pó. A maior aposentadoria do INSS é R$ 6.101,06. Não estamos falando de ricos, pois não.

Congelando as aposentadorias, a área econômica espera conseguir R$ 17 bilhões em 2021 e R$ 41,5 bilhões em 2022, um total de R$ 58,5 bilhões em dois anos para financiar o Renda Brasil.

A proteção aos mais vulneráveis é necessária, e tornou-se imperativa com a pandemia, que jogou mais gente no desemprego e na miséria. Mas Bolsonaro não pode tungar os que contribuíram para o INSS durante a vida inteira para financiar sua ambição eleitoral.

Se ele concordar com esta proposta indecente da turma de Guedes, dará um tiro no pé. Ganhará votos entre os paupérrimos mas vai ser odiado pelos 35 milhões de aposentados, dos quais 70% ganham um salário mínimo.

Boa parte deles apertou o 17 em 2018. Mas não repetirá este voto depois deste confisco.

 

*Tereza Cruvinel/247

 

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Bolsonaro atende a Guedes, veta perdão a dívidas de igreja, mas estimula a derrubada do veto

O presidente Jair Bolsonaro atendeu à recomendação do ministro Paulo Guedes ​e vetou parte do dispositivo que concedia anistia em tributos a serem pagos por igrejas no país, medida que poderia ter impacto de R$ 1 bilhão.

Para não desagradar o segmento religioso, um dos pilares de sustentação de seu governo, o presidente defendeu a derrubada do veto pelo Congresso e anunciou que enviará uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) para atender à demanda do grupo.

Também sancionou dispositivo que anula autuações da Receita anteriores a uma lei de 2015 que determinou que os valores pagos, em dinheiro ou como ajuda de custo, a ministros ou membros de ordem religiosa não configuram remuneração direta ou indireta. O artigo sancionado por Bolsonaro anula autuações anteriores a junho de 2015, data de publicação da regra.

“Confesso. Caso fosse deputado ou senador, por ocasião da análise do veto que deve ocorrer até outubro, votaria pela derrubada do mesmo”, escreveu o presidente nas redes sociais. “No mais, via PEC a ser apresentada nessa semana, manifestaremos uma possível solução para estabelecer o alcance adequado para a imunidade das igrejas nas questões tributárias.”, acrescentou.

O veto, que pode ser derrubado pelo Congresso, foi assinado na sexta-feira (11), data-limite para sanção da proposta, e será publicado no “Diário Oficial da União” desta segunda-feira (14).

Nos últimos dias, a bancada evangélica na Câmara vinha pressionando para evitar o veto.

No anúncio da decisão de Bolsonaro, o Palácio do Planalto fez questão de ressaltar que o presidente “irá propor instrumentos normativos a fim de atender a justa demanda das entidades religiosas”.

“O presidente Jair Bolsonaro se mostra favorável à não tributação de templos de qualquer religião. Porém, a proposta do projeto de lei apresentava obstáculo jurídico incontornável, podendo a eventual sanção implicarem crime de responsabilidade do presidente”, observou.

Na última quarta-feira (9), em reunião com a bancada evangélica, Bolsonaro já tinha informado aos deputados presentes que o perdão da dívida poderia ser questionado pelo TCU (Tribunal de Contas da União) e sustentar um pedido de impeachment contra ele.

 

*Com informações da Folha

 

 

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Vídeos: O pantanal está em chamas, mas Bolsonaro ri

“Ninguém quer ver de perto a morte que o fogo traz para o Pantanal. Eu vi”

Era meu último dia fotografando as queimadas no Pantanal. Saio para pegar o ônibus quase acostumado com o cheiro de fumaça impregnado na roupa, o gosto amargo na boca, os olhos vermelhos e lacrimejando. Ignoro a ardência nos olhos para mantê-los abertos; fico em vigília, atento, câmara na mão.

Do lado de fora, vejo a calamidade. Perto de Poconé (MT), focos de incêndio. A fumaça e velocidade do ônibus atrapalham, mas aperto o olhar e avisto uma cena brutal. O corpo duro e sem vida de uma jaguatirica. Grito para pararem o ônibus e desço para fotografar. O ar é pesado. Os olhos do animal brancos e a língua de fora, como se tivesse tentado sorver o pouco que ainda resta do ar do Pantanal.

