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Paquistão faz ataques contra alvos de grupo separatista no Irã; 7 pessoas morreram

O Paquistão atacou alvos de um grupo militante separatista no Irã nesta quinta-feira (18). As informações foram confirmadas por uma autoridade da inteligência paquistanesa. Segundo o governo do Irã, pelo menos sete pessoas morreram, sendo três mulheres e quatro crianças.

O governo do Irã afirmou que mísseis do Paquistão atingiram uma vila que fica na província de Sistão-Baluchistão, no sudeste do país. A região atingida fica na fronteira com o Paquistão.

O Ministério das Relações Exteriores do Paquistão disse que os ataques tiveram como alvos “esconderijos terroristas” identificados no território iraniano.

Os alvos em questão fazem parte da Frente de Libertação Balúchi, que busca a independência da província paquistanesa do Baluchistão.

Em comunicado, o governo do Paquistão disse que respeita a soberania e integridade territorial do Irã, e que os ataques tiveram como objetivo garantir a segurança paquistanesa.

“O Irã é um país irmão, e o povo do Paquistão tem grande respeito e afeição pelo povo iraniano”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores do Paquistão.

O bombardeio acontece dois dias após o Irã atacar uma base de um grupo rebelde no Paquistão. O governo paquistanês afirmou que os iranianos invadiram o espaço aéreo do país e que duas pessoas morreram no ataque, segundo o g1.

Após o ataque iraniano de terça-feira, o governo do Paquistão afirmou que o incidente poderia ter “sérias consequências” e que era “complementarmente inaceitável”.

Além do Paquistão, o Irã também atacou a Síria e o Iraque nesta semana. O governo iraniano disse que as ações são resposta a um atentado terrorista que matou 84 pessoas no início do mês.

Crise no Oriente Médio
A troca de ataques entre Irã e Paquistão é mais um capítulo da escalada na crise que atinge o Oriente Médio. As tensões entre os países da região cresceram desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, em outubro de 2023.

Além da guerra no território palestino e israelense, grupos armados que estão presentes na região acabaram se envolvendo no conflito, espalhando a crise para outros países.

Entre eles estão o Hezbollah, no Líbano, e os Houthis, no Iêmen, que declararam apoio ao Hamas. Ambos os grupos são apoiados pelo Irã. Nos últimos meses, Hezbollah e Houthis fizeram ataques contra Israel.

Mais recentemente, os Estados Unidos e o Reino Unido fizeram bombardeios contra os rebeldes do Iêmen, em resposta a ataques conduzidos pelos Houthis contra navios comerciais no Mar Vermelho.

O Irã, por sua vez, acusa Israel de assassinar comandantes iranianos a aliados do país. Na segunda-feira (15), o Irã lançou mísseis contra alvos na Síria e no Iraque, que seriam do serviço de inteligência de Israel.

Na terça-feira, os iranianos atacaram o Paquistão — cujo governo é apoiado pelos EUA. Os alvos foram bases do grupo rebelde Jaish al-Adl. O Irã alega que esse grupo é financiado por Israel.

 

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Israel é principal responsável por mortes em rave, afirma site britânico após investigação

Fatos revelados pelo The Cradle vão na contramão da versão de Israel, que acusa o Hamas de ter premeditado o massacre que matou 364 civis.

Uma investigação da própria polícia de Israel, relatada pelo jornal israelense Haaretz, aponta que Tel Aviv causou o maior número de mortes no festival Universo Paralello – Supernova, nas proximidades da comunidade Re’im, perto de Gaza, em 7 de outubro. As informações são do jornalista William Van Wagenen, do site britânico The Cradle.

Os fatos vão na contramão da versão apresentada pelo governo de Israel sobre o massacre, que acusou as brigadas Qassam, o braço militar do Hamas, de ter premeditado o ataque contra festa rave, em que ao menos 364 civis foram assassinados.

Segundo documentos e relatos de militares, a Polícia de Fronteira de Israel foi enviada para o local em que acontecia a festa antes do Hamas tropeçar no festival, causando a eclosão de uma grande batalha.

