Categorias
Mundo

Ataque de Israel no Líbano revela desespero de Netanyahu e aumenta risco ao Oriente Médio

Netanyahu estica a corda no Oriente Médio como forma de garantir o apoio parlamentar; explosões de dispositivos mergulham Líbano em pânico.

Uma sucessão de notícias ruins sobre o governo do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e sua busca por permanecer no poder põem o Oriente Médio à beira do precipício. O dia de caos no Líbano, provocado pelo ataque a pagers ao grupo xiita Hezbollah, nesta terça (17), é prenúncio de escalada para um conflito regional, em meio às intenções de Netanyahu de alterar os objetivos formais de guerra.

As últimas semanas foram o momento de maior pressão sofrido pelo premiê israelense, que só se sustenta no poder devido à proteção que partidos ortodoxos e supremacistas dão ao seu mandato, marcado por denúncias de corrupção e autoritarismo. No período, Tel Aviv testemunhou o maior protesto contra o governo desde o início do conflito ao anunciar a morte de seis reféns pelo Hamas, depois de uma incursão militar fracassada.

Israel também registrou o primeiro bombardeio bem-sucedido dos Houthis ao território do país, bem na capital financeira, Tel Aviv. Por fim, outra notícia que sacudiu Israel, aumentando a resistência da população à administração Netanyahu, foi a divulgação de uma investigação do exército em que os militares admitiam a morte de outros três reféns devido a “fogo amigo”, durante os milhares de bombardeios lançados na Faixa de Gaza.

Para se blindar dos sucessivos erros, o premiê tem esticado a corda no Oriente Médio como forma de garantir o apoio parlamentar dos grupos de extrema-direita que formam a sua coalizão.

Nesta terça (15), por exemplo, o pânico tomou conta do Líbano e lançou um temor na região depois que pequenas detonações em diversas cidades do país levaram à morte de nove pessoas e feriram outras quatro mil. As explosões simultâneas foram acionadas remotamente através de pagers utilizados por membros do Hezbollah, em uma operação de sabotagem realizada pelo Mossad, o serviço de inteligência de Israel.

O ataque sem precedentes lançou o Líbano a um caos. Imagens de câmeras por todo o país registraram cenas de pavor em mercados, estabelecimentos comerciais e outros espaços públicos, enquanto se via explosões em bolsos de pessoas presumidamente do Hezbollah atingirem uma série de pessoas no entorno dos locais.

De acordo com correspondentes internacionais, sirenes de ambulâncias foram o som predominante num determinado período do dia e os hospitais lotaram com pessoas feridas.

Apesar do grupo xiita ser considerado uma milícia terrorista pelo ocidente, o Hezbollah possui representação política no Parlamento libanês e membros do partido convivem diariamente com outros cidadãos do país.

https://www.instagram.com/reel/DAB2BWkB5d6/?utm_source=ig_web_copy_link

Naji Abi Rached, diretor médico do hospital Universitário Geitaoui, de Beirute, disse: “Recebemos casos críticos desde as explosões. O hospital está lotado, as salas de cirurgia estão sobrecarregadas e a unidade de emergência está sobrecarregada com pacientes gravemente feridos.”

O gabinete do primeiro-ministro do Líbano, Najib Mikati, classificou o incidente como “agressão criminosa israelita” num comunicado, acrescentando que foi “uma violação grave da soberania libanesa”. A chancelaria do país descreveu as explosões como uma “perigosa e deliberada escalada israelense” que, segundo o órgão, foi “acompanhada por ameaças israelenses de expandir a guerra para o todo o Líbano”. Beirute planeja registrar uma queixa contra Israel no Conselho de Segurança da ONU.

O Hezbollah também culpou Israel, confirmou a morte de pelo menos dois militantes e prometeu retaliação. O líder Hassan Nasrallah deve discursar à nação na quinta (19).

Outros grupos e milícias de resistência armada muçulmana também expressaram repúdio ao ataque. O Hamas condenou o ataque chamando-a de “agressão terrorista sionista”.

