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O que a sociedade não sabe sobre Campos Neto, presidente do Banco Central

No cargo de presidente do BC, Campos Neto também tem acesso a dados estratégicos, como câmbio e taxas de juros, capazes de afetar seus investimentos lá fora. Em julho do ano passado, por exemplo, ele assinou uma portaria mudando as regras para a declaração de ativos no exterior. Até então, todo brasileiro que tivesse mais de 100 mil dólares lá fora tinha que informar o BC todos os anos. Com a portaria, esse valor subiu para 1 milhão de dólares – uma mudança que, dizem os especialistas, reduziu a transparência dos investimentos de brasileiros no exterior. Não se sabe o volume de recursos que Campos Neto mantinha em sua offshore quando a fechou. Nos Pandora Papers, não aparece essa informação. Consultado pela piauí, ele não quis informar o valor.

O presidente do BC criou sua offshore quando trabalhava no banco Santander e, para tanto, usou os serviços do escritório Mossack Fonseca, o pivô do escândalo mundial dos Panama Papers. Em sua composição original, a Cor Assets tinha dois diretores (Campos Neto e sua mulher, a advogada Adriana Buccolo de Oliveira), um capital subscrito de 10 mil dólares e uma conta corrente no banco Safra em Luxemburgo, um paraíso fiscal na Europa. Num documento do Mossack Fonseca, o casal explicou que o objetivo da Cor Assets era receber “investimentos em ativos financeiros do Santander private bank”. Assim que o escritório no Panamá enviou a Luxemburgo os documentos para abrir a conta no Safra, o funcionário luxemburguês Jost Dex informou a um colega de trabalho: “Nós destruiremos os documentos e você pode encerrar esse caso.” O sigilo sobre os negócios de seus clientes era a regra número um do Mossack Fonseca e, mesmo assim, tornou-se o epicentro do megavazamento de dados em 2016.

Em julho de 2004, dois meses depois de fundar a Cor Assets, Campos Neto transferiu mais 1,08 milhão de dólares para a conta estrangeira e aumentou significativamente o capital da empresa. Ele disse ao Mossack Fonseca que havia declarado o dinheiro transferido à Receita brasileira. Paralelamente, entre janeiro de 2007 e novembro de 2016, o executivo manteve outra offshore, a ROCN Limited, agora nas Ilhas Virgens Britânicas. A empresa foi criada pelo escritório Trident Trust, o mesmo responsável por abrir a firma de Paulo Guedes.

A piauí procurou o ministro Paulo Guedes duas vezes para pedir esclarecimentos sobre a Dreadnoughts International. Em dezoito perguntas, a reportagem inquiriu, entre outros pontos, se o ministro declarou a offshore em seu imposto de renda, se poderia comprovar essa informação documentalmente, qual a origem do capital aportado as Ilhas Virgens Britânicas, se a offshore possui bens no Brasil, qual o capital atual da empresa e, por fim, se Guedes é a favor da taxação do capital mantido por brasileiros no exterior.

A assessoria do ministro ignorou as perguntas e se manifestou de modo genérico, por meio de uma nota: “Toda a atuação privada do ministro Paulo Guedes, anterior à investidura no [atual] cargo, foi devidamente declarada à Receita Federal e aos demais órgãos competentes, o que inclui a sua participação societária na empresa mencionada. Sua atuação sempre respeitou a legislação aplicável e se pautou pela ética e pela responsabilidade. Desde que assumiu o cargo de ministro da Economia, Paulo Guedes se desvinculou de toda sua atuação no mercado privado, nos termos exigidos pela Comissão de Ética Pública, respeitando integralmente a legislação aplicada aos servidores públicos e ocupantes de cargos em comissão. Cumpre destacar que o próprio Supremo Tribunal Federal já atestou a idoneidade e a capacidade de Paulo Guedes, no julgamento de ação proposta pelo PDT contra o ministro da Economia.” A reportagem insistiu para que o ministro respondesse as perguntas específicas, mas Guedes preferiu não dar mais detalhes. A reportagem queria esclarecer, em especial, a passagem da nota em que Guedes diz ter se desvinculado “de toda sua atuação no mercado privado” – o que não aconteceu em relação à offshore, de acordo com os documentos do Pandora Papers.

