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Coletivos e famosos da comunidade judaica condenam ações de Israel em Gaza

Entre as personalidades judias que defendem os direitos humanos dos palestinos estão rabinos e artistas, como a atriz Débora Bloch e o ator Matheus Solano.

São quase 15 mil mortos e pelo menos 35 mil feridos na Faixa de Gaza. A guerra entre o Estado de Israel e o povo palestino já chega a quase 50 dias. Iniciado em 7 de outubro, com a primeira ofensiva do Hamas contra o território israelense, o conflito tem se intensificado com um reforço das operações militares no território palestino. Os ataques comandados por Tel Aviv para “eliminar o Hamas” se desenvolveram por incursões terrestres, aéreas e marítimas ao longo dos dias, tomando maiores proporções e atentando contra a vida de milhares de civis.

Sem sinal algum de interesse por um cessar-fogo definitivo e o agravamento do cenário em níveis frenéticos, o mundo passou a lotar as ruas de bandeiras palestinas a favor dos direitos humanos e contra a conduta de Israel sobre a Faixa de Gaza. E, à medida que o número de vítimas cresce, a própria comunidade judaica se levanta para criticar “o sistema político de apartheid em Israel”:

“Uma estrutura que institucionalmente promove a privação sistemática e severa dos direitos humanos fundamentais dos palestinos com base em sua identidade”, definiu o grupo Vozes Judaicas para a Libertação a Opera Mundi, deixando claro que “as instituições e narrativas judaicas sionistas não falam em nome de todos os judeus”.

Em um mês, os registros de mortes em Gaza mostra que 75% das vítimas são crianças, mulheres e idosos. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), em três semanas, o número de crianças palestinas mortas já ultrapassou o anual de crianças mortas nas zonas de conflito do mundo desde 2019. A falta de recursos básicos, como água potável, alimento, eletricidade e combustível também tem prejudicado os civis que ali permanecem. Serviços essenciais como hospitais têm entrado em colapso por falta de energia e materiais para que as operações médicas possam prosseguir. Todos esses problemas são reconhecidos por grande parte da comunidade judia, que repudia essas situações produzidas pela ação do Estado de Israel .

Coletivos judaicos a favor do povo palestino
Casos de antissemitismo, assim como de islamofobia, têm crescido ao redor do mundo, devido ao recente conflito. Porém, alguns coletivos judaicos que se solidarizam com o povo palestino também têm sofrido ataques, sendo acusados de “traidores” pela própria comunidade, por se posicionarem publicamente contra a narrativa hegemônica. Essas ameaças desestimulam os judeus de se manifestarem de forma mais contundente, por medo de perseguição, rompimento de relações sociais e familiares.

No entanto, quem resiste ao silenciamento ressalta a importância de se posicionar para além da identidade: para defender os valores judaicos e entender que a sua presença incentiva mais judeus a lutarem “contra o genocídio que vem acontecendo nessas últimas semanas e a toda a violência imposta historicamente há tantas décadas”.

É o que explica o Vozes Judaicas por Libertação, grupo que vem sendo construído há quase 10 anos desde o ato realizado em 2014, em frente ao consulado de Israel em São Paulo, como crítica ao ataque israelense na Faixa de Gaza. O coletivo independente trabalha junto com organizações de direitos humanos nos territórios palestinos ocupados e no envolvimento da FFIIPP-Brasil.

*Opera Mundi

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Interesses energéticos e geopolíticos de Israel e do Ocidente estão em jogo no conflito em Gaza

Recursos naturais pertencentes aos palestinos e tentativa de fortalecer rota comercial alternativa ao projeto chinês de Nova Rota da Seda são alguns dos fatores que determinam as decisões dos atores globais envolvidos na disputa.

Cerca de um mês antes da atual ofensiva israelense a Gaza – mais precisamente nos dias 9 e 10 de setembro, durante a cúpula do G20, realizada em Nova Delhi, capital da Índia – o primeiro-ministro anfitrião, Narendra Modi, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente norte-americano Joe Biden anunciaram o lançamento do projeto de “Parceria para o Investimento em Infraestruturas Globais”, com o objetivo de acelerar o comércio entre a Índia e a Europa em 40%.

