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Janio de Freitas: Golpe de Bolsonaro segue no seu rumo

Comprar a aliança dos armados faz retorno aos preparativos contra esmagador resultado eleitoral.

O aumento salarial restrito à Polícia Federal e demais servidores civis armados, como os policiais rodoviários, relaciona-se à eleição de 2022, claro. Mas não com fim eleitoral. É o que sobressai nesse privilégio prometido por Bolsonaro, e já antecipado aos militares, quando todo o restante do serviço público federal está há cinco anos sem reposição alguma das perdas salariais.

Comprar a aliança dos armados faz um retorno aos agrados preparatórios do golpe frustrado. Logo, retorno também aos preparativos contra o esmagador resultado eleitoral antevisto nas atuais pesquisas.

É a estratégia formulada por Steve Bannon. Provocar, irritar, manter inquietação. Acusar o sistema eleitoral, atrair os bandos arruaceiros e erguer a situação para o golpe. O programa que Trump praticou, fracassado na etapa final porque a invasão do Congresso não teve o desdobramento esperado.

Bolsonaro adotou o programa sem desvios, também aqui fracassado na etapa final, pelo mesmo motivo de lá: os tanques da Marinha só fumegaram ridículo em Brasília, o desfile de outra posse não moveu os apoiadores bestificados, a massa em São Paulo ouviu o discurso mofado e apenas dissipou-se.

Seja qual for a orientação dada por Bannon no mais recente encontro com Eduardo Bolsonaro, o programa tem mais um engasgo: além da barragem feita pela Justiça Eleitoral em defesa da urna eletrônica, Bolsonaro colhe um vexame também nas sondagens do eleitorado.

Se a solução de Bannon é o golpe, segue o plano: nos Estados Unidos, o movimento golpista de Trump já provoca até advertência de generais para o risco de golpe contra a eleição de 2024; aqui, Bolsonaro retoma seu ideal. Convulsão, não eleição.

Assunto impróprio diante de novo ano. Não no país impróprio.

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Política

Fascismo de segunda mão: Moro recicla militares que Bolsonaro jogou no lixo

Por ora, as figuras mais proeminentes do generalato morista, chutadas pela escandalosa interferência de Carluxo na primeira parte do governo Bolsonaro, que foram Santos Cruz e Rego Barros.

Pelo menos esta é a imagem introdutória que Moro está utilizando para formar, digamos, uma onda fascista de segunda mão.

A transferência de figuras simbólicas do bolsonarismo para o morismo representa bem mais do que uma energia mecânica, a coisa tem método para atingir “aquele povo” que abandonou ou abandonará Bolsonaro até 2022 e que hoje representa, segundo estrategistas em eleição, um barril de pólvora contra Bolsonaro.

Independente do sangue que será jorrado na guerra entre criador e criatura, uma coisa é certa, em termos de fascismo, Moro recicla figuras para posar na vitrine como o próprio ouro dos camisas pretas tropicais.

Moro, que quando ministro, nunca mostrou qualquer traço de soberania diante de Bolsonaro, virou uma espécie de abridor de portas para militares descontentes com o ex-mito.

Dizem por aí que é impressionante o número de fardados da ativa ou da reserva que pularam de um barco para outro, ou estão com um pé em cada barco esperando o resultado dessa luta sangrenta para ver a qual império fascista vão servir.

Seja como for, Moro achou mais fácil operar na reciclagem do que na extração, daí resolveu drenar, a partir de um poço aberto, o que jorra de chorume de ex-aliados de Bolsonaro, ex-aliados que foram desprezados e humilhados.

Na verdade, é uma transfusão encanada que transporta sangue de Bolsonaro bombeado por ressentimentos diretamente aos auto tanques de Moro, abastecendo, por ora, a granel a imagem de um fascista menosprezado por outro e usa justamente esse detalhe para receber outros tantos desprezados e, com isso, sonhar em transformar a tentativa de reeleição de Bolsonaro num inferno, desgraçando sua base mais fiel.

Se essa tática é inteligente, só mais à frente saberemos, até porque Moro ainda não disse quais os verdadeiros interesses que defenderá na eleição. Por enquanto, ele é potencialmente um candidato do nada algemado na própria burrice, comprado pelo mercado através da etiqueta da Lava jato, como produto de mídia criado nos anais do Projac da Globo.

Possivelmente os interesses ocultos que estão sob rochas, em algum momento piscarão os olhos e teremos uma fotografia mais viva dos tentáculos que cavam a cova de Bolsonaro e que tentam fazer florescer Moro com essa espécie de fascismo de segunda mão.

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Brasil

Auditoria da CGU aponta que 800 militares receberam salário acima do teto

Segundo levantamento da Controladoria, pagamento além do limite permitido teve custo de R$ 5,7 milhões em um mês.