Embora alguns participantes da festa tenham sido de fato mortos pelo Hamas, “as evidências sugerem agora que a maioria das mortes de civis foram provavelmente infligidas pelas próprias forças israelenses, devido ao poder de fogo esmagador utilizado pelos militares, incluindo os helicópteros de ataque Apache e adoção do Protocolo Aníbal para impedir o Hamas de sequestrar israelenses”, relata o texto.

Operação Cavaleiro Filisteu
Em 7 de outubro, às 6h30, os combatentes do Hamas lançaram a sua operação militar, disparando uma barragem de mísseis contra Israel. Embora o exército de Israel demorasse horas para responder ao ataque, unidades da Polícia de Fronteira foram rapidamente mobilizadas.

Às 6h42, apenas 12 minutos após o lançamento da operação do Hamas, o comandante do Distrito Sul da Polícia Israelense, Amir Cohen, deu uma ordem com o codinome “Cavaleiro Filisteu”, enviando policiais que estavam em alerta para diversos locais de combate.

De acordo com um alto oficial israelense em conversa com o The New York Times, os primeiros reforços formais ao sul de Israel vieram de comandos que chegaram em helicópteros. Sagi Abitbol, um polícia que trabalhava como segurança no festival, foi um dos primeiros a confrontar os combatentes do Hamas e testemunhou a chegada antecipada destes helicópteros.

A investigação da polícia israelense indica ainda que o Hamas não tinha conhecimento do festival e que o alvo era Re’im, a sede da Divisão de Gaza do exército de Israel, localizada na Rota 232, a mesma estrada do local do festival.

Em meio ao combate em Re’im, o comandante da base militar coordenou ataques aéreos de helicópteros Apache na própria base, para repelir o ataque do Hamas.

O Haaretz cita uma fonte policial que afirmou que os helicópteros Apache “dispararam contra os terroristas e aparentemente também atingiram alguns dos foliões que estavam lá”.

Rota 232 bloqueada por Israel

Já após o lançamento de mísseis a partir de Gaza e antes dos combatentes do Hamas chegarem na Rota 232, os organizadores do festival Supernova interromperam o evento e emitiram ordem de evacuação do local.

De acordo com um oficial da polícia citado pelo Haaretz, a maioria das cerca de 4.400 pessoas que participavam da festa “conseguiu escapar, após a decisão de acabar com o evento, que foi tomada quatro minutos após o lançamento de foguetes”.

No entanto, quando as pessoas saíram do local do festival de carro e seguiram para a Rota 232, a polícia israelense estabeleceu bloqueios na estrada, levando a um engarrafamento que prendeu muitos foliões na área onde o Hamas e a Polícia de Fronteira entraram em conflito.

Testemunhas relataram também que, em meio ao caos, as pessoas presas na estrada fugiram para o leste, para campos abertos, em carros ou a pé. Muitos conseguiram passar pelos campos e se esconderam perto de árvores e debaixo de arbustos.

Agora, imagens de câmeras corporais mostram também que os policiais israelenses, fortemente armados, atiraram contra as árvores onde os civis se abrigavam.

Protocolo Aníbal
Indícios apontam ainda que as forças israelenses não tinham apenas o poder de fogo, mas também uma ordem oficial para matar israelenses nas proximidades do festival.

Uma das principais razões pelas quais o Hamas lançou a operação contra Israel, era a possibilidade de sequestrar civis que pudessem ser trocados pelos milhares de palestinianos mantidos em prisões israelenses.

“Mas as forças de Israel estavam determinadas a impedir o Hamas de levar os prisioneiros de volta para Gaza, mesmo que isso significasse matar os civis capturados. Uma investigação sobre o controverso Protocolo Aníbal de Israel conclui que ‘do ponto de vista do exército, um soldado morto é melhor do que um soldado cativo que sofre e força o Estado a libertar milhares presos para obter a sua libertação’”, diz a reportagem do The Cradle.

De acordo com uma investigação do Yedioth Ahronoth, até então o Protocolo Aníbal só se aplicava aos prisioneiros do exército. Contudo, em 7 de outubro, foi emitido também contra civis israelenses. O diário de língua hebraica escreveu que “ao meio-dia de 7 de outubro, as Forças de Defesa de Israel ordenaram que todas as suas unidades de combate colocassem em prática o Protocolo Aníbal, embora sem mencioná-lo explicitamente pelo nome”.