O motorista aparece ao meu lado, e falamos baixo, como que em luto. Ele diz que ela não foi atropelada. Morreu fugindo. Me abaixo no asfalto escolhendo um ângulo que mostre a quantidade de fumaça no caminho que ainda vou seguir. Clico o filhote tentando não mostrar toda a brutalidade que a morte impôs naquele animal tão belo. Eu nunca tinha visto uma jaguatirica. Ainda não vi.

Ninguém quer ver a morte que o fogo traz para o Pantanal tão de perto assim. Eu vi. Vi o fogo e o fim de tudo em um dos biomas mais ricos e lindos do planeta.

Quando cheguei em Poconé, perto da meia noite, a cidade estava envolta na penumbra. A fumaça era tão pesada que acreditei ser a névoa da madrugada. Não era. Era o efeito causado pelos mais de 2 milhões de hectares que estavam em chamas no Pantanal. Várzea Grande e Cuiabá também sentem o impacto da queimada criminosa e covarde. Vi como o agronegócio abre pasto com gasolina e diesel. Fazendeiros apressados em passar a boiada com a chancela do governo federal e do Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Quantos genocídios mais são possíveis na nossa nação? O Pantanal é só mais um crime impune na lista interminável dessa administração.

No meio de uma tarde de 43ºC e da fumaça sem fim em Barão de Melgaço (MT), os bombeiros e brigadistas olham o fogo, impotentes. Um dos brigadistas, com a pá na mão, é ‘seu’ Crovis. Ele diz que o fogo tem raiva. Pula de um lado para o outro. Está vivo. Ele olha para o caminho sem fim, escondido pela fumaça e avisa que não dá pra fazer nada além de esperar. Encosta no caminhão-pipa ao seu lado, que está vazio, e toma seu tererê.

O barulho do fogo é assustador

O fogo consome tudo ao redor e o barulho é assustador. Os bombeiros — são cinco no local — usam um drone para avaliar a situação. Mas a conclusão é a mesma: não há nada a ser feito. É esperar o fogo se cansar do mato e desaparecer debaixo da terra.

O ecoturismo é forte na região, que tem como atração espécies endêmicas como a arara azul do Pantanal e o cervo pantaneiro. Mas o ecoturismo esbarra no agronegócio e na abertura de pasto para a boiada. É preciso expandir a área do gado. E os brigadistas, inconformados, me contam que, para isso, fazendeiros ordenam que se use o fogo em nas áreas secas com solo rico em metano e matéria orgânica. É o fogo da ganância. Destruição, pra essa gente, é sinônimo de progresso.

Cansados de ver os animais sofrendo, guias turísticos, biólogos e veterinários locais se uniram para tentar salvá-los. Um dos resgates foi de uma onça pintada, transferida para Goiás. Eu acompanho o grupo, que me explica que a desidratação — por conta da seca e da falta de água em riachos e lagoas -, a fumaça e o fogo deixam os animais desorientados, fazendo com que passem por áreas em brasa. Com as patas queimadas e morrendo de sede, esses animais sucumbem ao choque da dor. E, sem conseguir se locomover, morrem.

Os voluntários também saem diariamente para deixar recipientes com água em vários pontos de rio seco e da mata. Falta água. Falta chuva. E, ficou claro para mim, falta humanidade no Pantanal.

Brigadista teve 80% do corpo queimado

À noite, de volta ao Sesc Pantanal, onde fiquei hospedado, escuto a conversa na mesa ao lado da minha no refeitório. Um dos militares, também alojado ali, não consegue segurar sua revolta e raiva ao comentar o ministro Salles pretendia bloquear a verba destinada para a batalha contra as queimadas na região pantaneira além da Amazônia. “Ele se precipitou, pô.”

Um desgoverno que brinca com os nervos de quem vê a morte todos os dias e vai dormir sabendo que, no dia seguinte, pode ser pego na mudança de direção do fogo e morrer queimado. Foi o caso do Wellington Fernando Peres Silva, brigadista do ICMBio que teve 80% do corpo queimado em uma ação contra os incêndios do Parque Nacional das Emas (GO).

