O jornal repercute a reportagem do jornal Folha de S. Paulo revelando que Henrique Araújo, pai do chanceler Ernesto Araújo, contribuiu para impedir a extradição de Gustav Franz Wagner, criminoso nazista, nos anos 70, em plena ditadura militar.
O ex-comandante do campo de exterminação de Sobibor, na Polônia, conseguiu fugir da Europa no final da Segunda Guerra Mundial, como vários outros integrantes da SS, a polícia de Hitler. Depois de uma passagem pela Síria, ele chegou ao Brasil, onde adquiriu uma propriedade no Estado de São Paulo e tentou apagar seu passado.
Nascido em Viena, em 1911, austríaco como o führer, Wagner aderiu ao partido nazista nos 20 anos e era conhecido pela sua eficácia no uso do monóxido de carbono, utilizado para assassinar os judeus e outros prisioneiros do campo de concentração nas câmaras de gás. Conhecido pela sua crueldade, ele chegou a atirar em um recém-nascido nos braços de sua mãe, lembrou o Le Monde.
Franz Wagner foi desmascarado em 1978 pelo “caçador de nazistas” Simon Wiesenthal, que assegurou ter reconhecido o ex-oficial da SS em uma festa em um hotel de Itatiaia (RJ) para festejar o aniversário de Hitler. Wagner, com medo de ser pego pelo Mossad, o serviço secreto israelense, se entregou sozinho à polícia brasileira.
Mas os pedidos de extradição formulados por Israel, pela Polônia e pela Áustria foram recusados pelo general Henrique Araújo, procurador-geral da época. O pai do atual chanceler, lembra o Le Monde, disse não ao estado Hebreu, argumentando que Israel não existia no momento dos crimes. Para a Polônia e Áustria, ele argumenta que houve prescrição dos crimes de homicídio.
Suicídio?
Henrique Araújo se recusou a qualificar os atos de Wagner como crimes contra a humanidade. Os juízes da Suprema Corte recusaram a extradição e, no dia 3 de outubro de 1980, Gustav Wagner foi encontrado morto, com uma facada no peito. A suspeita é que ele tenha se suicidado.
O general, conhecido por apoiar a censura, teve um papel importante mas “não definitivo” na proteção do criminoso, acredita Bruno Leal, professor de História Contemporânea da Universidade de Brasília ouvido pelo Le Monde, que ouviu vários especialistas sobre o assunto.
Segundo ele, apesar da “falta de vontade e de sensibilidade, sua análise foi tecnicamente correta do ponto de vista legal na época”, diz. Serge Klarsfeld, historiador e advogado, ressaltou que na época os pedidos de extradição, feitos para os governos da América Latina, eram na maior parte do tempo recusados.
A autora do livro “Les Amnésiques” (Aqueles que esqueceram, em tradução livre), Géraldine Schwarz, lembra que “os regimes militares na América Latina foram complacentes com os criminosos nazistas e isso não é um mistério. Mas em uma época em que o Brasil parece perder a memória, é sempre útil lembrar disso”, declara. Para o historiador Michel Gherman, “o discurso de alguns membros do atual governo lembra um alinhamento ideológico com certas ideias obscuras dos anos 30 no Brasil.”
A Folha de S. Paulo, ressalta o Le Monde, lembrou que o chanceler Ernesto Araújo qualificou, em 2017, o regime nazista de nacional-socialista e de “esquerda”, e elogiou seu “sentimento nacional autêntico”. O jornal francês também destacou que, em 2012, durante um programa de TV, Bolsonaro admitiu considerar Hitler como um grande estrategista, comparando o Holocausto ao genocídio provocado pelo desvio de verbas no Brasil dedicadas à saúde. O então deputado deixou entender que os judeus seriam de qualquer forma, mortos de fome e de frio.
*Publicado originalmente em rfi.fr/brasil/Via Carta Capital
Créditos da foto: O jornal Le Monde repercute o impedimento da extradição do nazista Gustav Franz (foto) nos anos 70 (Fotomontagem RFI/wikipédia Gustave Wagner)
A Veja foi o principal veículo da mídia corporativa de combate sistemático e de golpes baixos que o PT enfrentou em 13 anos de governo.
Dito isso, ninguém vai esperar que, em uma reportagem sua sobre o documentário Democracia em Vertigem estar entre os concorrentes ao Oscar, ela seja minimamente honesta, já que foi uma das principais protagonistas do golpe na associação com Moro e sua Lava Jato e, sobretudo por ter lado na disputa presidencial, e o lado que ela escolheu foi o de Aécio Neves na eleição em que foi derrotado por Dilma Roussef.
Por isso, certamente, a Veja não quis lembrar, numa suposta polarização política no país, que Aécio também era o presidente do PSDB que recebeu, em sua campanha, quantias maiores do que a campanha de Dilma, isso das mesmas empreiteiras que Moro diz terem corrompido o PT. Como se diz por aí, no caso da doação para o PSDB, o dinheiro não era sujo, era santo, tanto que a Veja não toca nesse assunto.