A revista mandou as mesmas perguntas para o presidente do Banco Central. Em nota, Campos Neto respondeu o seguinte: “As empresas estão declaradas à Receita Federal e foram constituídas há mais de 14 anos com rendimentos obtidos ao longo de 22 anos de trabalho no mercado financeiro, decorrentes, inclusive, de atuação em funções executivas no exterior. Não houve nenhuma remessa de recursos às empresas após minha nomeação para função pública. Desde então, por questões de compliance, não faço investimentos com recursos das empresas. Questões tributárias não são atribuição da minha função pública.”

A reportagem também perguntou a Campos Neto se ele havia informado a Comissão de Ética Pública sobre a existência de sua offshore no Panamá. A resposta foi a seguinte: “A integralidade desse patrimônio, no país e no exterior, está declarada à CEP, à Receita Federal e ao Banco Central, com recolhimento de toda a tributação devida e observância de todas as regras legais e comandos éticos aplicáveis aos agentes públicos.” Nas atas de reuniões da Comissão de Ética Pública, no entanto, não consta nenhum julgamento de processo do presidente do BC. Assim como no caso de Guedes, a comissão recusou-se a dar informações sobre o caso.

Embora ter uma offshore devidamente declarada à Receita não seja ilegal, criá-la nem sempre atende a propósitos republicanos, sobretudo quando a empresa se localiza em paraísos fiscais, onde a tributação é baixa ou até mesmo nula. Além do mais, esses paraísos raramente participam de tratados internacionais e são usados para viabilizar a lavagem de dinheiro oriundo de organizações criminosas e corrupção.

Guedes e Campos Neto não informaram as razões que motivaram seus investimentos. Mas, segundo especialistas consultados pela piauí, quem se utiliza legalmente de offshores em paraísos fiscais costuma ter dois objetivos: blindar seu patrimônio de instabilidades políticas e econômicas e escapar de tributações mais elevadas em seu país de origem, manobra conhecida como elisão fiscal. Tudo é feito sob o máximo sigilo. Primeiro, cria-se a empresa atrelada a uma conta no exterior, normalmente aberta em bancos de países com economia sólida, como a Suíça e os Estados Unidos. A partir dessa conta, investe-se em companhias e fundos estrangeiros de maneira direta, sem que os rendimentos sobre o capital investido sejam tributados imediatamente no Brasil.Em termos práticos, um investidor que aporta 1 milhão de reais num fundo de ações no Brasil e obtém ganhos de 100 mil reais ao longo de um ano deve declarar para o Fisco não apenas o seu patrimônio como a sua rentabilidade e ser tributado por isso anualmente. Já um investidor que possui uma empresa nas Ilhas Virgens Britânicas pode fazer o mesmo investimento em fundos de ações no exterior e não pagar nenhum imposto por lá, uma vez que a maioria dos paraísos fiscais não tributa o capital na fonte. A mordida do Leão ocorrerá, portanto, somente quando – e se – o dinheiro chegar ao país onde o dono reside. A remessa legal de dinheiro para o exterior sofre tributação mínima. Paga-se 0,38% de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) mais a tarifa bancária, que pode ser nula, dependendo do cliente.

O fosso entre o dinheiro declarado dos brasileiros no exterior e aquele que realmente é remetido para fora pode ser constatado em números divulgados pela Receita e pelo Banco Central. O BC deve ser informado sobre todo estoque financeiro mantido por brasileiros no exterior, embora não esteja autorizado a compartilhar essas informações com o Fisco – se o fizesse, estaria analisando dados, incumbência que não é sua. No ano passado, nas contas do BC, os brasileiros mantinham no exterior um total de 204,2 bilhões de dólares, o equivalente a 1,12 trilhão de reais. Nas Ilhas Virgens Britânicas estavam 14,7% do capital brasileiro. O local se consolidou como o terceiro principal destino do dinheiro tirado do Brasil, atrás dos Países Baixos e das Ilhas Cayman. Já a Receita Federal, que cobra tributos sobre o patrimônio, estima que os brasileiros tenham apenas 50,4 bilhões de reais  no exterior. Como não dispõe de informações constantes sobre a quantia que circula nessas contas estrangeiras, a Receita considera apenas o saldo declarado na data de entrega do Imposto de Renda.