O que Salles e o governo federal não entenderam é que igual a mim existem muitos na região. Moradores, fotógrafos e jornalistas que testemunharam tudo. Viram o que a boiada representa. Gente que sentiu o fogo de perto e respirou diariamente o ar esfumaçado e doente da Transpantaneira. Gente que rezou para ver uma onça ou jaguatirica vivas, mas que, em vez disso, tiveram de se deitar na estrada ao lado de um corpo gelado para mostrar ao mundo o que a boiada faz quando passa. Ela queima.

https://twitter.com/Annluizalima/status/1303399948390719488?s=20

 

*João Paulo Guimarães- Fotógrafo/Uol

 

 

 

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Celso de Mello, ao dar direito a Moro de fazer perguntas para Bolsonaro, dá também um mau sinal para Lula

Quando Celso de Mello oferece a Moro oportunidade de fazer perguntas a Bolsonaro sobre sua interferência na PF, ele, automaticamente o absolve do delito de ter usado a mesma PF para defender Bolsonaro quando era ministro.

A PF também ficou encarregada de investigar se o  porteiro caluniou ou difamou Bolsonaro quando, em depoimento, disse que a voz que liberou a entrada de um dos assassinos de Marielle no condomínio Vivendas da Barra era a do seu Jair, da casa 58.

A investigação foi um desdobramento de ofício do, então ministro da Justiça, Sergio Moro. Ele pediu que se abrisse um inquérito para apurar o contexto da citação do nome do presidente na investigação.

Qual o nome disso além de aparelhamento da PF pelo ministro da justiça para blindar Bolsonaro?

Moro enviou uma solicitação a Aras para que instaurasse um inquérito para investigar as declarações do porteiro do Vivendas da Barra veiculadas na edição do “Jornal Nacional”.

No mesmo dia, o Procurador-Geral da República, encaminhou o ofício à Procuradoria da República no Rio de Janeiro para investigar o porteiro do condomínio do presidente Jair Bolsonaro, na Barra da Tijuca.

Qual o nome disso?

Celso de Mello não sabe?

Se seguir esse critério, Celso de Mello inocentará Moro da acusação de parcialidade no julgamento de suspeição no caso da condenação de Lula.

Se diante de um fato assombrosamente descarado de uso da PF e da própria PGR para pressionar o porteiro a mudar sua versão, pior, manter isso em sigilo sem que se veja como transcorreu esse interrogatório, é desanimador, porque perante tudo o que já se sabe, seja pela série de revelações do Intercept e o que se sabe através da mídia, somado às evasivas que foram praticamente cem por cento nas perguntas que parlamentares fizeram a Moro quando esteve na Câmara dos Deputados, o ex-juiz não foi parcial, mas ativista, conduzindo toda a argumentação do Ministério Público contra Lula.

Mas diante dessa posição de Celso de Mello de dar oportunidade a Moro de interrogar Bolsonaro, mesmo ele tendo como ministro da Justiça atitude ilegal de interferência na PF, ou seja, idêntica a que ele acusa Bolsonaro, não dá para ser otimista do que pode sair da cabeça de Celso de Mello em relação à suspeição de Moro na condenação e prisão de Lula.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

 

 

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Bolsonaro cede a Trump, zera imposto sobre cota de etanol americano e prejudica produtores brasileiros

Conforme já mostrou a Folha, o setor no Brasil vinha alegando que o fim da barreira comercial para o etanol americano prejudicará principalmente os pequenos produtores do Nordeste, por onde entra a maior parte do álcool estrangeiro.

O governo Bolsonaro decidiu estender uma medida que zera o imposto de importação sobre o etanol americano. Em decisão tomada nesta sexta-feira (11), foi cortada a taxa de 20% sobre 187,5 milhões de litros originados dos Estados Unidos por 90 dias.

Antes disso, o governo já havia liberado a importação de uma cota de 750 milhões de litros de etanol americano sem o imposto de importação regular de 20% para o produto. Nesse caso, a medida venceu no último dia 31.

A decisão desta sexta foi tomada pelo comitê executivo da Camex (Câmara de Comércio Exterior), órgão responsável por definir alíquotas de importação e exportação, fixar medidas de defesa comercial, analisar regras de acordos comerciais e outras atribuições. O comitê é integrado pela Presidência da República e pelos ministérios da Economia, das Relações Exteriores e da Agricultura.