Uma auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) apontou que pouco mais de 800 militares ou pensionistas de militares que ocupam cargos públicos civis podem ter recebido salários acima do teto no ano passado. Em apenas um mês, o valor extra chegaria a R$ 5,7 milhões — que podem ter que ser ressarcidos aos cofres públicos, segundo reportagem de O Globo.

O levantamento da CGU indicou que, em dezembro de 2020, 729 militares ou pensionistas com vínculos civis não tiveram nenhum tipo de abatimento no seu salário (o chamado “abate-teto”), o que teria levado a um pagamento indevido de R$ 5,1 milhões. Além disso, outros 110 tiveram abate-teto, mas no valor inferior ao necessário, o que teria custado R$ 657 mil, no mesmo mês.

O relatório diz que “o montante envolvido é bastante expressivo” e destaca que o achado pode levar à “possível recuperação de valores pagos indevidamente nos casos irregulares que forem confirmados, com consequente reparação do dano ao erário”.

O relatório da CGU destaca que os fatos apresentados são “indícios de irregularidades”, que ainda precisam ser confirmados pelos órgãos envolvidos, como os ministérios da Defesa e da Economia, além da Secretaria Federal de Controle Interno (SFC), vinculada à própria controladoria.

Procurado, o Ministério da Economia respondeu que “as recomendações serão avaliadas, tratadas e respondidas dentro do prazo fixado pela Controladoria Geral da União”. As outras duas pastas ainda não retornaram.

Portaria permitiu acúmulo

O teto constitucional é calculado a partir do salário dos ministros do Supremo Tribunal Federal, atualmente R$ 39,2 mil. Quando as duas remunerações ultrapassam esse valor, o excedente é descontado.

Em abril, o Ministério da Economia publicou uma portaria autorizando o acúmulo de dois salários por parte de militares da reserva que ocupam cargos civis, sem a necessidade do abate-teto. Na época, o vice-presidente Hamilton Mourão, um dos beneficiados, disse que a medida poderia ser “legal”, mas não era “ética”.

No relatório, a CGU afirma que as análises foram efetuadas antes da publicação da portaria, mas ressalta que “isso não invalida os resultados obtidos, uma vez que a portaria possui data de vigência posterior à sua publicação, o que indica que os valores pagos indevidamente em data anterior, e confirmados, permanecem irregulares, devendo observar o procedimento de devolução e reposição ao erário”.

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Política

Salário de motoristas de militares salta de R$ 3 mil para R$ 18 mil após manobra

CGU apontou prejuízo de R$ 1,4 mi e recomendou apuração de responsabilidade, mas procedimento interno foi arquivado.

Uma estatal controlada por oficiais de alta patente da Marinha promoveu quatro motoristas da diretoria a assistentes, um cargo de confiança, o que elevou os salários individuais de R$ 3.400 a R$ 18,6 mil. A diferença foi de 447%, revela reportagem de Vinicius Sassine, da Folha.

A manobra, capitaneada pelo atual presidente da Nuclep (Nuclebrás Equipamentos Pesados), foi considerada ilegal pela CGU (Controladoria-Geral da União), que apontou um prejuízo de R$ 1,4 milhão aos cofres públicos.

Dois relatórios de auditoria da CGU recomendaram que a responsabilidade pelas promoções fosse apurada. Um dos documentos chegou a propor “devido ressarcimento” à Nuclep, uma estatal dependente da União para o pagamento de salários dos funcionários.

O caso acabou arquivado em uma apuração interna, sem apontamento de culpa ou dolo por parte dos diretores da estatal que promoveram seus motoristas. Também não houve ressarcimento ao erário. Os motoristas perderam os cargos de confiança.

Uma reunião da diretoria-executiva da Nuclep em 3 de agosto de 2016 aprovou a oferta dos cargos de confiança aos motoristas. Dois tinham o ensino fundamental completo, e dois, o ensino médio.

Estavam na reunião o contra-almirante da reserva Carlos Henrique Silva Seixas e o vice-almirante Liberal Enio Zanelatto. Seixas era diretor administrativo, e hoje é presidente da Nuclep. Zanelatto era diretor industrial da estatal. Hoje, é diretor industrial da Marinha.

“O diretor administrativo confirmou a proposta apresentada, manifestando-se favoravelmente à implementação”, registra a ata da reunião. A proposta foi aprovada por unanimidade.

O prejuízo aos cofres públicos em 2016 e em 2017 foi de R$ 1,4 milhão, conforme auditoria da CGU concluída em julho de 2018. A estatal deixou de reduzir ainda R$ 294 mil em horas extras, segundo a auditoria.

A empresa confirmou à CGU que os quatro motoristas continuavam a atuar como motoristas dos diretores, mas que acumulavam a função com outras, inerentes ao cargo de assistente.