A diferença brutal entre os números – 1 trilhão de reais para o BC, 50 bilhões para a Receita – é, por si só, uma expressão cabal da falta de transparência nessas operações no exterior. É uma das razões pelas quais a Tax Justice, uma ONG que trabalha em defesa da justiça tributária, prega o fim dos benefícios oferecidos nos paraísos fiscais. Fala-se em justiça porque os detentores de offshores– como Guedes e Campos Neto – têm um privilégio tributário ao qual a imensa maioria dos cidadãos de seus países não têm acesso, o que lhes confere vantagens desiguais. Em um ranking das nações que mais colaboram para o que a Tax Justice chama de “exploração tributária”, estão justamente as Ilhas Virgens Britânicas.

*Agência  Pública

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Balança comercial soma US$ 45 bi, impulsiona a economia e caminha para superávit recorde

No primeiro semestre, saldo salta 31,5%. Com vendas turbinadas por grãos e petróleo, país deve fechar o ano exportando mais do que compra do exterior, segundo O Globo.

As contas externas, fonte frequente de problemas para países emergentes, mudaram de lado no Brasil e, nos últimos tempos, vêm impulsionando a economia do país. Com a pujança do agronegócio e a produção de petróleo nas reservas do pré-sal, a balança comercial brasileira teve saldo de US$ 45 bilhões na primeira metade deste ano, um salto de 31,5% ante igual período de 2022.

O Boletim Focus, do Banco Central (BC), que capta as projeções de analistas do mercado financeiro, começou este mês projetando US$ 64 bilhões em 2023. Anteontem, a previsão subiu para US$ 65 bilhões. Se isso se confirmar, será o terceiro ano seguido de superávit recorde, com o país exportando mais que compra do exterior.

Nos últimos anos, a melhora nos números do comércio exterior foi puxada pelo aumento do volume exportado e não dos preços. As cotações dos produtos mais vendidos pelo país, como soja e milho, vinham em queda este ano, mas a produção está em alta.

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Miriam Leitão: Confiança de donos de pequenos negócios em junho é a maior do governo Lula

Pesquisa feita pelo Sebrae e FGV mostra que índice teve maior incremento do ano.

Os bons ventos da economia animaram os pequenos empresários em junho, mostra a pesquisa do Sebrae em parceria com a FGV, antecipada pelo blog. Em junho, a confiança dos pequenos negócios apresentou o maior incremento do ano: o Índice de Confiança das Micros e Pequenas Empresas (IC-MPE) avançou 5,8 pontos se comparado a maio e atingiu o patamar de 93,7 pontos, o maior do governo Lula.

Para o presidente do Sebrae, Décio Lima, os donos de pequenos negócios estão percebendo a melhora na economia, o que reduz o pessimismo futuro. Ao comentar o índice, ele aproveita para criticar os altos juros mantidos pelo Banco Central.

– Para que o horizonte favorável seja mantido, é preciso que o Banco Central faça a sua parte. Os donos dos pequenos negócios acreditam que o Banco Central terá sensibilidade e reduzirá a taxa de juros, que está sendo mantida em um patamar injustificável. Caso os juros não caiam, a confiança pode apresentar queda novamente. Alguns dos reflexos de como a taxa básica de juros afeta diretamente as micro e pequenas empresas são aumento na dificuldades no acesso a crédito, menos consumo e dinheiro circulando na economia e redução de empregos.

O IC-MPE é a composição dos três índices de confiança dos principais setores da economia: Comércio, Serviços e Indústria de Transformação. Nesse mês de junho, todos apresentaram incremento. O setor que mais contabilizou aumento na confiança foi a Indústria, que saiu de uma sequência de três quedas consecutivas para um incremento de 11,9 pontos. Seguido pelo Comércio, com 9,6 pontos, e Serviços, com 2,5.

*O Globo

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Petrobras leva calote da Forbes & Manhatam, comprador da Six, diz FUP

A Petrobras levou um calote da empresa canadense Forbes & Manhattan, compradora da refinaria do Paraná, SIX. Segundo a Federação Única dos Petroleiros (FUP), a Forbes & Manhattan deixou de efetuar o pagamento de cerca de R$ 140 milhões à estatal, resultando na suspensão das atividades do contrato de Suporte Temporário Administrativo e de Apoio Técnico à Operação da Refinaria (TSA).

“É mais um escândalo que ocorre na SIX, onde a Petrobrás estava prestando serviços para a Forbes & Manhatam em um TSA (Suporte Temporário Administrativo e de Apoio Técnico à Operação da Refinaria) que não estava sendo pago, o que demonstra a incapacidade financeira e operacional desse grupo que comprou a refinaria do Paraná na bacia das almas, com a ajuda de ex-gerentes da Petrobrás”, destaca o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar.