A ordem era impedir “a todo o custo qualquer tentativa dos terroristas do Hamas de regressarem a Gaza, isto é, apesar do receio de que alguns deles tenham sido raptados”, concluiu a investigação.

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Vídeo de defesa do Reino Unido mostra Brasil como alvo de ameaças militares

Um vídeo divulgado pelo Ministério da Defesa do Reino Unido gerou repercussão nas redes por mostrar que o Brasil é um ponto de ameaça de conflitos.

O material, parte de uma campanha de preparação para guerra, inclui um mapa com marcações específicas, colocando o Brasil em destaque na perspectiva britânica.

No vídeo, Grant Shapps, membro do governo, aborda as diversas “ameaças” enfrentadas pelo Reino Unido. “O mundo se tornou mais perigoso”, afirma Shapps, mencionando áreas de conflito globais.

No vídeo, são citados a Rússia, Mar Vermelho, Ucrânia, Oriente Médio, Mar do Sul da China, Coreia do Norte, África e América do Sul. Intrigantemente, o continente sul-americano é representado no vídeo com um ponto dentro do território brasileiro.

Shapps ressalta a necessidade de o Reino Unido dissuadir inimigos, liderar aliados e defender a nação. Embora o Brasil não seja mencionado nominalmente, a inclusão do país no mapa levantou especulações entre os usuários das redes sociais, diz O Cafezinho.

Alguns interpretam isso como uma visão britânica de potencial ameaça, possivelmente devido à posição não-alinhada do Brasil com a OTAN.

Contrastando com esta representação, o Brasil, sob a administração de Lula, tem adotado uma postura de não beligerância, buscando a mediação de conflitos, como os entre Rússia e Ucrânia e Israel e Palestina. Por fim, vale destacar que o Brasil tem se mantido neutro em

 

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Irã mata com míssil bilionário aliado de Israel no Iraque

Numa sinistra demonstração de que a guerra entre Israel e Hamas já escalou para toda a região, a Guarda Revolucionária do Irã confirmou que utilizou mísseis balísticos de longo alcance contra o que chamou de “centro de espionagem” do Mossad, o serviço de inteligência de Israel, em Arbil, no vizinho Iraque.

Arbil é a capital da região autônoma do Curdistão, que mantém relações próximas com os Estados Unidos e onde o governo iraquiano, sediado em Bagdá, tem influência diminuta.

“O quartel-general era responsável por planejar e executar operações de espionagem e terrorismo na região, especialmente em nosso amado país”, disse a nota da IRGC.

Há indícios de que o ataque foi uma resposta ao assassinato por Israel, em Damasco, na Síria, do general da Guarda Revolucionária Razi Mousavi, um dos contatos do Irã com o governo aliado de Bashar al-Assad.

Teerã também confirmou que disparou mísseis balísticos contra a região de Aleppo, na Síria, onde existem bases do Estado Islâmico.

O EI assumiu um atentado em Kerman, no Irã, que matou ao menos 84 pessoas durante o memorial do general Qasem Soleimani.

Soleimani foi assassinato em Bagdá pelos Estados Unidos em 2020. Ele chefiava a Força Quds, um braço da IRGC. Era um dos responsáveis por organizar o Eixo da Resistência contra Israel. Soleimani também organizou o enfrentamento ao Estado Islâmico no Iraque e na Síria.

Diferentemente do que diz a mídia comercial, o Estado Islâmico é inimigo figadal do Irã. É composto por sunitas que consideram os xiitas iranianos “infiéis”.

A ligação entre Hamas e Estado Islâmico, que Israel usa em sua propaganda para justificar o ataque a Gaza, é inexistente.

Enquanto os sunitas do Hamas lutam essencialmente pela causa palestina, o Estado Islâmico é composto por ortodoxos do salafismo que defendem um novo califado islâmico para governar o Oriente Médio e o Norte da África.

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Grupo rebelde Houthis dispara míssil contra navio dos EUA no Mar Vermelho

Rebeldes prometeram continuar ataques no local até que Israel interrompa o conflito em Gaza.

O grupo rebelde Houthis disparou um míssil contra um navio estadunidense no Mar Vermelho neste domingo (15). Um caça-jato dos Estados Unidos interceptou o projétil, segundo o Comando Central do país.

