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Vídeo: O fundamental pronunciamento de Lula no 1º de maio

Quem vê os “austeros” políticos de direita defenderem o teto de gastos, como fazem para defender a cereja do bolo da responsabilidade fiscal, se não for muito atento, imagina que os governos de direita no Brasil foram páginas de um romance econômico, quando, na realidade, todos os governos de direita figuram, como é do conhecimento de todos, entre os mais frágeis no quesito economia para o conjunto da sociedade e dos próprios cofres públicos. Ou seja, foram verdadeiros enredos de um filme de terror.

Peguemos o resultado final dos 21 anos de ditadura de direita com João Figueiredo que fez tanto a inflação quanto a dívida pública explodirem, entregando a Sarney um país aos cacos que, por sua vez, passou o país agonizante a Collor que, de esperança de desentortar a economia, cassou a poupança de todos e ampliou as tragédias econômicas de Figueiredo e Sarney com uma hiperinflação apoteótica.

Depois, veio Fernando Henrique Cardoso, com o seu “clube da cifra” que buscou na Argentina o já fracassado plano do governo Carlos Menem conduzido pelo famoso Domingo Cavallo, de dolarizar a nossa economia na base de um câmbio artificial.

Todos esses governos neoliberais aqui citados, cada um com seu plano mirabolante, jogaram a economia brasileira no caos.

É certo que FHC ainda conseguiu, no primeiro mandato, manter uma euforia idêntica à de Sarney quando por um ano congelou a economia com seu Plano Cruzado, mas assim como ocorreu no governo Sarney, todo aquele universo místico de controle da economia ruiu, só que por dentro. E o Brasil, com FHC, simplesmente parou. Ele sumiu da mídia e o país sofreu quatro anos de apagão em tudo, da energia à economia, a ponto de ampliar a dívida com o FMI, iniciada pelos militares, mesmo depois de entregar na bacia das almas aos colegas do governo grande parte das estatais brasileiras.

Na verdade, seja terminando ou não o mandato, todos esses governos que antecederam Lula, tiveram seus governantes saídos de alguma forma dos seus mandatos de maneira melancólica e pela porta dos fundos do Palácio do Planalto, porque tinham plena consciência que entregavam aos brasileiros um país pior do que receberam.

Por isso, até os dias que correm, são pessimamente avaliados pela população.

Vem o governo Lula, o Brasil sai da 14ª posição das maiores economias do mundo e chega à 6ª. Detalhe, sem nenhum solavanco com planos econômicos milagrosos, ao mesmo tempo em que o país inicia um processo social absolutamente revolucionário que encanta o planeta, pois tira mais de 40 milhões de brasileiros da mais absoluta miséria. Programas esses que tiveram continuação e aprofundamento com Dilma que, até as manifestações de 2013, comandadas pela grande mídia e outros interesses sem rosto por trás daquela histeria coletiva, Dilma mantinha uma aprovação até maior do que a do governo Lula.

O Brasil vivia o pleno emprego, a valorização do salário, com um poder de compra nunca visto na história.

Mas 2013 deu a receita de como poderia se construir uma farsa popular que “pressionasse” o Congresso para se tirar a qualquer custo e sob qualquer pretexto, Dilma do seu segundo mandato, juntando o que existia de mais podre na sociedade para formar uma corrente que pudesse, através de um golpe, devolver o país a alguém como Temer que devolveria a cabeça dos brasileiros à forca, usando a bíblia neoliberal que detonou todos os governos de direita.

Com Temer, não foi diferente. Encomenda feita, encomenda entregue.

Temer, hoje, como é normal na mídia, nem é mais lembrado pelos articulistas da grande mídia que diziam que ele fazia um grande trabalho, está aí essa excrescência neoliberal chamada teto de gastos.

A economia do país foi sendo devolvida ao mesmo patamar da era FHC que Guedes, aprofundando a lambança de Temer, apenas empurrou a bola para dentro do gol, mas não do adversário, mas para o nosso gol, numa goleada às avessas que os neoliberais sempre impuseram ao povo brasileiro.

Só que no caso de Bolsonaro, temos dois agravantes, o coronavírus em parceria com ele, que produziram até aqui mais de 400 mil mortes e uma economia que não dá o menor sinal de vida, aprofundando ano após ano, mês após mês, uma crise econômica que ainda não se sabe o tamanho do buraco e suas reais consequências.

Dito isso, porque é o que interessa, o resultado de uma receita, podemos afirmar sem pestanejar, é que a direita sempre blefou quando o assunto é economia com um dicionário bíblico de palavrórios sobre o tema que terminam inevitavelmente num bolo solado que, aí sim, é dividido com a sociedade.