Este é apenas um dos elementos que chama a atenção no que diz respeito às coincidências entre as mudanças que o novo conflito no Oriente Médio tende a gerar, tendo em vista os avanços israelenses no território palestino, e os interesses geopolíticos de Tel Aviv e seus principais aliados, que buscam fortalecer uma iniciativa rival ao projeto chinês de Cinturão e Nova Rota da Seda, com o qual Pequim tenta ligar a Ásia Oriental ao Mar Mediterrâneo, através de portos no Irã, Iraque e Síria.

Deve-se levar em conta, porém, o interesse tanto de Israel quanto dos Estados Unidos em usar o projeto acima referido como oferta para negociar uma possível normalização das relações entre Israel e os Estados do Golfo, que é uma das condições essenciais para a sua realização. E também o antigo desejo do governo de Benjamin Netanyahu de apropriar dos recursos naturais existentes no território palestino.

As reservas de óleo e gás da Palestina, na bacia do Levante, são bem conhecidas e estimadas. Israel vem explorando essas reservas há algum tempo, aproveitando o bloqueio imposto a Gaza, e deve começar em breve a produzir – as reservas de óleo recuperáveis no mar territorial palestino podem chegar a mais de 500 mil milhões de dólares. Países como Israel parecem achar que é muito dinheiro nas mãos dos palestinos. As autoridades israelenses estão tão seguras de si, que vêm negociando esses acordos há anos.

O pano de fundo de quase tudo o que se passa no Oriente Médio ainda se trata da energia. Em 29 de outubro deste ano, o Ministério de Energia de Israel disse que concedeu 12 licenças a seis empresas para explorar gás natural na costa mediterrânea do país, com o objetivo de criar mais concorrência e diversificar fornecedores. As concessões de licença, que ocorreram no momento em que o conflito Israel-Hamas entrava em sua quarta semana, incluíram um grupo liderado pela italiana Eni (ENI.MI), juntamente com a Dana Petroleum e a israelense Ratio Energies (RATIp.TA), que explorará uma área a oeste do enorme campo Leviatã, que fornece gás a Israel e também é usado para exportação. Em junho de 2019, parceiros no gigante campo de gás Leviatã, na costa de Israel, assinaram um acordo de fornecimento de gás de US$ 700 milhões com a Israel Electric.

Um estudo recente da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) aponta que as novas descobertas de gás natural na Bacia do Levante estão na faixa de 122 trilhões de metros cúbicos, enquanto o petróleo recuperável é estimado em 1,7 bilhões de barris. Essas reservas oferecem uma oportunidade de distribuir e compartilhar cerca de US$ 524 bilhões entre as diferentes partes da região.

A ocupação militar israelense dos territórios palestinos desde 1967 e o bloqueio da Faixa de Gaza desde 2007 impediram que o povo palestino exercesse qualquer controle sobre seus próprios recursos de combustíveis fósseis, negando-lhes as receitas fiscais e de exportação tão necessárias e deixando a economia palestina à beira do colapso.

Os custos econômicos infligidos ao povo palestino sob a ocupação estão bem documentados: restrições rígidas ao movimento de pessoas e mercadorias; confisco e destruição de propriedades e bens; perda de terra, água e outros recursos naturais; um mercado interno fragmentado e separação dos mercados vizinhos e internacionais; e a expansão dos assentamentos israelenses que são ilegais de acordo com a lei internacional.

O povo palestino também exerce apenas um controle limitado sobre seu espaço e política fiscal. De acordo com as estipulações do Protocolo de Paris sobre Relações Econômicas, Israel controla a política monetária, as fronteiras e o comércio da Palestina. Também cobra taxas alfandegárias, IVA e impostos sobre a renda dos palestinos empregados em Israel, que depois são repassados ao governo palestino.

A UNCTAD calcula que, sob a ocupação, o povo palestino perdeu US$ 47,7 bilhões em receitas fiscais no período de 2007 a 2017, incluindo as receitas vazadas para Israel e os juros acumulados. Em comparação, os gastos do governo palestino com desenvolvimento no mesmo período foram de aproximadamente US$ 4,5 bilhões.

