Opinião

Vídeo: A lucidez de Fernanda Montenegro ao classificar Bolsonaro como “monstro”

Fernanda Montenegro, 93, se referiu ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como um “monstro” ao analisar os últimos quatro anos do Brasil sob a gestão do político de extrema direita.

A atriz abordou o assunto em entrevista à jornalista Hildegard Angel para a TV 247. Na ocasião, Angel questionou Montenegro sobre “qual a coisa mais encantadora que viu no teatro ultimamente.”

Em sua resposta, a atriz destacou que tem “ido muito ao teatro em um ato de fé” por saber que encontrará ali “uma potência teatral” e que agradecer “por estar ali” porque “nós estamos vindo de uma hora mortal”.

Nesse momento, sem citar nominalmente Bolsonaro, Fernanda refletiu sobre os acontecimentos que podem ter levado à vitória de Jair em 2018. “Nós tivemos um [presidente que por] quatro anos nos destruiu. É impossível não ser radical, porque eu posso até dizer o seguinte: ‘Se o Brasil tivesse sido cuidado com mais cuidado, não se chegaria a esse monstro a que chegamos por quatro anos'”.

“Houve sempre algo que foi pendurando, pendurando. Estou analisando a personagem. Por que chegou a esse ganho? Por que um país aguentou isso dessa forma? Você começa a analisar, e não quero entrar em detalhes, mas esse caráter, e essa paciência de aturar esse caráter, ele veio pelo tempo sempre transformando e transferindo o ganho real da sobrevivência social. Sempre chega até um tempo e para”, completou.

Por fim, Fernanda Montenegro destacou que a sociedade já esteve mais esperançosa. “Acho que já tivemos mais esperança. Não sei. Também estamos mudando, vamos dizer, de caminho civilizatório.”

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A casa do Seu Jair ainda é uma incógnita

Poucas horas antes de Marielle ser metralhada e morte por Ronnie Lessa, vizinho de 50 metros da casa de Bolsonaro no Vivendas da Barra, Élcio de Queiroz afirmou ao porteiro do condomínio, que assim anotou, que entraria no condomínio para ir à casa do, então deputado, Jair Bolsonaro.

Pois bem, o porteiro afirmou que interfonou para a casa 58 e que quem atendeu foi o próprio Jair Bolsonaro.

Em meio a essa confusão, Bolsonaro conseguiu produzir o álibi de que, naquele momento, ele estaria na Câmara dos Deputados em Brasília, o que não justifica é o fato do clã subtrair da portaria com gravações de conversas entre o porteiro e as casas do condomínio.

Bolsonaro justificou sua ação com uma cômica explicação. Peguei as gravações de 1 ano para que ninguém adulterasse, e a voz que está lá não é a minha.

Mas, nesse episódio, há um ingrediente ainda mais explosivo, Carlos Bolsonaro, que também tem uma casa dentro do condomínio Vivendas da Barra, filmou a portaria com o intuito de mexer no computador do condomínio.

Para piorar, Bolsonaro colocou Moro na fita, já que era seu ministro da Justiça, para pressionar o porteiro a mudar a versão primeira do seu depoimento, numa clara coação, e o porteiro, por sua vez, mudou a versão, diante de, imagino eu, palavras carinhosas do então ministro, Sergio Moro.

Até onde se sabe, ninguém avaliou que houve alguma alteração nos arquivos da portaria, depois que passou pelas mãos de Jair e Carlos Bolsonaro.

Ou seja, como nesta segunda, li no Twitter, o condomínio Vivendas da Barra é muito bom, mas o que não presta é a vizinhança.

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Moro obrigou o porteiro a desdelatar Bolsonaro

O fato de Sergio Moro, textualmente, dar uma prensa no porteiro do Vivendas da Barra, obrigando o coitado a desdizer o que havia dito, ou seja, desdelatar Bolsonaro, afirmando que confundiu o número 66 com 58, este segundo, número da casa do seu Jair, é certamente um dos fatos mais bisonhos que aconteceram durante o governo Bolsonaro.

Mas Moro, ridiculamente, resolveu atacar o PT, dizendo que agora o partido foi a favor da delação premiada, quando todos sabem que quem assinou o Instituto da Delação Premiada foi justamente a presidenta Dilma Rousseff, do PT.