Categorias
Mundo

Míssil dos Holthis do Iêmen atinge centro de Israel

Área é normalmente livre de ataques de projéteis inimigos.

Os Houthis, do Iêmen, dispararam um míssil contra o centro de Israel na manhã deste domingo (15), algo raro no território do país desde o início da guerra em Gaza.

O projétil atravessou o território israelense e caiu em uma área aberta no centro de Israel, sem relatos de feridos, segundo as Forças de Defesa de Israel (FDI). Os sons de explosão ouvidos na área originaram-se de interceptações militares israelenses, também de acordo com as FDI, acrescentando que ainda está verificando “os resultados da interceptação”.

Vídeos e imagens compartilhados pela Autoridade de Bombeiros e Resgate de Israel no Telegram mostram grandes nuvens de fumaça e vidros quebrados dentro de uma estação de trem em Modi’in, cidade entre Tel Aviv e Jerusalém.

O porta-voz militar dos Houthis confirmou o ataque em uma declaração em vídeo neste domingo, alegando que o grupo usou um “novo míssil balístico hipersônico” em um ataque contra o território israelense.

Segundo o porta-voz, Israel não conseguiu interceptar o míssil, que percorreu aproximadamente 2 mil quilômetros em cerca de 11 minutos.

Ele acrescentou que Israel deveria esperar mais ataques, visto que o ataque de 7 de outubro pelo Hamas está quase marcando um ano.

A polícia israelense disse estar trabalhando com o esquadrão anti-bomba da polícia na área de Shfela, onde um fragmento de interceptador caiu. As autoridades estão isolando o local do impacto no momento e procurando por demais restos de interceptadores, declarou a polícia.

Sirenes soaram no centro e norte de Israel, disseram os militares, bem como no aeroporto de Tel Aviv, afirmou o porta-voz do aeroporto à CNN. Vídeos nas redes sociais mostraram passageiros correndo em busca de abrigo.

Ainda na manhã deste domingo, aproximadamente 40 projéteis foram lançados do Líbano contra a região norte de Israel, alguns deles interceptados e outros caindo em áreas abertas, conforme as FDI. Não houve relatos de feridos e as autoridades estão apagando incêndios causados ​​pelos projéteis caídos.

Categorias
Mundo

Histórico: Palestina conquista lugar na Assembleia Geral da ONU

Nesta terça-feira (10), a Palestina fez história ao assumir um assento oficial na Assembleia Geral da ONU, em Nova York. Este é o primeiro assento palestino na Assembleia em mais de 70 anos de história da organização.

Imediatamente após a posse, as autoridades palestinas anunciaram a intenção de apresentar uma resolução que solicita a retirada de Israel dos territórios ocupados em um prazo de seis meses, informa Jamil Chade, no UOL.

O momento foi celebrado como histórico pela diplomacia árabe, com a delegação egípcia anunciando a chegada dos palestinos e recebendo aplausos da Assembleia. O embaixador palestino, Riyad Mansour, foi saudado por diversas delegações. A presença palestina foi destacada como um marco importante, já que 140 países reconhecem a Palestina como um estado soberano.

Israel criticou a medida e disse que Palestina não deveria ter assento

Em resposta, o governo de Israel criticou a medida, alegando que a Palestina não deveria ter um assento na Assembleia e acusando a decisão de favoritismo político. Israel argumenta que apenas estados soberanos podem ocupar tal posição e questionou se houve uma mudança na Carta da ONU para justificar a inclusão da Palestina.

Apesar da aprovação de uma resolução em maio, patrocinada pelo Brasil e que pede o reconhecimento da Palestina como um estado e sua entrada na ONU, a adesão plena ainda não foi garantida. A resolução precisa ser aprovada pelo Conselho de Segurança, onde os EUA já vetaram a proposta.

Status de observador

Atualmente, na sua função de observador, a Palestina não pode votar ou apresentar candidaturas para órgãos da ONU, mas agora tem um lugar simbólico entre os estados membros. A partir deste ponto, a delegação palestina poderá se sentar na ordem alfabética, inscrever-se para falar em assuntos não relacionados especificamente ao Oriente Médio, e propor itens para a pauta das sessões da Assembleia Geral. Além disso, poderá participar de conferências e reuniões internacionais convocadas sob os auspícios da Assembleia.

