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STF anula condenação de Cabral e abre brecha para derrubar outros processos

Segunda Turma entendeu que juiz Marcelo Bretas não tinha atribuição para julgar desvios na Saúde.

A decisão da Segunda Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) desta terça-feira (7) de anular as decisões do juiz Marcelo Bretas no curso da Operação Fatura Exposta derrubou pela primeira vez uma condenação contra Sérgio Cabral e abriu brechas para a queda de outros casos envolvendo o ex-governador do Rio de Janeiro, informa a Folha.

A Fatura Exposta investigou desvios na Secretaria de Saúde de Rio de Janeiro. Os ministros entenderam que não havia conexão entre os desvios no setor com a corrupção apurada na Secretaria de Obras, alvo da Operação Calicute, primeira ação contra Cabral.

O STF decidiu anular todas as decisões de Bretas na Fatura Exposta, redistribuir o caso e determinou que o novo juiz analise a convalidação ou não dos atos da 7ª Vara Federal Criminal. Pelos termos publicados no Supremo, se tornaram inválidos até mesmo as cautelares de bloqueio de bens dos investigados e o recebimento da denúncia.

Advogados e investigadores viram na decisão uma brecha para derrubar outros casos, já que apenas algumas das 33 ações penais contra Cabral na 7ª Vara, de Bretas, têm relação direta com a Secretaria de Obras.

“A concessão da ordem transcende, entretanto, as operações de saúde, uma vez que, nos fundamentos, os ministros rechaçam as argumentações, até então trazidas pelo MPF e pelo juiz Marcelo Bretas para fixação da sua competência em operações que não envolvam empreiteiras, como o caso da Eletronuclear, Operação Saqueador e Operação Calicute”, afirmou a advogada Patrícia Proetti, que defende Cabral.

A condenação anulada na Fatura Exposta impunha uma pena de 14 anos e 7 meses ao ex-governador, que agora soma 399 anos e 11 meses de prisão em 21 condenações ainda válidas.

A decisão ainda não tem efeito sobre a manutenção da prisão de Cabral. Os cinco mandados de prisão preventiva contra ele permanecem válidos e exigem alterações mais profundas no entendimento de seu caso para cair.

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MP investiga se ex-mulher de Bolsonaro lavou dinheiro do gabinete de Carlos

Documentos do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) mostram novos indícios de participação da ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro (PL), Ana Cristina Valle, em casos de lavagem de dinheiro para prática de “rachadinha” no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos). Os registros foram obtidos pelo Jornal Nacional, da TV Globo.

De acordo com a reportagem, foram encontrados diversos processos nos quais ela trabalhou como advogada em indenizações de acidentes de trânsito. Entre 2007 e 2010 teriam sido 56 casos, segundo consulta feita ao site do TJRJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro), sendo 54 relacionados ao seguro DPVAT. A maioria deles, no Rio Grande do Sul, apesar de o escritório dela ter sede no Rio.

Testemunhas denunciaram o envolvimento de Ana Cristina em fraudes que incluem o não pagamento de valores a vítimas.

A suspeita do MPRJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) é que a atuação das empresas dela tenham relação com a suposta “rachadinha” no gabinete do filho do presidente da República. Em outubro, uma investigação mostrou que as empresas de Ana Cristina acumulam dívidas de R$ 325,5 mil com a União.

A prática de “rachadinha” acontece quando um político desvia parte ou inteiramente os salários e benefícios de assessores parlamentares para si. No começo de setembro, uma decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) criou jurisprudência para futuras decisões da Justiça Eleitoral sobre o tema.

Ana Cristina foi a primeira chefe de gabinete de Carlos Bolsonaro, em 2001. Ela ainda era casada com Bolsonaro quando foi trabalhar com o enteado e deixou o cargo meses após a separação, em 2008. Nos últimos três anos, além de trabalhar com o vereador, Ana teve um escritório de advocacia e duas empresas de seguro, que ficavam no centro da capital fluminense, nas proximidades da Câmara – fato visto como suspeito pelo MP.

Além disso, o Ministério Público Estadual suspeita de que a ex-chefe de gabinete de Carlos seguiu recebendo os valores dos funcionários mesmo após deixar o cargo. Um levantamento a partir de registros da Câmara Municipal mostrou que essas pessoas ganharam R$ 7,5 milhões após ela sair do posto. As empresas seriam, então, segundo investigações do MP, usadas para lavar o dinheiro.