Dito isso, vamos à segunda questão. O que se sabe é que a Lava Jato não utilizou a delação premiada, mas sim a delação combinada, ensaiada, de cartas marcadas e, no máximo, uma delação assinada, porque, na verdade, não era o delator que produzia o conto para os procuradores se servirem, mas eram os procurados, comandados por Dallagnol, quem produzia a sinopse de uma delação forjada sem qualquer prova para atingir quem eles queriam.

Isso, sem falar que utilizavam expedientes criminosos com o uso de chantagem com familiares do delator para obrigá-lo a assinar a delação inventada e sem qualquer prova.

Talvez, por essa razão, um dos membros envolvidos na investigação do caso Marielle que estava hoje na coletiva, disse que a delação de Élcio de Queiroz não seria engolida com casca e tudo, tinha que ter prova, numa clara crítica ao modus operandi da Lava Jato.

Então, é ridículo Moro comparar as delações impostas pela Lava Jato com a delação de Élcio de Queiroz. O que Moro deveria se preocupar em responder é, por que na gestão de Flávio Dino no Ministério da Justiça avançou-se tanto na investigação do caso Marielle em somente seis meses e, por outro lado, ficou empacado durante os 16 meses em que Moro foi ministro de Bolsonaro, sem dar um passo na direção da elucidação desse crime bárbaro.

Dino, na CNN, foi objetivo em sua resposta, a coisa andou porque nós quisemos que andasse, bem diferente de Sergio Moro quando ministro da mesma pasta.

É bom Moro parar de grugulejar como um peru de papo cheio no Twitter. Todos sabem o que fez no verão passado.

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A chave do mistério está com o porteiro do Vivendas da Barra

Não falha. Todas as vezes em que se tem notícias de novas descobertas sobre o assassinato de Marielle, praticado pelo vizinho de Jair e Carlos Bolsonaro, o nome de Daniel Silveira bomba nas redes pelo sistema digital do bolsonarismo.

Essa é uma das duas principais operações de um mesmo padrão, a outra é o caso Adélio, todas as vezes que aparece escândalo de corrupção que envolve o clã Bolsonaro.

É assustador, é a crença nítida que os bolsonaristas que operam as redes querem dar peso líquido de igual monta, sobretudo no caso de Marielle Franco, com a utilização absurda da morte de Celso Daniel, totalmente esclarecida pela polícia, e não tem nada a ver com a teoria funesta criada pelos bolsonaristas desesperados.

A primeira coisa a ser lembrada, e que pouco se fala, é que não só Jair, mas também Carlos eram vizinhos de Ronnie Lessa.

Pois bem, duas coisas chamaram a atenção, sobretudo no que diz respeito a um depoimento do porteiro do condomínio Vivendas da Barra em que ele afirma categoricamente que a ordem para liberar a entrada de Élcio de Queiroz veio da casa 58, do Seu Jair.

Para piorar e trazer mais uma pulga para trás da orelha, quando veio a notícia de que o porteiro teria dado tal informação, Bolsonaro, que estava em Dubai, gravou um vídeo, em plena madrugada, dizendo que era perseguição da mídia com Carlos Bolsonaro. Bolsonaro estava absolutamente transtornado.

Na verdade, foi justamente nesse dia que ele teve um comportamento mais tempestivo durante seus quatro anos de mandato.

E mais, Bolsonaro coloca o seu ministro da Justiça para ir pessoalmente ao Rio de Janeiro, dar um tranco no porteiro para que ele mudasse sua versão, ninguém menos que o impoluto Sergio Moro, que cumpriu à risca a ordem do chefe. Fato que registramos aqui tempos atrás com o título, Num Condomínio Com Milicianos, Estelionatários, “Traficante De Armas E Assassinos, Moro Manda Investigar O Porteiro”

Seria interessante o atual ministro da Justiça, Flávio Dino, ter uma conversa com Moro sobre esse particular e absurdo episódio, para saber detalhes do tal interrogatório que fez com que o porteiro mudasse sua versão, porque a chave do mistério da morte de Marielle Franco está aí.