Conforme mostrou a Folha, a nova medida teve participação do ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores). Ele convenceu o presidente Jair Bolsonaro a adotar mais um gesto para agradar o governo do presidente Donald Trump, que disputa as eleições naquele país em menos de dois meses.

Os americanos não queriam apenas a prorrogação da cota: eles trabalhavam para que o Brasil aceitasse o livre comércio do produto, o que beneficiaria produtores de milho daquele país —o etanol americano é feito a partir do cereal, e não da cana-de-açúcar, como ocorre no caso brasileiro.

Além de conversas com membros do governo em Brasília, o assunto mobilizou parlamentares americanos de estados do Meio-Oeste, que pediram a Trump que atuasse para conseguir a concessão do Brasil.

Durante o período de corte de impostos, Brasil e EUA vão debater como incrementar o comércio de etanol entre os dois países, bem como de outros mercados como o milho.

Após a decisão do governo brasileiro sobre o etanol, Brasil e EUA divulgaram uma declaração conjunta em que dizem que os dois países farão discussões, a partir de 14 de setembro, sobre uma lista de temas que inclui um arranjo para aumentar o acesso tanto do etanol como do mercado de açúcar nos dois países.

Ambos os países também disseram que vão se coordenar para “garantir que as indústrias de etanol em ambos os países sejam tratadas de maneira justa e se beneficiem de mudanças regulatórias futuras em produtos de biocombustíveis”.

“O Brasil e os Estados Unidos concordaram em proceder dessa maneira no espírito de parceria econômica criada sob a liderança dos Presidentes Bolsonaro e Trump, reconhecendo a necessidade de continuar a tratar construtivamente dos efeitos das crises geradas pela pandemia da Covid-19 em seu comércio bilateral e na sua produção doméstica”, afirma a declaração.

Enquanto o governo Trump promovia uma ofensiva diplomática para que o Brasil aceitasse restabelecer o livre mercado para o produto, o que beneficiaria exportações americanas, usineiros nacionais e a bancada do agronegócio pressionavam o Palácio do Planalto a manter a barreira ou mesmo aplicar a tarifa de 20% sobre todo o etanol estrangeiro que entra no país.

A medida do governo brasileiro contraria, portanto, pedido feito e reiterado em diversos momentos e ocasiões por ruralistas brasileiros. Um desses pedidos era da Frente Parlamentar Agropecuária. Também solicitaram a Sociedade Rural Brasileira e outras entidades como Unica.

A exemplo do que o Brasil faz com o etanol estrangeiro, os americanos também têm uma cota para a entrada de açúcar no país. De acordo com a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), o que extrapola esse limite é taxado em 140%, o que —dizem produtores nacionais— simplesmente mata a competitividade do produto no mercado americano.

 

*Com informações da Folha

 

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Bolsonaro manipula com Centrão para evitar o aumento do auxílio emergencial

Irritado com Maia, Bolsonaro quer evitar que Congresso eleve de novo o valor proposto pelo Executivo.

Irritado com Rodrigo Maia (DEM-RJ), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) iniciou ofensiva para evitar o risco de uma alteração na medida provisória que reduziu o auxilio emergencial de R$ 600 para R$ 300.

Em entrevista na quinta-feira (10), o presidente da Câmara dos Deputados disse que 82% das suas redes sociais são favoráveis à manutenção dos R$ 600, afirmação que teve o apoio de deputados da base aliada.

Para evitar que o valor seja alterado pelo Poder Legislativo, o Palácio do Planalto realizará monitoramento nas redes sociais de parlamentares governistas, em especial os do centrão, para identificar aqueles que defendem um valor maior que R$ 300.​

A ideia é que, a partir do mapeamento, os líderes do governo procurem pessoalmente os deputados indecisos para reafirmar a necessidade de manter o valor de R$ 300. O presidente quer, assim, evitar que se repita o cenário da primeira votação do benefício social.

Em março, no início da pandemia de Covid-19, Bolsonaro havia proposto ao Congresso um valor de R$ 200, mas a Câmara ameaçou mais do que dobrar a iniciativa, passando para R$ 500. Pressionado, o presidente decidiu elevar o valor para R$ 600 para não sofrer uma derrota política.

