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Na calada da noite, Bolsonaro promove juízes aliados de Moro e Dallagnol para o TRF-4

Tribunal que condenou Lula a jato e o tirou da disputa em 2018 continuará sob influência de agentes públicos que não respeitam princípios básicos da Justiça.

No apagar das luzes, Jair Bolsonaro nomeou 12 desembargadores para o Tribunal Regional Federal da 4a. Região, aquele que condenou Lula num julgamento de rapidez incomum e, com isso, o tirou da disputa eleitoral de 2018, em que era favorito.

Alguns dos nomes escolhidos apareceram em mensagens acessadas por Walter Delgatti Neto como preferidos por Deltan Dallagnol para suceder Sergio Moro, quando este deixou a magistratura para servir ao governo Bolsonaro, que ajudou a eleger.

Deltan Dallagnol era na época (janeiro de 2019) coordenador da Lava Jato e, em áudio e mensagens escritas, dizia quem não poderia assumir. O nomeado foi Luiz Antonio Bonat, uma das opções do então procurador, hoje deputado federal eleito.

Bonat é um dos juízes que foram agora promovidos para o Tribunal Regional Federal da 4a. Região.

Além de Bonat, foram para o TRF-4 Alexandre Gonçalves Lippel; Hermes Siedler Júnior; Eduardo Vandré Garcia; Marcelo Malucelli; Marcelo de Nardi; Altair Antonio Gregório; Loraci Flores de Lima; Gisele Lemke; Eliana Paggiarin Marinho; e Ângelo Roberto Ilha da Silva, além de Ana Cristina Ferro Blasi, advogada indicada pela OAB que tinha como padrinho o senador Jorginho Melo, eleito governador de Santa Catarina.

Marcelo Malucelli era diretor do Fórum da Justiça Federal em Curitiba e atuou nas articulações de Deltan Dallagnol.

Malucelli teria consultado o juiz Bonat sobre o interesse deste de assumir o lugar de Moro. Ele teria respondido que não tinha interesse, e nesse caso a escolha, por antiguidade, recairia sobre alguém que não dispunha da confiança de Dallagnol.

Bonat, como se sabe, acabou mudando de ideia.

Além de Bonat e Malucelli, Loraci Flores de Lima também tinha a confiança da Lava Jato. Ele é irmão do delegado da Polícia Federal Luciano Flores, que comandou a operação de busca e apreensão na casa de Lula, em março de 2016, e também chefiou o inquérito onde foram realizadas as escutas telefônicas ilegais do escritório dos advogados de Lula, e uma conversa privada de Marisa Letícia foi interceptada e divulgada.

A juíza Gisele Lemke, agora desembargadora nomeada, foi citada em um áudio de Deltan Dallagnol compartilhado no grupo Filhos de Januário 3.

Gisele fez consultas para tentar afastar da disputa pela vaga de Sergio Moro o juiz Julio Berezoski Schattschneider, que Dallagnol considerava “péssimo” para os interesses da Lava Jato.

Com isso, houve pressão para que Luiz Antonio Bonat, o mais antigo, se inscrevesse e não desistisse. Bonat foi promovido agora, Julio não. Graças à caneta de Jair Bolsonaro, no apagar das luzes do governo.

O TRF-4, que já enfrentou denúncias pesadas de corrupção, quando a segunda turma foi acusada de blindar sonegadores, entre eles a empresa de Luciano Hang, continuará sob influência de agentes do sistema de justiça que, comprovadamente, violaram o princípios básicos do Judiciário, como o do juízo natural e da inocência até prova em contrário.

Tribunal que tem amigos ou inimigos não é justiça. O TRF-4 deve continuar sob os olhares atentos de quem ama a justiça a rejeita a indecência.

*Joaquim de Carvalho/247

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Policia Federal: Carlos Bolsonaro é o chefe do esquema criminoso de fake news

Em inquérito sigiloso conduzido pelo STF (Supremo Tribunal Federal), a PF identificou o vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, como um dos articuladores do esquema criminoso de fake news.