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Lula quer um nome capaz de promover união e reconstrução também na PGR. Urge matar o monstro em que o MP se converteu

Luís Costa Pinto*

“Criamos um monstro”, costumava dizer o ex-procurador-geral da República e ex-ministro do Supremo Tribunal Federal José Paulo Sepúlveda Pertence, morto a 2 de julho deste ano, sempre que desejava iniciar uma conversa sobre as imperfeições do Ministério Público Federal. Ao longo dos anos, tais imperfeições foram acentuadas pelos abusos praticados por procuradores e subprocuradores da República contra a própria instituição. Sepúlveda Pertence foi um dos integrantes de proa da Comissão Affonso Arinos, instituída pelo então presidente José Sarney para traçar os contornos básicos a partir dos quais os constituintes trabalhariam. Um dos raros pilares pouco modificados pela Assembleia foi justamente o do MPF, para desgosto posterior de um dos seus idealizadores.

Sigmaringa Seixas (morto em janeiro de 2019), advogado, deputado constituinte pelo Distrito Federal, dileto amigo de Pertence e também do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, usava do mesmo desdém arrependido para se referir à atrofia que desfigurou a Procuradoria Geral da República, fazendo com que seus integrantes passassem a se crer semideuses inimputáveis e acima da capacidade de regramento e enquadramento pela Constituição que têm de jurar obedecer ao passarem em rígido concurso público. O mesmo dizem do MP ex-constituintes como Nélson Jobim (advogado, ex-ministro da Justiça e ex-ministro do STF) e José Genoino (professor, ex-deputado federal e ex-presidente do PT).

Ou seja, urge mudar o Ministério Público Federal e, consequentemente, a Procuradoria Geral da República. É a PGR, na figura do procurador-geral (ou procuradora-geral) que comanda o MPE em consórcio com os Conselhos da carreira – CNMP, Conselho Nacional do Ministério Público e CSMP, Conselho Superior do Ministério Público. A revolução que está por ser feita dentro do MP, ao contrário do que ocorre em processos políticos, é para fazer com que procuradores e subprocuradores da República voltem a atuar dentro dos limites da Constituição de 1988 e da Lei Complementar nº 75 de 1993, conhecida como Lei Orgânica do Ministério Público.

Assoberbadamente ampla, complexa como um polvo de 16 tentáculos, a Lei Orgânica confere aos titulares desta carreira de Estado poderes para se imiscuir em praticamente todos os negócios públicos e a se portarem como fiadores da transparência de vasta gama de negócios privados. Não é exagero dizer que o Ministério Público pode travar ou fazer deslanchar indicadores econômicos, desanuviar ambiente de negócios e acordos ou arranjos políticos.

Ciosos da complexidade e envergadura do poder que detinham, foi exatamente isso a que se dedicaram com denodo e por caminhos surpreendentemente inusitados ex-procuradores-gerais como Antônio Fernando de Souza (denúncia do “mensalão”, relato de crimes que jamais ocorreram), Roberto Gurgel (julgamento da Ação Penal 470, o “mensalão”) e Rodrigo Janot (associação com atos ilícitos e inconstitucionais praticados pelos procuradores de Curitiba na “Operação Lava Jato). A trinca, formada por próceres de um grupo que se autodenominou “tuiuiús” (ou “jaburu”, ave típica do Pantanal que tem por característica inflar o papo para afugentar os adversários e predadores), perverteu a ação da Procuradoria Geral fazendo-a focar na ação política e fez com que toda a instituição flertasse com o risco ao praticar o laissez-faire na maioria dos ramos de atuação do Ministério Público. A perversão pelo poder terminou atrofiando o comando da instituição. Em razão disso, pariu-se em Curitiba a aberração lavajatista.

A ascensão da personagem nefasta e perversa de Jair Bolsonaro à Presidência da República nos pôs ante a iminência de o modelo Lava Jato vingar, destruir os muros de proteção da Democracia e de contenção dos aventureiros despóticos e autoritários e demolir o Estado de Direito. Se as engrenagens do lavajatismo tivessem logrado êxito sob Bolsonaro, na Casa de Máquinas do Ministério público, onde são moídas reputações e biografias com desfaçatez e sadismo, não haveria juízes no Supremo Tribunal Federal em abril de 2021 com a coragem de voltar atrás em decisões pretéritas e devolver os direitos políticos de Luiz Inácio Lula da Silva e anularem as sentenças injustas e viciadas impingidas a ele pelo ex-juiz suspeito Sérgio Moro.

