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Excluir Bolsonaro da arena eleitoral é um ato de legítima defesa

Tornar ex-presidente inelegível é maneira de barrar do processo eleitoral quem atuou para destruí-lo.

Jair Bolsonaro facilitou a vida dos ministros do TSE que começaram a julgá-lo. Por anos, o ex-presidente liderou uma conspiração à luz do dia para derrubar a credibilidade do sistema de votação do país e deixou para trás as provas de um plano que tinha como objetivo mantê-lo no poder mesmo derrotado, diz Bruno Boghossian, Folha.

Na prática, Bolsonaro tentou fraudar o processo de escolha de um novo presidente. Para isso, ele abusou do cargo que ocupava: acionou o Exército para interferir na organização da eleição e usou ferramentas oficiais para difundir informações falsas. Segundo o Ministério Público, era uma conduta que causava o “estremecimento do apoio popular à própria existência de eleições”.

Como presidente, Bolsonaro passou quatro anos num esforço para fragilizar controles democráticos e desestabilizar um sistema que ameaçava a renovação de seus poderes. Como candidato, violou as regras do jogo eleitoral para ficar no cargo. Excluí-lo dessa arena temporariamente é o mínimo que o TSE pode fazer.

A pena que o tribunal deve aplicar a Bolsonaro não é apenas uma punição pelas infrações do passado. Tornar o ex-presidente inelegível por oito anos é também uma maneira de bloquear a participação direta no processo eleitoral de um personagem que atuou para destruí-lo.

Seria ingenuidade acreditar que, com o caminho livre para concorrer ao Planalto novamente em 2026, Bolsonaro se converteria milagrosamente num devoto das urnas eletrônicas. Eleito para mais um mandato, dificilmente deixaria de lado seus delírios golpistas e sua campanha para driblar as regras que limitam o poder do presidente.

Ainda que a inelegibilidade pareça amarga, oito anos certamente não tornarão Bolsonaro um fiel cumpridor da ordem institucional. O ex-presidente opera numa frequência que favorece o confronto com esse princípio, como sugere o discurso de perseguição que ele ensaia diante da provável condenação. Se voltar às urnas em 2030, provavelmente voltará com o mesmo figurino.

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Bolsonaro quer ser absolvido no TSE por excesso de provas

Ex-presidente pede que TSE repita vista grossa que salvou Temer em 2017.

Em 2017, o Tribunal Superior Eleitoral absolveu a chapa Dilma-Temer por excesso de provas. Seis anos depois, a defesa de Jair Bolsonaro quer repetir a mágica em seu julgamento na Corte.

Na quarta-feira, o ex-presidente invocou o precedente em causa própria. “Espero que tudo o que aconteceu no julgamento de 2017 se repita agora em 2023”, disse à CNN Brasil. O capitão se dirigiu ao tribunal em tom de comando, como se estivesse diante de seus antigos recrutas. “Arquive. Mande ao arquivo isso”, ordenou.

No julgamento de 2017, o TSE fez vista grossa para evidências de que a chapa Dilma-Temer havia sido abastecida com dinheiro sujo. Os ministros pediram acesso a inquéritos da Lava-Jato e tomaram depoimentos que confirmaram práticas de corrupção e caixa dois. Mais tarde, decidiram que o material deveria ser descartado porque não estava na petição inicial.

A manobra foi chefiada pelo ministro Gilmar Mendes. Ele presidia o TSE e era visto como aliado do governo. Nas horas vagas, fazia visitas a Temer fora da agenda oficial.

Para azar de Bolsonaro, a Justiça Eleitoral não está mais sob as asas de Gilmar. Hoje o TSE é comandado pelo ministro Alexandre de Moraes. E a Corte já decidiu incluir, no processo atual, a minuta de golpe apreendida na casa de um escudeiro do ex-presidente.

Na entrevista à CNN, o capitão alegou que Moraes teria “se beneficiado” da pizza assada em junho de 2017. “Graças a esse julgamento, o senhor Temer continuou presidente e depois indicou o senhor Alexandre para o Supremo”, disse. A afirmação é falsa. Moraes tomou posse em março, três meses antes da absolvição do ex-chefe.