Não houve feriados ou danos relatados, de acordo com as autoridades estadunidenses. O ataque dos Houthis foi na direção de um navio que opera na região sul do Mar Vermelho.

Este é o primeiro ataque das forças rebeldes reconhecido pelos estadunidenses desde os bombardeios de Estados Unidos e o Reino Unido a alvos dos Houthis no Iêmen.

A operação contra o grupo rebelde se iniciou durante a madrugada de sexta-feira (12), pelo horário local — noite de quinta-feira (11), no Brasil. A missão aconteceu um dia após os Houthis realizarem o maior ataque nas rotas comerciais do Mar Vermelho desde 19 de novembro.

Segundo autoridades estadunidenses e britânicas, a ação foi um “ato de legítima defesa”. Já o porta-voz dos Houthis afirmou que a operação contra alvos do grupo é “injustificada” e que os ataques a navios com destino a Israel no Mar Vermelho iriam continuar.

Os Houthis ainda não reconheceram a gravidade dos danos causados pela ação dos Estados Unidos e Reino Unido. Segundo eles, os ataques mataram cinco dos seus soldados e feriram outros seis, diz o g1.

Na sexta, o Irã, a Rússia e o Omã condenaram a missão contra as forças rebeldes. Horas após o ataque, a Rússia afirmou que solicitou uma reunião de urgência do Conselho de Segurança das Nações Unidas para discutir os bombardeios.

Ataques no Mar Vermelho
A ação conduzida pelos Estados Unidos e o Reino Unido, na sexta-feira, foi feita via água e ar, com o uso de submarinos, navios e aeronaves.

Esses foram os primeiros bombardeios contra o grupo desde que os rebeldes começaram a atacar navios comerciais no Mar Vermelho, no fim de 2023.

Nas últimas semanas, militantes do grupo rebelde, apoiados pelo Irã, vêm fazendo uma série de ataques contra navios comerciais em protesto contra bombardeios de Israel na Faixa de Gaza. O grupo Houthis controla boa parte do Iêmen.

Desde novembro, pelo menos 27 ataques conduzidos pelo grupo rebelde contra navios foram registrados na região. Em dezembro, por exemplo, um navio norueguês foi atacado por um míssil, na costa do Iêmen.

Os rebeldes prometeram continuar os ataques até que Israel interrompa o conflito em Gaza e alertaram que atacariam navios de guerra dos EUA se o próprio grupo fosse alvo.

Com a instabilidade na região, a navegação na principal rota entre a Europa e a Ásia diminuiu. A passagem pelo Mar Vermelho representa cerca de 15% do tráfego marítimo mundial.

Várias companhias de transporte marítimo suspenderam operações, preferindo o trajeto mais longo em torno da África.

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Entre 1904 e 1908, o Império Alemão conduziu o primeiro genocídio do século XX no território da Namíbia

Entre 1904 e 1908, o Império Alemão conduziu o primeiro genocídio do século XX no território da Namíbia. Os soldados alemães receberam ordens para matar e expulsar todos os nativos das etnias Herera e Nama — que resistiam ao roubo de suas terras pelos colonizadores.

Em quatro anos, a Alemanha exterminou 70% de todo o povo Herera e 50% do povo Nama. Após uma série de massacres brutais, os alemães afugentaram os nativos para os desertos de Kalahari e Namibe e os impediram de retornar ou avançar rumo às nações vizinhas, matando-os de fome e sede. Outra estratégia adotada foi o envenenamento dos poços e a destruição das fontes de alimento.

Os sobreviventes foram levados para campos de concentração. Lá, eles recebiam um número de identificação e eram usados como mão de obra escrava, sendo alugados para trabalhar para as empresas alemãs que operavam na África Meridional. Eram submetidos ao tratamento extremamente brutal. A taxa de letalidade em alguns campos de concentração era superior a 80%. Os prisioneiros também foram submetidos a experimentos científicos horrendos a fim de provar teses do supremacismo racial.