A vitória redentora de Lula foi a derrota humilhante do modelo lavajatista urdido nos porões do Ministério Público, e ela só se deu porque, desavisadamente e antagonicamente contra a índole golpista e autoritária que detém, Jair Bolsonaro conduzira ao posto de procurador-geral um garantista dos Direitos: Augusto Aras. “Sabe o tamanho da pica que o espera?”, perguntou Bolsonaro a Aras ao abrir a conversa na qual diria que ia enviar o nome dele ao Senado, em agosto de 2019, para substituir a então procuradora-geral Raquel Dodge. No seu linguajar cafajeste, limitado como sói acontecer aos indivíduos limítrofes, o então presidente questionava o futuro PGR se ele estava pronto para resistir às críticas por deixar a natureza seguir seu curso testando a resiliência das instituições democráticas mesmo tendo um maníaco seviciando-as diuturnamente. Na resposta firme e pretensiosa que certamente deu (e nunca confirmou que a deu, pois também confirmaria a falta de modos e de preparo do ex-presidente), Aras deixou claro que sabia onde se metia. Referia-se à coragem para segurar a lanterna nos porões escuros da Procuradoria Geral; Bolsonaro entendeu que ele falava do tamanho de sua “pica”. Desse mal entendido oportuno chegamos onde estamos.

Em duas semanas, três no máximo, o presidente Lula revelará o nome que designará para o biênio 2023-2025 à frente da Procuradoria Geral da República. A lista de candidatos, que já foi de oito perfis e havia se reduzido para cinco, conta agora com uma trinca de integrantes. Todos são homens. Aras está entre eles e é o mais velho dos três. Profundo conhecedor das mazelas e das deturpações que maus servidores como os procuradores e subprocuradores lavajatistas impuseram ao País, vítima desses algozes que se escondiam numa carreira de Estado para cometer crimes e promover conluios contra empresas públicas e privadas e personalidades dos mundos político e empresarial, nos próximos dias Lula conversará com cada um dos três em separado. Sem dizê-lo, proporá a todos que se unam a favor da instituição “Ministério Público” e da ambição de fazer com que procuradores e subprocuradores atuem na plenitude de suas prerrogativas. Também irá propor que sigam unidos contra a usurpação das prerrogativas da carreira de Estado por usurpadores como Deltan Dallagnol e outros que abandonaram o MP depois de flagrados e investigados pelos órgãos de correição.

O presidente sabe que uma faxina procedimental está em curso nos prédios cilíndricos e espelhados da via N2 em Brasília e, por isso, tende a escolher para os próximo biênio à frente da Procuradoria Geral da República um nome capaz de unir a Casa e reconstruí-la – mimetizando ali a linha-força de sua administração.

Involuntariamente, inadvertidamente, um colunista opiniático da Folha de S Paulo, Hélio Schwartsman, deu musculatura e força a Augusto Aras nesta última semana. Depois de uma coluna especialmente ácida na qual chamou o procurador-geral de “inimigo público” e enumerou-lhe defeitos que o desqualificariam à pretensão de uma recondução, Schwartsman viu um movimento tectônico antes improvável de oito órgãos do Ministério Público Federal e da União se unirem a favor de Aras. A mais surpreendente e eloquente nota a favor do procurador-geral foi divulgada pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), a cuja eleição para formação de lista tríplice Augusto Aras nunca se submeteu – nem em 2019, nem em 2021 e nem este ano. “A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) tem, dentre suas finalidades, velar pelas prerrogativas dos seus associados e, em tal condição, vem defender o exercício da prerrogativa constitucional da independência funcional do procurador-geral da República. Em uma sociedade que se pretende democrática, é natural e salutar a crítica (mesmo a mais ácida) aos agentes públicos, exatamente para que se possibilite uma discussão racional sobre os erros e os acertos da atuação funcional.

No caso do Ministério Público, a submissão dos seus membros ao debate público é ainda mais essencial, por conta da autonomia e independência funcionais de que são dotados”, diz a nota da ANPR divulgada na mesma terça-feira em que o matutino do banqueiro Luiz Frias circulava com o artigo de opinião de Schwartsman. E prosseguia a Associação: “De outro lado, a crítica há de ser responsável e balizar-se por critérios racionais e por uma argumentação que permita o diálogo entre os pensamentos diversos, sem a utilização de rótulos ou estigmas. Assim, o fácil discurso que contrapõe “mocinhos e bandidos”, “vilões ou heróis”, “santos ou pecadores” apenas fortalece a polarização que tantos males trouxe ao ambiente do debate público no Brasil, incentivando alguns extremistas até mesmo a atos efetivos de agressão.” Para então encerrar, sem deixar dúvidas da defesa aberta que fazia ao ataque recebido pelo PGR: “O uso, portanto, do rótulo “inimigo público”, ainda que se pretenda limitado ao campo do debate político, mostra-se excessivo, inadequado e prejudicial ao próprio intento que o articulista de A Folha de São Paulo, em sua edição impressa de 18 de julho, anuncia. A discussão sobre os critérios para a indicação para o cargo de Procurador-Geral, por mais acerbo que se pretenda fazer, há de afastar-se do risco de imputação de pechas que apenas contribuam para atingir a honra de um agente público e fortalecer a beligerância inadequada”.