Para tentar comprovar esse acúmulo, chegou a ser apresentado à CGU um atestado de um diretor do Arsenal de Marinha do Rio, com data de 12 de junho de 2018, em uma tentativa de comprovar a atuação de um motorista como assistente. Ele teria participado de uma reunião de trabalho na unidade da Marinha, com o presidente da Nuclep.

A explicação não convenceu os auditores, que mantiveram o apontamento da ilegalidade e as recomendações para que a prática deixasse de existir.

Ministro de Minas e Energia no governo Jair Bolsonaro, o almirante de esquadra da reserva Bento Albuquerque integrava o Conselho de Administração da Nuclep quando a CGU concluiu a auditoria sobre os motoristas dos diretores.

Ele começou a ser conselheiro em dezembro de 2016, quatro meses depois do ato da diretoria executiva.

As atas de reuniões do conselho disponíveis no site da Nuclep não registram discussões e deliberações a respeito dessa questão específica da promoção dos motoristas. Depois de ser apenas conselheiro, Albuquerque presidiu o colegiado de maio de 2019 a maio de 2020.

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Vídeo: O depoimento do coronel Helcio Bruno sintetiza bem o que o Brasil vive com esse governo de picaretas

Coronel Helcio Bruno mostrou que o governo Bolsonaro é uma rede de picaretas, onde se misturam militares, PMs, reverendos e outros bichos soltos. Pelo menos é isso que vem revelando a CPI do genocídio. Na verdade, hoje ficou ainda mais claro o que se trata essa comunhão de falsos conservadores, vigaristas que utilizam o discurso de extrema direita que, de forma charlatã, monta redes de picaretagens e assalta os cofres públicos. Essa é a turma que veio junto com Bolsonaro do submundo do baixo clero e do submundo do crime comum. Isso é somente um pequeno resumo do conteúdo do governo Bolsonaro.

Assista:

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Política e Poder

‘Fantasma do comunismo’ rendeu aos militares R$ 41 bilhões em pensões e salários só em 2020

Um rombo anual nos cofres públicos sem precedentes que estava sob sigilo. Os militares brasileiros e seus familiares levaram do orçamento da União R$ 41 bilhões (!). Isso mesmo, R$ 41 bilhões em benefícios de salários e pensões para toda a família. Reportagem de Felipe Betim, do ElPais, relata que as vantajosas e privilegiadas remunerações de militares e familiares promovem um rombo no orçamento que pesa nas costas dos brasileiros.

Desde que começou a divulgar o fantasma da ameaça comunista em 1964, o bolso da elite militar não parou mais de engordar. Quantos mais o discurso do comunismo assombra, mais ricos ficam os militares. Os pensionistas parentes de militares mortos, mesmo sem participar de conflito armado, receberam R$ 19,3 bilhões líquidos dos cofres do Estado brasileiro entre janeiro e dezembro de 2020, enquanto que militares da reserva e reformados receberam mais R$ 22,1 bilhões líquidos. O total é de cerca de R$ 41,5 bilhões líquidos. Só a filha de um Marechal, por exemplo, recebe R$ 70 mil por mês. Enquanto isso, os projetos militares de defesa e desenvolvimento de tecnologia ficam intermináveis por falta de recursos. Um privilégio que não fica só nos bolsos cheios.

No governo Bolsonaro, com a volta dos militares ao poder após as ameaças do general Villas Boas durante o processo eleitoral, os militares privilegiados tiveram ainda mais benefícios. Enquanto a população em geral teve retiradas de direitos e benefícios, parte da elite militar aumentou seus privilégios.

Segundo a reportagem, os dados individualizados de pensionistas militares era um privilégio sigiloso e só foram publicados após o Tribunal de Contas da União (TCU) acatar, em 2019 e em junho deste ano, duas denúncias da agência Fiquem Sabendo, especializada no acesso à informação. Em janeiro de 2020 o Governo havia publicado os pagamentos de pensão a parentes de servidores civis, atendendo parcialmente a primeira denúncia da agência, que reiterou então a solicitação pela transparência dos pagamentos de pensão a parentes de militares. Os números liberados abrangem o ano de 2020 e os dois primeiros meses deste ano.

*Com informações da Carta Campinas

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Política

Ocupação de territórios pelo centrão pode expulsar militares

“Há cerca de 6.000 militares em cargos de confiança no governo, e o Centrão vai querer ocupar esses espaços”, escreve a jornalista Helena Chagas.

O avião que trazia o senador Ciro Nogueira (PP-PI) do México ao Brasil para assumir a chefia da Casa Civil, depois de uma conversa com Jair Bolsonaro, deu defeito e o encontro teve que ser remarcado para amanhã. Um anticlímax para o presidente, que queria resolver a questão nesta segunda. Mais um dia de Casa Civil para o general Luiz Eduardo Ramos, que ficou em estado de choque ao ser ejetado de surpresa da cadeira.