O fechamento prolongado e as operações militares recorrentes em Gaza deixaram mais da metade da população do território vivendo abaixo da linha da pobreza e custam US$ 16,7 bilhões em PIB perdido anualmente. Esse número não leva em conta o enorme custo de oportunidade de impedir que o povo palestino use seu campo de gás natural na costa de Gaza.

Middle East Eye
Disputa pelos recursos naturais presentes no território palestino está em jogo em atual conflito no Oriente Médio
O Acordo Provisório Israelense-Palestino de 1995 sobre a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, conhecido como Acordo de Oslo II, concedeu à Autoridade Nacional Palestina (ANP) jurisdição marítima sobre suas águas até 20 milhas náuticas da costa. A ANP assinou um contrato de 25 anos para exploração de gás com o British Gas Group em 1999, e um grande campo de gás, o Gaza Marine, foi descoberto entre 17 e 21 milhas náuticas da costa de Gaza no mesmo ano.

No entanto, apesar das discussões iniciais entre o governo israelense, a ANP e a British Gas sobre a venda de gás desse campo e o fornecimento da tão necessária receita para os territórios palestinos ocupados, os palestinos não obtiveram nenhum benefício.

Desde o bloqueio de Gaza em 2007, o governo israelense estabeleceu um controle de fato sobre as reservas de gás natural offshore de Gaza. Desde então, a empresa contratada, a British Gas, tem negociado com o governo israelense, ignorando efetivamente o governo palestino em relação aos direitos de exploração e desenvolvimento.

Israel também assumiu o controle do campo de petróleo e gás natural de Meged, localizado dentro da Cisjordânia ocupada. Israel afirma que o campo fica a oeste da linha de armistício de 1948, mas a maior parte do reservatório está situada sob o território palestino ocupado desde 1967. Mais recentemente, Israel começou a desenvolver novas descobertas de petróleo e gás no Mediterrâneo Oriental, exclusivamente para seu próprio benefício.

Ao se apoderar e explorar os recursos palestinos de petróleo e gás, Israel está agindo em violação à lei e ao princípio das Regulamentações de Haia, da Quarta Convenção de Genebra e de um conjunto de leis internacionais humanitárias e de direitos humanos que tratam da exploração de recursos comuns por uma potência ocupante, sem levar em conta os interesses, os direitos e as ações da população ocupada. Uma participação justa nas receitas de petróleo e gás poderia proporcionar aos palestinos um financiamento sustentável para investir em reconstrução, reabilitação e recuperação econômica de longo prazo. A alternativa é que esses recursos comuns sejam explorados individual e exclusivamente por Israel e se tornem mais um motivo para o conflito.

Por ora, a motivação imediata por parte de Israel parece estar no cumprimento do que foi iniciado no século passado. A bacia está dividida entre o Egito e Israel, e isto implica no simples fato de que o Egito pode estar “costurando por fora” um acordo com Israel também, não é difícil pensar nisso quando há na mesa uma quantidade exorbitante de dinheiro e não há indiferença. Gaza é uma faixa litorânea com 80 km de comprimento, diante do exposto, não é distante a possibilidade de surgirem geógrafos para argumentar linhas que evidenciem que a bacia não é de território palestino e com isso justificar mais incursões militares. Geólogos e economistas de recursos naturais confirmaram que o Território Palestino Ocupado encontra-se sobre grandes reservatórios de petróleo e gás natural, na Área C da Cisjordânia ocupada e na costa mediterrânea da Faixa de Gaza. No entanto, este problema envolve também o Líbano, ainda que supostamente a disputa tenha sido “resolvida” na Organização das Nações Unidas (ONU), mas não antes de Israel ameaçar ir à guerra por “suas reservas”. O campo de gás natural Leviatã está localizado na Bacia do Levante, no Mar Mediterrâneo.

O campo é de propriedade conjunta da Ratio Energies, da Chevron Mediterranean e da NewMed Energy, com participações de 15%, 39,66% e 45,34%, respectivamente. A Chevron se tornou a operadora do campo com a aquisição da Noble Energy, a operadora anterior do campo, em junho de 2020.