Se procura, por meio de sua designação, união para reconstruir o Ministério Público e colocá-lo de volta nos trilhos institucionais e nos moldes traçados pela Constituição, a fim de matar o monstro do qual reclamavam Sepúlveda Pertence e Sigmaringa Seixas, talvez o presidente Lula esteja assistindo a um improvável e impensável aggiornamento de ex-antagonistas em torno da correta tese de se terminar a faxina anti-Lava Jato para remodelar as bases da instituição.

*247

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O Sul de Minas nas batalhas gloriosas de 8 de janeiro

Luis Nassif*

O Sul de Minas ainda está em polvorosa com os expedicionários que participaram da gloriosa expedição de 8 de janeiro para Brasília.

A volta não foi das mais gloriosas. Gordinho, de óculos, Miguel da Laranja, de Areado, foi visto pisoteando o Supremo Tribunal Federal. Voltou para Areado com tornozeleira eletrônica e ainda recebeu uma bronca pública da senhora Miguel das Laranjas:

“Seu abestado, você não tem dinheiro para me levar em Alterosa e vai aprontar em Brasília. E ainda volta com esse troço na canela”.

Outro personagem épico, uma espécie de Anita Garibaldi da Mantiqueira, foi uma senhora de Poços de Caldas, de 83 anos. Ela encrespou na saída, quando descobriu que o motorista do ônibus era petista. Tiveram que convencê-la de que ele era apenas um trabalhador.

Mas o petista salvou pelo menos 19 passageiros.

Na verdade, chegaram um pouco atrasados para a grande batalha épica. Resolveram sair duas da manhã para não atrapalhar o movimento das suas lojas. Quando chegaram, a bagunça já estava armada

O motorista petista, então, deu ideia de uma fuga estratégica. Levou o ônibus para Luziânia, de lá para Uberlândia, depois para Uberaba até voltar para o sul de Minas.

Só ficou em Brasília a Anita Garibaldi idosa, que acabou voltando para Poços de tornozeleira.

Agora, o pânico grassa na região. Sabendo disso, um advogado espertalhão chegou na região e convenceu alguns viajantes que estavam fichados. Dispôs-se a acompanhá-los até a delegacia da Polícia Federal de Pouso Alegre mediante honorários módicos de R$ 15 mil.

Os incautos foram convencidos a tempo que, posto que nem desceram dos ônibus, não estavam sendo procurados.

Um deles, um pouco mais assustado, foi se refugiar na casa de um tio, na zona rural. Ficou escondido, sem avisar sequer a família.

Mas quase se entregou quando chegou outro tio, acompanhado de um fotógrafo de O Alfenense. O tio tinha trazido um bolo de chocolate meio grande e pediu para o fotógrafo ajudar a carregar. Só isso. Mas provocou uma fuga do sobrinho pela janela dos fundos, escondendo-se no mapa até os visitantes iram embora.

Só ficou em Brasília a Anita Garibaldi idosa, que acabou voltando para Poços de tornozeleira.

Agora, o pânico grassa na região. Sabendo disso, um advogado espertalhão chegou na região e convenceu alguns viajantes que estavam fichados. Dispôs-se a acompanhá-los até a delegacia da Polícia Federal de Pouso Alegre mediante honorários módicos de R$ 15 mil.

Os incautos foram convencidos a tempo que, posto que nem desceram dos ônibus, não estavam sendo procurados.

Um deles, um pouco mais assustado, foi se refugiar na casa de um tio, na zona rural. Ficou escondido, sem avisar sequer a família.