Em maio, a resolução que reconheceu a Palestina recebeu 143 votos favoráveis, com apenas 9 países se opondo e 25 se abstendo. Esse resultado evidenciou o isolamento dos EUA na questão e aumentou a pressão sobre o respeito à soberania palestina.

Categorias
Mundo

“Cidade subterrânea”: por que Israel não deve subestimar o poder militar do Hezbollah?

Com uma rede de túneis notavelmente sofisticada e um extenso arsenal, Hezbollah demonstra disposição e capacidade de confronto caso Israel decida intensificar ainda mais o conflito.

Redação La Haine

Prensa Latina
Beirute

“Responderemos, mas com sabedoria, e a espera israelense faz parte do castigo”, sentenciou o líder da Resistência do Líbano (Hezbollah), Hassan Nasrallah, durante a cerimônia de homenagem ao comandante Fouad Shukr.

Várias semanas transcorreram desde estas declarações e do assassinato por parte de Israel do mártir Shukr no subúrbio sul de Beirute e do chefe do Burô Político do movimento Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerã.

“O governo do ultradireitista Benjamín Netanyahu recorreu a sua tática terrorista contra Estados ou indivíduos, cruzou linhas vermelhas e tomou a decisão de escalar as tensões contra o Líbano e o Irã”, enfatizou o secretário-geral do Hezbollah.

À luz das pressões para evitar a resposta prometida do Hezbollah e da República Islâmica, a máxima figura do movimento político e militar libanês exigiu, dos preocupados com um cenário pior na região, que pressionem a entidade israelense a pôr fim à guerra na Faixa de Gaza.

Mensagem de dissuasão
Desde a abertura da frente de apoio em 8 de outubro, a Resistência libanesa rejeitou um cessar-fogo no sul do país sem deter a agressão israelense contra o povo de Gaza. Depois do ataque ao subúrbio sul de Beirute em 30 de julho, Nasrallah anunciou a inclusão de novos alvos israelenses no começo de uma fase de operações como parte de sua participação na epopeia palestina Dilúvio de Al-Aqsa.

A divulgação de imagens da instalação Imad-4 confirmou a capacidade do Hezbollah para lançar mísseis pesados a partir do subsolo sobre Israel, sem serem detectados e a salvo do fogo inimigo. Em um artigo divulgado no site de análises The Cradle, o jornalista libanês Khalil Nasrallah enfatizou que a divulgação de um vídeo da vasta rede de túneis do Hezbollah não deve ser menosprezada e obriga Tel Aviv a reconhecer a capacidade estratégica do movimento.

O também apresentador de programas políticos considerou que o centro Imad-4, batizado em homenagem ao comandante militar, Imad Mughniyeh, abriga uma fração do avançado arsenal de mísseis e contém mensagens importantes não só para a atual guerra regional centrada em Gaza, como também para acontecimentos que abrangem pelo menos duas décadas e meia.

*Diálogos do Sul

Categorias
Mundo

EUA acusam Irã de fornecer mísseis balísticos à Rússia e anunciam sanções

MRE do Irã negou as informações da mídia dos EUA.

Os Estados Unidos anunciarão novas sanções contra o Irã ainda hoje, incluindo sobre a companhia aérea nacional Iran Air, disse o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, nesta terça-feira durante uma coletiva de imprensa em Londres, ao lado do secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, David Lammy.

“Os Estados Unidos anunciarão mais sanções contra o Irã ainda hoje, incluindo medidas adicionais sobre a Iran Air. Esperamos que aliados e parceiros também anunciem suas próprias medidas contra o Irã”, disse Blinken.

Blinken afirmou que a medida dos EUA vem após Washington confirmar relatórios de que a Rússia recebeu carregamentos de mísseis balísticos do Irã, e que Moscou usaria essas armas nas próximas semanas.

Ele também mencionou que a Rússia estava compartilhando tecnologia com o Irã, incluindo questões nucleares.