O chanceler alemão advertiu ao governo do país que as ações conduzidas na Namíbia eram “contrárias aos princípios cristãos e aos direitos humanos” e que iriam prejudicar a reputação internacional da Alemanha. O Império Alemão respondeu que não havia motivo para se preocupar e que os Hereros não estavam protegidos pela Convenção de Genebra sobre os direitos humanitários, uma vez que “não eram humanos de verdade, mas sub-humanos”.

Hitler não criou nada novo. Só aplicou a novos grupos étnicos o que a Alemanha já estava acostumada a fazer em suas colônias.

*Pensar História

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País terminou 2023 com uma taxa de inflação anual de 211,4%, um dos maiores índices do mundo; medidas de Javier Milei explicam disparada dos preços

A Argentina terminou 2023 com uma taxa de inflação anual de 211,4%, um dos maiores índices do mundo, o que a torna o país com o maior aumento de preços da América Latina. Os dados são do Instituto Nacional de Estatística e Censo (Indec).

Na quinta-feira (11/01), o Indec anunciou o aumento da inflação em 25,5% durante o mês de dezembro. Isso significa que o índice de preços dobrou em relação ao mês anterior, quando foi registrado um aumento de 12,8%. Trata-se do indicador mensal mais alto desde fevereiro de 1991, quando o país estava saindo de um ciclo de hiperinflação.

Até novembro, diferentes institutos de pesquisa calculavam que o ano terminaria com uma taxa de inflação de 160%. Por si só, o número já era preocupante, uma vez que excedia o aumento de preços acumulado em 2022, de 94,8%. No entanto, as primeiras medidas econômicas adotadas pelo governo de extrema direita do presidente Javier Milei incluíram uma drástica desvalorização do peso frente ao dólar e um aumento nas tarifas, o que acarretou um novo impulso à dinâmica inflacionária.

O informe do Indec ainda mostra que os maiores aumentos ocorreram em áreas particularmente sensíveis para os setores mais vulneráveis da sociedade, como alimentos e saúde, que aumentaram 251,3% e 227,7%, respectivamente.

Nesse contexto, cidadãos argentinos de diferentes contextos sociais dizem sentir uma piora em suas condições de vida e denunciam que os planos do governo Milei devem aprofundar a vulnerabilidade.

Monica Alexander é moradora da Villa 21-24, uma das maiores favelas de Buenos Aires. Em conjunto com outros moradores, ela comanda há anos, em sua própria casa, um “comedor comunitário”, parte de um plano de restaurantes populares subsidiado pelo Estado. Ao Brasil de Fato, ela afirma que o governo parou de entregar os alimentos necessários para atender a população.

“Não conseguimos dar conta do número de pessoas que chegam. Todos os dias chegam novas pessoas, muitas delas têm trabalho, mas não é suficiente e no meio do mês não têm dinheiro suficiente para comprar comida”, diz. Este é o sexto ano consecutivo em que os trabalhadores e aposentados veem sua renda se deteriorar. De acordo com cálculos da consultora Ecolatina, somente durante o mês de dezembro de 2023, a queda nos salários do setor formal foi de 10%, a maior em mais de 20 anos.

“Todos nós sabíamos que as medidas do novo governo teriam um grande impacto, mas o que nos surpreendeu foi a velocidade com que elas aconteceram”, explica Amitai Duek. Ao Brasil de Fato, o escritor que mora na região central da capital argentina diz que as medidas ortodoxas adotadas por Milei se refletiram de maneira muito rápida na economia das pessoas. “Quando você vai aos supermercados você vê que eles estão vazios, as pessoas compram menos e fazem contas para comprar as coisas básicas e indispensáveis”, diz.

Amitai ainda aponta que um de seus maiores problemas tem sido a moradia. Isso porque os proprietários do imóvel alugado onde ele mora começaram a exigir aumentos que violam o contrato assinado, algo que, segundo ele, “já está acontecendo com muitas pessoas”.

O problema da moradia é um drama que ameaça se tornar uma verdadeira bomba-relógio. Através do Decreto de Necessidade e Urgência (DNU), com o qual Milei pretende revogar e modificar 366 artigos de lei, o governo removeu todos os tipos de regulamentação dos contratos de aluguel. Segundo a Federação Nacional de Inquilinos, isso possibilitou o aumento das renovações de contratos de aluguel em 300% a 600% e muitos proprietários estão exigindo que os aluguéis sejam pagos em dólares.