Mas quase se entregou quando chegou outro tio, acompanhado de um fotógrafo de O Alfenense. O tio tinha trazido um bolo de chocolate meio grande e pediu para o fotógrafo ajudar a carregar. Só isso. Mas provocou uma fuga do sobrinho pela janela dos fundos, escondendo-se no mapa até os visitantes irem embora.

*GGN

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Campanha de Aras é armadilha contra Lula

Enquanto Lula ocupa a presidência pela terceira vez, após a mais apertada campanha eleitoral em décadas de História, não custa lembrar que o país permanece em plena travessia institucional.

Neste ambiente, inevitavelmente tumultuado, irá ocorrer uma primeira definição importante, após a vitória que impediu a reeleição de Jair Bolsonaro — a escolha do novo Procurador Geral da República, posto estratégico na cúpula do Estado, ainda mais na conjuntura atual.

Como já é tradição, os procuradores definiram uma lista tríplice de concorrentes ao posto, oferecida como sugestão ao presidente Lula, que tem o direito à palavra final, inclusive anunciando um novo um nome fora da lista do MP. Há outro candidato no horizonte, contudo.

Após dois mandatos como PGR, cargo que ocupou por escolha de Jair Bolsonaro, o primeiro presidente da República a desconsiderar a lista tríplice, o atual PGR Augusto Aras tenta um terceiro mandato. Desta vez, suas chances se resumem a uma única possibilidade: ser indicado por Lula a permanecer na função até agosto de 2025, poucos meses antes da próxima eleição presidencial.

Só para recordar: o primeiro mandato de Augusto Aras como PGR foi iniciado em setembro de 2019. Indicado por Bolsonaro, tomou posse num ambiente marcado pelos dois episódios decisivos do retrocesso brasileiro mais recente — a prisão de Lula, em abril de 2018, e a derrota de Haddad, meses depois.

O segundo mandato de Aras foi iniciado em agosto de 2021, quando sua recondução foi aprovada no Senado por 55 votos a 10. A marca principal que permitiu a ascenção de Aras como PGR residiu no espírito Lava-Jato, que fortaleceu um punitivismo primitivo, enfraquecendo os princípios constitucionais básicos da presunção da inocência que ocupam a espinha dorsal da Constituição de 1988.

Essa postura alimentou o golpe contra Dilma Rousseff e os ataques à Petrobras, mostrando que os adversários da presidente do PT tinham fôlego, dentro do Ministério Público, para indicar um novo PGR. Seu nome era Nicolau Dino, irmão mais novo de Flávio Dino, o ministro da Justiça de Lula. Primeiro colocado na escolha interna, com 651 votos, ele não sobreviveu até a chegada do novo governo, contudo. Michel Temer optou por Raquel Dodge, que Bolsonaro iria trocar por Augusto Aras.

Embora sua campanha contasse com o patrocínio declarado de Jair Bolsonaro & filhos, além de estrelas do primeiro escalão do Congresso, nunca faltaram vozes amigas no Ministério Público com disposição para retocar a imagem do candidato, espalhando a noção de que o punitivismo de Aras seria apenas teatro eleitoral, que seria substituído por sólidos princípios garantistas quando o candidato a PGR já estivesse firme no cargo e pudesse demonstrar sua vocação democrática.

Como o país pode constatar nos anos seguintes, o Aras da vida real nada tinha a ver com essa fantasia ingênua e/ou interesseira. Em vez de manter uma postura vigilante diante dos abusos cometidos pelo governo Bolsonaro, atitude que constitui obrigação número 1 da função, o PGR cultivou uma indisfarçável capacidade de adaptação aos gestos e atitudes de um governo que tentava encaminhar o país para uma ditadura.

O mal-estar contra sua atuação atingiu tal ponto que em agosto de 2021 quatro lideranças históricas do Ministério Público sentiram-se no dever de abandonar o descanso para tomar uma atitude inédita, cuja gravidade os estudiosos dos meios jurídicos do país conseguem avaliar com mais precisão. Enviaram ofício ao Conselho Superior do MP para acusar o PGR de “não cumprir a missão constitucional” em casos de óbvio interesse nacional.

Aras foi acusado de “omissão” diante da atuação de personalidades notórias como ex-ministro Ricardo Salles e o primogênito Flavio Bolsonaro. Os procuravam fizaram acusação pior. Escreveram que o PGR “por si próprio ou por intermédio de pessoa de sua mais estrita confiança, vem, sistematicamente, deixando de praticar, ou retardando, a prática de atos funcionais para favorecer a pessoa do presidente da República ou pessoas do seu entorno”. Sua omissão na tragédia de 700 000 mortos na covid-19 também foi lembrada com pesar.