O Ministério das Relações Exteriores do Irã negou na segunda-feira relatos da mídia dos EUA sobre o suposto fornecimento de armas à Rússia.

Na semana passada, a CNN relatou, citando fontes, que o Irã teria transferido mísseis balísticos de curto alcance para a Rússia para uso em operações militares na Ucrânia.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, ao comentar o relatório da CNN, disse que tais informações nem sempre correspondem à realidade.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Nasser Kanaani, afirmou anteriormente que quaisquer tentativas de vincular a cooperação entre Rússia e Irã ao conflito na Ucrânia foram feitas apenas para justificar o contínuo fornecimento de armas do Ocidente para Kiev.

*Sputnik

Categorias
Mundo

Confiança dos investidores da zona do euro cai pelo terceiro mês seguido

A confiança dos investidores caiu ainda mais na Alemanha, a maior economia da Europa.

A confiança dos investidores na zona do euro caiu pelo terceiro mês consecutivo em setembro, segundo uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira (9), atingindo seu nível mais baixo desde janeiro em meio à insatisfação com a situação da economia, especialmente na Alemanha.

O índice Sentix para a zona do euro caiu para -15,4 pontos em agosto, de -13,9 em agosto. Analistas consultados pela Reuters esperavam que ele se recuperasse para -12,5 pontos este mês.

A pesquisa realizada entre 5 e 9 de setembro com 1.142 investidores, questionando tanto a satisfação com a situação atual quanto as expectativas futuras, mostrou que o índice de expectativas da zona do euro se recuperou ligeiramente para -8,0 pontos, de -8,8 em agosto.

A leitura para a situação atual da região, por sua vez, caiu para -22,5, de -19,0 em agosto.

“O caos político e econômico na Alemanha é um fardo pesado para toda a zona do euro”, disse o Sentix em um comunicado.

“A única esperança para os investidores nesse contexto é a perspectiva de uma política monetária que dê suporte”, acrescentou.

A confiança dos investidores caiu ainda mais na Alemanha, a maior economia da Europa, para -34,7 em setembro, de -31,1 em agosto. O índice sobre a situação atual na Alemanha recuou a -48,0 em setembro, de -42,8 em agosto.

Categorias
Mundo

“Nunca estivemos tão perto de uma guerra nuclear como agora”, diz Jeffrey Sachs

Segundo o economista, cada presidente estadunidense tem aproximado o mundo um pouco mais do Armagedon.

Jeffrey Sachs, renomado economista e acadêmico, em uma entrevista para o canal de YouTube “Tucker Carlson”, expressou preocupações profundas sobre o crescente risco de uma guerra nuclear, exacerbado pelas tensões geopolíticas atuais. Sachs destacou o potencial de um conflito com o Irã, influenciado pelo poderoso lobby israelense nos Estados Unidos, como um gatilho possível para uma escalada bélica de proporções nucleares. Segundo o economista, cada presidente estadunidense tem aproximado o mundo um pouco mais do Armagedon.

Além disso, Sachs criticou as intervenções históricas da CIA, incluindo golpes de estado e outras operações secretas que, segundo ele, têm moldado negativamente a política internacional. Ele argumentou que as políticas externas e financeiras dos EUA, particularmente a expansão da OTAN, têm falhado em seus objetivos e prejudicado a posição global dos Estados Unidos.

O economista também analisou a crise financeira de 2008, atribuindo a severidade da crise às decisões erradas de importantes figuras políticas americanas, que subestimaram o impacto de suas ações nos mercados globais. Sachs apela por uma liderança presidencial que entenda as complexidades desses desafios e possa direcionar os Estados Unidos para uma política externa mais responsável e menos agressiva. Ele enfatiza que o atual estado das relações internacionais poderia, inadvertidamente, nos levar ao limiar de um conflito nuclear, o qual seria desastroso para a humanidade. Assista:

Categorias
Mundo

Martirizada e indomável, Gaza é símbolo universal do que o imperialismo reserva a todos nós

O genocídio de Gaza sela o fim da civilização ocidental, que deseja arrastar em sua queda o resto da humanidade. Só há uma saída: consciência anticolonial.