No embalo da ocultação, ela acrescenta uma outra prática, a de excluir a realidade fingindo não saber que foi o candidato derrotado, Aécio Neves que pagou R$ 45 mil para Janaína Paschoal elaborar, junto com o tucano Miguel Reale Júnior, o pedido de impeachment de Dilma entregue nas mãos de, ninguém menos, que Eduardo Cunha, o político mais corrupto de todos os tempos.
Então, quando se omite isso, como fez a Veja, de cara ela deixa de dizer que os eleitores de Aécio, que eram a imensa maior parte dos manifestantes que foram às ruas por não aceitarem a derrota, alegando que eram contra a corrupção, que ali há uma fusão entre dois grandes corruptos comprovadamente pegos de forma documental com filmagens, documentos na Suíça, contas bancárias abarrotadas em quatro países, derrubando uma presidenta que não tem qualquer acusação de corrupção.
É lógico que a Veja finge não saber que Moro, o herói da Lava Jato, que impulsionou tanto as manifestações como o próprio processo de impeachment, jamais incomodou um único político corrupto do PSDB, e olha que aqui se fala de corruptos de peso como FHC, Serra, Alckmin e o próprio Aécio.
Viu-se através dos vazamentos do Intercept que Moro disse a Dallagnol para não incomodar FHC por verbas recebidas por seu Instituto para não melindrar um aliado estratégico. Quanto a Aécio e Serra, sobram fotos de encontros amistosos deles com o xerife de Curitiba.
Para piorar, a Veja omite em seu panfleto tardio contra o documentário, que Moro, numa manobra ainda mais espúria, mais à frente, condena e prende Lula sem provas para Bolsonaro ganhar a eleição e ele se transformar no super ministro.
Todo esse pedaço da história do qual a Veja, em certa medida, também participou como protagonista ou como elenco de apoio, foi suprimida não se importando em deixar um enorme vácuo na sua narrativa sobre o golpe do impeachment.
Para desclassificar o documentário, ela se lambuzou dos clichês, muitos que ela própria havia criado para perseguir politicamente o PT, clichês estes famosos como corrupção sistêmica, organização criminosa, entre outros ataques baixos que a revista utilizou suando a camisa para tirar um governo de origem popular para que os conservadores, através de um golpe de Estado, liderado por Temer, um dos maiores corruptos do país, que participou do golpe como sabotador, assumisse e fizesse o que a oligarquia que comanda a revista queria, tirar direitos dos trabalhadores, privatizar empresas estatais e produzir uma massa de desempregados e trabalhadores precários.
Assim, a Veja fez uma matéria que fala muito mais de si do que do documentário Democracia em Vertigem que, merecidamente, foi indicado ao Oscar.
O que certamente irrita a Veja, e ela declara de forma explícita, é que a história do golpe contra Dilma, mas principalmente contra a democracia brasileira, cruzou as fronteiras e ganhou o mundo. E isso era tudo o que os patrões e financiadores da Veja não queriam.
A “autocrítica” de Cristovam Buarque, falando em nome de uma suposta esquerda, é uma das peças mais hipócritas de uma crônica política intrinsecamente hipócrita como a brasileira.
Não que as esquerdas não mereçam críticas. Merecem, e pesadamente. Mas autocrítica tem que partir de quem está no mesmo campo. E Cristovam não pertence ao campo da esquerda.
Aliás, não pertence a campo algum. Sua história política é típica do caráter macunaímico do homem público brasileiro, de seguir a onda do momento, sem nenhum compromisso com valores, princípios, coerência.
Sua postura no impeachment foi reveladora.
Em pleno pré-impeachment, o então senador Cristovam Buarque se tornou um visitante habitual de dois ambientes: o Palácio do Planalto, de Dilma Rousseff, e o Palácio do Jaburu, do vice-presidente Michel Temer.
A luta de ambos era por cada voto no Senado sobre o impeachment. Com Dilma, Cristovam negociou várias vezes o cargo de embaixador na Unesco. A proposta era tentadora. Seu vice era o petista Wilmar Lacerda. Sendo indicado embaixador, Wilmar assumiria o cargo.
Fez mais. Em um momento de entusiasmo propôs a Dilma um livro a quatro mãos sobre o golpe do impeachment. Dilma lhe disse que iria pensar. Já desconfiava do jogo duplo de Cristovam.
De fato, no dia 19 de janeiro de 2016 vazou a informação de que ele negociava com Temer a criação de uma Ação da Cidadania pela Educação, que poderia relançá-lo politicamente, em troca de seu voto a favor do impeachment. No dia 6 de maio de 2016 dava entrevista sustentando que não houve golpe, mas apenas esgotamento do modelo PT. Foi além. Sendo alvo de uma enxurrada de protestos, inclusive do exterior, por sua posição a favor do impeachment, acusou Dilma de crime por ter divulgado no exterior que o impeachment era um golpe.
Sustentou que havia, sim, crime de responsabilidade nas pedaladas. Depois, disse estar em dúvidas. Finalmente declarou ter sido convencido pelos indícios.