“O ano passado foi bastante difícil do ponto de vista econômico, mas agora, neste último mês, a incerteza aumentou muito graças à inflação”, conta Luisina Darthes. A estudante disse ao Brasil de Fato que ela e o namorado tiveram que deixar a vida em Buenos Aires por conta do aumento nos preços.

“Tem sido ultimamente impossível pagar o aluguel, por isso nos mudamos para outra cidade, onde a moradia ainda é um pouco mais acessível em termos de preços e condições contratuais. Na capital, os preços são exorbitantes, os contratos são publicados em dólares e os reajustes são trimestrais, vinculados ao índice de inflação, o que não é proporcionalmente acompanhado por um aumento nos salários, esse é o maior problema”, explica.

Futuro de Milei e greve geral

Nas próximas semanas, o governo Milei terá que navegar em um delicado espaço no qual seu destino está em jogo. Desde que assumiu o cargo no dia 10 de dezembro, o presidente vem promovendo as maiores reformas econômicas e políticas desde o retorno da democracia argentina, em 1983. Enquanto isso, o clima social parece ter cada vez menos espaço para tolerar novos ajustes.

No início desta semana, o Congresso iniciou uma sessão extraordinária para debater mais de 600 artigos que fazem parte de um projeto de lei promovido pelo Executivo intitulado “Bases e pontos de partida para a liberdade dos argentinos”, que tem como objetivo reformar quase todos os aspectos da ordem jurídica do país. Ele concede poderes extraordinários à Presidência para que ela possa legislar sem o Congresso, permite a privatização de todas as empresas públicas, remove todos os regulamentos para que o governo reestruture a dívida externa e criminaliza os protestos sociais de uma forma inédita desde o fim da ditadura militar (1976-1983).

O ministro da Economia, Luis Caputo, anunciou na quarta-feira (10/01) um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para liberar US$ 4,7 bilhões que o país usará para pagar sua dívida com o próprio fundo. O anúncio foi feito depois que o FMI felicitou o governo por seu “ambicioso programa de estabilização”, mas advertiu que não continuaria produzindo os desembolsos se não conseguisse uma “implementação contínua e duradoura” do ajuste fiscal.

“Há aspectos desse projeto de lei que têm implicações fiscais significativas e, como tal, esperamos que as autoridades continuem a obter apoio político para levar esse projeto adiante”, disse a diretora de comunicações do FMI, Julie Kozack, em uma coletiva de imprensa em Washington na manhã de quinta-feira.

Por outro lado, a poderosa Central Geral de Trabalhadores (CGT), juntamente com outras centrais sindicais do país, já anunciou uma greve geral para o dia 24 de janeiro. Entre suas reivindicações, a representação dos trabalhadores exige a revogação do megaprojeto de lei e do mega decreto de necessidade e urgência. A ação sindical se junta a uma série de manifestações que vêm ocorrendo no país desde o anúncio das medidas econômicas e políticas do governo. Junto a mobilização, aproxima-se o mês de março, quando a Argentina discute atualizações salariais nos setores formais.

*Opera Mundi

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Houthis realizam exercícios militares após novo ataque dos EUA no Iêmen

Ofensiva conjunta com Reino Unido aumentou as preocupações sobre a escalada do conflito no Oriente Médio.

O movimento Houthi realizou no sábado (13) exercícios militares na província de Saada, no noroeste do Iêmen, ameaçando uma “resposta forte e eficaz” depois que os Estados Unidos realizaram outro ataque noturno contra o grupo alinhado ao Irã.

Num vídeo divulgado pelos Houthis, oficiais foram filmados assistindo a uma série de exercícios militares, incluindo lançamentos de morteiros e manobras militares.

Os ataques aumentaram as preocupações sobre a escalada do conflito que se espalhou pela região desde que o grupo palestino Hamas e Israel entraram em guerra, com os aliados do Irã também entrando na briga vindos do Líbano, da Síria e do Iraque. O último ataque, que os EUA disseram ter atingido um local de radar, ocorreu um dia depois de dezenas de ataques americanos e britânicos a instalações Houthi no Iêmen.