A Noble Energy obteve aprovação para o plano de desenvolvimento do campo do Ministério de Infraestrutura Nacional, Energia e Recursos Hídricos de Israel em junho de 2016. A decisão final de investimento no desenvolvimento da Fase 1A do campo, no valor de US$ 3,75 bilhões, foi tomada em fevereiro de 2017. A primeira produção da Fase 1A começou em dezembro de 2019. A Fase 1B do campo Leviatã aumentará a capacidade de produção de gás do campo de 12 bcm por ano para 21 bcm por ano. Os parceiros atribuíram ao projeto um orçamento de US$ 96,4 milhões para a execução da engenharia e do projeto preliminar de front-end (pré-FEED) em fevereiro de 2023. O desenvolvimento do campo Leviatã está alinhado com a visão do Ministério de Energia de Israel de substituir o carvão como combustível de geração de eletricidade até 2025.

Localização
O campo de gás Leviatã fica a 1.645 m de água na Bacia do Levante, a aproximadamente 130 km a oeste de Haifa, Palestina. Ele faz parte das licitações de Rachel e Amit e cobre uma área de 330 km². Na época da descoberta, o campo de gás Leviatã era o campo mais proeminente já encontrado na área subexplorada da Bacia do Levante, que abrange cerca de 83.000 km² da região leste do Mediterrâneo. Em relação às questões de fronteira marítima entre o Líbano e Israel sobre o campo de gás, o Líbano considerou que os campos de gás Leviatã e Tamar se estendiam ao território libanês e alegou que Israel estava ignorando esse fato. Israel retaliou ameaçando usar a força para proteger suas descobertas de gás.

Contudo, Tel Aviv continua impedindo que os palestinos desenvolvam seus campos de energia para explorar e se beneficiar de tais ativos. Dessa forma, foram negados ao povo palestino os benefícios do uso desse recurso natural para financiar o desenvolvimento socioeconômico e atender à sua necessidade de energia. As perdas acumuladas são estimadas em bilhões de dólares. Quanto mais tempo Israel impedir os palestinos de explorar suas próprias reservas de petróleo e gás natural, maiores serão os custos de oportunidade e os custos totais da ocupação suportados pelos palestinos.

As disputas e tensões envolvendo petróleo e gás natural não podem ser separadas do contexto político que as envolve e do fato de que o período em que as descobertas de gás natural foram feitas coincidiu com vários acontecimentos políticos importantes na região. O contexto político se cruza em muitos pontos cruciais com os desenvolvimentos dos recursos de petróleo e gás natural e, portanto, complica uma situação política já complexa. Ignorar essas complexidades só pode prejudicar a análise de muitos determinantes cruciais.

*Opera Mundi

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No primeiro acordo da trégua no Oriente Médio, 63 pessoas são libertadas entre reféns do Hamas e palestinos presos em Israel

Após um mês de tensas negociações, o acordo feito entre Hamas e Israel levou à libertação nesta sexta-feira (24) de 63 pessoas, entre israelenses e palestinos. A trégua tem duração prevista quatro dias.

O Hamas libertou nesta sexta-feira (24) o primeiro grupo de reféns. No total, 24 pessoas foram libertadas – 13 mulheres e crianças israelenses, como previsto pelo acordo, além de 10 cidadãos tailandeses e 1 filipino, soltos após negociações paralelas com os governos desses países.

Em troca, Israel colocou em vigor a trégua de quatro dias nos bombardeios e libertou 39 palestinos que estavam presos no país desde antes do início da guerra. O Ministério de Relações Exteriores do Catar, que fez a intermediação do acordo, confirmou todas as libertações.

A negociação foi feita de forma secreta durante mais de um mês e intermediada pelo Catar e pelos Estados Unidos.

Os reféns libertados pelo Hamas foram entregues por membros do Hamas a agentes da ONG Cruz Vermelha, que coordenou a operação.

O grupo, que estava sob poder do Hamas em Gaza, foi sequestrado durante os ataques do grupo terrorista ao sul de Israel, em 7 de outubro.

Por volta do meio-dia no horário de Brasília, os cidadãos entregues pelo Hamas atravessaram a fronteira entre Gaza e o Egito pela cidade de Rafah, a mesma por onde brasileiros que estavam no território palestino cruzaram há pouco mais de dez dias.