Não ficou nisso. Votou a favor de todas as reformas que afetavam diretamente direitos sociais e trabalhistas. Votou a favor da Lei do Teto, da reforma trabalhista. Na reforma trabalhista, não apenas votou a favor, como assinou uma representação contra as senadores Vanessa Graziottin e Gleize Hoffman por quebra de decoro, por terem ocupado a mesa do Senado em protesto.
Seu pior momento foi mais recentemente, quando se pronunciou a favor da revisão das cláusulas pétreas da Constituição – as que garantem os direitos fundamentais – com uma comparação infame: “Perguntas brasileiras: e se nossa primeira Constituição tivesse colocado a propriedade de escravos como cláusula pétrea, por sua importância fundamental na economia da época?”
A melhor resposta veio do advogado negro Silvio de Almeida: “Senador, sinto-me, como negro que sou, profundamente ofendido com sua comparação ridícula, sem sentido e desrespeitosa. O senhor tornou-se um homem triste e vulgar. Que a história trate de colocá-lo em seu devido lugar”.
Em 2016 pretendeu se candidatar a presidente da República pelo PDT. Foi preterido por Ciro Gomes e saiu atirando, acusando o PDT de ter “traído o povo” e aderindo ao PPS de Roberto Freire. Ambos saíram a campo apoiando o governo Temer. Não conseguindo nada de Temer, em junho de 2017 Cristovam mudava de posição novamente. Depois da denúncia do Procurador Geral da República contra Temer, apressou-se a declarar que o impeachment ficou incompleto, porque não incluiu Temer.
Candidato a presidente de si próprio, se definiu como um político que tem “a tradição de não me vender no sentido mercadológico e de não me adaptar ao discurso da moda“. Defendeu o fim do Estado expropriador dos meios de produção”, a reforma trabalhista e sustentou que eles (a esquerda) “não pedirão desculpas quando ficar provado que as reformas trabalhistas vão trazer uma modernização na relação entre o capital e o trabalho”.
Coerente na incoerência
A primeira vez que tratei pessoalmente com Cristovam foi atendendo a um convite de Lula para uma conversa no Instituto Cidadania, lá pelos idos dos anos 90. Montou-se uma mesa tendo, do lado dos jornalistas, Elio Gaspari, Clóvis Rossi e eu. Do lado do Instituto Lula e Cristovam.
Não me lembro dos demais. Cristovam chamou atenção pela absoluta superficialidade de mero repetidor de slogans.
Quando surgiram os programas de qualidade, eleito governador do Distrito Federal, proibiu o emprego da palavra qualidade em qualquer memorando da Secretaria da Saúde, por ser um vocábulo “burguês”.
Depois se fixou na bandeira da defesa da educação – e quem pode ser contra a educação? Como Ministro da Educação foi inócuo, incapaz de levar adiante qualquer política educacional. Ainda não sei os motivos da sua demissão sumária. Se o critério foi o da competência, foi perfeitamente justificável.
Ali começou o aggiornamento. Cristovam mudou de barco. Não foi apenas o desencanto com o PT ou o álibi da corrupção do partido. Fosse apenas isso, abdicaria do partido, não dos princípios políticos que ele, Cristovam, alardeou em toda sua vida política.
Tornou-se um liberal radical, quando a moda era ser liberal radical. Agora, que o novo discurso é o do combate às desigualdades, vai mudando as declarações. Processo, aliás, que se acentuou graças à selvageria das reformas que ele apoiou intensamente, quando estavam na moda.
Ao lado de Luis Roberto Barroso, Luiz Edson Fachin, Carmen Lúcia e Ayres Brito, Cristovam é o personagem ideal para uma profunda análise sociológica sobre a vocação macunaímica das figuras públicas nacionais.
Sucesso de candidatos ligados à Igreja não se deve somente ao aumento do número de fiéis na sociedade brasileira.
São quase sete e meia da noite em uma das unidades da Igreja Pentecostal Deus é Amor, na região central de São Paulo. Depois de uma chuva intensa, os fiéis demoram a chegar. Enquanto o culto não começa e os irmãos não chegam, Serafina Ribeiro, de 36 anos, anda de um lado para o outro, colocando as coisas nos lugares, passando um pano úmido no chão, limpando os ventiladores e sorrindo para quem adentra ao espaço.
Empregada doméstica, ela está ali há quatro anos, desde que passou por um processo de depressão depois da morte da mãe, na Bahia, enquanto Serafina vivia em São Paulo – chegou na capital paulista acompanhada de sua patroa, com quem sempre morou. Na Igreja, sentiu o “amor de Deus”, parou de sentir angústia e se sente “curada”.
Serafina é o rosto evangélico brasileiro: mulher, negra e de baixa renda. Na Igreja relativamente pequena, se comparada ao Templo Salomão da Igreja Universal, a maioria ali presente confirmou o que levantaram os dados de uma pesquisa de janeiro de 2020, do Instituto Datafolha: um rosto feminino, negro, que ganha até dois salários mínimos por mês e tem apenas o ensino médio completo é rosto da religião evangélica hoje.