*Com informações do Uol

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Quaest: Lula lidera com folga, Ciro cai

O ex-presidente Lula lidera em todos os cenários, em primeiro e segundo turnos.

A nova pesquisa Genial/Quaest mostra o ex-presidente Lula liderando com folga a disputa pela Presidência da República, se aproximando de uma vitória no primeiro turno. O petista lidera em todos os cenários, em primeiro e segundo turnos. Já Jair Bolsonaro permanece em segundo lugar, mas é derrotado em qualquer cenário de segundo turno.

No cenário com sete pré-candidatos, Lula teria 46% dos votos; Bolsonaro, 23%; Sergio Moro viria em terceiro, com 10%; Ciro Gomes, na quarta posição, com 5%; João Doria (PSDB), com 2%; e Rodrigo Pacheco (PSD) e Felipe D’Ávila empatados com 1%. O número de brancos e nulos é de 7% e o de indecisos, 5%.

intençao-de-voto

Nas simulações de segundo turno, Lula vence em todos as situações: 55% dos votos contra 31% de Bolsonaro; 53% contra 29% de Sergio Moro; 54% contra 21% de Ciro Gomes; 57% contra 14% de João Doria; e 58% contra 13% de Rodrigo Pacheco.

O levantamento foi feito presencialmente, com 2.037 entrevistas em 120 municípios nos 26 estados e no Distrito Federa, entre 2 e 5 de dezembro. O nível de confiança da pesquisa é de 95%. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para cima ou para baixo.

*Com informações do 247

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MPF suspeita que atos de Heleno buscam preparar terreno para mineração em terra indígena

Ministro do GSI permitiu avanço de garimpo de ouro na Amazônia; governo diz que continuará a ‘mapear riquezas pelo bem do Brasil’.

Integrantes do MPF (Ministério Público Federal) suspeitam que as autorizações do ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Augusto Heleno, para pesquisa de ouro em uma das áreas mais preservadas da Amazônia buscam preparar terreno para a mineração em terras indígenas, proposta defendida pelo presidente Jair Bolsonaro, informa a Folha de São Paulo

A suspeita de procuradores da República que atuam na região amazônica, ouvidos pela Folha sob condição de anonimato, se deve ao fato de Heleno ter permitido o avanço do garimpo num lugar onde há predominantemente terras indígenas e também pela característica dos empreendimentos, que envolvem pesquisa, prevista no projeto de lei enviado por Bolsonaro ao Congresso em 2020.

O ministro do GSI autorizou sete empreendimentos de garimpo de ouro na região de São Gabriel da Cachoeira, no extremo noroeste do Amazonas, na fronteira com Colômbia e Venezuela. A região, conhecida como Cabeça do Cachorro, é uma das mais preservadas da Amazônia e uma das últimas fronteiras de conservação plena do bioma.

É a primeira vez, pelo menos nos últimos dez anos, que essa liberação de pesquisa de garimpo ocorre para a Cabeça do Cachorro. Para toda a Amazônia, Heleno já autorizou 81 projetos de garimpo desde o início do governo Bolsonaro.

O ministro do GSI é secretário-executivo do Conselho de Defesa Nacional, um colegiado que orienta o presidente da República sobre assuntos de defesa e soberania. É o secretário que concede os chamados assentimentos prévios, com aval a projetos na faixa de fronteira, numa largura de até 150 quilômetros.

A publicação da reportagem provocou reação dos representantes dos indígenas na região, além de organizações ambientais e de parlamentares no Congresso, que ingressaram com representações na PGR (Procuradoria-Geral da República), no MPF, na Justiça, no STF (Supremo Tribunal Federal) e no próprio Congresso para tentar barrar os atos do general Heleno.

O MPF no Amazonas instaurou um procedimento de apuração para investigar e fiscalizar as autorizações dadas pelo ministro do GSI, diante do risco socioambiental das medidas.

Na visão de integrantes do MPF, a permissão de pesquisas pode indicar projetos maiores, que dependem de prospecção, diferentemente das chamadas permissões de lavra garimpeira, que já garantem a garimpagem em áreas menores. Este é um tipo de garimpo que passou a ser comum no sul do Amazonas e no Pará.