Ninguém imagina que o senador, prócer do Centrão, possa estar hesitante diante da joia maior da coroa política que é o controle da Casa Civil, responsável por todas as nomeações do governo, sem falar das ações em que comanda os ministérios. Pela primeira vez, o Centrão vai ter um governo para efetivamente chamar de seu. Mas Ciro Nogueira, que há uma semana foi convidado e continuou no exterior, não parece estar com pressa.

Acima de tudo, o novo negociador político do governo parece estar negociando sua própria situação. Não voltou correndo para assumir, não deu entrevistas de lá falando na honra que será assumir o cargo, etc. Aceitou o convite telefônico, mas ficou de conversar depois. Segundo interlocutores, é provável que, nessa conversa, ele estabeleça seus limites – que, no caso, são limites para Bolsonaro e o resto do governo.

Ciro Nogueira e adjacências querem ter carta branca no governo, comandando nomeações e a destinação de verbas ministeriais, um passo além do que já comanda hoje o Centrão – as emendas orçamentárias, via Arthur Lira. Quer o controle da máquina, pois é aí que está o poder, que até há pouco estava com os militares.

Vai haver trombada? É muito provável. Há cerca de 6.000 militares em cargos de confiança no governo, e o Centrão vai querer ocupar esses espaços. Ao tirar Ramos da Casa Civil, Bolsonaro fez sua opção política preferencial, mas não se sabe ainda como vai operar isso na prática, quando os indicados do Centrão resolverem se sentar nas cadeiras dos fardados.

*Helena Chagas/Jornalistas pela Democracia

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Política

Investigando militares, CPI avança em terreno minado

Comissão parlamentar abre frente contra Forças Armadas ao investigar o envolvimento de militares nas negociações suspeitas de vacinas. Senadores devem reconvocar o coronel Elcio Franco, secretário-executivo de Eduardo Pazuello e atualmente na Casa Civil.

Na semana tensa que marcou Brasília, o embate entre os integrantes da CPI da Covid e o governo federal subiu um degrau. Desde a instalação da comissão parlamentar de inquérito, em abril, os senadores acumulam confrontos com integrantes do Ministério da Saúde e, com frequência quase diária, com a Presidência da República. Mas um novo front estourou na última quarta-feira, quando o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), comentou sobre o envolvimento de militares nas denúncias de corrupção no processo de compra de vacinas contra a covid-19. Foi o suficiente para a caserna reagir, de forma dura, por meio de uma nota de protesto e advertência assinada pelo ministro da Defesa e comandantes das Forças Armadas. O choque entre a CPI e os militares, com reflexos no Planalto e no Congresso, obrigou o presidente do Senado a agir para conter os ânimos.

A crise entre a CPI e a caserna teve origem nas declarações de Omar Aziz. Durante o depoimento de Roberto Dias, ex-diretor de logística do Ministério da Saúde, o presidente da CPI disse que “os bons” militares devem estar envergonhados dos “membros do lado podre das Forças Armadas” que “estão envolvidos com falcatrua dentro do governo”. Apesar do tom forte das declarações, Aziz tomou a precaução de não generalizar, ressaltando, por exemplo, o trabalho das Forças Armadas em seu estado natal. Mas o cuidado foi insuficiente. Em resposta, aos ataques, o Ministério da Defesa e os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica emitiram uma dura nota, na qual advertiram que “não aceitarão qualquer ataque leviano”. “Não me intimidem”, respondeu Aziz ao aviso dos fardados.

O ponto nevrálgico do embate entre a CPI e os militares é a disposição dos senadores de investigar a participação de integrantes naquelas instituições, da ativa ou da reserva, nas supostas irregularidades na aquisição de vacinas pelo governo Bolsonaro. Senadores avaliam que os comandos militares buscam, com a reação considerada desproporcional, preservar a credibilidade das Forças, no momento em que as investigações indicam graves suspeitas sobre a conduta do general Eduardo Pazuello no comando do Ministério da Saúde, do coronel Elcio Franco, ex-secretário executivo, e de outros integrantes com patente envolvidos nas negociações sobre as vacinas contra a covid. Nos bastidores, os senadores receberam como uma ameaça a toda a comissão, que em meio às apurações de possíveis irregularidades nas negociações de vacina contra a covid-19, tem se aproximado cada vez mais de nomes de militares.

Grupos em disputa

Na avaliação de integrantes da CPI, a mensagem revela o receio de que as apurações cheguem a mais militares, inclusive de alta patente. Estão na mira fardados que já atuaram no Ministério da Saúde, chefiado durante a maior parte da pandemia por Pazuello, e na Casa Civil, como o próprio signatário da nota, o ministro da Defesa, general Braga Netto, que foi ministro palaciano entre fevereiro do ano passado e março deste ano.