Na fronteira, ainda na parte de Gaza, palestinos aplaudiram e sorriram quando o grupo passou, diante da perspectiva de que a devolução dos reféns signifique também que a trégua, para o lado deles, estava mesmo em vigor.

Já no Egito, em um local não divulgado, helicópteros do exército Israel receberam o grupo, que foi atendido por médicos e especialistas em comunicação com reféns. Eles então foram levados de volta ao território israelense. Eles vão ficar 48 horas em hospitais em Israel. Os reféns da Tailândia e das Filipinas que foram libertados também seriam conduzidos a Israel para atendimento em hospitais e, de lá, de volta a seus países.

Em Tel Aviv, centenas de pessoas aguardava para recepcionar os reféns israelenses. Na Cisjordânia, uma multidão também aguardava na frente de um presídio em Ramala pela libertação dos 39 palestinos presos.

Nos próximos dias, mais reféns serão libertados. O acordo prevê que o Hamas solte mais de 50 reféns, em troca da trégua temporária nos ataques, que começou na madrugada desta sexta, e da soltura de prisioneiros palestinos, que já estavam detidos antes de a guerra começar.

Palestinos que estavam presos

O primeiro grupo de 39 palestinos presos, entre eles adolescentes, foi solto nesta sexta. Eles foram transferidos de diferentes presídios onde estavam, todos na Cisjordânia, e levados a um centro penitenciário da cidade de Ramala para, de lá, serem libertados.

O porta-voz do ministério catari, Majed Al-Ansari, confirmou que os palestinos foram libertados.

Catar e Egito monitoram cumprimento a acordo

O acordo começou a vigorar às 7h no horário local (2h em Brasília). O cessar-fogo vale no norte e no sul de Gaza, informou o Ministério das Relações Exteriores do Catar, que mediou o acordo. O Hamas confirmou em seu canal no Telegram que todas as hostilidades de suas forças vão cessar.

O Catar disse que uma sala de operações em Doha vai monitorar a trégua e a libertação dos reféns, e que mantém linhas diretas de comunicação com Israel, com o escritório político do Hamas em Doha e com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV).

O Egito, que também está envolvido na mediação, recebeu listas de reféns e prisioneiros que devem ser libertados e pediu a ambos os lados que respeitem o acordo, disse Diaa Rashwan, chefe do serviço

Relembre o que aconteceu

Em 7 de outubro, homens armados do grupo terrorista Hamas atravessaram a cerca da fronteira entre a Faixa de Gaza e Israel, mataram 1.200 pessoas e capturaram cerca de 240 pessoas, de acordo com os israelenses.

Nesse mesmo dia, Israel declarou guerra ao Hamas e começou a atacar a Faixa de Gaza. Cerca de 13 mil habitantes de Gaza foram mortos pelos bombardeios israelenses, cerca de 40% deles crianças, segundo autoridades de saúde palestinas, ligadas ao Hamas (esses números não foram checados por alguma entidade independente).

Os serviços de saúde palestinos disseram que tem sido cada vez mais difícil manter uma contagem atualizada, pois o serviço de saúde tem sido prejudicado pelos bombardeios israelenses.

 

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Primeiro grupo de reféns israelenses foi entregue à Cruz Vermelha pelo Hamas

RFI – Paris (França) – Liberação dos prisioneiros palestinos em Israel ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha estava prevista para às 16h local, mas ainda não ocorreu.

Um porta-voz da Cruz Vermelha declarou ao canal de tevê francês Franceinfo que 13 reféns israelenses foram entregues à ONG, na sexta-feira (24/11) e que estavam a caminho da fronteira egípcia. Fontes oficiais egípcias confirmaram a informação. Doze tailandeses já haviam sido libertados mais cedo.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) deve entregá-los às forças israelenses no ponto de passagem de Rafah, entre a Faixa de Gaza e o Egito.

Segundo uma fonte próxima dos serviços de segurança egípcios, logo após eles pegarão um avião para o aeroporto de Al-Arich, no Sinai do Norte, para serem repatriados para Israel, o que as autoridades israelenses não confirmaram.