Por isso a importância do discurso que Lula fez neste 1º de maio, porque ele é o único que tem condição, de fato, de mudar como mudou, depois de pegar a economia estraçalhada de FHC e, agora, repetir a receita e mudar os índices econômicos trágicos que vive o Brasil e deixar claro de uma vez por todas que todos os governos neoliberais desde o golpe de 1964, promoveram verdadeiras hecatombes na economia e, por isso, não têm qualquer autoridade para abrir um debate sobre o tema.

Já Lula sobra caixa e realidade com números expressos na nossa memória. Ele ele pode e vai tirar o país de mais um atoleiro que a direita nos mergulhou.

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Márcio Pochmann: Na América Latina governos neoliberais avançam para Estado Policial

Opção pelas medidas repressivas revela a intenção dos governos neoliberais do continente de procurar avançar para o Estado policial como gestão ofensiva contra a integração da violência com a desigualdade.

A crise global de 2008 despertou reação distinta no conjunto das economias latino-americanas quando comparada à Grande Depressão de 1929. Naquela oportunidade, países da região aproveitaram para alterar profundamente a sua orientação econômica, ao contrário do verificado mais recentemente, com a acomodação em torno das políticas neoliberais.

A divulgação do manifesto latino-americano por Raul Prebisch (O desenvolvimento econômico da América Latina e alguns de seus problemas principais), em 1949, apontou o equívoco na época que seria ter mantido o modelo de exportação das commodities da região centralizado na decadente Inglaterra. O abandono das políticas liberais vigentes e o deslocamento da centralidade para os Estados Unidos, o país mais dinâmico desde então, concedeu notável desempenho econômico à América Latina.

A elevação na participação da economia da região no Produto Interno Bruto mundial de menos de 7% para quase 12% entre as décadas de 1930 e 1970 resultou da instalação de governos nacionais comprometidos com projetos de substituição dos produtos industriais até então importados pela produção local, sempre que possível. Assim, as políticas desenvolvimentistas se destacaram na transformação inegável das bases materiais, cada vez mais diversificadas e integradas, e da mobilidade social ascendente da população latino-americana.

Na crise global desencadeada a partir de 2008, o conjunto da região não conseguiu alterar radicalmente a trajetória das políticas neoliberais adotadas desde a década de 1980, salvo exceções. Mesmo países como a Argentina, Brasil, Peru e Equador, por exemplo, que vinham adotando nos anos 2000 políticas desenvolvimentistas em reação à inserção passiva e subordinada do final do século 20, apresentaram retrocessos profundos na década de 2010, com a ascensão de governos pró-mercados.

Ejército de Chile/Reprodução
Exército chileno fazem a segurança do lado de fora da estação de metrô

Dessa forma, a crise global de 2008 terminou estabelecendo na região a consolidação do neoliberalismo e a subordinação à decadência relativa dos EUA, com o aprofundamento do modelo de especialização produtiva através da crescente dependência da exportação de commodities. O resultado passou a ser a continuidade na queda da participação relativa da economia latino-americana no PIB mundial para cerca de 7%, cada vez mais próxima do patamar verificado ainda na década de 1930.

O atual retorno ao modelo econômico prevalecente ao período pré-1930 tem implicado brutal regressão nas atuais bases materiais e sociais latino-americanas, pois não mais se tratam de sociedades agrárias, como no passado longínquo. O predomínio do padrão urbano de vida impõe a necessidade da convivência com custos cada vez mais difíceis de serem financiados frente à dominância das políticas de austeridade fiscal e de massificação, por consequência, da pobreza associada às ocupações precárias e ao desemprego generalizado.

Em função de mais de dois quintos da população ocupada na América Latina ter como rendimento do trabalho abaixo do valor do salário mínimo nacional, sobretudo entre jovens e mulheres, o corte no gasto público, sobretudo nos investimentos e políticas sociais, eleva ainda mais os constrangimentos à reprodução do padrão mínimo de vida urbana. A revolta que começa a se generalizar em vários países da região (Equador, Haiti e Chile) apenas enuncia a forma com que os governos de direita pretendem debelar o descontentamento social crescente.

A opção pelas medidas repressivas e de instalação do estado de emergência revela a intenção dos governos neoliberais da região de procurar avançar para o Estado policial como gestão ofensiva contra a integração da violência com a desigualdade, produto do próprio modelo econômico neoliberal em curso. Nestes termos, a América Latina que já possui a maior taxa mundial de homicídios (1 a cada 3 pessoas assassinadas), destacando-se ainda por deter 41 das 50 cidades mais violentas do mundo (21 pertencem ao Brasil), corre o sério risco do retrocesso político maior, que seria o abandono das recentes experiências de regimes democráticos, mais uma vez.

(*) Marcio Pochmann é professor do Instituto de Economia e pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho, ambos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

 

*Rede Brasil Atual