De acordo com Bacelar, o calote dado pela empresa canadense é estimado em cerca de R$ 140 milhões, e levou a Petrobras a suspender as atividades do contrato de TSA entre a Paraná Xisto S.A (a Unidade de Industrialização do Xisto – SIX) e a estatal.

A suspensão do contrato por falta de pagamento e descumprimento de regras foi comunicada pela Petrobrás por meio de nota aos petroleiros.

A SIX, situada em São Mateus do Sul, no Paraná, foi privatizada em novembro de 2022, ao apagar das luzes do governo Bolsonaro, comprada pelo grupo canadense Forbes & Manhattan (F&M). Pelo contrato, a Petrobrás seguiria administrando a unidade até que a nova empresa constituída (Paraná Xisto) pudesse operar sozinha. Enquanto isso, a Petrobras seria remunerada pelo trabalho.

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Fator Lula: Alimentos têm a menor pressão na inflação em 45 meses

Taxa teve queda de 0,80% em junho, acumulando 4% de alta em 12 meses.

Os alimentos mantêm tendência de queda e registraram, em junho, a maior redução de preço em 45 meses em São Paulo. No mês passado, tiveram deflação de 0,80%, o que inibiu uma evolução da taxa média de inflação.

Segundo a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), a inflação média de junho ficou praticamente estável na cidade de São Paulo, com recuo de 0,03%, segundo a Folha.

A queda nos preços dos alimentos nos supermercados reflete o que ocorre no campo. Com maior oferta de produtos e, até então, sem a ocorrência de efeitos climáticos severos, como em 2021 e em 2022, os preços de boa parte dos produtos estão em queda.

Além de uma melhora na oferta interna, os preços praticados dentro da porteira refletem a desaceleração mundial das commodities. A produção internacional de grãos melhorou, e os estoques estão sendo repostos, o que tem provocado uma queda nos preços internacionais.

A retração interna dos preços se espalha por quase todos os segmentos da alimentação. Das 20 maiores pressões de queda na taxa de inflação, 16 são da agropecuária.

O comportamento dos preços dos alimentos neste período do ano difere do que ocorre nos anteriores, quando a tendência era de alta. Em junho do ano passado, a inflação dos alimentos teve aceleração de 0,93%

Os alimentos, um dos principais fatores de pressão nos últimos quatro anos, quando acumularam alta de 30% em São Paulo, registram evolução de apenas 1,35% no primeiro semestre deste ano. A inflação geral é de 2,1%, segundo a pesquisa da Fipe.

A carne, grande fator de pressão nos anos anteriores, devido às exportações e preços internacionais aquecidos, mudou de tendência. No primeiro semestre deste ano, a bovina teve retração de 6,6%; a de frango, de 14,3%, e a suína, de 4,6%.

No caso da carne bovina, todos os 14 cortes relacionados na lista de pesquisa da Fipe mostraram queda de preços em junho, comportamento que é repetido no acumulado do ano.

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Bresser, a luta incessante do guerreiro

Luis Nassif*

Luiz Carlos Bresser Pereira está com 89 anos, e com a mesma vontade adolescente de mudar o país. No almoço que tivemos, ousei mais uma vez tentar levantar parte de sua história. Em vão. Seu único tema é o futuro, a esperança persistente em um país que não se realizou. Recusa-se terminantemente a aceitar o fracasso de sua geração e de todas as gerações posteriores. O Brasil ainda há de dar certo.

Recentemente, foi convidado por uma editora inglesa para publicar mais um livro sobre um tema que o assombra há décadas: a semiestagnação brasileira.

Situa o fenômeno em dois momentos históricos.

Queda da poupança pública, que acontece desde os anos 80. Na época, com o país quebrado pela alta do petróleo e dos juros, o então Ministro da Fazenda Delfim Neto utilizou as estatais para fechar as contas externas. Resultou em um enorme endividamento que inviabilizou parte relevante delas.
A partir dos anos 90, a liberalização comercial e financeira, que colocou o pais na armadilha da chamada doença holandesa, quando um pais exporta tanta commodities que o câmbio se aprecia matando a competitividade dos produtos manufaturados.
Recorda-se de um livro de 1977 que já alertava para a armadilha dos juros altos e do câmbio apreciado.