Na sessão de ontem, a defesa tentou atenuar a gravidade dos fatos que devem levar à condenação de Bolsonaro. O advogado Tarcísio Vieira disse que o cliente atacou a integridade das urnas num evento diplomático, sem “caráter eleitoral”. Faltou explicar por que o discurso foi transmitido na TV pública e nas redes do candidato à reeleição.

Para Vieira, a situação de Bolsonaro seria “idêntica” à da chapa Dilma-Temer. O doutor não pode ser acusado de desconhecer o caso. Em 2017, ele integrava o TSE pelo exótico mecanismo que reserva vagas na Corte para advogados. Com a toga nos ombros, ajudou Gilmar a salvar Temer. O ministro Herman Benjamin definiu aquele julgamento como “enterro de prova viva”.

*Bernardo Mello Franco/O Globo

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Agora é muito tarde, Bolsonaro, e Inês é morta

O erro que Lula não cometeu

Bolsonaro foi ao Congresso, e mais tarde à CNN, dizer em entrevista amigável que sua eventual condenação pelo Tribunal Superior Eleitoral “será péssima para a democracia”. (Não seria o inverso?). Cobrou ao tribunal que o absolva como fez em 2017 com a chapa Dilma-Temer, acusada de abuso de poder político.

No Congresso e na CNN, Bolsonaro afirmou que foi graças àquela decisão que Alexandre de Moraes pôde tornar-se ministro do Supremo, indicado por Temer. Mentiu, é claro. Seu filho mais velho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), também mentiu ao repetir o que o pai disse. Moraes já era ministro do Supremo.

Se Bolsonaro perder os direitos políticos por 7 x 0, irá para o lixo seu discurso de vítima do sistema. Se perder por 6 x 1, ainda será ruim. Daí a pressão sobre o ministro Nunes Marques, nomeado por ele. Não basta que Marques vote para absolvê-lo: terá de pedir vista do processo para suspender o julgamento por até 90 dias.

Lula ficou preso 580 dias, mas deixou a cela em Curitiba por decisão do Supremo, e seu principal algoz, Sérgio Moro, que atuou em dobradinha com a acusação, foi considerado um juiz parcial. Bolsonaro, não, preferiu calar-se. Só voltou a abrir a boca a poucas horas de começar a ser julgado. Agora, é tarde, Inês é morta.

esagradou aos aliados que recomendaram o silêncio para não piorar sua situação. Continuará a desagradá-los. Às pressas, encomendou uma manifestação popular para o recepcionar, hoje, no aeroporto de Porto Alegre. Não tinha nenhuma viagem marcada para visitar o Rio Grande do Sul. Ali, sente-se em casa.

Vá gostar no inferno de atirar seguidas vezes no próprio pé como se ele fosse blindado. Que infelicidade! Bolsonaro está destinado a passar à história como o único governante de extrema-direita do mundo que na segunda década do século XXI simplesmente não conseguiu se reeleger e ainda por cima foi punido.

Desgraça pouca é bobagem.

*Blog do Noblat

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Boa sorte, Lula! O contrário para Bolsonaro

Quando elogio vira desprezo

No passado, dizer que fulano era um homem de sorte sempre soou a elogio. Quem não inveja um homem de sorte? Quem não gostaria de estar ao seu lado na esperança de beneficiar-se da sua sorte?

Os que dizem agora que Lula é um homem de sorte o fazem com a intenção de rebaixá-lo. Se a economia melhorou, não foi também graças a Lula, mas principalmente a razões conjunturais.

Lula é apenas um homem de sorte? Pelo bem do país, tomara que continue sendo. Nada pior do que um governante sem sorte. Bolsonaro, por exemplo. Para sorte do país, foi derrotado.

Se seus direitos políticos acabarem cassados, ele será o primeiro líder populista de extrema direita do mundo a ser derrotado pelo voto popular ao tentar se reeleger e, em seguida, a ser punido.

Donald Trump também foi derrotado e será julgado em agosto próximo por ter surrupiado da Casa Branca documentos secretos. Mas, se condenado, não estará impedido de disputar eleições.

Se preso, poderá disputá-las. Nos Estados Unidos, inexiste algo como a lei da ficha limpa. Caso se eleja, Trump poderia governar de trás das grades. Ou conceder perdão a si mesmo.

Bizarro? Pois é. A Constituição americana é analógica em tempos de inteligência artificial. Nem tudo que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil.