“Este novo ataque terá uma resposta firme, forte e eficaz”, disse Nasruldeen Amer, porta-voz dos Houthi, à Al Jazeera, acrescentando que não houve feridos nem “danos materiais”.

Mohammed Abdulsalam, outro porta-voz Houthi, disse à Reuters que os ataques, incluindo o que atingiu durante a noite uma base militar em Sanaa, não tiveram impacto significativo na capacidade do grupo de impedir que navios afiliados a Israel passassem pelo Mar Vermelho e pelo Mar da Arábia.

O Pentágono disse na sexta-feira (12) que os ataques EUA-Reino Unido tiveram “bons efeitos”.

Os Houthis dizem que a sua campanha marítima visa apoiar os palestinos sob cerco e ataque israelense em Gaza, que é governada pelo Hamas, apoiado pelo Irã. Muitos dos navios atacados não tinham ligação conhecida com Israel.

O grupo, que controla Sanaa e grande parte do oeste e norte do Iêmen, também disparou drones e mísseis através do Mar Vermelho contra Israel.

 

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Europa registra epidemia tripla de doenças respiratórias

Alemanha e Reino Unido têm alta nos casos de covid-19, VSR e gripe, e Espanha volta a obrigar uso de máscaras em hospitais; Além disso, Itália teme propagação da gripe suína.

Os países europeus — especialmente Espanha e Itália — estão registrando aumento expressivo no número de infecções por doenças respiratórias, e a imprensa local relata escassez de leitos hospitalares e superlotação em algumas instalações de saúde.

As infecções por gripe são uma das maiores preocupações sanitárias no continente neste momento. O impacto no sistema de saúde é agravado por um número crescente de casos de coronavírus e de vírus sincicial respiratório (VSR).

Potencial “tridemia” – além da gripe suína

Enquanto a Itália enfrenta uma ameaça adicional de propagação da gripe suína, a Espanha está adotando novos regulamentos sobre máscaras. Outras partes do continente, incluindo Alemanha e Reino Unido, registraram nas últimas semanas uma alta nos casos das três doenças: covid-19, VSR e gripe.

Diversos outros países da Europa também relataram um aumento de doenças respiratórias nas últimas semanas de 2023.

“Quase 10 mil mortes por covid-19 foram notificadas à Organização Mundial da Saúde (OMS) em dezembro (principalmente na Europa e nos EUA), e houve um aumento de 42% nas hospitalizações e uma alta de 62% nas admissões [em unidades de cuidados intensivos], em comparação com novembro”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS.

O Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC) afirmou que a incidência de doenças respiratórias semelhantes à gripe continuou aumentando na maioria dos países europeus. “Após a atividade relativamente baixa de doenças respiratórias durante o período de verão, as frequências de consultas aumentaram a partir de setembro”, informou.

A incidência de casos de infecção respiratória aguda grave (Sari) vinha se situando num nível comparável ao mesmo período do ano passado, e está agora aumentando sensivelmente em alguns países.

Alta em casos de gripe no final de 2023

Entre os pacientes testados, a percentagem de pessoas com gripe aumentou de 19% em meados de dezembro para quase 25% no final do ano.

Dez países na Europa, incluindo Itália e Espanha, relataram atividade de gripe sazonal acima de 10% de taxa de testes positivos.

O ECDC ressalta que os números podem ser subestimados devido à época festiva de fim de ano, observando que menos pessoas foram testadas durante esse período.

O aumento acentuado também pode ser atribuído a grandes aglomerações durante o Natal e outros eventos festivos, comuns na Espanha. O ECDC disse que ambos os tipos de gripe A e B foram detectados.

Alerta de gripe suína na Itália

A Itália registou duas mortes relacionadas a gripe no início de janeiro na cidade de Vicenza, no nordeste do país. Os médicos suspeitaram que as mortes foram causadas por um surto de gripe suína, a gripe H1N1.

Outros três pacientes estão internados em terapia intensiva devido a complicações, como pneumonia intersticial, decorrentes da doença. As autoridades de saúde locais de Vicenza apelaram ao público para que se vacine contra a gripe suína.

A gripe suína é o acréscimo mais recente às tensões existentes no sistema de saúde pública italiano. O Instituto Nacional de Saúde italiano estimou que cerca de dois milhões de pessoas foram infectadas com covid, RSV ou influenza nas últimas duas semanas de 2023.