Bem diferente, no entanto, é o perfil dos líderes evangélicos que decidem atuar na esfera política, seja nos bastidores ou sob os holofotes.
Um exemplo é o pastor Edir Macedo. Líder da Igreja Universal do Reino de Deus, fundada no terreno de uma antiga funerária, em 1977, no Rio de Janeiro, ele tem uma fortuna declarada de aproximadamente R$ 2 bilhões, segundo a Revista Forbes. Ele foi um dos apoiadores da campanha de Jair Bolsonaro à Presidência da República em 2018. Resultado: cerca de 70% dos evangélicos declararam voto no candidato abençoado da extrema-direita.
A presença de evangélicos na política não é de hoje, mas cresce de forma exponencial. De 1982 para cá, o número de parlamentares declaradamente evangélicos passou de 12 para 90, segundo o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP). A mudança se explica parcialmente pelo aumento vultoso da população evangélica no Brasil, que, no mesmo período, passou de 7,8 milhões para 26,2 milhões. Mas não é só isso.
Um projeto de poder
Especialistas e evangélicos ouvidos pelo Brasil de Fato explicam que o avanço dos evangélicos sobre na política responde a um projeto de poder, instigado pelos líderes religiosos e em aliança com a direita brasileira.
“Com o crescimento dos evangélicos, muitos mais se apresentarão para a política partidária. Isso é natural e esperado. Com a Universal, no entanto, isso mudou”, afirma o pastor Ariovaldo Ramos, de 64 anos, líder da Comunidade Cristã Renovada e um dos coordenadores nacionais da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito, formada em 2016. Para ele, a igreja de Edir Macedo se transformou em uma “agência política”, com uma lógica de lógica de ascensão ao poder.
Em 2008, o pastor Edir Macedo publicou o livro “Plano de Poder”, citando Maquiavel, apresentando Deus como um estadista e Adão e Eva como elementos de um estado de natureza ou de selvageria. “Os cristãos precisam despertar ao toque da alvorada. (…) A emancipação começa com o amadurecimento individual, o inconformismo com certas situações, o consenso em um ideal e a mobilização geral.”
Dez anos depois, nas eleições de 2018, o plano de poder estava em pleno andamento: foram os pastores, apoiados por candidatos da direita, que levaram parte da população brasileira para as ruas, defende o pastor Ariovaldo Ramos. Aqueles que melhor souberam surfar a onda do crescimento dos evangélicos foram as siglas de direita e extrema direita.
“É a religião que mais cresce no Brasil e na América Latina e que se cola muito bem a esse projeto de direita que passa pela questão moral e pelo conservadorismo”, afirma Andrea Dip, jornalista e autora do livro “Em nome de quem?: A bancada evangélica e seu projeto de poder”.
Como parte da apuração para o livro, em 2015, Dip foi assistir a um culto evangélico no Congresso Nacional, quando Dilma Rousseff (PT) ainda era presidente. “Até então não sabia que ocorriam cultos evangélicos nesse espaço. O Eduardo Cunha estava lá orando, com a Bíblia na mão. Ali eu percebi que havia um projeto de poder se desenvolvendo.” Entre os valores evangélicos e os da direita, nasceu a esteira necessária para o desenvolvimento desse projeto de poder.
O pastor Ariovaldo Ramos relata a participação de evangélicos na política partidária desde o fim da ditadura militar. As Igrejas Evangélicas, no entanto, tendiam a se manter distantes da lógica partidária. “Nunca passou pela lógica evangélica assumir o poder, influenciar na política. Até porque a fé protestante é a que mais atuou na construção do Estado laico, justamente porque é um cristianismo tardio, que vai ser perseguido, na Cortina de Ferro e, depois, no mundo islâmico”, afirma.
A lógica, entretanto, passou a entender que “era preciso estar no poder para garantir o avanço da fé, principalmente por causa das perseguições”. Com a chegada da Teologia da Prosperidade, explica Ramos, a mudança seria inevitável. Agora, “se você foi eleito por Deus, você tem prosperidade econômica. Aí virou a coluna que você vê na mensagem da Universal e de todas as neopentecostais. Isso é o ovo da serpente, criou um ambiente que nós temos hoje”.
Por que o número de evangélicos cresce tanto?
De acordo com Marcos Fernandes, doutor em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP) e pesquisador do Instituto Tricontinental de Pesquisa Social, para entender o que levou o número de evangélicos a aumentar tanto, é necessário estudar as mudanças ocorridas na sociedade brasileira nas três últimas décadas ligadas à precarização da vida da classe trabalhadora.
“Diante disso, o que as igrejas oferecem para as pessoas? Primeiro, a possibilidade de pertencer a uma comunidade. As Igrejas funcionam como um centro cultural nas periferias. Se um jovem quer aprender a tocar algum instrumento, por exemplo, vai para a Igreja Universal do Reino de Deus”, que, atualmente, têm cerca de 15 programas sociais destinados aos fiéis. De acordo com dados oficiais da Igreja, de 2018, cerca de 10,8 milhões de pessoas foram alcançadas por esses programas.