Há senador na CPI afirmando que a comissão já tem motivo para convocar ele. Afinal, boa parte do que está sendo apurado pela comissão ocorreu durante o período em que Braga Netto era ministro da Casa Civil e coordenador do Comitê de Crise para Supervisão e Monitoramento dos Impactos da Covid-19 — um “gabinete de crise” criado pelo governo para articular e monitorar as ações interministeriais de enfrentamento à pandemia. Entretanto, a maioria dos parlamentares da comissão prefere deixar a convocação de Braga Netto mais para frente, se for o caso, para evitar mais desgastes. Um dos fatores são os rumores, na comissão, de que o ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde Roberto Dias, que depôs à CPI na última quarta-feira e foi preso por ordem do presidente Omar Aziz, teria um dossiê que comprometeria pessoas da Casa Civil, inclusive Braga Netto.

No depoimento à CPI, Roberto Dias disse, por exemplo, que toda negociação de vacina contra a covid-19 ficava concentrada na secretaria-executiva, apesar de todas as outras compras serem de responsabilidade do departamento que era dirigido por ele. Em determinado momento da inquirição, o senador Aziz perguntou ao ex-diretor se alguma vez o ex-ministro Pazuello deu uma ordem ao coronel Elcio Franco e ela não foi cumprida. Diante da resposta de Dias que ele não tinha nenhuma memória sobre ordem descumprida, Aziz soltou:

“O senhor sabe que o senhor fez um dossiê para se proteger. Eu estou afirmando, eu não estou achando. Nós sabemos onde está esse dossiê e com quem está. Não vou citar nomes para que a gente não possa atrapalhar as investigações. O senhor recebeu várias ordens da Casa Civil por e-mail, lhe pedindo para atender… Era ‘gente nossa’, ‘essa pessoa é nossa’. Não foi agora, não. Isso foi durante o tempo todo em que vossa excelência estava nesse cargo. Estou tentando ajudá-lo porque, do nada, criaram uma situação pra você”. O presidente da CPI fala da Casa Civil no período em que ela foi chefiada pelo general Braga Netto, que atuou no ministério de fevereiro do ano passado a março deste ano, quando foi nomeado ministro da Defesa.

A posição de Roberto Dias também interessa aos senadores porque mostra o conflito que estabeleceu entre militares e propostos do Centrão no Ministério da Saúde. Os parlamentares querem saber, por exemplo, o que levou o ex-ministro Pazuello a tentar demitir, sem sucesso, Roberto Dias em outubro do ano passado. Os senadores acreditam que esse pedido de demissão partiu do coronel Elcio Franco. A demissão de Roberto Dias, indicado ao ministério pelos caciques do DEM, foi revertida. Mas dois subordinados do ex-diretor foram exonerados. À CPI, Dias alegou que as demissões foram injustas, mas não soube dizer o motivo.

Os senadores estão cada vez mais convencidos de que a investigação sobre propinas na compra de vacinas passa pela completa varredura das ações protagonizadas por indicados políticos, militares e até reverendo. “Espero, sinceramente, que não fiquemos apenas com dois núcleos criados nesse ‘propinoduto’ para levar vantagem, porque já temos um do Ministério da Saúde, um que parece que agora é o núcleo militar, só falta agora a religião entrar nesse processo. Queira Deus que nós não tenhamos aqui que dar esse desgosto para a população brasileira”, disse a senadora Simone Tebet (MDB-MS).

Na mira da CPI

Quem são os oficiais citados nos depoimentos e nas investigações da Comissão que investiga a atuação do governo no enfrentamento da pandemia.

General Braga Netto – Atual ministro da Defesa, é um dos signatários da nota dirigida ao presidente da CPI, Omar Aziz. Braga Netto. Está na mira da CPI porque, como ministro da Casa Civil de fevereiro de 2020 a março de 2021, coordenou o Comitê de Crise para Supervisão e Monitoramento dos Impactos da Covid-19.

General Eduardo Pazuello – Ex-ministro da Saúde. Até aqui, não foi citado em suspeita de corrupção na compra de vacina. É amplamente citado, entretanto, em outras falhas no enfrentamento à pandemia: demora na compra de imunizantes, incentivo ao uso de medicamentos ineficazes contra a covid-19, inação na crise de oxigênio em Manaus.

Coronel Elcio Franco – Secretário-executivo do Ministério da Saúde na gestão de Eduardo Pazuello. Atualmente é assessor especial da Casa Civil, chefiada pelo general Luiz Eduardo Ramos. Segundo depoimentos colhidos pela CPI, as negociações de vacina contra covid-19 ficavam concentradas na secretaria-executiva, e que Elcio Franco conduziu as negociações da Covaxin. O coronel já foi citado em mais de um depoimento, e tem sido um dos focos nas perguntas dos senadores. Os parlamentares pretendem ouvi-lo novamente.