Em janeiro, ambulâncias foram vistas fazendo fila em frente aos hospitais de Roma. Alguns centros de saúde ficaram superlotados, com pacientes à espera de leitos em cidades como Milão e Turim.

Obrigatoriedade da máscara na Espanha

A ministra da Saúde espanhola, Mónica Garcia, tornou obrigatório o uso de máscaras nos centros de saúde do país. “Temos que proteger as pessoas mais vulneráveis”, disse Garcia aos repórteres. “É apenas bom senso.”

O governo disse que a norma pode ser revogada se as taxas de infecção caírem consistentemente durante duas semanas. Mas é importante lembrar que a Espanha foi um dos últimos países a abandonar as regulamentações sobre máscaras durante a pandemia.

Alguns hospitais na Espanha também enfrentam dificuldades para lidar com o afluxo de novos pacientes.

*Opera Mundi

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Cuba manifesta apoio a processo que acusa Israel de genocídio contra palestinos

País socialista é o quinto latino-americano a se somar à iniciativa, junto com Brasil, Bolívia, Colômbia e Venezuela; processo na Corte de Haia é liderado pela África do Sul e também conta com o respaldo de todos os 22 membros da Liga Árabe.

O governo de Cuba anunciou nesta quinta-feira (11/01) que apoia a denúncia apresentada pela África do Sul à Corte Internacional de Justiça (CIJ), pela qual se acusa o Estado de Israel de cometer um genocídio contra a população palestina residente na Faixa de Gaza, através da ofensiva militar iniciada em 7 de outubro passado.

Em comunicado elaborado pelo Ministério de Relações Exteriores e difundido pelo chanceler Bruno Rodríguez Parrilla através de suas redes sociais, o país socialista manifestou sua “profunda preocupação com a contínua escalada de violência por parte de Israel nos territórios palestinianos ilegalmente ocupados, em flagrante violação da Carta das Nações Unidas e do Direito Internacional, incluindo numerosas resoluções da Organização das Nações Unidas (ONU)”.

“O Ministério condena veementemente, mais uma vez, os assassinatos de civis, especialmente mulheres, crianças e trabalhadores humanitários do sistema das Nações Unidas, bem como os bombardeamentos indiscriminados contra a população civil palestiniana e a destruição de casas, hospitais e infraestruturas civis”, acrescentou a nota.

Em outro trecho do comunicado, Cuba ressalta que “Israel continua agindo com total impunidade porque tem a proteção cúmplice dos Estados Unidos, que obstrui e veta repetidamente a ação do Conselho de Segurança, minando a paz, a segurança e a estabilidade no Médio Oriente e a nível mundial”.

Este último comentário faz alusão às diferentes resoluções rechaçadas nos últimos meses pelo principal órgão da ONU, uma delas apresentada pelo Brasil em outubro.

Prensa Latina
Apoio de Cuba se soma ao de dezenas de outros países que entregaram seu respaldo à iniciativa da África do Sul na CIJ contra Israel
Todas essas iniciativas, incluindo a brasileira, tiveram maioria de mais de três quartos dos votos entre os 15 membros do Conselho de Segurança, mas foram descartadas devido ao fato de que os Estados Unidos são um dos cinco países com poder de veto dentro dessa instância.

“A República de Cuba é Estado Parte na Convenção para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio desde 1953 e, de acordo com os compromissos assumidos nesse âmbito, tem a obrigação de prevenir e punir o genocídio. Neste contexto, manifesta o seu apoio ao pedido da República da África do Sul para iniciar um processo contra Israel no Tribunal Internacional de Justiça, em relação às violações por parte daquele país das suas obrigações ao abrigo da Convenção”, conclui o comunicado cubano.

Com essa declaração, Cuba se torna o quinto país da América Latina a expressar oficialmente seu apoio à ação sul-africana. Antes do país caribenho, também o fizeram nações como Brasil, Bolívia, Colômbia e Venezuela.

Dezenas de outras nações do mundo também respaldaram a ação movida por Pretória, incluindo todos os 22 dos membros da Liga Árabe (entre eles, a própria Palestina).