O projeto de lei do Executivo enviado ao Congresso é voltado à pesquisa e lavra de minerais em terras indígenas, e permite as permissões garimpeiras “exclusivamente nas zonas de garimpagem previamente definidas pela ANM (Agência Nacional de Mineração)”. A iniciativa está parada no Parlamento.

A proposta prevê que o Conselho de Defesa Nacional deve ser ouvido quando a terra indígena estiver em faixa de fronteira. Heleno é o secretário-executivo do conselho.

A Constituição Federal proíbe a mineração em terras indígenas, a não ser que exista autorização do Congresso Nacional e consulta aos índios, o que, até hoje, nunca ocorreu.

Bolsonaro é um defensor dessa exploração de recursos. O projeto de lei enviado ao Congresso busca regulamentar os artigos da Constituição que tratam da questão, com uma “indenização das comunidades indígenas afetadas pela restrição do usufruto sobre a terra indígena”.

O MPF pretende investigar se pode estar ocorrendo uma tentativa de burla à legislação, com a aprovação de projetos de pesquisa de ouro na região da Cabeça do Cachorro e de permissões de lavra garimpeira, que são procedimentos mais simples e diretos, em outras regiões da Amazônia.

Segundo a FOIRN (Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro), uma das entidades de representação indígena mais importantes do país, há dez terras indígenas demarcadas na região.

Dos sete projetos autorizados por Heleno, seis estão em “territórios da União”. Pelo menos dois estão em áreas localizadas entre terras indígenas.

“Nós, que habitamos essa região há mais de 3.000 anos, em dez terras indígenas demarcadas, manifestamos nossa indignação com a postura do general Heleno, que demonstra estar fazendo uma pressão política a favor dos interesses empresariais da mineração e do garimpo”, afirmou a FOIRN, em nota divulgada após a publicação da reportagem.

A federação analisa as liberações de pesquisa de ouro na região e diz que “tomará todas as atitudes cabíveis e legais para não permitir que a região mais preservada da Amazônia seja ameaçada pela política predatória do atual governo”.

Heleno defendeu seus atos, no dia seguinte à publicação da reportagem pela Folha.

Segundo o ministro, “é legal autorizar a pesquisa/lavra de minerais, na faixa de fronteira, inclusa a Amazônia”. “Respeitadas a legislação e o meio ambiente, continuaremos a mapear nossas riquezas pelo bem do Brasil e do nosso povo”, afirmou na segunda-feira (6), em publicação numa rede social.

Os atos do general beneficiaram empresas com áreas embargadas pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente dos Recursos Naturais Renováveis), inclusive uma empresa com autorização para pesquisar ouro na Cabeça do Cachorro. Também houve aval a garimpeiro que atua com dragas de sucção em leitos de rios da Amazônia.

Procurado, o GSI não comentou casos específicos.

Em nota, o ministério vinculado à Presidência afirmou que há atos de assentimento em toda a região amazônica, voltados a pesquisa ou exploração de “diversos minerais considerados estratégicos para o Brasil nas últimas décadas”. Os processos são instruídos pela ANM, segundo o GSI.

“A concessão de assentimento prévio para pesquisa ou lavra de ouro na região amazônica segue os mesmos ritos procedimentais que qualquer outro mineral, independente da região da faixa de fronteira em que se localiza, sob pena de causar prejuízos à União, estados e municípios caso houvesse qualquer tipo de favorecimento de uma região para outra”, diz a nota.

A passagem pelo Conselho de Defesa mantém o controle e monitoramento de atividades em áreas sensíveis e disponibiliza informações importantes para tomada de decisões pelo presidente, conforme o GSI. “Não se evidenciou impedimento legal à solicitação dos interessados para o secretário-executivo assinar os atos de assentimento.”

A ANM afirmou que requerimentos de mineração só podem incidir em áreas livres e desoneradas.

“A ANM não aprovará o requerimento de qualquer título minerário se este incidir em área onerada ou em área com qualquer outro bloqueio legal, a exemplo de terras indígenas ou unidades de conservação de proteção integral. O sistema de requerimento eletrônico não aceita”, disse, em nota.