Gaza não é apenas Gaza. Martirizada e indomável, é também um símbolo universal. Representa o mundo colonizado. O imigrante, o oprimido, a mulher, o índio, o negro. O tratamento que Gaza receba, é o mesmo que receberemos nós, os demais. “Gaza é a primeira experiência para considerar-nos a todos descartáveis”: frase de Gustavo Petro, retomada pelo político e escritor grego Yanis Varoufakis.

Gazificação do Terceiro Mundo como estratégia imperial

O genocídio em Gaza polarizou a humanidade. De um lado, cresce globalmente uma consciência solidária e anticolonialista, derivada do apoio ao povo palestino.

Ortel Connect Music Session - Cats & Breakkies mit Ahmed EidEm uma chuvosa tarde de Bogotá do mês de junho, realiza-se um megaconcerto na Praça de Bolívar. Com uma enorme bandeira palestina no fundo e a consigna CESSAR O GENOCÍDIO, cantam músicos como nascido em Ramallah, ou o conjunto Escopetarra, porta-voz colombiano da não violência. Com a kufiya branca e preta no pescoço, as e os jovens que esperam em longas filas sob o aguaceiro, vão entrando até a praça transbordar.

No outro lado, em contraposição e ligados aos interesses de Israel, agarram-se à intolerância, à xenofobia, à islamofobia e à prática de métodos extremos de espoliação, invasão e extermínio.

Por volta da mesma data do concerto em Bogotá, no teatro Gubbangen de Estocolmo, um comando de nazistas mascarados ataca uma reunião pró-palestina de partidos de esquerda, ferindo 50 pessoas. Em Nuseirat, no centro de Gaza, uma escola da ONU é bombardeada por Israel, com um saldo de 50 mortos e dezenas de feridos. Na cidade de Washington – quando os massacrados em Gaza já ultrapassam os 40 mil – Netanyahu se faz presente e fala ao Congresso norte-americano, onde recebe uma cerrada ovação de pé.

Ante os horrores da Segunda Guerra Mundial, o escritor George Bataille teve uma visão. Bataille viu a Terra projetada no espaço como uma mulher que grita com a cabeça em chamas. A imagem aparece hoje ante nossos olhos. Somos testemunhas do genocídio: esta será nossa marca geracional.

Em Gaza, a política de terra arrasada
Israel e o sionismo, com sua política de terra arrasada e extermínio, determinam a meta e definem a pauta a seguir.

Os poderes ocidentais que apoiaram e fomentaram esta monstruosa calamidade, transformam sua ordem baseada em regras em uma ordem baseada em hipocrisia, violência e duplos critérios: condenam a invasão da Ucrânia por parte da Rússia, mas não condenam a invasão da Palestina por parte de Israel.

A tolerância e a cumplicidade com os crimes de guerra de Israel empurram o Ocidente para o abismo do inumano. Ao permitir a si mesmo o que tolerou de Israel, o Ocidente assumirá a guerra como meio e o espólio como fim. Não haverá ira nem selvageria que não considere lícitos e que não utilize em causa própria.

Crianças despedaçadas; mulheres queimadas vivas; povos condenados à sede e à fome; tortura de prisioneiros; recém-nascidos destinados a morrer; violação de todo asilo, seja escola, hospital ou campo de refugiados. Nem sequer Bosch, em sua mais delirante pintura do inferno, chegou a imaginar o que diariamente aparece hoje na tela.

Desautorizando e desprezando a ONU, os Direitos Humanos, as organizações de ajuda humanitária e os altos Tribunais Internacionais, e livres já do peso da ética, do respeito e da compaixão, os impérios antigos e o império recente vão se convertendo em máquinas raivosas, desencadeadas.

Continua após o anúncio

Vão se armar até os dentes; já estão fazendo isso.

Ante uma devastadora crise ambiental, que reduziu os recursos de subsistência e ameaça esgotá-los, os países ricos aperfeiçoam a arte do saque. Encherão suas despensas às custas do resto do mundo.

