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Ex de Bolsonaro fez transações atípicas e incompatíveis com salário

Ana Cristina Valle movimentou mais de R$ 9 milhões nos últimos quatro anos.

Ana Cristina Valle, candidata a deputada distrital pelo PP (Partido Progressista) no Distrito Federal e ex-esposa do presidente Jair Bolsonaro (PL), movimentou mais de R$ 9 milhões de 2019 até 2022 e fez transações “atípicas” e “incompatíveis” com seu salário, segundo análise da Polícia Federal revelada pelo jornal O Globo.

As afirmações da PF se baseiam em um relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), elaborado para ser utilizado como base para pedir à Justiça Federal uma investigação contra a ex-esposa de Bolsonaro após ela comprar uma mansão em um bairro nobre de Brasília, avaliada em R$ 3 milhões.

No espaço temporal em que moveu R$ 9,3 milhões, a candidata a deputada distrital atuou como assessora do vereador Renan Marassi (PL), ainda em Resende, no Rio de Janeiro, e depois como auxiliar parlamentar da deputada federal Celina Leão (PP-DF), dessa vez em Brasília, e com salário líquido de R$ 6.200. Ana Cristina deixou esse último emprego para concorrer nas eleições deste ano.

Durante esse período, Ana Cristina recebeu R$ 4,2 milhões em suas contas bancárias e removeu delas R$ 4,3 milhões. A maioria das transações teria ocorrido entre junho de 2019 e junho de 2021, de acordo com relatório do Coaf.

O UOL tenta contato com Ana Cristina e irá atualizar caso haja resposta. Ao Globo, ela negou a movimentação financeira e disse que abrirá uma investigação contra o Coaf, que “mentiu e praticou fraude”.

PF JÁ PEDIU INVESTIGAÇÃO SOBRE COMPRA DE MANSÃO

No fim de agosto, a PF solicitou a abertura de uma investigação para apurar a movimentação financeira da ex-esposa de Bolsonaro na compra da mansão em Brasília.

Segundo fontes da PF, o pedido foi feito durante a apuração que analisava as relações de Jair Renan Bolsonaro, filho do presidente e de Ana Cristina, com empresários em reuniões com o governo. O delegado do caso quer apurar a legalidade da compra da casa.

A existência do imóvel foi revelada pelo UOL há um ano, ocasião em que Ana Cristina negou ser a dona do imóvel. “Claro que não”, disse Cristina à reportagem, em 26 de agosto de 2021. Na época, um corretor informou que a casa era alugada. Neste ano, porém, ela declarou à Justiça Eleitoral ser a proprietária da casa.

*Com Folha

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Justiça bloqueia R$ 3,5 milhões de Ronnie Lessa, vizinho de Bolsonaro que matou Marielle

A Justiça do Rio de Janeiro determinou ontem à noite a quebra dos sigilos fiscal e bancário e bloqueou os bens do sargento da reserva da PM Ronnie Lessa, acusado de matar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes. Ao todo, foi sequestrado patrimônio de Lessa avaliado em cerca de R$ 3,5 milhões, de acordo com levantamento feito pelo UOL com base em valores atualizados do mercado imobiliário.

A investigação já rastreou um patrimônio de ao menos R$ 7 milhões pertencente a Lessa —o valor envolve apreensões policiais nos últimos meses e a lista completa de propriedades bloqueadas pela Justiça, que inclui imóveis, terrenos, uma lancha e um carro blindado. Segundo a Polícia Civil, Lessa ocultou parte da sua fortuna com o auxílio de “laranjas”, que também tiveram os seus sigilos quebrados.

O ex-PM Élcio Queiroz, que responde com Lessa pela morte da vereadora, também teve os sigilos quebrados.

Em uma ação em parceria com o Gaeco/MP-RJ (Grupo de Atuação Especial do Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio de Janeiro), o inquérito concluiu que os valores são incompatíveis com a renda mensal de R$ 7.400 da aposentadoria de Lessa. O patrimônio do policial aposentado seria o equivalente a 73 anos de pagamentos integrais recebidos da corporação, incluindo o 13º.

A delegacia especializada no combate a crimes como corrupção e lavagem de dinheiro, responsável pelo inquérito, baseou a investigação na análise de relatórios de inteligência financeira.

Parte do patrimônio pode ser usada para indenizar os parentes das vítimas do duplo homicídio, em caso de condenação. Verificamos movimentações atípicas, como depósitos em espécie com valores acima de R$ 100 mil.

São indícios de lavagem de dinheiro e da participação de Ronnie Lessa em outras atividades criminosas, como homicídios encomendados e o envolvimento em jogos de azar. Agora, vamos verificar a origem desses valores.

Delegado Thiago Neves, responsável pela investigação

O sargento da reserva tinha ainda outras fontes de renda.
Reportagem do UOL apontou que ele ainda foi dono de um bingo clandestino e pretendia expandir o seu negócio de distribuição de água para áreas dominadas pelo tráfico, segundo relatório do MP-RJ.