Extração de minérios sem autorização da ANM ou em áreas com bloqueios legais é investigada pela Polícia Federal, segundo a agência.

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Enem: empresa pagou turismo sexual para servidor envolvido em fraude

O investigado recebe salário bruto de R$ 7.235,57 e não exerce função de chefia.

Segundo reportagem do Metrópoles, a Polícia Federal apura indícios de que uma empresa especializada em segurança digital cooptou um servidor do Instituto Nacional de Estudos Educacionais (Inep) por meio de viagens direcionadas ao turismo sexual. O objetivo era fazer com que o funcionário auxiliasse no esquema de corrupção envolvendo contratos milionários de gráficas que imprimiam provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

O servidor foi alvo da Operação Bancarrota, deflagrada na manhã desta terça-feira (7/12). Ele atuou como fiscal dos contratos fraudados e recebe salário bruto de R$ 7.235,57. Atualmente não exerce função de chefia.

Em denúncia à PF, o funcionário de uma gráfica relatou que o servidor teria atuado com a empresa Valid para garantir que ela passaria por todas as etapas necessárias no processo de seleção pública.

Conforme a coluna revelou, outra suspeita é Eunice de Oliveira Ferreira dos Santos. Em 2018, ela ocupava o cargo de diretora de Gestão e Planejamento do Instituto. A reportagem apurou que o filho de Eunice Santos chegou a comprar dois carros importados, uma Ferrari e uma Porsche Cayenne. Atualmente, ele mora em São Paulo e circula em uma Mercedes. O veículo foi apreendido.

A funcionária do Inep atua como agente administrativo no Inep e está cedida ao GDF desde junho de 2020. Ela recebe salário bruto de R$ 7.023,46.

A casa da servidora, na Asa Norte, também foi alvo de busca e apreensão. A suspeita é de que ela tenha recebido R$ 5 milhões das empresas beneficiadas com o esquema de corrupção, configurando enriquecimento ilícito.

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Funcionários do Ministério da Justiça relataram à PF terem recebido pressões em processo de extradição de Allan dos Santos

Ex-diretora de departamentodisse que chefe de gabinete do ministro Anderson Torres e secretário Vicente Santini pediram informações sobre o caso.

Segundo O Globo, em depoimentos prestados à Polícia Federal, três funcionários do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Internacional (DRCI) relataram pressões da cúpula do Ministério da Justiça durante o processo de extradição do blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, determinado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes em 6 de outubro. A PF investiga se houve tentativa de obstruir o procedimento por parte do governo federal.

Os relatos foram feitos pela ex-diretora do DRCI, a delegada de Polícia Federal Silvia Amélia Fonseca de Oliveira, pelo coordenador de extradição do DRCI, Rodrigo Sagastume, e pela diretora substituta do DRCI, Priscila Campelo. Silvia Amélia inclusive foi exonerada pelo ministério após ter encaminhado o processo de extradição. A PF afirma que sua exoneração ocorreu pelo fato de “não ter dado ciência” à cúpula do ministério sobre a extradição.

Todos afirmam que o processo envolvendo Allan dos Santos foi a primeira vez em que a cúpula do Ministério da Justiça pediu informações, cópia do processo e tentou interferir no procedimento. O DRCI é subordinado ao ministério. Mas, quando isso ocorreu, o DRCI já tinha encaminhado o pedido de extradição para o Ministério das Relações Exteriores, que o despachou para os Estados Unidos.

A ex-diretora Silvia Amélia relatou que recebeu telefonema do chefe de gabinete do ministro Anderson Torres, o brigadeiro Antônio Ramirez Lorenzo, pedindo informações sobre o caso do blogueiro. Como ela estava de férias, Silvia Amélia relata ter encaminhado o pleito para a diretora substituta Priscila Campelo.

Campelo afirmou que “entrou em contato com o Chefe de Gabinete do MJSP, brigadeiro Lorenzo, o qual informou que o Ministro do MJSP gostaria de obter informações sobre o fluxo do processo de extradição ativa, bem como em que momentos tal processo passaria pelo MJSP e qual o papel do MJSP nas etapas do mencionado pedido de extradição”.

Silvia Amélia disse ainda que o secretário nacional de Justiça, Vicente Santini, amigo dos filhos do presidente Jair Bolsonaro, chamou-a para uma reunião no dia 3 de novembro e reclamou sobre o processo do blogueiro. “o secretário Vicente mencionou que a ausência de informação sobre o caso do Allan dos Santos causou um desconforto para o próprio Secretário e para o MJSP”. Depois disso, Santini emitiu uma ordem para que todos processos de extradição passassem por ele.

Já Rodrigo Sagastume afirmou que Santini convocou uma reunião na qual reclamou que “gostaria de ter sido avisado sobre o processo de extradição de Allan dos Santos”. “O depoente teve a percepção que a reunião da tarde foi esvaziada diante do fato de que o processo de extradição de Allan dos Santos já havia sido remetido ao MRE, restando apenas o alerta de que novos casos sensíveis fossem reportados ao secretário”, afirmou no depoimento.

Sagastume disse ainda que, antes do caso do blogueiro, “nunca foi questionado por superiores hierárquicos” a respeito de um processo de extradição.

Também ouvido pela PF, Vicente Santini negou ter tentando interferir no processo. Admitiu que solicitou à diretora substituta do DRCI detalhes sobre a extradição do blogueiro, mas afirmou que “sua motivação era dar cumprimento à decisão judicial”, e relatou ter conversado com o ministro Anderson Torres apenas para informá-lo sobre o andamento do processo. No seu depoimento, Santini criticou a ex-diretora do DRCI Silvia Amélia, dizendo que ela impediu seu acesso a documentos sem uma justificativa técnica, no caso do blogueiro. E afirmou ainda que conheceu Allan dos Santos em um evento público no início do governo Bolsonaro, mas não manteve contato com ele.

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Política

À deriva: Regra do Ministério da Saúde deixa o Brasil às cegas contra a ômicron

Em vigor desde setembro, exigência provoca ampla subnotificação dos casos de covid.

Uma exigência do Ministério da Saúde, em vigor desde setembro, provoca ampla subnotificação nos casos de covid-19 no país. Este “apagão” nos dados atinge, especialmente, casos sintomáticos leves da doença. Apontamentos preliminares indicam que a variante ômicron do coronavírus pode provocar, no geral, justamente casos mais leves. Com este entrave, o país pode ficar às escuras sobre a atual realidade da pandemia, informa o Brasil de Fato.

A pasta da Saúde, comandada por Marcelo Queiroga, agora exige o registro no sistema e-SUS Notifica de dados detalhados sobre os testes de antígenos feitos com os pacientes. Esta regra não afeta as notificações dos casos mais severos de Síndromes Respiratórias Agudas Graves (Srag) e os que demandam internação, que são contabilizadas em outro sistema (Sivep-Gripe). Contudo, os números reais da pandemia são essenciais, argumentam os cientistas, para saber os níveis de transmissão. Dados importantes para orientar políticas públicas, como realização ou não de eventos como o Carnaval.

Atrasados

O coordenador da Rede Análise Covid-19, Isaac Schrarstzhaupt, lamenta a falta de dados reais sobre o surto no país. “Estamos navegando com base em dados de hospitalizações, sendo que as hospitalizações são a colheita de um plantio que aconteceu lá atrás. Torcer pra não aumentar, pois caso aumentar, já estamos atrasados”, explica, referindo-se ao descontrole sobre a infecção no país desde o início da pandemia, em março do ano passado.

Enquanto isso, a secretaria de Saúde do Rio de Janeiro abandonou, na prática, a testagem de covid-19. A pasta considera que o percentual da população já vacinada “está elevado’ e, agora, apenas testes clínicos são realizados. Neste momento, dados apontam para um surto de “gripe” na capital fluminense. “Sem teste do vírus, só com o clínico, é tudo síndrome gripal. Não tem como saber quem é quem, salvo raras exceções”, explica o pesquisador em saúde pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Proteção

Em um cenário de circulação viral fora de controle – em um país com um governo que não segue orientações da ciência –, cabe manter-se informado e bem protegido. Ontem (5), o conselheiro da Casa Branca sobre a covid-19, o médico Anthony Fauci, reforçou a suspeita de que a variante ômicron desencadeia sintomas menos severos. “Mas realmente temos que ter cuidado antes de fazer qualquer determinação de que é realmente menos grave em comparação à delta. Mas, até agora, os sinais são sim um pouco animadores em relação à gravidade”, disse.

Entretanto, como Fauci mesmo afirma, é necessário manter o alerta máximo ligado. “Estamos buscando muitas respostas importantes sobre a ômicron mas cuidados como estes vão ter um impacto positivo nesse enfrentamento. Isso porque, afinal, estamos falando do SARS-CoV-2, independentemente da variante em questão”, argumenta a neurocientista e coordenadora da Rede Análise Covid-19 Mellanie Fontes-Dutra.

Cuidados básicos

Ela lembra da importância das máscaras e cita estudo do Instituto Max Planck, na Alemanha. De acordo com os pesquisadores, o modelo PFF2 (ou similares como N95 e KN95) pode oferecer quase 100% de proteção contra o vírus. A indicação é para aliar as máscaras à vacinação para controle da pandemia. “Portanto, o uso da PFF2 deve ser priorizado, sempre que possível, com um cuidado adequado quanto ao ajuste no rosto. As PFF2 têm um clipezinho perto do nariz, que permite a gente modificar para ficar bem ajustadinho ao rosto”, reforça a cientista.

O mesmo estudo aponta para o alto grau de transmissibilidade do vírus. Em ambientes fechados, mesmo com distância de três metros entre um indivíduo saudável e um infectado, em questão de poucos minutos, a probabilidade de infecção sem máscaras é de 90%. “Nossos resultados demonstram mais uma vez que o uso de máscaras em escolas e também em geral é uma boa ideia”, afirmam os pesquisadores. O uso de máscaras em escolas vem sendo abandonado aos poucos, enquanto as crianças mais novas sequer iniciaram a vacinação.

Balanço da covid

Apenas em 2020, de acordo com a Fiocruz, foram cerca de 195 mil mortes não notificadas pela covid-19 no país. Isso, contando apenas erros em bancos de dados, sem contar casos que não foram testados ou que tiveram seu registro incorreto pelo corpo médico. Em 2021 este número deve ser superior, já que a pandemia foi mais severa no ano, em especial no começo. Mesmo com dados comprometidos, o Brasil é o país com mais mortos pelo vírus neste ano e apenas atrás dos Estados Unidos desde o começo da pandemia, em março de 2020.

São ao menos 615.744 mortes oficialmente notificadas, de acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Nesta segunda (6), no último período de 24 horas monitorado pelo órgão,, foram 108 óbitos. Também foram registrados 4.385 novos casos, totalizando 22.147.476 infectados desde março de 2020.

De sábado para hoje, o país registra média inferior a 200 mortes diárias, menor média desde o dia 23 de abril de 2020, ainda no início da pandemia. Com cerca de 65% da população imunizada com duas doses das vacinas e mais de 80% com a primeira, os imunizantes seguem comprovando sua alta eficácia.

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Triplex do Guarujá: MPF pede arquivamento de investigação contra Lula

Procuradoria da República do Distrito Federal reconheceu a prescrição do caso envolvendo o ex-presidente da República.

O Ministério Público Federal (MPF) pediu o arquivamento do caso triplex do Guarujá ao reconhecer a prescrição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Segundo o MPF, “inexiste pressuposto processual para o oferecimento ou ratificação da denúncia”. “Analisando as penas, tem-se que Luiz Inácio Lula da Silva teve a pena reformada pelo STJ, tornando-a definitiva pelo crime de lavagem de dinheiro em 3 anos e 4 meses de reclusão e pelo crime de corrupção passiva em 5 anos, 6 meses e 20 dias. Aplica-se, no caso, o prazo prescricional previsto o art. 109, incisos II e III, do Código Penal, reduzidos pela metade, restando prescrita a pretensão punitiva estatal.”

“Diante do exposto, o Ministério Público Federal manifesta-se pelo arquivamento dos autos em razão da extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva estatal relativamente a Luiz Inácio Lula da Silva, José Adelmário Pinheiro Filho e Agenor Franklin Magalhães Medeiros, no que diz respeito às imputações dos crimes de lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva, envolvendo o pagamento de reforma, ocultação e dissimulação da titularidade do apartamento 164-A, triplex, e do beneficiário das reformas realizadas”, assinalou a Procuradoria da República do Distrito Federal.