O benefício de R$ 600 foi fundamental para levar Bolsonaro ao seu auge de popularidade desde o início do governo.

Durante vários dias, ele discutiu com o ministro Paulo Guedes (Economia) para chegar a um valor que não o prejudicasse politicamente. Nas redes sociais, ele já vinha sendo cobrado a não reduzir o valor da ajuda.

Na quinta-feira (10), Bolsonaro deu um recado indireto a Maia. Em sua live semanal, ele disse que não gostaria de reduzir o valor do benefício, mas ressaltou que se ele fosse mantido em R$ 600, aumentaria o endividamento do país.

“Não é porque eu quero pagar menos, não. É porque o Brasil não tem como se endividar mais. Então, não vai ter uma nova prorrogação [do auxílio emergencial], porque o endividamento cresce muito. O Brasil perde confiança, os juros podem crescer e pode voltar inflação”, ressaltou.

Para municiar a base aliada a defender o valor de R$ 300, o Planalto também prepara material impresso e audiovisual sobre os impactos que um auxilio emergencial de R$ 600 teria nas contas públicas.

Bolsonaro elencou o pagamento do auxílio de R$ 600 como um dos fatores que pressionou a alta no preço do arroz. O produto já acumula alta de 19% neste ano e a tendência é de que ele aumente ainda mais.

Segundo a Apas (Associação Paulista de Supermercados), o produto deve ter novos aumentos nos próximos dois meses se o consumo se mantiver no ritmo atual.

O preço médio em supermercados paulistas é de R$ 20, podendo aumentar para cerca de R$ 30.

 

*Gustavo Uribe eDaniel Carvalho/Folha

 

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Globo, da hecatombe do tomate com Dilma à naturalização da disparada dos preços com Bolsonaro

Quem se esquece da Globo abrindo o Jornal Nacional anunciando o fim do mundo porque o tomate chegou a R$ 7,00?

Foram 8 minutos de matéria bombardeando Dilma de forma absolutamente covarde com justificativas que beiravam a total insanidade. Nenhuma catástrofe mereceu tanto tempo na Globo quanto essa campanha sórdida. E, no dia seguinte, Ana Maria Braga chegando em seu programa com um colar de tomates pendurado no pescoço, numa agressão patética à Dilma.

Cadê essa gente que, agora, está muda com a tragédia alimentar em plena pandemia?

E o que temos agora com essa disparada dos preços dos alimentos que está longe de ser somente do arroz, do óleo, do queijo e das massas?

O preço da sexta básica disparou. Quem acompanha minimamente com atenção a variação de preços, sabe que, basicamente, todos os produtos de supermercado aumentaram muito, das carnes e seus derivados aos produtos de limpeza, brutos ou leves.

Mas a coisa não está restrita apenas aos alimentos, os eletroeletrônicos também dispararam, inclusive nos camelôs que seguiram a alta das lojas regulares. São aumentos que variam de, no mínimo, 50% e, em alguns casos, ultrapassam 100%.

Detalhe, não dá para dizer que é fruto da demanda de compra da China, como estão apregoando sobre o arroz, feijão e etc.

Dos produtos eletrônicos, 99% são chineses. Um mero óculos de sol nos mercados populares que custava R$ 15,00 hoje chega a R$ 25,00.

Enfim, há um aumento generalizado e que está longe de ser pela alta dólar, mas de um conjunto de fatores parecidíssimos com a época do cruzado, no governo Sarney, só que o que diferencia é que, assim que houve o congelamento do cruzado, houve também uma disparada no consumo sem base, pois o Brasil não tinha estrutura para atender à demanda. Deu no que deu, o ágio passava muitas vezes do dobro do preço dos produtos que, oficialmente, estavam tabelados.

Agora é diferente, é inflação com recessão. O custo do dinheiro nunca esteve tão alto. Os bancos, que mandam nesse governo, operam com taxas nominais que passam de 700%, quando muito essa taxa cai na média entre cartão de crédito e cheque especial, para 500% e, ainda assim, sua taxa efetiva aumenta chegando a 700%.

O nome disso é baderna econômica imposta pelo mercado a um país sem governo, onde um banqueiro é um ministro da economia e o presidente está com a família inteira afundada em denúncias de crimes e que depende do garante das Forças Armadas, as quais ele compra com aumento de salário e gratificações à casta do oficialato, deixando os bancos e grande empresários fazerem o que querem.