Aliás, é incompreensível que parte do economistas desenvolvimentistas passaram a minimizar a influência do câmbio na economia. Câmbio é preço na veia; e preço é a variável essencial para garantir a sobrevivência de indústrias em economias periféricas.

Até 1980, o Brasil utilizava tarifas de importação elevadas, de 45% na média. Em 1967 Delfim encontrou uma gambiarra para estimular as exportações: a criação do crédito-prêmio, com um subsídio implícito de 45%. Foi o que permitiu que os manufaturados brasileiros saíssem mundo a fora, conquistando mercados.

Quando veio a abertura econômica, nos anos 90, a tarifa média de importações caiu de 45% para 12%, os subsídios zeraram e a indústria deixou de competir internacionalmente.

O país entrou em uma armadilha complexa, com a estratégia de contemporizar com o mercado, embora a correlação de forças políticas talvez não permitisse ousadias.

Com o arcabouço fiscal, matou-se a possibilidade de trazer o investimento público para o nível de 5% do PIB; com o câmbio apreciado, o investimento privado também não vem.

E faz uma relaçào interessante com as oportunidades abertas pelas crises econômicas. Em 2002, com a crise cambial – fruto dos erros de Armínio Fraga à frente do Banco Central – houve enorme desvalorização cambial, que poderia ter sido aproveitada por Lula para o grande salto de industrialização. Mas, assumindo, o governo passou a apostar em um câmbio progressivamente apreciado, para obter frutos políticos do lado do controle da inflação.

Em 2008, o grande salto brasileiro foi devido à crise internacional, que promoveu uma maxidesvalorização do real. Não fosse a crise, provavelmente o país teria quebrado antes do final do ano, devido aos efeitos da apreciação do real sobre as contas externas.

De 2014 para cá o país entrou em uma crise continuada, da qual só está saindo agora, coma arrumação realizada por Haddad. Só que, com economia arrumada, aumenta a confiança do investidor financeiro, os dólares voltam a entrar e o câmbio se aprecia novamente.

Bresser tem uma explicação para o apoio dos economistas de mercado ao câmbio apreciado. Seu referencial de remuneração é o dólar. Quando o câmbio se aprecia, aumenta sua remuneração – quando convertida em dólares -, e vice-versa. E o câmbio apreciado depende de taxas de juros reais elevadas. Assim, o modelo permite ganhos nas duas pontas: na remuneração do seu capital, em reais; e na conversão deles, em dólares.

A proposta de Bresser é de uma reforma tarifária com duas tarifas. Uma normal e uma tarifa especial única para produtos produtivamente sofisticados.

A tarifa normal seria a Tarifa de Neutralização da Doença Holandesa.Haveria um acompanhamento dos preços internacionais de commodities exportadas pelo país. Quando as cotações estão baixas, seria tarifa zero. Com alta das commodities, subiria até certo ponto.

E, aí, Bresser repetiria a lição de Franco Montoro: se tiver uma proposta simples, mas com resultados, repita, repita, até que entre na mentalidade econômica nacional, seguidora de fórmulas sofisticadas ilógicas,

*GGN

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Governo Lula: taxa de desemprego cai para 8,3% segundo o IBGE

Taxa de desemprego no país caiu para 8,3% no trimestre encerrado em maio. A informação é do IBGE.

Esses números representam a menor taxa de desemprego desde 2015, o que é mais um sinal da recuperação da economia em processo de rápida mudança de patamar.

Ou seja, esse é somente um dado que soma para um conjunto de sinais de prosperidade que o governo Lula, em apenas seis meses, apresenta com muito vigor.

“Esse recuo no trimestre foi mais influenciado pela queda do número de pessoas procurando trabalho do que por aumento expressivo de trabalhadores. Foi a menor pressão no mercado de trabalho que provocou a redução na taxa de desocupação”, explica Adriana Beringuy, coordenadora de Pnad.

Isso mostra que o país chegará em tempo recorde ao pleno emprego, quanto a isso não resta dúvida.

Essa, certamente, é uma das principais metas do presidente Lula.

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Fator Lula: IPCA-15 atinge 0,04%; variação anual cai pelo 12º mês consecutivo

Variação em 12 meses perdeu força pelo 12ª mês consecutivo, chegando a 3,40%; transportes e alimentação puxam queda.