Os reféns devem então se reunir com suas famílias em um hospital israelense, segundo Ziv Agmon, conselheiro encarregado do processo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

Fontes próximas ao Hamas confirmaram que os reféns foram entregues à Cruz Vermelha para retornarem a Israel.

Tailandeses libertados
O governo da Tailândia informou que 12 tailandeses mantidos como reféns pelo Hamas na Faixa de Gaza foram libertados nesta sexta-feira pelo movimento islâmico palestino, poucas horas depois do início da trégua concluída com Israel.

“Os serviços de segurança e o Ministério das Relações Exteriores confirmaram que 12 reféns tailandeses já foram libertados”, disse o primeiro-ministro da Tailândia, Srettha Thavisin, no X (antigo Twitter).

De seu lado, Israel prometeu libertar em troca, 24 mulheres e 15 adolescentes, de acordo com um comunicado feito nesta sexta-feira por Qadura Fares, comissário dos prisioneiros palestinos, à agência Reuters.

A entrega dos detidos, todos provenientes da Cisjordânia ocupada ou de Jerusalém, ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha na prisão militar israelita de Ofer estava prevista para as 16h (horário local), anunciou o Qatar.

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Em meio à crise da PEC, ministros do STF faltam a evento com Pacheco

Ministros Nunes Marques e Cristiano Zanin, do STF, seriam homenageados nesta 6ª feira em SP ao lado do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.

São Paulo — Os ministros Cristiano Zanin e Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) não compareceram a um evento no qual seriam homenageados, nesta sexta-feira (24/11), em São Paulo, junto com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e outras autoridades.

Dos integrantes da cúpula dos Três Poderes que seriam homenageados no evento jurídico, apenas Pacheco compareceu. As ausências ocorreram em meio à crise entre o Supremo e o Congresso provocada pela aprovação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita os poderes de ministros do STF, na quarta-feira (22/11).

Como mostrou o Metrópoles, o voto favorável à PEC dado pelo senador Jaques Wagner (PT-BA), líder da base governista no Senado, arrastou o governo Lula para dentro da “guerra” entre Senado e Supremo. O presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, que é um dos cotados para assumir uma vaga no STF por indicação de Lula, é outro nome da lista de homenageados que não compareceu.

Em nota, a assessoria do STF informou que o ministro Cristiano Zanin iria ao evento, mas precisou desmarcar a viagem por causa de um “compromisso institucional no tribunal” em Brasília. Já Nunes Marques, segundo a assessoria, “não compareceu por recomendação médica, uma vez que se recupera de cirurgia no quadril”.

O vice-presidente Geraldo Alckmin foi a outro evento fechado em São Paulo nesta sexta-feira e, segundo a organização da premiação, ele comunicou sua ausência e se desculpou pouco antes do início da cerimônia.

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Moraes chama PEC que limita poderes do STF de “ataque à independência”

Após Barroso e Gilmar Mendes, o ministro Alexandre de Moraes reagiu à aprovação da PEC que limita poderes da Suprema Corte.

O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes reagiu, junto a colegas de Corte, à proposta de emenda à constituição aprovada no Senado que limita os poderes da Corte. A declaração do magistrado ocorreu na mesma sessão em que o presidente do STF Luis Roberto Barroso e o decano Gilmar Mendes fizeram duras críticas à proposta, diz o Metrópoles.

Moraes considerou a medida como um ataque à independência da Corte. “A discussão de ideias, o aprimoramento das instituições são importantes instrumentos da democracia”, começou o ministro. “Mas não quando escondem insinuações, intimidações e ataques à independência do Poder Judiciário. E, principalmente, a independência deste Supremo Tribunal Federal”, disse.

O ministro também relembrou a atuação da Suprema Corte durante a pandemia de Covid-19 e os ataques antidemocráticos de 8 de janeiro.

Moraes elogiou e reiterou a fala de Gilmar Mendes, sobre a Corte não ser composta “de covardes, nem de medrosos”.