Outra constatação listada pelo pesquisador é o acolhimento emocional que esses espaços promovem. De acordo com um estudo feito pela Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT), em 2017, os transtornos mentais estão entre as maiores causas de afastamento do trabalho.
“Onde esses trabalhadores vão procurar alívio? Na Igreja. E, de fato, elas melhoram de depressão, ansiedade. Quem cura o alcoolismo hoje nas classes populares são as Igrejas”, afirma Fernandes. Da mesma maneira, “é onde vão achar também um alívio material, mesmo que seja uma cesta básica alimentar no fim do mês”.
Para Fernandes, as instituições religiosas evangélicas acabam, desse modo, por organizar a vida em sociedade, principalmente em espaços onde o Estado não chega, como nas periferias.
“A mulher negra que está na periferia não tem acesso à cultura, saúde e educação. Aí a Igreja traz saúde, cultura e educação.
Ao passo que a religião evangélica se expande pelo país, o catolicismo perde espaço.
Ainda de acordo com o Datafolha, os católicos ainda são 50% da população, mas em 1980 eram 90%. A diferença, segundo Fernandes, se explica pela melhor penetração das igrejas evangélicas entre a classe trabalhadora, com um discurso e um formato mais próximo da realidade do que a Igreja Católica.
Para se ter uma ideia, apenas na década de 1960 a Igreja Católica deixou de pregar a missa em latim e de costas para os fiéis. Do outro lado, os evangélicos espalham a narrativa por meio da música, dos canais de rádio e TV e nas pequenas casas que transformam em templo, em todas as periferias.
A educadora social evangélica Rachel Daniel, de 24 anos, diz que a Igreja Evangélica acolhe as pessoas “de uma forma perfeita”. “Você é abraçado, se sente acolhido, as pessoas estão preocupadas se você tem o que comer em casa, sobre a sua saúde, te ligam no seu aniversário”, afirma.
“A mulher negra que está na periferia não tem acesso à cultura, saúde e educação. Aí a Igreja traz saúde, cultura e educação. O filho aprende a tocar um instrumento, faz teatro. Ela consegue ir ao médico, consegue os remédios. A Igreja tem um pré-vestibular comunitário. Tudo o que o Estado não traz, a Igreja traz.”
Esquerda não fez a lição de casa
“A esquerda não ouviu Paulo Freire, não foi ensinar o sujeito a escrever a partir do tijolo, da argamassa, que é o que Paulo Freire ensinava sobre a educação libertadora. A base ficou solta e foi virando religiosa”, argumenta Ariovaldo Ramos.
Para o pastor, o erro da esquerda é esquecer que “abaixo da linha do Equador nós todos somos religiosos”. “Todo mundo fala ‘Graças a Deus’. Pensar que todo mundo, à medida que for ganhando a sua de dignidade econômica vai deixar a religião é imaginário. A fé é uma coisa mais profunda do que isso, é um jeito de se enxergar na vida.”
“Política é afeto, é relação, e a religião também. A esquerda deixou de fazer isso e a direita usou esses pastores.
Ramos alerta que, enquanto a esquerda não tratar da dignificação da mulher e do homem negro, seguirá perdendo votos para qualquer movimento que “empreste aos pobres, aos negros e aos miseráveis senso de dignidade, que não tem a ver com a grana que ele tem no bolso, porque ele vai colocar água no feijão de qualquer jeito. O que ele não vai aceitar é ser tratado como escravo”.
“Não dá para chegar na senhora de 90 anos que vai na minha Igreja e falar assim: eu sei que o pastor te levou no médico quando você precisou, conversou com você quando você precisava, visitou o seu filho na prisão, mas ele está errado, vota na outra pessoa. Porque é construção de afeto. Política é afeto, é relação, e a religião também. A esquerda deixou de fazer isso e a direita usou esses pastores”, sentencia a educadora evangélica Rachel Daniel.
Associação Brasileira de Imprensa (ABI) diz que busca acertar encontro para definir rumos de ações na defesa do jornalismo e da integridade física dos profissionais.
A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) se manifestou neste domingo (19) sobre os ataques do governo Bolsonaro à imprensa. A entidade afirma que junto com a Associação Nacional dos Jornais (ANJ), a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV (ABERT), a Associação Nacional das Editoras de Revistas (ANER) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) acertam um encontro de suas diretorias para discutir “os rumos que tomaremos diante de todas as ameaças ao jornalismo e, principalmente, aos jornalistas”.
Em artigo publicado em seu site, a entidade repercute texto do jornalista Janio de Freitas, publicado neste domingo na Folha de S.Paulo, sobre o assunto.
Confira o artigo da ABI:
“Ainda não foi desta vez“, constata o articulista Janio de Freitas, em sua coluna dominical publicada na Folha de S. Paulo, ao comentar a falta de reação dos profissionais de imprensa aos ataques e insultos feitos pelo presidente da República. Não deixa de ser um questionamento sobre a falta de reação dos ataques de Jair Bolsonaro, normalmente ocorridos nos plantões na porta do Palácio Alvorada, em Brasília, onde há sempre uma claque bolsonarista. Mas não apenas lá.
Os ataques aos profissionais de imprensa sem que, até agora, tenha ocorrido alguma reação, tem provocado questionamentos na própria categoria. Até quando aguentarão calados? O próprio Janio de Freitas admite que “não está eliminada a possibilidade, um dia qualquer, de que um repórter não aceite ver sua mãe em frase de moleques, e reaja à altura“. Se ocorrer, qual será a reação? O que fazer para que não se chegue a este ponto de ruptura? Quais os riscos de alguns mais fanáticos partirem para agressões a profissionais de imprensa no exercício diário dos seus trabalhos?
Trata-se de um debate eminente que a categoria precisa travar, junto com entidades que representem não apenas os profissionais de imprensa, mas também aquelas que reúnem os órgãos de comunicação. Não só. A própria sociedade precisa estar atenta a estes ataques do presidente. Bem como todas as demais instituições que compõem o Estado Democrático de Direito.
Nesse sentido, a Associação Brasileira de Imprensa – ABI, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), a Associação Nacional dos Jornais (ANJ), a Associação Brasileira de Rádio e Televisão (Abert) e a Associação Nacional das Editoras de Revistas (ANER) estão acertando um encontro para definir rumos na defesa do jornalismo e, principalmente, da integridade física dos jornalistas.
Como mostrou o estudo “Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil“, elaborado pela Federação Nacional dos Jornalistas – Fenaj, relembrado também no artigo de Janio de Freiras, estes ataques tiveram um crescimento exponencial no último ano. Sozinho o presidente foi responsável por 58% deles.
O jornalismo livre, como se sabe, é pilar fundamental do Estado Democrático de Direito. A imprensa livre não é um benefício à categoria em si, mas uma conquista da própria sociedade que tem o direito de receber as informações de diversos canais, com diferentes enfoques. Só assim o cidadão poderá refletir sobre o que ocorre à sua volta e tomar as decisões no momento da escolha dos governantes, através do voto.
A Liberdade de Expressão e, dentro dela a Liberdade de Imprensa, são preceitos constitucionais que se sobrepõem a diversos outros, tal como tem sido reafirmado pelo Supremo Tribunal Federal. Reafirmações não apenas no sentido de que a imprensa é livre para noticiar. Livre, também, para criticar, em especial os chamados agentes públicos.
Tal como definiu Carlos Ayres Britto, no famoso julgamento da ADPF 130, em novembro de 2009, em uma decisão que sempre é relembrada pelos demais ministros, como foi o caso de Rosa Weber na Reclamação Nº 16.434, em 30 de junho de 2014, ao levantar a censura que o judiciário capixaba havia imposto à revista eletrônica Século Diário., do Espírito Santo. Extrai-se da sua decisão o texto originalmente de Ayres Britto:
“O exercício concreto da liberdade de imprensa assegura ao jornalista o direito de expender críticas a qualquer pessoa, ainda que em tom áspero ou contundente, especialmente contra as autoridades e os agentes do Estado. A crítica jornalística, pela sua relação de inerência com o interesse público, não é aprioristicamente suscetível de censura, mesmo que legislativa ou judicialmente intentada. O próprio das atividades de imprensa é operar como formadora de opinião pública, espaço natural do pensamento crítico e “real alternativa à versão oficial dos fatos” (grifos do voto de Rosas Weber).
No caso de Bolsonaro, as reações não são sequer às críticas, mas ao simples noticiário de fatos que ele não consegue contestar. Reage com brutalidade ao não conseguir desmentir e, menos ainda, explicar as notícias provenientes de seu governo e da sua equipe. Não dá respostas, como bem explicou Janio de Freitas. Provavelmente por não ter o que responder. Por isso, parte para o ataque aos meios de comunicação e aos jornalistas, muitas vezes o insultando. Fica a pergunta: até quando?
Em inglês, pastor diz que Alvim é “Daniel na casa do Brasil”, em referência ao personagem bíblico do velho testamento que foi colocado em uma cova com leões após ser traído por ter se destacado como administrador do reino.
Demitido na última sexta-feira (17) depois de produzir um vídeo com clara apologia ao nazismo, o diretor teatral Roberto Alvim foi ungido em inglês por um pastor da igreja evangélica Bola de Neve, durante culto em novembro em São Paulo.
“Você trabalha com o presidente, mas serve ao rei. Eu te faço como um Daniel na casa do Brasil”, diz o pastor em referência à história bíblica do antigo testamento sobre Daniel, um dos três administradores do Império Aquemênida, no reinado de Dario, que teria sido traído por colegas por se destacar e colocado em uma cova com leões, que não o devoraram porque Deus teria fechado a boca dos animais.
Na pregação, Alvim se mantém com os olhos fechados, enquanto ao fundo uma música gospel hipnotiza os presentes no culto.