Pelo histórico, resta perguntar se o perfil de Augusto Aras se encaixa na conjuntura de um país que procura reconstruir o regime democrático. O PGR tem a prerrogativa única de investigar políticos com foro especial — a começar pelo presidente da República.

Também é o único membro do Ministério Público que pode iniciar ações penais contra senadores e deputados federais, além de ministros e, mais uma vez, o presidente da República. Resumindo: para o bem ou para o mal, o PGR é um personagem destinado a se mover no olho dos furacões — jurídicos, políticos, econômicos — que costumam explodir cotidianamente na República.

Diante de um histórico conhecido, um Presidente da República comprometido com o Estado Democrático de Direito não tem nenhum interesse em entregar tamanho poder a Augusto Aras.

Alguma dúvida?

*Paulo Moreira Leite/247

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Mídia que premiou o STF contra o PT, agora o ataca

A grande mídia deveria estar escandalizada, colocando em garrafais a confissão vazada de Dallagnol que embolsaria milhões da Petrobras para a criação de uma suposta fundação privada.

Mas para a mídia, é como disse o inacreditável Josias de Souza, dando sua versão desnatada em que utilizou termos mimosos para classificar o feito de Dallagnol, extravagante, informalidade, para não dizer com todas as letras que se tratava de um dos maiores roubos da história do Brasil pelo califado de Curitiba.

Dobrando a fé em suas raízes seletivas, a mídia coloca o STF no centro das atenções, de maneira diametralmente oposta ao que se posicionava na época da farsa do mensalão e também da Lava Jato, quando o STF virou quase uma sucursal de Curitiba.

A falta de traquejo para criticar o judiciário é evidente, afinal, o judiciário no Brasil aprendeu de cara o ofício de ser o último guardião da oligarquia desde a época da escravidão. Isso sempre agradou os almofadinhas e as madames do jet set nativo.

Ou seja, o judiciário brasileiro sempre esteve na antessala dos ricos, dos luxuosos salões da casa grande.

E foi justamente inspirada nisso que a grande mídia resolveu botar o bloco na rua, com seu próprio estandarte para produzir duas farsas jurídico-midiáticas que se completaram enquanto embriagava parte da população com holofotes tanto nos ministros do STF, como, depois, nos medalhões da Lava Jato, sobretudo Moro e Dallagnol,

É claro que a Lava Jato é descendente do mensalão, tanto que Barbosão e Moro usaram ornamentos dourados, de forma grosseira, para dar farol à “teoria do domínio do fato” e “atos indeterminados”.

Por isso mesmo os dois foram as estrelas máximas na festa da coroação do prêmio Faz Diferença, certamente indicado pelo mesmo grupo Globo, através do seu Instituto Innovare.

Mas parece que, agora, para a mídia, o judiciário adoeceu e os conselheiros da mídia já não influenciam mais nas decisões da Suprema Corte que definia o destino do que eram presos e julgados pelas duas farsas jurídico-midiáticas.

Agora, os jornalões anunciam o delirante Moraes, acompanhado de seus pares, rumo ao que classificam como beira do autoritarismo.

O que parece é que a grande mídia quer puxar o coro bolsonarista que, antes sussurrava ao pé do ouvido da poderosa Faria Lima.

O mundo muda, mas a grande mídia brasileira continua a mesma de sempre, do lado da classe dominante desse país.

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Para que servem as Forças Armadas?

Luis Nassif*

Qual a função das Forças Armadas? Defesa nacional não é. Não há ameaça dos vizinhos, não há protagonismo algum nos embates geopolíticos.

Uma hora haverá a necessidade de se discutir: qual é, afinal, a função das Forças Armadas? Nos longínquos anos 70, a primeira Página Amarela que consegui emplacar na Veja foi com Fábio Konder Comparato. E ele situava nessa ausência de propósito claro a tendência dos militares de se imiscuírem em todos os poros da vida nacional – e estávamos em plena ditadura.