“Tenho absoluta certeza que essa Corte, sob a presidência de Vossa Excelência [em referência a Barroso], demonstrará coragem na defesa dessa principal garantia do Poder Judiciário. Não em favor do Supremo Tribunal Federal, ou em favor de juízes e juízas, mas a principal garantia do Poder Judiciário em defesa da sociedade, de todos os brasileiros e brasileiras, que é a independência de seus juízes”, finalizou

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Equipe de Milei confunde chanceler do Reino Unido com diretor do filme Titanic

Documento que agradecia mensagens de líderes mundiais após eleição de Milei na Argentina confundiu chanceler David Cameron com cineasta James Cameron.

A assessoria de imprensa do presidente eleito da Argentina, Javier Milei, confundiu o ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, David Cameron, com o diretor de cinema James Cameron em um comunicado oficial nesta quarta-feira (22/11).

O erro presente em um documento que saudava líderes mundiais por suas mensagens após a eleição de Milei foi editado, mas viralizou nas redes sociais.

A publicação no perfil do X (antigo Twitter) do Gabinete do Presidente Eleito da República Argentina contém o documento editado, mas é possível resgatar a confusão em registros na plataforma:

“Milei conversou com o chanceler britânico James Cameron, que também o parabenizou pela sua vitória”, dizia o comunicado.

David Cameron é o chanceler do Reino Unido, nomeado pelo primeiro-ministro britânico Rish Sunak em 13 de novembro. Já James Cameron é o cineasta responsável por dirigir filmes como Titanic (1997) e Avatar (2009).

O ultraliberal de extrema direita do partido A Liberdade Avança foi eleito presidente da Argentina no segundo turno das eleições neste domingo (19/11), com 55,7% dos votos contra o peronista Sergio Massa. Milei toma posse e passa a comanda a Casa Rosada em 10 de dezembro.

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Javier Milei vai engolir esse sapo? Yuan, a moeda da China, representa 80% das reservas da Argentina

O anarcocapitalista Javier Milei, futuro presidente da Argentina, pode ser obrigado a engolir um tremendo sapo, se quiser concretizar seu plano de dolarizar a economia e fechar o Banco Central do país. Já se sabia que a escassez de dólares é um obstáculo, mas outro dado deixa ainda mais claro o tamanho do problema: nada menos que 81% das reservas internacionais da Argentina estão em… yuans, a moeda da “China comunista” abominada por Milei.

É o que mostram estudos de consultorias econômicas argentinas, como a Infobae, e a Ecolatina, fundada pelo ex-ministro da Economia Roberto Lavagna, e relatórios do próprio Banco Central do país. No começo de agosto, a Ecolatina estimava que, quando se excluem as reservas em yuans e os direitos a saque de organismos internacionais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI), as reservas do país estavam negativas em US$ 7 bilhões.

Em 03 de novembro, entre o primeiro e o segundo turno da eleição, as reservas internacionais brutas dos hermanos somavam US$ 21,9 bilhões – o equivalente a 3,5% do PIB, segundo a Infobae. Desse total, nada menos que US$ 17,7 bilhões eram representados por contratos de swap de câmbio firmados com o Banco Central da China.

A cifra representa 81% das reservas argentinas. Para piorar o desgosto de Milei, à medida que outras fontes de dólares secam, a importância dos swaps chineses só cresce. Na última semana de 2022, as reservas brutas eram de US$ 44,6 bilhões, dos quais, US$ 18,6 bilhões eram atrelados à moeda chinesa – 41,7% do total.

Em 31 de outubro passado, as reservas já haviam minguado para US$ 26,9 bilhões, mas os swaps chineses recuaram bem menos, para US$ 17,8 bilhões, o que apenas ampliou seu percentual no total para 66,2%.

*Money Times

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Troca de reféns por prisioneiros, é adiada; Hamas não assinou o documento

A entrada em vigor dos termos do acordo entre Israel e o Hamas, mediado pelo Catar, foi adiada. A libertação de reféns em Gaza e de prisioneiros palestinianos em solo israelita não terá lugar antes de sexta-feira, tal como o início da trégua de quatro dias.

O adiamento estará relacionado com o facto de o movimento radical palestiniano ainda não ter rubricado o documento que enquadra o acordo.

Os enviados especiais da RTP ao Médio Oriente estão a acompanhar os desenvolvimentos deste processo.

*RTP