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Facebook: Funcionários dizem que rede social fortaleceu extrema direita

Denúncias publicadas por consórcio formado por 17 organizações jornalísticas norte-americanas indicam que empresa foi alertada durante anos sobre disseminação de fake news e discurso de ódio.

Veículos internacionais como “The News York Times”, “CNN” e “Washington Post” publicaram neste sábado (23) denúncias envolvendo o Facebook. O consórcio, chamado de “The Facebook Papers” e formado por 17 organizações jornalísticas norte-americanas, traz reportagens sobre documentos vazados da empresa de Mark Zuckerberg.

As acusações afirmam, em sua maioria, que a rede social contribuiu para a disseminação de fake news, e inclusive para a mobilização de grupos de extrema direita, o que culminou na invasão ao Capitólio em 6 de janeiro, que deixou cinco mortos.

Os documentos provam as revelações feitas no mês passado por Frances Haugen, uma ex-gerente de produtos do Facebook. Segundo ela, a rede de Zuckerberg mentiu sobre o combate ao discurso de ódio, violência e fake news na plataforma. Frances disse que o Facebook desmontou sua equipe de “integridade cívica” logo após a eleição de 2020, assim que Joe Biden foi declarado vencedor.

Funcionários alertaram sobre fake news

A reportagem do “The New York Times” mostra que funcionários do Facebook alertaram durante anos sobre a desinformação e potencial risco de radicalizar os usuários da plataforma e solicitaram uma ação – mas a empresa falhou para resolver os problemas.

Embora a rede social tenha culpado Trump pela disseminação de notícias falsas, vários funcionários acreditam que poderia ter sido feito mais para evitar a proliferação de fake news. O alerta veio, inclusive, através de um estudo interno, intitulado “Jornada de Carol para QAnon”, feito por uma pesquisadora do Facebook.

Em julho de 2019, ela criou uma conta teste se passando por uma “mãe conservadora” da Carolina do Norte e, uma semana depois, começou a receber recomendações de conteúdo de teorias da conspiração.

Ela seguiu, então, as páginas da Fox News e da Sinclair Broadcasting e, em poucos dias, vieram sugestões para seguir páginas e grupos relacionados ao QAnon, incluindo uma fake news de que Trump estaria enfrentando uma conspiração obscura feita por pedófilos democratas.

Algum tempo depois, a mesma pesquisadora criou uma conta teste com um perfil esquerdista e descobriu que os algoritmos do Facebook a alimentavam com memes de “baixa qualidade” e desinformação política. Ela deixou a empresa em agosto de 2020, mesmo mês em que o Facebook reprimiu as páginas e grupos do QAnon.

Em seu pedido de demissão, divulgado pelo “BuzzFeed News”, ela disse que o Facebook estava “conscientemente expondo os usuários a riscos de danos à integridade” e citou a lentidão da empresa em agir contra o QAnon como um dos motivos para sua saída.

“Já sabemos há mais de um ano que nossos sistemas de recomendação podem levar os usuários rapidamente ao caminho de grupos e teorias de conspiração”, escreveu. “Nesse meio tempo, o grupo extremista QAnon ganhou proeminência nacional, com candidatos ao Congresso.”

*Com informações da Forum

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Facebook ”afinou” o algoritmo para tirar visibilidade a publicações de esquerda

Uma reportagem do Wall Street Journal diz que foi o próprio Mark Zuckerberg a dar instruções para a mudança, cedendo assim às críticas dos meios conservadores norte-americanos que acusavam a plataforma de parcialidade.

Em 2017, a mudança no algoritmo que gere as publicações de notícias no Facebook tinha por finalidade anunciada o combate às fake news. E não demorou muito tempo a perceber que a alteração teve um impacto considerável nas visitas de sites de direita como o Daily Wire, um dos mais populares na plataforma apesar de muitas vezes apontado pelos verificadores de factos do próprio Facebook como estando a publicar notícias falsas.

Segundo uma reportagem publicada na sexta-feira pelo Wall Street Journal, o líder do Facebook terá sido pressionado pelos responsáveis de publicações associadas ao setor mais extremista dos conservadores, entre os quais Ben Shapiro, visita de casa do dono do Facebook e fundador do Daily Wire, ou Tucker Carlson, fundador de outro site conhecido por difundir “fake news”, o Daily Caller.

Segundo o Wall Street Journal, as pressões deste círculo de apoiantes de Trump terão levado o Facebook a “afinar” o algoritmo no sentido inverso. Embora a empresa reafirme ainda hoje que as mudanças não foram dirigidas contra nenhuma publicação em concreto, a revista Mother Jones, com uma linha editorial à esquerda no panorama político norte-americano, já se queixava em 2019. Segundo as suas contas aos 18 meses anteriores, a perda de tráfego provocada por essa mudança correspondeu a cerca de 400 mil dólares de receita anual perdida, impedindo-a de financiar projetos de investigação ou de contratar mais gente.

”Sabemos agora que o Facebook fez alterações para lhe mostrar menos notícias da Mother Jones” é o título do editorial publicado na sexta-feira. Ben Dreyfuss, o diretor editorial responsável pela área do Crescimento e Estratégia da revista fundada em 1976, afirma que teve reuniões com responsáveis do Facebook no fim de 2017 e no início de 2018 acerca das mudanças no algoritmo.

“Disseram que estavam a fazer afinações e que todas as publicações iriam sentir uma diminuição ligeira do tráfego e interações, mas não de forma a favorecer ou desfavorecer qualquer publicação em concreto”. Aos jornalistas da publicação, Dreyfuss escreveu na altura: “Não acho que isto seja a bomba nuclear que toda a gente pensava ha umas semanas”.

“Bom, eu estava muito enganado. O nosso alcance afundou”, reconhece o responsável da revista, frustrado por ver que o trabalho dos seus três editores para as redes sociais não teve resultado. “Muitas vezes não funciona, é a vida, mas quando não funciona nunca, é muito frustrante”, prossegue o editor, que diz ter sempre dado o benefício da dúvida ao Facebook, apesar de “os ‘top posts’ no site serem agora todos de publicações conservadoras”.

Também a CEO da Mother Jones, Monika Bauerlein, reagiu no Twitter ao artigo do Wall Street Journal, mostrando um gráfico sobre a evolução das audiências da revista no Facebook antes e depois da decisão de Zuckerberg.

*Carta Capital/Publicado originalmente em esquerda.net

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