Alguém acha que o Brasil não tem um estoque regulador por acaso? É só perguntar a Guedes o que ele acha de um estoque regulador que dê garantias alimentares à população brasileira.

Todos sabem que Guedes colocou uma granada no bolso desse estoque para os preços serem praticados a bangu.

Mas o que dizem agora Sardenberg, Miriam Leitão e outros comentaristas de economia que marretaram Dilma quando o pacote de 5kg de arroz custava em média R$ 8,00 e que a carne de primeira que, hoje, é vendida até a R$ 50,00, na época de Dilma custava R$ 17,00. Lombo de porco que, hoje, custa R$ 24,00, com Dilma era R$ 8,00. Linguiça calabresa girava na média de R$ 7,00 e hoje está a R$ 24,00, assim como o acém que, com Dilma, era R$ 8,00, hoje, R$26,00.

Esses que marretavam Dilma dizem que não há nada a fazer a não ser esperar que o mercado regule os preços, que as safras e a produção aumentem. Eles não querem ouvir falar em estoque regulador ou qualquer tipo de interferência do governo para dar segurança alimentar à população.

É isso que temos hoje, mas amanhã será bem pior.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

 

 

 

 

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Cristiane Brasil: “E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará“

Difícil de acreditar, mas este é o Brasil em que vivemos hoje sob o comando de Bolsonaro.

A ex-deputada Cristiane Brasil (PTB), filha de Roberto Jefferson, se apresentou na tarde desta sexta-feira (11) à Polícia Civil no Rio de Janeiro, segundo o jornal O Globo, após ter prisão decretada por supostamente participar de desvios em contratos de assistência social no governo do estado e na Prefeitura do Rio de Janeiro.

Esta é Cristine Brasil, filha de Roberto Jefferson, ambos apoiadores de Bolsonaro.

Cristiane Brasil no twitter
Candidata a prefeita do Rio de Janeiro pelo PTB. Conservadora, anticomunista e apoiadora do PR Jair Bolsonaro. Filha do @BobjeffHD e mãe de um casal.

 

*Da redação

 

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Celso de Mello obriga Bolsonaro a depor presencialmente

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Celso de Mello negou ao presidente Jair Bolsonaro a possibilidade de prestar depoimento por escrito no inquérito em que o presidente é investigado sob a acusação de tentar interferir na Polícia Federal para beneficiar familiares.

A investigação foi aberta após o ministro Sergio Moro deixar a pasta da Justiça afirmando que o presidente tentou interferir no comando da PF.

Em sua decisão, o ministro Celso de Mello afirma que a prerrogativa de depor por escrito é reservada apenas às autoridades que prestam depoimento como testemunhas, o que não é o caso de Bolsonaro, que figura como investigado no inquérito.

A PGR (Procuradoria-Geral da República) havia defendido que Bolsonaro pudesse responder por escritos às perguntas formuladas pelos investigadores. Mas Celso de Mello rejeitou os argumentos da Procuradoria.

Na decisão, o ministro afirma que, como investigado, o presidente poderá se valer do direito ao silêncio. Bolsonaro tem negado qualquer tentativa de interferência na Polícia Federal.

Segundo o gabinete do ministro, a decisão estava pronta desde 18 de agosto, mas só pôde ser assinada agora por Celso de Mello, após a volta do ministro de uma licença médica.

A investigação no STF foi aberta em abril, a pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras, e autorizada pelo ministro Celso de Mello, relator do caso.

Moro também figura como investigado. A Procuradoria apura a possibilidade de o ex-ministro ter cometido o crime caso tenha mentido sobre as acusações contra o presidente.

A fase de inquérito serve para reunir provas. O depoimento de Bolsonaro é uma das últimas providências do inquérito.

Em seguida cabe à PGR decidir se há elementos para oferecer uma denúncia criminal contra Bolsonaro, ou Moro, a depender do desenrolar das investigações.

Caso a Procuradoria decida denunciar o presidente, o processo precisa ser autorizado pela Câmara dos Deputados, pelo voto de dois terços dos parlamentares. Após a autorização, cabe ao STF decidir pela abertura do processo.

 

*Com informações do Uol