A prévia da inflação oficial perdeu força e chegou a 0,04%, ficando 0,47 ponto percentual abaixo dos 0,51% contabilizados em maio, segundo dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em junho de 2022, a taxa foi de 0,69%.

O IPCA-E, acumulado trimestral do IPCA-15, ficou em 1,12%, menor que a taxa de 3,04% registrada no mesmo período do ano passado.

Nos últimos 12 meses, a variação do IPCA-15 foi de 3,40%, abaixo dos 4,07% observados nos 12 meses imediatamente anteriores – contabilizando assim sua 12ª queda consecutiva.

Seis dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados avançaram no período, sendo que a maior variação (0,96%) e o maior impacto (0,14 ponto percentual) vieram do grupo Habitação.

Tal variação foi puxada pelo aumento da taxa de água e esgoto (3,64% e 0,06 p.p.) aplicada em capitais como Curitiba, São Paulo, Recife e Belém, e a alta da energia elétrica residencial (1,45% e 0,06 p.p.) em Belo Horizonte, Recife, Fortaleza e Salvador.

Contudo, houve queda no gás encanado (-0,33%) diante das reduções tarifárias em Curitiba e no Rio de Janeiro.

*Com GGN

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Lula ataca taxa de juros do crédito consignado: “Me deixa indignado”

Alíquota atual é de 1,97%. Crédito consignado é um empréstimo com desconto na folha de pagamento dos assalariados e aposentados.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou, nesta terça-feira (27/6), a taxa de juros do crédito consignado, atualmente em 1,97%. O crédito consignado é empréstimo com desconto na folha de pagamento dos assalariados e aposentados, diz o Metrópoles.

Em participação no programa do governo “Conversa com o Presidente”, Lula disse que a alíquota o deixa “indignado”.

“Agora, o que me deixa indignado é que o crédito consignado, que é dado para pessoa que tem emprego garantido, que é descontado no salário e, portanto, não tem como perder, é de 1,97%. Juros sobre juros, dá quase 30% ao mês. Como o cara do crédito consignado vai pagar 30% ao mês, e eu estou emprestando dinheiro para os grandes a 10% ao mês?”, questionou.

A alíquota do crédito consignado já foi motivo de desentendimento no governo. Em março deste ano, o Conselho Nacional da Previdência Social (CNPS) reduziu a taxa para aposentados, de 2,14% para 1,7%.

A medida fez com que alguns bancos do país deixassem de oferecer essa modalidade de empréstimo. Após a repercussão, o conselho, então, recuou, e subiu a alíquota para 1,97%.

Lula volta a criticar Selic em 13,75%
Durante a conversa, Lula também voltou a criticar a taxa de juros do país. Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, decidiu pela manutenção da taxa Selic em 13,75% ao ano – patamar em vigor desde agosto de 2022.

Nesta terça, o colegiado reiterou as preocupações com a resiliência da inflação no Brasil, mas abriu caminho para a possibilidade de “um processo parcimonioso de inflexão” a partir do próximo encontro do comitê, em agosto.

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Lula lança plano Safra 2023/2024 com valor recorde de até R$ 430 bilhões

A expectativa é que poderão ser anunciados até R$ 430 bilhões para os agricultores. Se confirmado, será o mais alto valor já concedido ao setor.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lança na manhã desta terça-feira, 27, o Plano Safra 2023/2024, com foco na produção sustentável de alimentos e a agropecuária com baixa emissão de carbono. A expectativa é que poderão ser anunciados até R$ 430 bilhões para os agricultores. Se confirmado, será o mais alto valor já concedido ao setor, diz a Exame.

Segundo um interlocutor do governo, os recursos que serão anunciados mostram que há um esforço grande da parte do Palácio do Planalto em se aproximar do agronegócio — boa parte apoiadora do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Os principais pontos do Plano Safra foram discutidos na segunda-feira em uma reunião entre os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, da Agricultura, Carlos Fávaro, do Meio Ambiente, Marina Silva, e do Desenvolvimento Agrário ,Paulo Teixeira, e integrantes da Frente Parlamentar de Agricultura (FPA). Um dos participantes do encontro, o deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), disse esperar um plano robusto, mas reclamou das altas taxas de juros.

“A FPA reforçou a proposta de que o volume de recursos que possibilite o agro a voltar a se financiar para custear e investir na safra, com taxas de juros compatíveis para desenvolver a atividade. Há muita preocupação com os juros elevados. Precisamos de um plano robusto”, disse o parlamentar.

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