*Blog do Noblat

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Basta ver o aumento do lucro dos bancos e rentistas para entender por que Campos Neto mantém alta a taxa de juros

O Brasil não tem somente a maior taxa de juros do planeta, ela é o dobro do segundo lugar, que é o México.

Mas a coisa não para aí. Os banqueiros e rentistas brasileiros são os que mais ganham com essa política pornográfica do Banco Central independente, a inflação cai mês a mês e os juros se mantêm mês a mês, aumentando o lucro de banqueiros e rentistas mês a mês.

Quem paga a conta? O povo, que Campos Neto jura proteger com sua política nefasta que faz transfusão de dinheiro da massa do povo para os cofres de meia-dúzia.

Não foi sem motivo que Dilma foi golpeada com o patrocínio de banqueiros e rentistas para que Temer, assim que assumisse, entregasse a chave do Banco Central aos ratos da agiotagem desse país.

Na verdade, quando Campos avisa que não tem horizonte para baixar os juros, ele não está dando nenhuma satisfação ao povo, que é quem paga as contas, mas sim aos banqueiros que lucram bilhões e mais bilhões com essa política criminosa do Banco Central.

Na realidade, Campos Neto manda recados não só para tranquilizar  a banca, como diz que ela vai ganhar muito mais nas costas do povo, na medida em que a inflação cai e os juros continuarem num patamar absurdo.

Isso é um despautério. Um sujeito que opera como lobista dos bancos, sequestrar a economia do Brasil para fazer o papel de Robin Wood às avessas, roubando dos pobres para dar aos bilionários.

A pergunta é, até quando o Brasil suportará esse Banco Central supostamente independente?

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“Vi na internet”: Em sabatina, Moro cita fake news sobre Zanin e Lula

Senador perguntou se indicado ao STF foi padrinho em casamento que não teve padrinhos.

O senador Sergio Moro se atrapalhou na sabatina de Cristiano Zanin na Comissão de Constituição e Justiça.

Moro anunciou que faria perguntas “bastante técnicas”. Em seguida, perguntou se Zanin foi padrinho de casamento de Lula e Janja no ano passado.

“Vi na internet. Não sei se é procedente ou não essa informação”, afirmou.

Se tivesse trocado as redes bolsonaristas pela imprensa, Moro saberia que o casamento não teve padrinhos.

E evitaria o vexame de propagar fake news numa sabatina transmitida ao vivo pela TV.

Em tempo: Moro foi padrinho de casamento da deputada Carla Zambelli, uma das figuras mais estridentes da extrema direita no Congresso.

*Bernardo Mello Franco, O Globo

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Vídeo: Lula não é sortudo, os governos neoliberais de FHC, Temer e Bolsonaro é que dão “azar”

Assista:

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Bolsonaro vai para o matadouro como um boi manso

A agonia que ele vive não é nada se comparada com o mal que fez aos brasileiros e ao país nos últimos quatro anos.

Quem, de fato inocente dos crimes que lhe imputam, concorda em ser guilhotinado sem se revoltar? Donald Trump, mais do que apenas implicado em vários crimes, mobiliza seus seguidores, desafia a justiça a provar que é culpado e promete derrotar todos os que disputarem com ele a presidência do seu país em 2024.

Bolsonaro não passa de um falastrão como sempre se soube, e ainda por cima frouxo. Defende que as pessoas se armem para enfrentar quem as ameaça, mas ele, uma vez assaltado no Rio, entregou ao bandido tudo o que carregava, inclusive um revólver. A polícia, dias depois, matou o assaltante.

No dia 7 de setembro de 2021, do alto de um palanque na Avenida Paulista, no centro de São Paulo, Bolsonaro chamou de canalha o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, e disse que não respeitaria mais suas ordens. Menos de 48 horas depois, borrando-se nas calças, pediu desculpas a Moraes.

Com medo de que o filho Carlos fosse preso, tentou abrigá-lo no Palácio da Alvorada. Michelle, sua mulher, bateu o pé e Carlos foi obrigado a bater em retirada. Michelle detesta Carlos, e ele a ela. Bolsonaro não manda sequer no seu cercadinho doméstico. Manda só nos filhos, criados à sua imagem e semelhança.

Quem quer pegar galinha não diz “xô galinha”. Bolsonaro quis dar um golpe entre novembro e dezembro do ano passado. Mas esperava a adesão total das Forças Armadas. Como a adesão foi parcial, fugiu para Miami. E, de lá, protegido e bem alimentado, assistiu pela televisão a tentativa frustrada do golpe de 8/1.

Uma parte dos aliados de fé de Bolsonaro acha que ele faz muito bem em permanecer calado para não se atritar ainda mais com a justiça; outra parte, a dos aliados por conveniência, também, porque pretende usar seu capital eleitoral em benefício próprio. Os bolsonaristas de raiz, que o endeusavam, estão irritados.

Cadê o homem viril que se dizia dono da caneta mais carregada de tinta da República? É verdade que perdeu a caneta, mas deveria ter conservado a virilidade. Cadê o homem que se referia ao Exército como “meu Exército”? Cadê o homem que cercado de seguranças torceu o braço de um desafeto para tomar-lhe o celular?

Seus direitos políticos serão cassados pelo Tribunal Superior Eleitoral sem que ele emita um gemido. O julgamento, que começará nesta quinta-feira (22), se não for interrompido por um pedido de vista, deverá terminar na próxima semana. A partir de então, qualquer juiz da primeira instância poderá prendê-lo.

Se isso ocorrer, ele será solto em pouco tempo. Mas, e a humilhação de ser preso e fichado? E os mais de 20 processos a que responde, um deles por ameaçar de estrupo uma deputada do PT? Fragilizado, como imagina ainda dispor de força política para salvar seus filhos de complicações com a justiça?

Bolsonaro merece a agonia que vive. Ela não é nada se comparada com o mal que ele fez ao país nos últimos quatro anos.

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Adeus, Bolsonaro. Talvez nos reencontraremos daqui a oito anos

O sujeito oculto do julgamento são as duas tentativas de golpe, uma, em dezembro, a outra em janeiro.

É de ver se Nunes Marques, que deve a Bolsonaro sua indicação para ministro do Supremo Tribunal Federal, seguirá prestando favores ao padrinho como tem feito desde que assumiu o cargo.

Só o voto dele poderá impedir que Bolsonaro tenha seus direitos políticos cassados no julgamento marcado para a próxima quinta-feira (22/6) no Tribunal Superior Eleitoral.

Bolsonaro é acusado de abuso do poder político e de ato hostil à democracia quando atacou o Poder Judiciário e tentou pôr em dúvida a segurança do processo eleitoral brasileiro.

Nunes Marques votará por sua absolvição, disso seus colegas têm certeza. Mas se ele pedir vista do processo, a sessão de julgamento será suspensa e só deverá ser concluída a partir de agosto.

Para quê pedir vista do processo se é certo que Bolsonaro ficará inelegível por oito anos? O próprio Bolsonaro, ontem, admitiu que é isso o que provavelmente acontecerá.

“Não vamos apavorar com o resultado que vier. Obviamente, não quero perder os direitos políticos. […] A gente quer continuar vivo contribuindo com o país. Nós temos esse problema agora. Vamos enfrentar isso no dia 22. Já sabemos que os indicativos não são bons, mas estou tranquilo”.

Os indicativos são péssimos, ele sabe. E tranquilo não está. O sujeito oculto do julgamento é o golpe que Bolsonaro não deu porque desconfiava da adesão dos comandantes militares.

Foram duas as tentativas frustradas de golpe, e para cada uma havia uma minuta. Tramou-se a primeira entre novembro e dezembro. A segunda materializou-se em 8 de janeiro.

De acordo com a primeira minuta, Bolsonaro decretaria o estado de sítio no país e convocaria os militares para restabelecer a ordem pública, mesmo que não houvesse desordem.

No estado de sítio, o presidente restringe o sigilo das comunicações, a liberdade de imprensa e o direito de reunião. Pessoas podem ser presas sem ordem da justiça.

A minuta do golpe de dezembro foi encontrada no celular do tenente-coronel Mauro Cid; a do golpe de janeiro, na casa de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro.

Mauro Cid está preso na Vila Militar, em Brasília. Torres cumpre prisão domiciliar usando uma incômoda tornozeleira eletrônica. Bolsonaro ainda está solto. Mas, até quando?

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Para Bolsonaro, inelegibilidade pelo TSE é lucro diante do Risco Papuda

Bolsonaro não gosta da ideia de ser proibido de disputar eleições por oito anos, mas tem um profundo pavor de ir para o xilindró. Tanto que veio a público um rosário de vezes expressar seu temor pela cadeia, enquanto pouco falou sobre a inelegibilidade.

Prestes a ser condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral por fazer uma micareta golpista no Palácio do Alvorada a fim de contar mentiras sobre a urna eletrônica para embaixadores estrangeiros usando dinheiro público, ele só pensa no Risco Papuda.

As investigações da Polícia Federal em meio ao inquérito sobre a tentativa de golpe de 8 de janeiro, que estão sob responsabilidade do ministro Alexandre de Moraes, vêm se aproximando do ex-presidente. Praticamente, a cada semana o Brasil fica sabendo que algum assessor próximo ou aliados ilustre estava envolvido na construção de um plano para enterrar o governo Lula.

Para usar um termo militar, Jair que fez “aproximações sucessivas” contra a democracia em seu mandato, agora vê a PF e Moraes realizar “aproximações sucessivas” sobre seus planos. A última foi a revelação do roteiro golpista no celular de seu faz-tudo, Mauro Cid.

Tanto que a nova moda no Bolsoverso, o universo paralelo do bolsonarismo-raiz, é afirmar que Jair impediu um golpe porque não deu trela aos pedidos à sua volta. Como se não fosse ele quem fomentou tudo isso ao longo de anos, como podemos ver por lives, discursos e postagens. E, agora, por conversas que habitavam os porões do WhatsApp de seus amigos de alta patente militar.

Ele tentou sim, sendo corresponsável pelos bloqueios da Polícia Rodoviária Federal para impedir eleitores de Lula no segundo turno, pelo espalhamento de acampamentos golpistas, pelo uso das Forcas Armadas para colocar em dúvida o sistema de votação, pelo 8 de janeiro. Só não houve tanque na rua enquanto era presidente porque não teve o apoio da maioria do Alto Comando do Exército.

A percepção de que o círculo está se fechando causa engulhos em um Jair que nunca escondeu o medo. Nisso, convenhamos, ele é bastante transparente. Salve a força do inconsciente!

Ao dar uma entrevista ao jornal Wall Street Journal, em fevereiro, disse que “uma ordem de prisão pode vir do nada” quando ele voltasse ao Brasil do seu autoexílio nas cercanias da Disney.

Esse mesmo temor se manifestou repetidas vezes na comparação que fez entre si e outra líder sul-americana: a ex-presidente da Bolívia, Jeanine Añez, condenada por um golpe de Estado em junho do ano passado. Ela estava presa há 15 meses e sendo julgada junto com ex-chefes militares.

“A turma dela perdeu, voltou a turma do Evo Morales. O que aconteceu um ano atrás? Ela foi presa preventivamente. E agora foi confirmado dez anos de cadeia para ela”, disse na última vez. E foi além: “Qual a acusação? Atos antidemocráticos. Alguém faz alguma correlação com Alexandre de Moraes e os inquéritos por atos antidemocráticos? Ou seja, é uma ameaça para mim quando deixar o governo?”

Carla Araújo, aqui no UOL, apontou em reportagem que Jair deve começar uma espécie de “Caravana da Vitimização” por conta da condenação – o que vai ao encontro do seu modus operandi ao longo da carreira. É interessante como o bolsonarismo, ao mesmo tempo, celebra o Bolsonaro, que grita e destrói, e dá colo ao Jair, que chora e lamenta.

Tornar Bolsonaro inelegível pode aumentar o custo político de enviá-lo para a prisão. Ou não. Afinal, o humor do país depende mais do crescimento da economia a ser entregue pelo atual presidente do que xororô do ex por sua condenação pela Justiça Eleitoral. Se emprego e renda estiverem bombando e o empresariado e os trabalhadores felizes, a tração do mimimi será mais fraca.

Lula ficou preso 580 dias na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, tentando provar sua inocência. Não quis fugir, apesar dos convites de governos amigos. Caso seja condenado por fomentar um golpe, uma hipótese ainda distante, Bolsonaro vai enfrentar o mesmo calvário de cabeça erguida ou o medo fará com que procure exílio antes disso?

*Leonardo Sakamoto/Uol

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