Coronel Marcelo Pires – Ex-diretor de Programa do Ministério da Saúde. O servidor da pasta Luis Ricardo Miranda, ouvido pela CPI junto com o irmão, o deputado Luis Miranda (DEM-DF), relatou “pressões atípicas” para agilizar a importação da vacina indiana Covaxin. Luis Ricardo mencionou nominalmente Pires como uma das pessoas que ele diz tê-lo pressionado.

Tenente-coronel Alex Lial Marinho – Ex-coordenador-geral de Aquisições de Insumos Estratégicos para Saúde. Luis Ricardo Mianda afirmou à CPI que também foi pressionado por Alex Lial para agilizar a importação da Covaxin.

Tenente-coronel Marcelo Blanco – Ex-assessor do Departamento de Logística. Teria apresentado o cabo da PM Luiz Paulo Dominghetti ao ex-diretor do Departamento de Logística Roberto Dias. Segundo Dominghetti, Blanco estava presente no jantar em um shopping de Brasília em que Dias pediu propina de US$ 1 por dose na compra de 400 milhões de unidades da AstraZeneca. Três dias antes do jantar, Blanco abriu uma empresa de representação comercial de medicamentos.

Tom de militares surpreende até governistas

A nota dos militares critica diretamente o senador Omar Aziz, afirmando se tratar de uma acusação “grave, infundada e, sobretudo, irresponsável”. No dia em que fez a declaração que causou alvoroço, Aziz se retratou em seguida, depois de ser alertado por colegas. Ainda na sessão, disse que não estava generalizando, e elogiou os militares. Diante disso, a nota dos militares foi vista até pelos governistas como um “excesso” e evitável.

O tom duro da missiva não é consenso na ala militar. Divulgada a reação em nome das Três Forças, senadores receberam ligações de integrantes da ativa que tentaram apaziguar os ânimos e evitar um desgaste institucional. O próprio presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), afirmou ter conversado com Braga Netto na manhã seguinte e encerrado o conflito “fruto de um mal-entendido”.

Para o senador Humberto Costa (PT-PE), “Bolsonaro tem procurado instrumentalizar as instituições de Estado”. “O tempo inteiro fala como se as Forças Armadas estivessem a serviço dele. Ele tem levado a uma politização inadequada”, disse, ressaltando não haver crise entre o Senado e as Forças.

Relator da CPI, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) esclareceu que a CPI não mira a instituição militar. Mas não deixou de ressaltar que seus membros podem ser responsabilizados, caso estejam envolvidos em esquemas de corrupção. “Vamos, sim, investigar o que aconteceu nos porões do Ministério da Saúde. E, na medida em que esses fatos forem sendo conhecidos e essas provas apresentadas, nós vamos cobrar a punição dos seus responsáveis, sejam eles civis, sejam eles militares”, afirmou.

Intermediários

As suspeitas de irregularidades da comissão giram em torno de vacinas que tiveram intermediários: a Covaxin, da Bharat Biotech, representada no Brasil pela Precisa Medicamentos (alvo da CPI); a AstraZeneca negociada pela Davati Medical Supply; e a chinesa Convidecia, produzida pelo laboratório CanSino, que era representada pela empresa Belcher Farmacêutica. As duas primeiras são o principal foco da comissão no momento.

*Do Correio Braziliense

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Política

Militares no poder: desmanche, morticínio e corrupção

“O desastre do governo militar, que se afoga num mar de corrupção e morticínio ao mesmo tempo em que arruína o país, já se reflete na perda de prestígio dos militares e na queda da confiança da população nas Forças Armadas”, escreve Jeferson Miola.

Ao atuarem como facção político-partidária que detém o poder e comanda o país, os militares ficaram, naturalmente, sujeitos a maior escrutínio público. Segredos, lendas e “mistérios” da vida castrense guardados a 7 chaves no mundo hermético em que se encapsulam e escapam ao controle civil, agora vêm ao conhecimento geral.

Encobertos pelo manto do falso-moralismo, do falso-profissionalismo e do falso-legalismo das Forças Armadas, ao longo de décadas os militares lograram sedimentar na sociedade brasileira a auto-imagem de baluartes “puros, incorruptíveis e competentes”.

Consideram-se fundadores da consciência nacional e tutores da Nação. Estão convencidos de que incumbe a eles, e não aos civis “impuros, corruptos e incompetentes”, a tarefa de conduzir a Nação ao encontro com seu destino.

O conhecimento, entretanto, de privilégios, corrupção, nepotismos e desvios anti-republicanos mostra que a realidade é bastante diferente.