Uma vez desmascarados de seu hálito civilizador, procurarão manter a fachada justificando qualquer atrocidade em nome da defesa da democracia.

Não haverá código de convivência que perdure

A distopia ocidental vai se forjando e

sobe à cabeça. Poder-se-ia prever que, assim como a queda de Constantinopla marcou a ruína do Império Bizantino, da mesma maneira, o genocídio de Gaza sela o fim da civilização ocidental.

O Império não assume passivamente sua crise irreversível. Antes de perder sua hegemonia, desejará arrastar em sua queda o resto da humanidade. Na medida em que vê questionados seus privilégios, os defende com golpes cada vez mais brutais.

Implementa medidas draconianas contra a imigração, como arrebatar os filhos a seus pais e mantê-los em jaulas. Ou como o vergonhoso asilo offshore, que consiste em deter contingentes de indocumentados para deportá-los a zonas desérticas e inóspitas do planeta, onde os esperam o isolamento, a inanição e a morte.

Atrincheira-se em fronteiras militarizadas e acumula arsenal. Levanta economias internas baseadas na indústria armamentista: desenvolvimento a serviço da morte; tecnologia de ponta para o Armagedon; laboratórios farmacêuticos, não em função da saúde, e sim das armas biológicas; bombas táticas e estratégicas; mísseis hipersônicos. Brinquedos atômicos e demais parafernálias de destruição em massa.

Adestra-se no manejo da hecatombe existencial. Apaga-se a marca do passado e o grito do presente; sobre o portal do futuro içarão a faixa: NADA TERÁ SIDO. NADA SERÁ.

Artrítico e obsoleto, seu aparelho político e desacreditadas suas instituições, ao poder colonialista resta uma saída, que acolhe sem muita reserva: dar via livre ao ascenso do fascismo. O trânsito está ocorrendo tanto nos Estados Unidos como na Europa. Se não for freado, se afiançarão como nações bárbaras, sombra de sua própria sombra.

Estes são os sinais de sua decadência. O que o Prêmio Pulitzer Chris Hedges caracteriza como o fim do domínio norte-americano.

Quando um império cai, é porque já caiu
Apesar do estrépito, em uma praça de Bogotá cantam os jovens que apoiam Gaza. E nas universidades norte-americanas – centros do saber e do poder –, os estudantes montam acampamentos, enfrentando as diretrizes e a Polícia, para denunciar Israel.

Fortalece-se a resistência, cresce a audiência.

Milhões de pessoas em todo o mundo – sobretudo jovens – expressam sua indignação ante o horror desencadeado contra o povo palestino.

Nunca antes saíram tantos a manifestar nas ruas. Rios de gente, dezenas de milhares, em Londres, Bagdá, Viena, Johannesburgo, Cairo, Cidade do México, Kuala Lumpur, Washington, Madri. Nem mesmo na época do Vietnã a população global se mobilizou em tais proporções, desafiando castigos, avisos, cadeia, despensas.

No calor do protesto, vai se forjando uma geração anticolonialista que não se filia ao modelo de civilização ocidental. Persegue uma nova forma, digna e justa, de viver e de pensar.

Os indignados da Terra criaram coragem, como David contra Golias.

Na América Latina, na África, na Ásia, no Oriente Médio, os povos sujeitos a antigas e novas submissões deixam de olhar para o Norte para olharem-se entre si. Encontram afinidades e tramam rotas de liberdade. Ao reconhecerem-se, invertem o mapa geopolítico.

A consciência anticolonial, que começa apenas como um rumor, um vapor, uma expectativa, se vai se condensando no Terceiro Mundo e na revoltada periferia das grandes cidades do Primeiro. Transformada em ponto de fuga, a efervescência da rebeldia poderá concretizar-se em programa político e plano de ação.

*Diálogos do Sul

Categorias
Mundo

França deve se juntar ao BRICS após mudança de liderança, diz ex-eurodeputado

A França, tradicionalmente a favor da multipolaridade na política externa, deve se juntar ao BRICS. Uma mudança de liderança em Paris tornaria teoricamente possível a entrada da França nesse bloco, disse à Sputnik o ex-deputado francês do Parlamento Europeu e analista político Aymeric Chauprade.