No Antigo Testamento, tão usado pelos pastores neopentecostais, este era o tratamento dado aos falsos profetas:
DT 18:20: Porém o profeta que tiver a presunção de falar alguma palavra em meu nome, que eu não lhe tenha mandado falar… esse profeta morrerá. pic.twitter.com/fC94Bxt2JP
Daniella Consentino, que diz haver falha cadastral, estaria na mesma situação que pode derrubar Fabio Wajngarten.
O chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Fabio Wajngarten, está com a cabeça a prêmio após a revelação de que continua dirigente de uma empresa contratada por emissoras de tevê que recebem verba da Secretaria. A lei dos servidores (8.112) proíbe-os de ter esse vínculo e a Lei de Conflito de Interesses (12.813), de manter “relação de negócio com pessoa física ou jurídica que tenha interesse em decisão do agente público ou de colegiado do qual este participe”.
Uma pessoa de confiança do ministro da Economia, Paulo Guedes, pode estar na mesma situação. É Daniella Marques Consentino, chefe da assessoria especial de Assuntos Estratégicos da pasta.
Até a sexta-feira 17, o nome dela aparecia na base de dados da Receita Federal como “diretora” da empresa Mercatto S2 Participações. Criada em 2010, conforme a mesma base de dados da Receita, a firma atua no mercado financeiro, setor impactado pelas decisões de política econômica de Guedes e sua equipe.
É uma empresa da teia societária da Bozano Investimentos, hoje Crescera Investimentos, da qual Guedes era sócio até entrar no governo – um deputado, Paulo Ramos (PDT-RJ), diz que o ministro continua sócio e pediu investigação dele à Procuradoria Geral da República, ao Tribunal de Contas da União e à Comissão de Ética Pública.
Na base de dados da Receita, Daniella aparece como representante legal da Crescera em uma outra empresa, a BP Venture Capital, conforme se via também na sexta-feira 17.
Em 22 de abril de 2019, a assessora recebeu no Ministério um dos sócios da Crescera, e portanto chefe dela caso ela seja representante legal na BP, Elie Horn. Em seguida, reuniu-se com dirigentes de uma filantrópica criada pelo empresário, o Instituto Liberta, de combate ao abuso sexual infantil.
A assessora diz que as duas reuniões foram sobre o programa de incentivo ao voluntariado que o governo lançaria dali uns meses. Afirma ainda ter saído de todas as empresas antes de ingressar no Ministério e que deve ter havido falha de atualização cadastral, para que seu nome ainda conste como “diretora” da Mercatto e como “representante legal” da Crescera na BP.
Não foi à toa que Bolsonaro deu aquele faniquito contra a imprensa encerrando a coletiva depois de perguntado sobre a corrupção que envolve Fabio Wajngarten, da Secom, é uma tentativa preocupada de impedir a difusão de algo muito maior que está por trás desse personagem que veio à luz por conta da parceria pouco republicana entre ele e os beneficiados com as maiores verbas da Secom, através de sua empresa.
Pode-se dizer que Wajngarten está para Bolsonaro no submundo dos endinheirados como Queiroz está para o submundo da milícia.
Se Queiroz, durante mais de três décadas, foi a ponte forte entre Bolsonaro e Rio das Pedras, Wajngarten era o principal elo entre a campanha de Bolsonaro e, agora o governo, com o jet set do dinheiro. Os dois são personagens chave de uma teia que garantiu o alcance de Bolsonaro ao seu objetivo. Ou seja, nem Queiroz e, muito menos Wajngarten são o que parecem ser.
Bolsonaro é quem escolhe estrategicamente como tratar a imagem dos dois, mesmo que a imagem verdadeira deles escorra entre os dedos e cause cada vez mais estragos no figurino de Bolsonaro, até aqui controlados pela operação cerca frango. Se somar isso à trama que envolve o assassinato de Marielle, à pressão de Moro sobre o porteiro e mais uma série de catimbas envolvendo gente de confiança de Bolsonaro para que a coisa não se revele como de fato é, se entenderá melhor como funciona o nazismo tropical e não aquela paspalhice protagonizada por Roberto Alvim, com roteiro, direção e cenário grotescos para se transformar no centro das atenções por um motivo até agora tão mal explicado quanto a sua conversão de ateu para cristão, assim como de esquerda para a extrema direita.
O fato é que o governo Bolsonaro cheira mal, traz o mesmo odor de sua campanha que envolveu personagens do intermúndio dos poderes paralelos do Estado para se formar uma equação capaz de criar uma grande fraude e cercá-la de proteção institucional para que a blindagem garantisse que seu mandato e os crimes do seu clã se mantivessem intocáveis.
Alguém lembra do caso grave de corrupção da SECOM? Pois é, esse é o ponto que se deve observar com o discurso nonsense de Roberto Alvim, que é ator e dramaturgo, repetindo o ministro da propaganda nazista, Joseph Goebels. Há diversos aspectos importantes que apontam para a compreensão de que o discurso não foi por acaso. Note que há elementos fortes que apontam para uma armação grosseira.