Entre os “laranjas” usados por Lessa, estão a esposa, o irmão e um amigo. A Justiça ainda bloqueou os dados de uma filha dele e do ex-PM Élcio Vieira de Queiroz, também acusado participar do atentado.

A dupla, acusada de cometer o duplo homicídio, foi presa em março de 2019. A investigação ainda irá verificar se há contas bancárias ligadas a Lessa no exterior.

O patrimônio de Ronnie Lessa e de “laranjas”

Bens bloqueados pela Polícia Civil

R$ 1.200.000
Casa luxuosa na Barra da Tijuca,
zona oeste do Rio
Em nome de Dennis Lessa, irmão de Ronnie

R$ 718.000
Lancha modelo Real 330 Special Edition 2018
Em nome de Alexandre Motta de Souza, amigo de Ronnie

R$ 600.000
Terreno no condomínio Portogalo,
em Angra dos Reis (RJ)
Em nome de Ronnie Lessa e de Elaine Pereira Figueiredo Lessa

R$ 400.000
Casa no bairro Pechincha, zona oeste do Rio de Janeiro
Em nome de Ronnie Lessa e de Elaine Pereira Figueiredo Lessa

R$ 300.000
Terreno em Mangaratiba (RJ)
Em nome de Ronnie Lessa e de Elaine Pereira Figueiredo Lessa

R$ 121.000
Jeep Renegate 2018 com blindagem nível III-A
Em nome de Elaine Pereira Figueiredo Lessa, esposa de Ronnie
Bens apreendidos em operações policiais

R$ 3.500.000
Armas de grosso calibre
Valor estimado de peças para montagem de 117 fuzis e 360 munições encontradas na casa de Alexandre Motta de Souza

R$ 61.293
Dinheiro apreendido
Em mandado de busca e apreensão na casa de Ronnie Lessa

R$ 50.000
Dinheiro apreendido
Em mandado de busca e apreensão na casa dos pais de Ronnie Lessa

Lessa é dono de um imóvel luxuoso na Barra da Tijuca, zona oeste carioca, avaliado em pelo menos R$ 1,2 milhões, com valor atualizado. Entretanto, a Polícia Civil suspeita de ocultação da propriedade. Durante cumprimento de mandado de busca e apreensão, os agentes encontraram uma escritura de compra e venda do imóvel, de 7 de julho de 2015.

Manobras para ocultar o patrimônio No documento, a propriedade consta como pertencente a Dennis Lessa, irmão do sargento reformado.

Contas de luz, IPTU e certidões do imóvel também estavam em nome de Dennis. Os comprovantes de pagamento de contas de luz apareciam na conta-corrente de Elaine, esposa de Lessa.

Documento emitido pelo Crea-RJ (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro) com a autorização de uma obra no imóvel em nome do sargento reformado também foi anexado ao inquérito.

Em 29 de junho de 2015, um dia antes do pagamento do ITBI (Imposto de Transmissão de Bens Imóveis), Dennis forneceu uma procuração ao irmão, dando a ele poderes para representá-lo em instituições financeiras.

Uma casa no bairro Pechincha, zona oeste do Rio, também foi bloqueada. Adquirido em outubro de 2002, o imóvel hoje está avaliado em cerca de R$ 400 mil, segundo estimativa de duas entidades especializadas na análise do mercado imobiliário.

 

 

*Herculano Barreto Filho/Uol

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Moro, um dia depois de perder pra Lula, perde outra: TJ do Rio mantém quebra de sigilo de Flávio Bolsonaro

O ex-herói da Lava Jato anda mesmo com a bola murcha.

Depois de ser desancado pela justiça na armação em que Lula foi denunciado pela invasão ao triplex, Moro, que tinha livrado Flávio Bolsonaro de dois crimes, usando a sua PF particular, dá de cara com a notícia de que o TJ do Rio mantém quebra de sigilo bancário e fiscal do senador miliciano.

Isso serviu como uma certa casca de banana para o ex-xerife de Curitiba. Aliás, o ex-todo poderoso da justiça tem amargado uma derrota atrás da outra depois que passou a ser ministro.

No caso de Flávio, o TJ julgou o habeas data da defesa do senador Flávio Bolsonaro e, por 2 votos a 1, manteve a quebra de sigilo fiscal e bancário. O MP-RJ investiga o filho de Jair Bolsonaro pela prática de “rachadinha”, com movimentações atípicas e milionárias.

Essa questão tem um grande significado político para Bolsonaro, mas também para Moro, porque tanto um quanto o outro tem a intenção de reinar sobre a justiça e livrar a cara de Flávio Bolsonaro e, consequentemente de Queiroz de seus crimes.

Com isso, o escândalo de Queiroz só aumenta e as mazelas do todo ex-poderoso Moro, assim como o seu chefe, o ex-mito Bolsonaro, vão caindo em desgraça, numa perversa mola contrária aos valores que vinham não só pregando, mas aplicando para se perpetuarem a ampliarem seus poderes.

O fato é que tanto o bolsonarismo quanto o morismo saíram de mola e começam a desabar em queda livre.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas