Trabalhadores da Eletrobras anunciaram paralisação das atividades a partir da terça-feira 15, segundo nota divulgada pela Federação Nacional dos Urbanitários nesta segunda-feira 14. A organização afirma que 12 mil funcionários devem realizar uma greve de 72 horas, com término previsto para a meia-noite da quinta-feira 17.
A mobilização ocorre na semana em que o Senado pretende votar a Medida Provisória 1.031, que permite a privatização da Eletrobras. A empresa pública foi idealizada por Getúlio Vargas em 1954 e instalada em 1962, com a função de promover estudos, projetos de construção e operação de usinas geradoras, linhas de transmissão e subestações voltadas ao suprimento de energia elétrica do País.
São 125 usinas, 71 mil quilômetros de linhas de transmissão e 366 subestações de eletricidade.
Entidades do setor argumentam que a Medida Provisória vai desencadear o aumento na tarifa de energia, com o objetivo de beneficiar privilegiados que sustentam o governo de Jair Bolsonaro.
A Câmara aprovou a proposta em 19 de maio, mas em forma de substitutivo, e não a matéria original. Para os críticos à privatização, os dois textos resultam no “tarifaço”. No Senado, o relator do projeto é Marcos Rogério (DEM-RO), próximo ao governo. A expectativa é de que a sessão ocorra na quarta-feira 16, com aprovação.
A MP pode provocar um aumento de 20% nas contas de luz, por um período de 30 anos de concessão, estimam os especialistas Dalila Calisto e Gilberto Cervinski, em artigo publicado em CartaCapital. Segundo os estudiosos, as usinas da Eletrobras vendem energia a preços menores que as empresas privadas: enquanto a estatal cobra 65 reais por 1.000 kWh, as usinas privatizadas estipulam em média 250 reais pela mesma quantidade.
“Ao se privatizar a Eletrobras, será permitido ajustar os preços ao valor de mercado e essa diferença será repassada em aumentos futuros nas contas de luz”, escrevem.
Novo procurador do Tribunal Penal Internacional vai decidir se investiga Bolsonaro por violar direitos dos índios na pandemia, além de delitos ambientais.
José Casado, Veja – Na quarta-feira, o advogado britânico Karim Asad Ahmad Khan QC, de 50 anos, assume a Procuradoria-Geral do Tribunal Penal Internacional em Haia, na Holanda.
É um organismo relativamente novo, com 19 anos de existência, jurisdição permanente e reconhecida por mais de 120 países das Nações Unidas, entre eles o Brasil, para investigar, processar e julgar indivíduos acusados de crimes contra os direitos humanos.
Khan, eleito em fevereiro, terá um mandato de nove anos num tribunal habitualmente criticado pela concentração em casos de políticos africanos.
Ele assume com uma pilha de casos pendentes. Terá de decidir, por exemplo, se abre ou não uma investigação preliminar contra Jair Bolsonaro e seu governo por “violação dos direitos dos povos indígenas que constituem crimes contra a humanidade”.
O risco para Bolsonaro no TPI é percebido no exterior há meses. Em maio de 2019, como relatou ao Itamaraty o então embaixador brasileiro em Tel Aviv, Paulo Cesar Meira de Vasconcellos, o primeiro ministro israelense Benjamin Netanyahu — derrubado ontem pela oposição — reconheceu o “risco real de que o presidente Bolsonaro venha a ser investigado naquele tribunal por genocídio de povos indígenas”. A correspondência diplomática está no acervo da CPI da Pandemia e foi revelada pelos repórteres Yasmim Perna e Alexandro Martello, da TV Globo.
A mais recente denúncia contra Bolsonaro foi apresentada no último 21 de dezembro por Raoni Metuktire, chefe da tribo Kayapó, do vale do rio Xingu, Almir Suruí, líder dos Paiter-Suruí, que vivem entre Mato Grosso e Rondônia, e a associação Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). Eles são representados pelo advogado francês William Bourdon.
Bolsonaro já havia sido denunciado ao TPI por crimes contra a humanidade pelo fracasso governamental — supostamente deliberado — na política de saúde que influenciou na propagação da Covid-19. Até ontem, haviam morrido 487 mil brasileiros — número duas vezes e meia maior que o de vítimas da bomba atômica em Hiroshima, na IIª Guerra Mundial. O tribunal descartou essas acusações de genocídio.
Porém, admitiu para avaliação da procuradoria a denúncia de perseguição e extermínio, generalizado e sistemático, de Bolsonaro contra uma parte da população — os povos indígenas. É a primeira vez que o TPI aceita analisar um caso contra um presidente brasileiro.
O novo procurador-geral vai decidir se abre uma investigação preliminar contra Bolsonaro por ação intencional e grave contra direitos básicos dos índios na pandemia, com supressão de serviços de saúde pública, restrições na assistência alimentar e deslocamento forçado de pessoas nas áreas que habitam, reconhecidas na Constituição brasileira.
Além disso, há a acusação de ações sistemáticas do presidente em crimes ambientais, sobretudo na Amazônia.
Ecocídio é um tipo penal novo legitimado pelo Parlamento Europeu no início deste ano, que recomendou seu enquadramento na legislação criminal dos integrantes da União Europeia, com jurisdição do Tribunal Penal Internacional. Continua após a publicidade
O governo de Emmanuel Macron saiu na frente, estimulando o debate parlamentar na França, que deve regulamentar punições ao crime de ecocídio até 2023.
Uma decisão de Khan sobre o caso dos índios contra Bolsonaro vai levar tempo. O suficiente, por exemplo, para verificação dos resultados da CPI da Pandemia, do Senado. E, também, dos desdobramentos da ação no Supremo Tribunal Federal, aberta em 29 de junho do ano passado, quando índios pediram intervenção judicial para obrigar o governo a levar serviços de saúde às tribos indígenas amazônicas.
A resistência governamental se confirmou numa série de respostas evasivas — também registradas na denúncia ao Tribunal Penal Internacional.
Desde então, o juiz Luis Roberto Barroso, do STF, tem determinado que o governo apresente um plano de proteção à saúde indígena. Nos últimos doze meses, foram entregues quatro versões, todas questionadas pelo Supremo. Os índios continuam morrendo de Covid-19, mas até agora o governo não fez nada do que foi prescrito sair do papel para a vida real na selva.
Os problemas se agravam. Neste semestre, garimpeiros, madeireiros e seus financiadores intensificaram invasões quase simultâneas em diferentes terras indígenas, áreas reconhecidas na Constituição como bens da União inalienáveis, indisponíveis e com direitos imprescritíveis dos índios habitantes.
Em maio, Barroso mandou a Polícia Federal preparar a proteção nas áreas mais atacadas. Como a polícia depende do apoio logístico das Forças Armadas, o Ministério da Justiça e Segurança Pública enviou um pedido ao Ministério da Defesa.
A Defesa respondeu de forma burocrática: “Sobre o assunto, esse Estado-Maior Conjunto informa que aguarda a disponibilização de recursos extraordinários (…) Dessa forma, o apoio previsto ser postergado, condicionado ao recebimento dos referidos créditos”.
Em despacho na primeira semana de junho, o juiz do Supremo escreveu: “Registro com desalento o fato de que as Forças Armadas brasileiras não tenham recursos para apoiar uma operação determinada pelo Poder Judiciário para impedir o massacre de populações indígenas.”
O desfecho desse processo com Barroso tende a ocorrer em breve, provavelmente antes da decisão do procurador-geral do Tribunal Penal Internacional.
Se Khan achar necessário avançar numa investigação preliminar, Bolsonaro terá de se defender e vai ficar exposto como acusado de crimes contra a humanidade em mais de uma centena de países integrantes do TPI — incluindo o Brasil.
O preço político nesses casos costuma ser alto, como podem testemunhar vários líderes africanos denunciados, investigados e processados. Em geral, os ritos no tribunal de Haia ultrapassam o tempo de duração dos mandatos dos governantes. Eles são surpreendidos quando já estão na planície, bem longe do poder.
Dados estão em documentos de origem florestal, do Ibama; empresas negam irregularidades e afirmam agir dentro da lei.
Segundo a Folha, madeireiras suspeitas de exportação ilegal para os EUA e a Europa e que estão no centro das investigações envolvendo o ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente) movimentaram no país cargas de madeira avaliadas em R$ 83,6 milhões. Essas cargas foram transportadas em 2020 e nos primeiros meses de 2021.
Ao todo, foram deslocados 151 mil m3 de espécies da Amazônia como andiroba, ipês amarelo e roxo, maçaranduba, jatobá e garapeira. A comercialização de toda essa madeira, remetida de endereços no Pará, foi feita por apenas quatro empresas.
Os dados estão registrados nos chamados DOFs (documentos de origem florestal), necessários para o transporte de madeira dentro do país e também com destino à exportação.
A Folha sistematizou as informações a partir de dados abertos do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), que torna públicos os DOFs emitidos no mercado da madeira.
Em 19 de maio, a Polícia Federal deflagrou a Operação Akuanduba, a partir de uma autorização do STF (Supremo Tribunal Federal). A PF investiga um suposto esquema de exportação ilegal de madeira para os EUA e a Europa, com a suposta participação de Salles e do presidente do Ibama, Eduardo Fortunato Bim. Bim foi afastado do cargo por 90 dias, por determinação do STF.
Ao todo, a PF fez buscas e apreensões nos endereços de 23 alvos, Salles e Bim entre eles. Também houve quebras de sigilo bancário e fiscal e o afastamento de nove servidores da área ambiental.
O cerne da investigação é um suposto favorecimento a madeireiras no Pará, após lobby dessas empresas para alterar as regras do jogo.
Segundo a PF, Salles e Bim agiram para mudar as regras e regularizar, assim, cargas de madeira apreendidas no exterior. A PF investiga suspeita de corrupção de autoridades, servidores e madeireiras.
O presidente do Ibama elaborou um despacho interpretativo que dispensou a necessidade de autorização de exportação para o envio da madeira a outros países. Passaram a ser necessários apenas os DOFs, que são usados para o deslocamento do produto de um ponto a outro. O STF também suspendeu a validade desse despacho, e as autorizações voltaram a ser necessárias.
Enquanto eram multadas pelo próprio Ibama por exportações ilegais, madeireiras faziam intenso tráfego de madeira dentro do país, o que evidencia a dimensão e a rentabilidade desses negócios.
A existência dos DOFs, com o registro do transporte, aponta para a aparente legalidade desse deslocamento, mas as madeireiras investigadas foram recorrentemente autuadas pelo Ibama por infrações ambientais.
A Ebata Produtos Florestais, investigada na Operação Akuanduba, transportou 101,8 mil metros cúbicos de madeira em 2020 e no começo de 2021. As cargas estavam avaliadas em R$ 55 milhões, conforme os DOFs tornados públicos pelo Ibama.
Os principais pontos de origem desse transporte foram as cidades de Oriximiná, Terra Santa e Belém, no Pará. Entre as espécies amazônicas transportadas estão angelim, jatobá e maçaranduba.
Relatórios de inteligência financeira elaborados pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), usados pela PF nas investigações, apontam operações suspeitas da madeireira, envolvendo créditos de R$ 5,5 milhões. Os relatórios registram movimentação de recursos incompatível com o patrimônio e fragmentação de saques.
A empresa teria participado de pressão ao Ibama para regularizar cargas de madeira, conforme as investigações. Ela exportou de forma ilegal e foi autuada em R$ 12,9 mil pelo Ibama, segundo a PF. As espécies vendidas, itauba e angelim-pedra, estão ameaçadas de extinção.
Desde 2010, a empresa já recebeu multas do Ibama que somam R$ 345,2 mil, como consta em relatório policial.
A madeireira não respondeu aos questionamentos da reportagem.
Na ocasião da deflagração da Operação Akuanduba, a madeireira afirmou que todas as suas movimentações financeiras são registradas e regulares. A origem da madeira é comprovadamente lícita, e questões sobre autorização de exportação foram tratadas por associações empresariais, não pela própria empresa, disse.
Outra madeireira investigada é a Tradelink Madeiras, que também teve cargas retidas em outros países. A madeira da Tradelink está na origem das investigações, por ter despertado a atenção de autoridades ambientais norte-americanas.
A reportagem não localizou DOFs no nome da empresa. Mas, segundo a PF, duas empresas ligadas a uma associação de concessionárias florestais são a “origem da maior parte das cargas exportadas” pela Tradelink e apreendidas nos EUA.
Essas duas empresas fizeram um intenso tráfego de madeira no país em 2020 e nos primeiros meses de 2021, segundo os DOFs abertos pelo Ibama: 49 mil metros cúbicos de madeira, avaliados em R$ 28,3 milhões. Os pontos de partida foram Belém, Itaituba e Altamira, no Pará.
“Não somos extratores, nem concessionários e não possuímos serrarias. A empresa compra toda sua matéria-prima de diferentes fornecedores que são cadastrados, fiscalizados e autorizados a operar pelo poder público”, afirmou a Tradelink, em nota.
Há rigorosos padrões de segurança, baseados em normas ambientais e trabalhistas, e parte da madeira foi extraída de concessões florestais federais, segundo a empresa.
A PF afirma que a madeireira é uma “infratora contumaz”. As multas aplicadas de 1996 a 2020 somam R$ 7,8 milhões, como consta no relatório da Operação Akuanduba.
O Coaf registra cinco comunicações de operações suspeitas, segundo a PF. Os créditos envolvidos somam R$ 114,5 milhões desde 2019. São apontadas fragmentação de saques em espécie e movimentação de valores incompatível com o faturamento mensal, além de suspeitas em transferências internacionais.
Contêineres da Tradelink, carregados com madeira brasileira, foram apreendidos nos EUA sem autorização de exportação. O mesmo ocorreu na Bélgica e na Dinamarca. Representantes da empresa passaram a pressionar o Ibama pela regularização, conforme a PF.
“As cargas da empresa foram exportadas de acordo com a legislação e procedimentos estadual e nacional vigentes”, afirmou a empresa.
Quanto aos autos de infração, a madeireira disse exercer seu direito de defesa, “contribuindo para o aprimoramento dos processos de controle de fiscalização”. Toda a movimentação de recursos está registrada no Banco Central, afirmou.
A Wizi Indústria, Comércio e Exportação de Madeira também é investigada pela PF. A empresa exportou produtos sem autorização e já foi multada em R$ 1 milhão pelo Ibama desde 2016, conforme o relatório da PF.
Os transportes registrados de madeira, porém, são bem inferiores aos das demais madeireiras. Em 2020 e começo de 2021, foram 300 metros cúbicos, avaliados em R$ 370 mil.
A reportagem não localizou um contato da empresa para pedir uma posição sobre as informações apuradas.
O Ibama não respondeu aos questionamentos da reportagem. Desde a deflagração da Operação Akuanduba, o órgão nega irregularidades, desqualifica as investigações da PF e afirma que “todas as dúvidas serão respondidas em juízo”.
Salles também critica a operação e diz que há exageros da PF. A defesa do ministro afirma que há uma mistura de fatos anteriores com fatos que não são criminosos, com um “claro propósito para induzir o STF em erro”.
As movimentações financeiras do escritório de advocacia que Salles mantém com a mãe, consideradas suspeitas pela PF, já foram objeto de investigação anterior, com esclarecimentos ao Ministério Público, segundo a defesa do ministro.
Luís Costa Pinto revela que o empresário Carlos Wizard tentou estabelecer uma “ponte” para conseguir ser desconvocado de depor na CPI.
No programa “Sua Excelência, O Fato” desta segunda-feira (14) o jornalista Luís Costa Pinto revela que o empresário bolsonarista Carlos Wizard, convocado para depor na quinta-feira (17/06) à CPI do Genocídio, tentou insistentemente estabelecer alguma “ponte” que conseguisse fazer os senadores da comissão desistirem de convocá-lo. Ao menos uma pessoa que trabalha na área do lobby empresarial em Brasília, e que é fonte de Costa Pinto, foi contactada por Wizard para esse fim. Consultor de relações institucionais, o profissional declinou de qualquer possibilidade de cumprir a “missão” e aconselhou o formulador do gabinete paralelo da cloroquina a se preparar para o embate.
O jornalista Eumano Silva, que também integra a bancada do Sua Excelência, O Fato, lembrou no programa que a CPI do Genocídio já foi muito além do tripé de investigações inicialmente proposto – falta de vacinas, negacionismo científico a administração de medicamentos sem eficácia e ausência de plano nacional de contenção à disseminação do vírus. “Agora, a CPI precisa sentar para analisar os documentos que a CPI a tem a fim de preparar as denúncias”, diz Eumano. “Acho que ela está falha e lenta nesse aspecto”.
Costa Pinto e Eumano foram muito duros, ainda ao advertir para as manobras do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que manobra o Parlamento claramente no sentido de aprovar uma lei que obrigue a instituição voto impresso em 2022, como quer Jair Bolsonaro, e do modelo eleitoral de distritão. “Insistir no voto impresso é uma forma de interditar o debate e preparar as bases para um golpe”, diz Costa Pinto, que leu durante o programa trechos de artigo do sociólogo Celso Rocha de Barros publicado na Folha de S Paulo e que alerta para o que chama de “o golpe de 2022”. Eumano Silva, por sua vez, ressalta que o distritão desqualifica a representação política e destrói os partidos ao privilegiar a eleição de pastores, youtubers, palhaços e comunicadores.
Com o anúncio do início da vacinação contra a Covid-19 para jovens com menos de 30 anos e sem comorbidades ainda nesta semana, São Luís, no Maranhão, se tornou destino de jovens de outras partes do Brasil em busca da 1ª dose do imunizante.
O chamado “turismo da vacina” tem sido registrado na capital desde o último sábado 12, quando a prefeitura da cidade divulgou o calendário para a vacinação de três grupos, iniciando com jovens de 29 e 28 anos já nesta segunda-feira 14. A previsão é vacinar também quem tem entre 24 e 27 anos até quarta-feira 16.
No Maranhão, além da capital, outras três cidades também já iniciaram a vacinação dos mais jovens, são elas: São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa. Já os municípios de Alcântara e Lago da Pedra foram além e anunciaram a vacinação para quem tem mais de 18 anos.
A movimentação dos “turistas” no Maranhão foi registrada pela reportagem do Estadão publicada na edição desta segunda.
O Maranhão já aplicou 2.244.716 de doses da vacina, de acordo com os dados do Painel da Covid-19 no estado. Entre os vacinados no estado estão os profissionais da saúde e da educação, além de engenheiros, profissionais de segurança, da comunicação social, e trabalhadores da indústria, da construção civil, rodoviários, aeroviários e ferroviários.
Em São Luís já foram aplicadas 534.961 doses da vacina, segundo a prefeitura da cidade. O secretário municipal de Saúde de São Luís, Joel Júnior, destacou que a expectativa é vacinar todos os maiores de 18 anos até o dia 10 de agosto com a 1ª dose do imunizante.
Em entrevista à TV 247 na noite deste domingo (13), a epidemiologista Ethel Maciel, da Universidade Federal do Espírito Santo, revelou que o governo Bolsonaro tentou impor ao comitê de cientistas que assessorava o Ministério da Saúde em relação à pandemia da Covid-19, em 2020, um Plano Nacional de Imunização apenas com a vacina da AstraZeneca, sem cobertura universal.
Maciel participou do comitê como indicada da Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva). Ela relatou que o comitê, que deveria ter sido instalado logo nos primeiros sinais da pandemia, em fevereiro-março de 2020, “demorou muito” e começou seus trabalhos apenas em fins de setembro. “Muitos técnicos experientes não estavam mais no PNI, o que atrasou demais os trabalhos”, relatou.
As reuniões foram marcadas por grande tensão no grupo responsável por definir os grupos prioritários à vacinação, segundo a infectologista, “porque até dezembro o governo não tinha plano algum e só tinha o acordo com a AstraZeneca-Oxford; nem o acordo com o Butantan estava feito”. Isso era, segundo Maciel, motivo de enorme constrangimento nas reuniões, porque os técnicos do Butantan participavam das reuniões e “começou uma série de desentendimentos entre os consultores e os técnicos do governo”.
Em 1 de dezembro, na primeira reunião com a participação do general Eduardo Pazuello, então ministro da Saúde, os cientistas foram informados que não havia seringas para vacinação: “esse era o tamanho do buraco, e foi um choque; corríamos o risco de ter vacinas e não ter seringas”.
O impasse naquele momento tornou-se uma queda de braço: o governo queria um Plano Nacional de Imunização restrito à AstraZeneca, insuficiente para vacinar a população e os cientistas argumentando que eles deveriam dizer como o plano deveria ser feito para ser universalizante e caberia ao governo buscar as vacinas.
“A seguir, começou outro impasse, sobre os grupos prioritários para vacinação”, contou a infectologista. Ela disse que o governo, por motivos ideológicos, tirou a população carcerária dos grupos prioritários, contrariando todo o conhecimento científico acumulado em epidemias. “Não tem como vacinar as forças de segurança e não vacinar as pessoas privadas de liberdade” afirmou a cientista – mas assim foi feito.
O auge do confronto entre os cientistas e o governo aconteceu em 11 de dezembro, quando o governo Bolsonaro enviou ao STF, por exigência da Corte, o Plano Nacional de Imunização e informou que os cientistas do comitê de assessoramento haviam aprovado o plano de imunização: “Foi um choque, ficamos sabendo do plano pela imprensa de um plano com nossos nomes como elaboradores e que nunca tínhamos visto e sobre o qual tínhamos discordâncias importantes”. Os 36 cientistas soltaram imediatamente uma nota denunciando a farsa. Segundo Maciel, “trabalho com pesquisa desde 1994 e nunca vivenciei uma situação de desrespeito como essa”.A epidemiologista Ethel Maciel é pós-doutora em Epidemiologia (Johns Hopkins University) e professora titular da Ufes. Em março de 2020, foi eleita reitora da Ufes, com o voto da comunidade e do Conselho Universitário, mas não foi nomeada por Bolsonaro.
Participaram do Boa Noite deste domingo, além de Ethel Maciel, o virologista Eurico Arruda, coordenador do Laboratório de Patogênese Viral da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto (FMRP-USP), e a matemática Elenira Vilela, professora do Instituto Federal de Santa Catarina.
Documentos entregues à CPI da Covid e obtidos pela TV Globo mostram que, em agosto de 2020, a Pfizer se comprometeu a reembolsar o Brasil por qualquer pagamento antecipado caso não conseguisse cumprir com o contrato de fornecimento de 30 milhões de doses de vacinas contra a covid-19.
A informação, divulgada no “Fantástico”, consta em uma correspondência enviada pela embaixada do Brasil nos Estados Unidos — onde está localizada a sede da farmacêutica — ao Ministério das Relações Exteriores, à época comandado por Ernesto Araújo.
Nela, segundo a reportagem, os diplomatas brasileiros confirmam que a Pfizer “se comprometeria a devolver ao governo brasileiro todo e qualquer pagamento antecipado, na hipótese em que a empresa não consiga honrar a obrigação de entregar a quantidade acordada da vacina”.
A correspondência foi enviada em agosto de 2020. O Brasil só fecharia acordo com a farmacêutica sete meses depois, em março deste ano.
Na última sexta-feira (11), o “Jornal Nacional” já havia revelado que apenas em 24 de fevereiro o governo federal decidiu pedir informações às embaixadas do Brasil no exterior sobre os contratos com a Pfizer e com a Janssen, braço farmacêutico da Johnson & Johnson que também produz uma vacina contra a covid-19.
Segundo os registros, o pedido do Itamaraty tinha como objetivo avaliar se as cláusulas impostas pelas farmacêuticas — já definidas por membros do governo como “leoninas” — eram bem aceitas no exterior. Dezoito embaixadas responderam, informando que a maioria dos países aceitou as exigências.
As imposições contratuais das farmacêuticas têm sido usadas pelo governo para justificar a demora em fechar a compra dos imunizantes. Em maio, à CPI da Covid, o CEO da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, disse que a empresa fez três ofertas ao Brasil ainda em agosto do ano passado — todas ignoradas pelo governo federal.
Se um dos acordos tivesse sido fechado, segundo estimativa de Murillo, o Brasil teria recebido cerca de 18,5 milhões de doses até o segundo trimestre de 2021.
Governo disse “não” ao Covax
O governo brasileiro recebeu uma proposta por parte da aliança mundial de vacinas, a GAVI, que administra o consórcio Covax Facility, para aderir ao plano de imunização global com acesso a 86 milhões de doses. Mas, depois de longas negociações, o Brasil optou por comprar apenas 43 milhões, suficiente para imunizar só 10% da população — o mínimo que o país poderia estabelecer na parceria com a entidade.
As informações sobre a oferta, reveladas com exclusividade por Jamil Chade, colunista do UOL, fazem parte de um telegrama sigiloso entre o Itamaraty, em Brasília, e a missão do Brasil em Genebra, naquele momento liderado pela embaixadora Maria Nazareth Farani Azevedo.
Os documentos integram centenas de telegramas que a CPI da Covid recebeu ao solicitar dados e troca de mensagens do Itamaraty com seus postos no exterior. Dezenas deles, porém, estão sob sigilo.
Procurados, nem o Itamaraty e nem o Ministério da Saúde explicaram o motivo pelo qual não seguiram a proposta sugerida pelo consórcio.
Estadão – A China está enfrentando uma nova onda de infecções pelo coronavírus e, à medida que a variante Delta se espalha no sudeste do país, os médicos dizem que estão descobrindo que os sintomas são diferentes e mais perigosos do que aqueles que viram quando a versão inicial do vírus começou a se espalhar no final de 2019 na cidade central de Wuhan.
Os pacientes estão ficando mais doentes e suas condições estão piorando muito mais rapidamente, disseram os médicos à televisão estatal. Nos casos sintomáticos, as concentrações de vírus detectadas em seus corpos aumentam para níveis mais altos do que os vistos anteriormente e, em seguida, diminuem lentamente, disseram os médicos.
Até 12% dos pacientes ficam gravemente ou criticamente doentes dentro de três a quatro dias do início dos sintomas, disse Guan Xiangdong, diretor de medicina intensiva da Universidade Sun Yat-sen na cidade de Guangzhou, onde o surto foi centrado. No passado, a proporção era de 2% ou 3%, embora ocasionalmente chegasse a 10%, disse ele.
Médicos no Reino Unido e no Brasil relataram tendências semelhantes com as variantes que circularam nesses países, mas a gravidade dessas variantes ainda não foi confirmada.
Identificada pela primeira vez na Índia, a Delta se tornou a variante dominante no Reino Unido, onde os médicos sugerem que é mais contagioso e pode infectar algumas pessoas que receberam apenas uma das duas doses de uma vacina contra a covid-19.
A propagação da Delta no sudeste da China concentra a atenção na eficácia das vacinas chinesas. As autoridades não indicaram quantas das infecções com a variante ocorreram em pessoas que já foram vacinadas. Em alguns outros países onde as vacinas chinesas são amplamente utilizadas, incluindo Seychelles e Mongólia, as infecções entre as pessoas vacinadas estão aumentando, embora poucos pacientes tenham desenvolvido doenças graves.
A cidade de Shenzhen teve um punhado de casos na semana passada da variante Alpha, que surgiu pela primeira vez no Reino Unido.
Guangzhou isolou e colocou em quarentena dezenas de milhares de moradores que estiveram em qualquer lugar perto dos infectados. Os testes e a quarentena parecem ter reduzido, mas não impedido o surto. A Comissão Nacional de Saúde informou que nove novos casos foram encontrados em Guangzhou na quinta-feira. / NYT
Bolsonaro quer dizer para a sociedade que é tão ou mais forte que o Estado brasileiro. Só que, no mundo real, a sua situação é bem outra.
Pode ser até que tenha seus cupinchas no exército através de uma ponte feita por generais da reserva que atuam em seu governo, mas sua relação com o alto comando da Forças Armadas ficou mutilada depois da troca dos comandantes.
O próprio tratamento de Sergio Etchegoyen com Bolsonaro no caso de Pazuello mostra que está longe de ter essa força toda no meio militar que ele frequentemente quer demonstrar, porque Etchegoyen é alguém que tem um peso relevante dentro das quatro linhas do mundo militar.
Mas nada disse é preciso para afirmar que Bolsonaro arrota uma garantia dos militares para promover um autogolpe. Se assim fosse, não estaria nas mãos de Arthur Lira e entregando até as cuecas para o centrão, assim como não teria tomado uma sova no Senado quando tentou impedir a abertura da CPI, como também não conseguiu impor maioria na Comissão. Isso, sem falar de sua maior derrota, que foi tentar tirar Renan Calheiros da relatoria e não conseguiu sequer fazer um arranhão no relator.
O problema de Bolsonaro é outro, e ele não consegue esconder porque, junto com seus filhos, está condenado a responder na justiça se Lula lhe impuser uma derrota.
Ou seja, o futuro de todo o clã depende dos resultados das urnas, porque Bolsonaro sabe perfeitamente bem o que ele e seu clã fizeram nos carnavais passados, além do que certamente será descoberto quando o rei posto virar o rei morto sem o poder de controle das instituições necessário para respaldar sua blindagem e, com isso, não ser convocado pela justiça por diversas questões para dar explicações que desembocaram na sua causa negacionista que já custou meio milhão de vidas brasileiras.
Nada adianta Bolsonaro folclorizar sua decadência política com motociatas de pessoas ligadas a ele dentro da própria polícia.
A hostilidade que ele teve que enfrentar dentro de um avião na capital do Espírito Santo e o aumento de tom da sociedade contra seu governo, deixam isso bem claro, sobretudo a forma com que está conduzindo o combate à pandemia, aliando-se ao vírus e sabotando as vacinas, bem como o uso de máscaras, enquanto ainda pretende tratar dessa tragédia com cloroquina.
Bolsonaro, neste momento, só vê a possibilidade de produzir confusão para estabelecer a ideia de que tem como impedir a ampliação do repúdio da sociedade com os seus desmandos e a própria inércia para governar o país, já que a economia real devolveu 20 milhões de brasileiros para a miséria.
Quem seria o grande inimigo comunista que poderia colocar em risco a soberania nacional para Bolsonaro dar um golpe militar? a China? A economia brasileira é totalmente dependente da China, uma fissura que seja que interrompa as exportações para o maior parceiro comercial põe completamente todo o agronegócio contra Bolsonaro, assim como empresários como os barões do aço que exportam e lucram horrores com a China comunista.
Soma-se a isso um dos fatores mais estrambóticos de uma lambança diplomática como essa, o varejo brasileiro depende quase na totalidade das bugigangas chinesas que dão muito lucro aos varejistas. Pior, o Brasil não tem padrão para consumir quaisquer produtos americanos e europeus. Sem os produtos da China, a quebradeira no varejo brasileiro seria fatal.