A promoção de arquivamento é assinada pela procuradora da República Marcia Brandão Zollinger.

*Com informações do Metrópoles

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Cotidiano

Operação investiga fraude de R$ 130 milhões em impressão de provas do Enem

Investigação realizada em conjunto com a Controladoria-Geral da União cumpre 41 mandados de busca e apreensão no DF, em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Segundo o Correio Braziliense, a operação da Polícia Federal investiga superfaturamento de R$ 130 milhões em contratos com empresas gráficas realizados entre os anos de 2010 e 2018 para a impressão das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A operação Bancarrota, deflagrada na manhã desta terça-feira (7/12), cumpriu mandados no DF, em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Ao todo, foram cumpridos 41 mandados de busca e apreensão, além de ter sido determinado pela Justiça Federal o sequestro de R$ 130 milhões das empresas e pessoas físicas envolvidas. As irregularidades foram identificadas após uma auditoria realizada pela Controladoria-Geral da União (CGU) em 2019.

Os contratos do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) com uma empresa responsável pela impressão dos exames, incluindo as provas do Enem, entre os anos de 2010 e 2018, alcançam o valor aproximado de R$728 milhões.

Em 2019, a empresa entrou com pedido de falência e o Inep realizou um novo pregão eletrônico, resultando na contratação de empresa classificada em terceiro lugar no certamente, após a desclassificação das duas primeiras. As investigações revelaram a atuação de diretores e servidores do Instituto, juntamente com consultores das gráficas contratadas, no direcionamento da contratação das empresas para impressão das provas.

Os contratos sob investigação totalizaram pagamentos, desde 2010, de aproximadamente R$ 880 milhões, dos quais R$ 130 milhões estariam superfaturados. Os envolvidos são suspeitos de organização criminosa, corrupção ativa e passiva, crimes da Lei de Licitações e lavagem de dinheiro, com penas que ultrapassam 20 anos de reclusão. As investigações contam com a atuação de 127 policiais federais e 13 servidores da CGU.

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Cotidiano

A precoce empresária Dallagnol

Marcelo Auler – Em setembro de 2020, através de vídeo no Youtube, o então procurador da República Deltan Dallagnol anunciou sua saída da Força Tarefa da Lava Jato em Curitiba. Vivia uma espécie de inferno astral, uma vez que já não contava com o outrora apoio irrestrito da cúpula da Procuradoria Geral da República.

Tanto que, três meses antes, em 20 de junho, a subprocuradora Lindora Araújo, braço direito do procurador-geral Augusto Aras, promoveu uma inesperada ‘visita de trabalho’ a Curitiba em busca de informações sobre a atuação da Força Tarefa. A visita gerou um conflito com os colegas paranaenses. Estes a acusaram de querer “copiar bancos de dados sigilosos das investigações de maneira informal e sem apresentar documentos ou justificativa”.

Apesar desses conflitos claros e aparentes, ao se afastar da Força Tarefa que coordenava, Dallagnol recorreu a uma justificativa familiar. Trouxe para o olho do furacão sua filha mais nova, prestes a completar dois anos de idade. Alegou ter descoberto que a menina precisava de cuidados especiais dele e da esposa, a advogada Fernanda Mourão Ribeiro Dallagnol, motivo da sua decisão de afastar-se não apenas da coordenação, mas do grupo de trabalho em si:

“Há algumas poucas semanas eu e minha esposa identificamos sinais que nos preocuparam em nossa bebezinha”, disse. “É uma decisão que tomo como pai”, avisou ao anunciar seu afastamento da Operação Lava Jato, na tentativa de se distanciar da pressão que sofria não apenas de diversos setores da sociedade, mas também internamente no Ministério Público Federal (MPF). Eram questionamentos diretos sobre os métodos por eles usados em Curitiba. Fortaleceram-se, notadamente, após os vazamentos das conversas que mantiveram via o aplicativo Telegram.

Todas as preocupações do casal com a pequena pelo visto não impediram seus pais de envolvê-la em um episódio no mínimo inusitado. Nove meses depois, em 2 de junho passado, a menina tornou-se empresária.

Com apenas dois anos e meio, registrada no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) da Receita Federal – algo que atualmente acontece quando do registro civil de qualquer criança -, ela se tornou sócia da empresa Chelsea Comércio de Confecções Ltda. (CNPJ 42.223.218/0001-55) registrada na Junta Comercial do Paraná com o NIRE 41209938564.