De lá para cá, nada aconteceu. Qual a função das Forças Armadas na atual quadra da história? Defesa nacional, é que não é. Não há ameaça dos vizinhos, não há protagonismo algum nos grandes embates geopolíticos globais. E se houvesse ameaça, não haveria Forças Armadas preparadas. Não há investimentos em inovação ou tecnologia, capazes de transbordar para o setor civil. E tanques e outros instrumentos de dissuasão são utilizados apenas contra brasileiros, como ficou claro na invasão do Morro do Alemão.

O Plano Nacional de Defesa, elaborado na gestão Nelson Jobim, mostrava a necessidade de uma força enxuta, tecnológica e com capacidade de mobilização. Para tal, houve investimentos vultuosos no submarino nuclear e nos caças Gripen.

Haveria dois objetivos potenciais para serem trabalhados. Um deles, as ameaças à Amazônia, especialmente com a invasão de traficantes. Mas já está comprovado a ineficácia do uso das FFAAs contra o crime organizado.

O segundo, seria a defesa da Amazônia Azul, da costa brasileira, das plataformas da Petrobras e, especialmente, das novas fronteiras de exploração mineral, no Elevado Rio Grande.

Mas a gloriosa Marinha dos Almirantes Álvaro Alberto e Othon Luiz transformou-se em uma força contaminada pela ultradireita mais indisciplinada – bastando conferir o comportamento abusivo do Alto Comando na transição para o governo Lula.

Coube a um Almirante ligado à energia nuclear, Bento Albuquerque, permitir o maior atentado à segurança nacional, o golpe da privatização da Eletrobras. Ao que tudo indica, seu objetivo é ajudar a desenvolver – e a participar – do mercado privado de pequenas centrais.

Mesmo com participação direta nas decisões de poder, os militares permitiram a venda da Embraer à Boeing, sabendo que a empresa era a única maneira do país absorver a tecnologia do Gripen. E tudo isso no governo militar de Jair Bolsonaro.

Dia desses, uma publicação chinesa taxou as FFAAs brasileiras como as piores do planeta. Foi um exagero retórico, mas que reflete a extraordinária perda de foco do orçamento de defesa, consumido quase que inteiramente com gastos com pessoal. E para quê?

O país tem carência de pessoal na saúde, nos órgãos ambientais, na Previdência Social. O máximo que o governo militar de Bolsonaro ousou foi alocar militares em alguns quadros, mas com superposição de vencimentos.

Nos anos 70, o governo militar de Médici e Geisel tiveram preocupação em criar instituições ligadas ao financiamento da inovação. Nos anos 2020, o governo militar de Bolsonaro permitiu o esvaziamento dos centros de pesquisa E seu único foco foi a criação de empregos para patentes inferiores e negócios para superiores.

Por falta total de objetivos, de projetos ou de conceitos, o que restou às Forças Armadas foi tentar empalmar o poder civil, sem nenhum projeto nacional consistente de desenvolvimento como álibi.

*GGN

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Chamando de aberração os juros do BC, mercado anuncia queda da taxa Selic na próxima reunião do Copom

Há uma nítida irritação do mercado com Campos Neto, que reclama de uma taxa de juros que, comparada à previsão de inflação em 2024, soma quase 10% de juros reais.

Diante de um frio realismo, os analistas chamam esse ganho, que esguicha do lombo dos brasileiros direto para os muitos ricos, rentistas e banqueiros, de juros obscenos.

Na verdade, a maior atenção da economia é para o próximo Copom. Ou seja, é o fim oficial de uma mentira sistemática com os quatro anos de Paulo Guedes e governo Bolsonaro.

Mais que isso, há uma mobilização natural da economia que, a partir do grau de confiança no governo Lula, os gráficos mostram o caminho idêntico que o Brasil tomou em 2003, também com Lula.

Diante de uma bagagem degradante que Lula pegou de FHC e, agora herdou de Bolsonaro, seu governo tem transformado continuamente, num processo de inversão, ou seja, de melhoria no ambiente econômico e, consequentemente, na vida dos brasileiros.

O fato que, em última análise, é que todo aquele processo ultradoloroso que os brasileiros viveram com Bolsonaro, que produziu milhões de miseráveis, a partir do posto Ipiranga, protagonizado pelo último remanescente dos Chicago Boys, o pinochetista Paulo Guedes, já é passado.

Essa é a razão do mercado olhar para a bolsa de forma tão otimista. O que já está sendo anunciado é a queda de juros que devora empresas e o orçamento doméstico dos brasileiros.

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