A sociedade finalmente está descobrindo a opulência nos quartéis bancada com dinheiro público: alta litragem de uísque 12 anos, conhaque de grife e cervejas; toneladas de lombo de bacalhau, picanha e de outros cortes nobres de carne; leite condensado a preço de ouro e outros caprichos do gênero.

Mais de 85% das verbas do ministério da Defesa são destinadas ao pagamento de salários, aposentadorias e pensões. Ao redor de 87 bilhões de reais do orçamento nacional são carreados todo ano para a “família militar”, que é composta por 805 mil integrantes, dentre militares da ativa [358 mil], da reserva [189 mil] e pensionistas [257 mil].

Para se ter noção da magnitude deste valor, basta comparar com o orçamento do SUS em 2021, de R$ 145 bilhões para atender 210 milhões de brasileiros/as.

O investimento na defesa da soberania deve ser uma prioridade nacional. O enorme sacrifício da sociedade brasileira em canalizar altas somas do orçamento nacional [R$ 100,9 bi] para gastos militares não tem assegurado, apesar disso, uma eficaz política de defesa nacional, visto que a quase totalidade do orçamento militar do país dirige-se ao pagamento de salários, aposentadorias e pensões de dependentes de militares.

Reportagem do jornal Estadão mostrou que 137,9 mil pensões são pagas a filhas de militares mortos. Dezenas delas recebem acima do teto constitucional de R$ 39,3 mil. A matéria menciona que “em fevereiro deste ano, eram 14 casos de pensionistas que ganhavam mais de R$ 100 mil líquidos, já depois dos descontos”. A pensão mais antiga data do ano 1930 do século passado.

É notório o caso da neta do ditador Emilio Garrastazu Médici, adotada por ele como filha poucos meses antes do seu falecimento em 1985, o que assegura a ela uma pensão mensal vitalícia de R$ 32,6 mil. Lamentavelmente, burlas e fraudes como esta não são incomuns.

Neste período de governo militar, os militares infestaram o aparelho de Estado com mais de 10 mil oficiais em cargos técnicos de natureza civil. Criaram artifícios para receberem salários “duplex” e extra-teto. Afora casos de nepotismo cruzado, mordomias, favorecimentos e, claro, de “tenebrosas transações”, negociatas e esquemas bilionários de corrupção, como no ministério da Saúde comandado por ninguém menos que um general da ativa do Exército.

Enquanto aprovam no Congresso o congelamento dos salários do funcionalismo civil das três esferas de governo, os militares se concedem ganhos salariais. Eles aumentam a idade mínima para aposentadoria e reduzem os proventos dos trabalhadores civis dos setores público e privado, ao mesmo tempo em que ficam imunes à reforma previdenciária e garantem condições vantajosas para a “família militar”.

Mas nem só de corrupção é feito o governo militar. O morticínio que já se aproxima das 530 mil vidas perdidas é um legado catastrófico que ficará marcado para sempre na história do Brasil.

Os generais da ativa e da reserva, chefes políticos do governo militar, são os reais responsáveis pelo extermínio de centenas de milhares de compatriotas, e deveriam, por isso, estar respondendo pelos seus crimes e negligências na CPI da pandemia. Mas, por enquanto, estão conseguindo se safar. A revelação, contudo, dos esquemas mafiosos de oficiais do Exército e do líder do governo com o conhecimento do Bolsonaro, poderá levar à investigação e responsabilização deles na CPI.

O país está sendo devastado em todos sentidos. Está em curso um feroz e brutal processo de desmanche do Brasil. Nesta verdadeira guerra de saqueio das riquezas nacionais, liquidação do patrimônio estatal e pilhagem dos fundos públicos, o Exército atua como a força de ocupação que oportuniza a perpetração deste terrível ataque à soberania nacional.

O desastre do governo militar, que se afoga num mar de corrupção e morticínio ao mesmo tempo em que arruína o país, já se reflete na perda de prestígio dos militares e na queda da confiança da população nas Forças Armadas. A repulsa à presença dos militares na política é cada vez mais amplificada nas mobilizações de rua pelo Fora Bolsonaro!.

A interrupção deste processo de desmanche, corrupção e morticínio é a maior urgência deste período histórico dramático.

O primeiro passo para isso é o impeachment do Bolsonaro, o biombo que esconde por trás de si os reais responsáveis pela hecatombe nacional – os chefes políticos que conspiraram contra a democracia, emparedaram as instituições e partidarizaram as Forças Armadas, transformando-as em facção política da extrema direita.