Em uma conversa às margens do Fórum Econômico do Oriente, ele observou que a ideia de a França se juntar ao grupo BRICS pode parecer estranha à primeira vista, mas a política externa de seu país tradicionalmente é a favor da multipolaridade.

Entretanto, após a presidência de Jacques Chirac (1995–2007), essa tradição se perdeu e Paris começou a seguir a linha americana no cenário mundial, acrescentou Chauprade.

“A adesão ao BRICS é um retorno à nossa política natural. Portanto, é absolutamente natural, não é estranho. E é realista porque a França não é apenas um país europeu. Territorialmente, é uma potência global. Temos territórios no Pacífico, no Caribe, em muitos lugares. Temos a segunda maior zona marítima do mundo. Participamos do Fórum do Oceano Índico [associação de cooperação regional dos países do Oceano Índico], em muitos fóruns regionais, portanto é lógico pertencer a esse Sul Global, como dizemos, ao BRICS”, disse Chauprade.

Em sua opinião, para ingressar no BRICS, a França precisa primeiro mudar sua liderança política e depois enviar o respectivo pedido à associação.
O especialista apontou que cabe ao BRICS aceitar o país ou não, mas a França é um Estado importante no cenário mundial, pois “poderia mudar completamente o cenário mundial e aumentar a possibilidade de um mundo realmente multipolar”.

A Rússia assumiu a presidência do BRICS em 1º de janeiro deste ano. Nessa data, além da Rússia, Brasil, Índia, China e África do Sul, entraram no bloco os novos países-membros: o Egito, a Etiópia, o Irã, os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita.
Em junho, o primeiro-ministro da Malásia Anwar bin Ibrahim confirmou a Lula da Silva a intenção da Malásia de participar do BRICS.

No dia 20 de agosto, o Azerbaijão solicitou oficialmente sua adesão ao BRICS.

Recentemente, o assessor presidencial russo Yuri Ushakov confirmou que a Turquia havia se candidatado a membro pleno do BRICS e que o pedido está sendo analisado.

*Sputnik

Categorias
Mundo

Ataques de Israel matam 61 palestinos em 48 horas na Faixa de Gaza

O balanço contabiliza 40.939 morto e 94.616 pessoas feridas em Gaza desde o início da guerra, em 7 de outubro.

Ataques militares de Israel deixaram 61 pessoas mortas no intervalo de 48 horas na Faixa de Gaza, de acordo com números divulgados pelo Ministério da Saúde do governo palestino, comandado pelo Hamas, neste sábado (7).

Um dos ataques foi aéreo e atingiu salas de aula e de oração em um complexo escolar utilizado como abrigo por cerca de 2 mil pessoas palestinas deslocadas pela guerra. No total, oito morreram e 15 ficaram feridas, segundo médicos locais.

Outras cinco pessoas foram mortas em uma residência.

11 meses de guerra

Desde o início do conflito mais recente na região, em 7 de outubro de 2023, as investidas de Israel contabilizaram 40.939 palestinos mortos e 94.616 pessoas feridas em Gaza.

Os onze meses de guerra resultaram no deslocamento de quase toda a população palestina, de 2,3 milhões de pessoas. O cenário provoca uma crise humanitária sem precedentes e fez com que a África do Sul acusasse Israel de genocídio, iniciando um processo na Corte Internacional de Justiça (CIJ), em Haia. Israel nega o crime.

Há vários meses, Catar, Egito e Estados Unidos, países que atuam como mediadores do conflito, tentam convencer Hamas e Israel a aceitarem um acordo de cessar-fogo que inclua a libertação de reféns e de prisioneiros palestinos detidos por Israel.

Diante da falta de acordo de trégua, Israel foi palco, na última semana, de uma greve geral para pressionar o governo de Benjamin Netanyahu pela libertação dos reféns que estão sob poder do Hamas.

Ignorando os atos, Netanyahu busca ganhar tempo para obter novos apoios na continuidade da guerra, dizem analistas políticos.