Há mais uma lista enorme de motivos para afirmar que Bolsonaro blefa mais uma vez quando arrota golpe que derrubaria o país inteiro para salvar sua família. Mas basta raciocinar um pouquinho para concluir que tudo isso não passa de mais uma fraude, como foi a que lhe deu vitória com a prisão de Lula em troca de um ministério para Moro e que já foi devidamente desmascarada pelo STF quando votou pela suspeição de Moro em relação à condenação de Lula.
Janio de Freitas, Folha – Os golpistas têm uma dúvida Silêncio da Marinha e da Aeronáutica sugere não endosso a Bolsonaro.
Desde o golpe assestado em 2018 pelo general Eduardo Villas Bôas contra o processo de eleição livre e democrática, com pronta capitulação da maioria do Supremo Tribunal Federal, são diferentes as posições formais da Marinha e da Aeronáutica, idênticas, e a do Exército, ante os acontecimentos políticos, o governo e a própria Constituição. Esse tem sido e será ainda mais, se mantido, um fator decisivo para a sobrevivência atual e futura da custosa democracia à brasileira.
Faltam indícios da existência, ou não, de custo interno para a Aeronáutica e a Marinha. Se algum há, está bem contido e vale a pena. Para todos os efeitos constitucionais, políticos e de ordem, a estrita dedicação nas duas Forças ao profissionalismo militar tem sido um empecilho ao fechamento do circuito golpista.
Pela dimensão, pelo espalhamento por grande parte do território, o Exército é desde sempre a força militar preponderante. Mas, para as intervenções na vida política e nos regimes, a unidade das Forças Armadas foi o redutor de riscos excessivos aos resultados pretendidos. Na golpeada segunda metade do século passado, por uma única vez o Exército ousou agir sozinho contra o poder constituído.
Em 1955, os generais Lott e Denys derrubaram o presidente e seu sucessor que participavam do golpe iminente para impedir a posse de Juscelino. Os dois chefes do Exército fizeram de surpresa contra os comandos da Marinha e da Aeronáutica, agentes do golpismo, o que foi chamado, e era, de golpe da legalidade. O comando da Marinha reagiu, pôs em mar o seu cruzador, povoado de políticos decaídos, mas as contingências não lhe ofereceram mais do que uma rota tranquila até Santos. E, aos intranquilos civis, a refeição sempre sublime da oficialidade de Marinha.
Por menos que sejam conhecidas as ideias vigentes na Aeronáutica e na Marinha, e por mais que as práticas da política as desagradassem, o silêncio e a distância que mantêm são sugestões de não endosso a Bolsonaro.
Convém lembrar que, bem antes disso, já uma atitude incomum sinalizava a mesma rejeição: o general Villas Bôas, como disse há tempos, falou ao Alto-Comando sobre a nota (golpista) que dirigiria ao Supremo, mas não consultou os outros dois comandantes de Forças. Nem ao menos os avisou. Só poderia ser assim por previsão de discordância impeditiva. O ambiente já estava sombrio, pois.
Não há disputa, mas pode haver, se Bolsonaro e o bolsonarismo acreditarem demais em suas possibilidades de marcha ilegal. O risco de que tudo degenere é o que Bolsonaro e seu pessoal parecem supor. Risco de disputa e o seu risco.
A eleição de Biden cassou o apoio americano, em geral determinante no Brasil, com que Bolsonaro podia contar ao tempo de Trump. Ao atraso tecnológico das Forças Armadas, prejudicial e inquietante muito mais para a Marinha e a Aeronáutica que ao Exército, não convém a reação certa do mundo desenvolvido a promotores de destruição da Amazônia e de agravamento dos dramas climáticos. Ao empresariado já bastam os primeiros sinais de hostilidade no mercado externo.
Ainda assim, Bolsonaro quer tentar. É bastante tapado e envolvido por tapados para ir, irem, adiante. Além disso, outro componente de sua propensão é mais um risco: o seguimento lógico e reto da vida nacional conduz, conduzirá, conduziria os Bolsonaro e muitos coautores dos crimes bolsonaristas a julgamentos e justas condenações à prisão.
A miséria de caráter que povoa as instituições brasileiras não condiz com um final de justiça, mas Bolsonaro aprecia tratamentos preventivos tresloucados. No caso, a conquista de poder bastante para evitar o final lógico e reto em qualquer assunto, e muito mais nos seus.
Com o silêncio e a distância, Marinha e Aeronáutica estão como configurações militares do regime constitucional democrático. Nunca estiveram com a história tão depositada em seus navios, seus aviões e, comprovem-na, sua dignidade.