Bolsonaro fez um vídeo, há poucos dias, fazendo elogios eloquentes a Alvim, considerando que ele é o primeiro responsável pela cultura que o Brasil tem, em anos.
Alvim é dramaturgo e não um imbecil completo, como demonstrou na entrevista à Rádio Gaúcha.
Foi demitido muito rapidamente, diferente de todos os demais casos, incluindo os de flagrante caso de corrupção.
O cenário foi armado para ser idêntico ao da foto do escritório de Joseph Goebbels, incluindo elementos de estruturação nazista e símbolos iconográficos importantes para o pensamento da guerra cristã.
1 – A bandeira nacional à direita. 2 – Bolsonaro na mesma localização milimetricamente pensada, ligeiramente deslocada à direita, assim como na foto do nazista, em seu escritório. 3 – A cruz medieval de Lorena, à esquerda, símbolo da resistência cristã, utilizada por templários, já que originalmente chama de cruz heráltica, está ligada aos brasões de armas e guerras cristãs pela tomada de Jerusalém. O símbolo é de fé, honra e bravura, valores enaltecidos pelo nazismo, como forma de distinguir a dita “superioridade ariana”. 4 – A posição e as expressões utilizadas pelo secretário especial da Cultura.
Elementos da dialética do discurso foram dispostas de forma racional e não deliberada, como em casos de coincidência linguística. – “A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa […] ou então não será nada” disse Alvim. – “A arte alemã da próxima década será heroica, será ferrenhamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthose igualmente imperativa(…) ou então não será nada” disse Goebbels.
Ou seja, basta comparar pelas cores, as frases que têm o mesmo significado exato, apenas com um ou outro termo alterado, para ficar mais palatável à linguística atual. Elementos de interpretação estão presentes nas expressões do secretário e demonstram fingimento ou mentira.
1 – Rugas de expressão, testa ou sobrancelhas franzidas. 2 – Braços imóveis. 3 – Ombros recolhidos. 4 – Pescoço tenso e movimentos repetidos da cabeça. 5 – Lábios tensionados.
Por último e não menos importante, o figurino que difere radicalmente de como Alvim costuma se apresentar, incluindo o penteado e a comparação entre expressões que o fazem parecer outra pessoa, nesse caso, um nazista falando.
A secretaria de cultura, está longe de ser o centro da propaganda nazista do governo Bolsonaro.
Este é o principal papel do comandante da pasta da Secom – Secretaria Especial de Comunicação Social.
Comandante que foi pego com a boca na botija em grossa corrupção, Fabio Wajngarten já propôs boicotar as verbas publicitárias da Secom a quem desagradasse o governo.
O motivo dessa sua proposta nazista foi contra a Folha, em função de uma reportagem publicada pela Folha que informa que um ex-assessor do ministro do Turismo disse, em depoimento, que a candidatura de Jair Bolsonaro em 2018 se beneficiou das candidaturas laranjas.
Wajngarten não citou a Folha, mas passou seu recado.
A reportagem provocou profundo desconforto no alto escalão de Bolsonaro.
Moro, como sempre, foi ao Twitter dizer que Bolsonaro não está implicado de nenhuma forma no caso. Porém, não se pronunciou sobre o depoimento.
O que sumiu da mídia foi o caso do chefe da Secom que recebe dinheiro de agências e emissoras contratadas pelo governo Bolsonaro.
O caso está abafado enquanto a mídia toda discute o nazismo de Alvim.
A galinha dos ovos de ouro
A Secom é a responsável pela distribuição da verba de propaganda do Planalto e também por ditar as regras para as contas dos demais órgãos federais. Incluindo a pasta da cultura, sobretudo seus editais, como o anunciado por Alvim.
Wajngarten está no cargo desde abril de 2019, mas se manteve como principal sócio da FW Comunicação e Marketing.
A FW tem contratos com ao menos cinco empresas que recebem do governo, entre elas, a Band e a Record, cujas participações na verba publicitária da Secom vem crescendo.
A legislação proíbe integrantes da cúpula do governo de manter negócios com pessoas físicas ou jurídicas que possam ser afetadas por suas decisões.
Em 2019, a Band, por exemplo, pagou R$ 9.046 por mês (R$ 109 mil no ano) à empresa do chefe da secretaria por consultorias diversas. O valor mensal corresponde à metade do salário de Wajngarten no governo (R$ 17,3 mil).
Os valores foram confirmados à Folha pelo próprio Grupo Bandeirantes.
Sob o comando de Wajngarten, a Secom passou a destinar para Band, Record e SBT fatias maiores da verba publicitária para TV aberta.
Bolsonaro jamais quis comentar esse escândalo debaixo de seu nariz e abandonou uma coletiva quando lhe pediram explicação sobre o caso.
A fonte do financiamento da propaganda nazista, a Secom, é a mesma de um outro escândalo maior envolvendo o chefe da pasta e, pelo jeito, o próprio Bolsonaro.
A maior afinidade do partido e governo de Bolsonaro com os nazistas é que a corrupção era generalizada em todo o partido do Hitler.