Mineira de Três Corações recebeu título de ‘Mãe brasileira do ano’ durante missa no Rio e foi encontrar seu filho num treino da seleção antes da Copa da Inglaterra.
Edson Arantes do Nascimento, o rei Pelé, estava acompanhando um treino da seleção brasileira na lateral do campo, em Teresópolis, no dia 8 de maio de 1966, quando foi surpreendido por uma visita. Sua mãe, Celeste Arantes do Nascimento, chegara sem avisar no gramado onde o elenco se preparava para a Copa do Mundo da Inglaterra. Sem pensar duas vezes, o atleta de então 29 anos se levantou da cadeira e foi correndo abraçá-la. Era domingo de Dia das Mães.
Celeste havia acabado de receber o título de “Mãe Brasileira do Ano”, promovido pelo GLOBO na época. Ao lado do marido, João Ramos do Nascimento, o Dondinho, pai de Pelé, ela participara de uma missa campal em sua homenagem no Jardim Botânico, no Rio, e, em seguida, a família foi levada à cidade na Região Serrana. Dondinho ficou 50 minutos preso no elevador do hotel antes de sair, e o carro enguiçou no caminho. Mas eles chegaram a tempo. O camisa 10 chorou ao ver seus pais no treino.
Com 100 anos recém-completados, Dona Celeste nasceu em Três Corações, Minas Gerais, filha de Maria Neves e Jorge Arantes, em novembro de 1922. A mãe dela morreu no parto do décimo filho, que faleceu 15 dias depois. A menina foi criada pela irmã mais velha, bastante rigorosa. A maior travessura de Celeste quando criança era tocar a campainha da casa dos vizinhos e sair correndo. Na adolescência, ela dava seu jeito para papear na praça da cidade e assistir às matinês do cinema, ao lado da amiga Maria de Lourdes, que seria madrinha de Pelé.
A moça tinha 16 anos quando, no dia 29 de julho de 1939, casou-se com Dondinho, então com 26 anos. O casal lutava pelo ganha-pão com dificuldade. Dondinho era jogador de futebol amador e por muito tempo não ganhava salário. Ele lutava para ter um emprego fixo com honorários. Começara atuando no time do 4° Regimento de Cavalaria do Exército, onde servia como soldado. Depois, foi para o elenco do Atlético Clube Três Corações, na época presidido pelo médico Daniel de Almeida.
“Dondinho era, sem favor, o melhor jogador da região. Pelé tem por quem puxar, embora jogue melhor que o pai Pelé é melhor. Na cabeçada, entretanto, garanto que Dondinho era muito melhor que o filho. Um escanteio a favor do seu time era ‘meio-gol'”, disse o doutor Almeida, durante entrevista ao GLOBO em maio de 1966. “Celeste era uma moça distinta e simples, que se tornou uma boa mãe de família. Era uma mãe exemplar, chamava-me logo que Pelé ou Zoca apanhavam qualquer gripezinha”.
Pelé e seu irmão mais novo Jair Arantes do Nascimento, o Zoca, nasceram em Três Corações, mas o primogênito tinha 2 anos quando a família se mudou para São Lourenço, onde nasceu a caçula, Maria Lúcia. Na cidade do Sul de Minas, Dondinho passou a atuar como profissional em um time local, antes de ser transferido a outros clubes até se fixar numa equipe de Bauru. Segundo a edição do GLOBO de 9 de maio de 1966, fazia parte do contrato um emprego de guarda sanitário.
Foi em Bauru que Pelé aprendeu a jogar, usando bolas de meia. Ele integrou times amadores locais, atuando em campos de terra batida, ganhando títulos de divisões de base. Tinha 15 anos em 1956, quando começou a jogar no Santos, e, dois anos depois, foi a estrela da primeira seleção brasileira a conquistar uma Copa, na Suécia. Pelé morreu nesta quinta-feira, aos 82 anos, devido a complicações geradas por um câncer. Sua mãe tem 100 anos e vive em Santos.
*Com O Globo
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