*Jeferson Miola/247

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Não fica um, meu irmão

Malu Gaspar, O Globo – Foi o general Augusto Heleno quem aplicou ao Centrão a trilha sonora celebrizada pelo Exporta Samba na convenção que escolheu Jair Bolsonaro candidato a presidente da República pelo PSL. “Se gritar pega Centrão, não fica um, meu irmão”, cantou o general, todo animadinho, ao microfone. A plateia veio abaixo. Eu estava lá para fazer uma reportagem e vi, mas não seria preciso ter testemunhado para citar a cena de memória. Está no YouTube para quem quiser conferir.

É uma lembrança do tempo em que os bolsonaristas se sentiam no direito de gritar “eu vim de graça” num centro de convenções lotado, promovendo a arauto da verdade e da ética um grupo de militares que louvava a ditadura e hostilizava a imprensa, as minorias e os adversários.

No meio do povo, muitos dos que entrevistei se diziam arrependidos de ter votado em Lula e Dilma, sentindo-se traídos pelos escândalos de corrupção dos governos petistas. Achavam, então, que votando em Bolsonaro acertariam a mão.

Esses arrependidos estavam entre os que mais aplaudiam Heleno quando ele disse: “O Centrão é a materialização da impunidade. O primeiro ato do presidente que for eleito carimbado de Centrão vai ser uma anistia ampla, geral e irrestrita”.

E eis que chegamos a 2021 no seguinte cenário: o maior líder do Centrão, Arthur Lira (PP-AL), é presidente da Câmara dos Deputados com o apoio empenhado de Bolsonaro, que liberou bilhões em emendas parlamentares para elegê-lo. Há poucos dias, Lira comandou na Câmara a votação de mudanças que restringem o alcance da Lei de Improbidade Administrativa ao ponto de ela ter sido apelidada de “lei da impunidade”.

Outro chefe desse conglomerado político-fisiológico, o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR) — que já apoiou Fernando Henrique, Lula, Dilma Rousseff, foi ministro de Michel Temer e agora é líder de Jair Bolsonaro — está enredado até o último fio de cabelo nas denúncias de cobrança e oferta de propina nas negociações para compra de vacina pelo governo.

Jair Bolsonaro foi avisado há três meses da pressão mais do que suspeita que os apadrinhados de Barros e os coronéis do Ministério da Saúde faziam sobre o servidor público Luis Ricardo Miranda. Quem estourou tudo não foi nenhum oposicionista, e sim o bolsonarista inveterado, irmão do servidor e também deputado Luis Miranda (DEM-DF).

E o presidente que combateria a corrupção? Mandou apurar o caso? Chamou Ricardo Barros à fala? Demitiu seus apadrinhados? Nada disso. Mesmo deixando claro que sabia que aquilo tudo era “rolo” de seu líder na Câmara, Bolsonaro o presenteou com um mimo: a nomeação da mulher, Cida Borghetti, para um cargo no conselho de Itaipu.

Mas não acabou aí. Nesta semana, vieram à tona novas denúncias. Nelas, fica ainda mais claro que o grupo de Barros na Saúde não era composto apenas de seus apadrinhados, como o diretor de logística Roberto Dias, mas também de vários militares, fardados e ex-fardados, como Eduardo Pazuello e Jair Bolsonaro.

Segundo um intermediário que ofereceu ao governo 400 milhões de doses de AstraZeneca contou à repórter Constança Rezende, da Folha de S.Paulo, no mesmo encontro em que Dias cobrou propina de US$ 1 por vacina estava um tenente-coronel chamado Marcelo Blanco, anotando números e fazendo contas.

Os Mirandas já haviam comprometido em seus relatos outro tenente-coronel, Alex Lial Marinho, também nomeado por Pazuello para o ministério. Elcio Franco, ex-secretário executivo, se apressou a negar que houvesse qualquer irregularidade e a jogar a sujeira para debaixo do tapete.

Quanto mais a CPI avança, mais fica claro que o Centrão formou um consórcio com os militares na Saúde, agindo como se não houvesse amanhã enquanto milhares de pessoas sucumbiam à Covid-19 em hospitais Brasil afora.

O general Heleno é hoje ministro no Palácio do Planalto. O que será que pensa disso tudo? No fim de maio, ele desdisse na Câmara dos Deputados tudo o que falara lá atrás sobre o Centrão: “Naquela época era uma situação. A evolução de opinião faz parte da vida do ser humano. Isso aí faz parte do show, do show político”.

No show político de Jair Bolsonaro, é normal aceitar cheque de acusado de rachadinha, acobertar ministro investigado por autorizar exportação de madeira ilegal, fechar os olhos para denúncias de corrupção em compra de vacinas, preocupar-se mais em perseguir quem aponta o malfeito do que quem o pratica.

No show político do governo Bolsonaro, a morte de quase 520 mil brasileiros é mero efeito colateral. No show político de Jair Bolsonaro, nenhuma trilha sonora cai tão bem quanto a do general Heleno de 2018.

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