A filha do então procurador da República de Curitiba passou a ter pequena participação: 1% do capital social. Por ser menor, foi representada nos atos da empresa pela mãe, Fernanda Mourão. Quem aparece como dona de 99% das quotas e, portanto, administradora da loja, é a irmã de Deltan, Édelis Martinazzo Dallagnol.

A iniciativa é vista como inusitada até mesmo por ex-colegas de Dallagnol ouvidos pelo Blog, ainda que não exista crime ou ilegalidade em uma criança tornar-se sócia de uma empresa. “É, no mínimo estranho”, resumiu um procurador da República para quem Dallagnol deve ter uma explicação lógica, “pois ele não faria algo sem explicações em uma época em que já estava no olho do furacão”. “É esquisito”, diagnosticou outro ex-colega do pai da precoce empresária.

O Blog o questionou, através de sua assessoria, sobre os motivos que o levaram como pai autorizar a filha de dois anos de idade tornar-se empresária. Buscávamos uma explicação lógica como o ex-colega dele imaginou existir. Levamos em conta ainda a prática do ex-coordenador da Força Tarefa da Lava Jato de sempre defender a total transparência dos assuntos envolvendo seu trabalho. Notadamente em relação aos réus da operação, vítimas de inumeráveis vazamentos de informações confidenciais. Dallagnol, porém, parece não ter gostado do questionamento, tanto que se manifestou por meio de uma virulenta e raivosa “Nota de Repúdio” (leia abaixo).

Esquecendo que foi ele quem primeiro apelou à saúde da filha para justificar seu afastamento da Força Tarefa quando pressionado por todos os lados, considerou a questão “uma vergonhosa covardia promovida pelo ativismo de extremos, que tenta gerar conteúdo negativo para atingir a imagem de Deltan Dallagnol”. Acusa-nos ainda de um “ataque especulativo, desrespeitoso, injusto e, para quem o promove, vergonhoso”.
Preocupação com o “futuro bem-estar”

Ao referir-se à participação da filha menor em uma sociedade, o ex-procurador apresentou uma explicação no mínimo risível. Consta da “Nota de Repúdio”, na qual ele não viu problema em expor o nome da menor, que o Blog se reserva ao direito de não divulgar, de forma a tentar reservá-la:

“O fato é que a irmã de Deltan, Édelis Martinazzo Dallagnol, 44 anos, solteira e sem filhos, propôs a participação de sua sobrinha de três anos na sua empresa, de nome CHELSEA COMERCIO DE CONFECCOES LTDA, por meio de 1% de suas quotas. A tia entende que esta seria uma forma de contribuir pessoalmente com o futuro e bem-estar da criança, em razão de sua condição específica de saúde. Tudo absolutamente dentro da lei.”

É difícil acreditar que a justa preocupação de familiares com o futuro de uma criança especial justifique incluí-la como sócia de uma empresa. Mais ainda quando a participação da mesma na sociedade limita-se a 1% das quotas, o que hoje está avaliado em R$ 2,5 mil.

Ainda que se admita que a empresa – no caso, uma loja de revenda de vestuário infanto-juvenil – venha a ser bem sucedida, é inevitável o questionamento se isso realmente contribuirá com “o futuro e bem-estar da criança”, como diz a nota.

O questionamento aumenta na medida em que se tem conhecimento de que a irmã de Deltan – “solteira e sem filhos” – abriu uma segunda empresa, administradora de outra revenda Hering, sem se preocupar em colocar a sobrinha como sócia para “contribuir pessoalmente com o futuro e bem-estar da criança, em razão de sua condição específica de saúde.”

Na mesma data da abertura das duas empresas da irmã do ex-procurador, seus pais – Vilse Salete Martinazzo Dallagnol e Agenor Dallagnol – constituíram outras duas empresas com o mesmo objetivo: administrar revendas da Hering de vestuário infanto-juvenil. Eles, porém, não tiveram a preocupação em contribuir com “o futuro e bem-estar da criança, em razão de sua condição específica de saúde”. Nas duas empresas a neta de Vilse e Agenor não constam da sociedade.

*Do blog de Marcelo Auler

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