Um dos quatro delegados que atuam no inquérito é Igor Romário de Paula, que coordenou a Lava Jato em Curitiba quando Sergio Moro, agora ex-ministro da Justiça, ​era o juiz da operação.

Maurício Valeixo, diretor da PF demitido por Bolsonaro, foi superintendente da polícia no Paraná no mesmo período e escalado por Moro para o comando da polícia.

Dentro da Polícia Federal, não há dúvidas de que Bolsonaro pressionou Valeixo, homem de confiança de Moro, porque tinha ciência de que a corporação havia chegado ao seu filho, chamado por ele de 02 e vereador do Rio de Janeiro pelo partido Republicanos.

Para o presidente, tirar Valeixo da direção da PF poderia abrir caminho para obter informações da investigação do Supremo ou inclusive trocar o grupo de delegados responsáveis pelo caso.

Não à toa, na sexta-feira (24), logo após Moro anunciar publicamente sua demissão do Ministério da Justiça, o ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito no Supremo, determinou que a PF mantenha os delegados no caso. ​

O inquérito foi aberto em março do ano passado pelo presidente do STF, Dias Toffoli, para apurar o uso de notícias falsas para ameaçar e caluniar ministros do tribunal.

Carlos é investigado sob a suspeita de ser um dos líderes de grupo que monta notícias falsas e age para intimidar e ameaçar autoridades públicas na internet. A PF também investiga a participação de seu irmão Eduardo Bolsonaro, deputado federal pelo PSL de SP.

Procurado por escrito e por telefone, o chefe de gabinete de Carlos não respondeu aos contatos da reportagem.

Para o lugar de Valeixo, no comando da PF, Bolsonaro escolheu Alexandre Ramagem, hoje diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência). Ramagem é amigo de Carlos Bolsonaro, exatamente um dos alvos do inquérito da PF que tramita no STF.

Os dois se aproximaram durante a campanha eleitoral de 2018, quando Ramagem atuou no comando da segurança do então candidato presidencial Bolsonaro após a facada que ele sofreu em Juiz de Fora (MG).

Carlos foi quem convenceu o pai a indicá-lo para o lugar de Valeixo. Os dois ficaram ainda mais próximos quando Ramagem teve cargo de assessor especial no Planalto nos primeiros meses de governo. Carlos é apontado como o mentor do chamado “gabinete do ódio”, instalado no Planalto para detratar adversários políticos.

Segundo aliados de Moro, ao mesmo tempo que a PF avançava sobre o inquérito das fake news, Bolsonaro aumentava a pressão para trocar Valeixo.

Nos últimos meses, o presidente pediu informações sobre os trabalhos da polícia, em reuniões e por telefone, de Valeixo. Segundo a Folha apurou, Valeixo ignorava os pedidos sobre dados sigilosos.

Bolsonaro enviou mensagem no início da manhã de quinta-feira (23) a Moro com um link do site Antagonista com uma notícia sobre o inquérito das fake news intitulada “PF na cola de 10 a 12 deputados bolsonaristas”.

“Mais um motivo para a troca”, disse o presidente a Moro se referindo à sua intenção de tirar Valeixo.

Moro respondeu a Bolsonaro argumentando que a investigação, além de não ter sido pedida por Valeixo, era conduzida por Moraes, do STF.

O mesmo grupo de delegados do inquérito das fake news comanda a investigação aberta na terça-feira (22), também por Moraes, para apurar os protestos pró-golpe militar realizados no domingo passado e que contaram, em Brasília, com a participação de Bolsonaro.

Assim como no caso das fake news, o ministro do STF determinou que os delegados não podem ser substituídos. O gesto é uma forma de blindar as apurações dos interesses pessoais e familiares do presidente da República.

Há uma expectativa dentro do Supremo de que os dois inquéritos, das fake news e dos protestos, se cruzem em algum momento. Há suspeita de que empresários que financiaram esse esquema de notícias falsas também estejam envolvidos no patrocínio das manifestações.

Coincidentemente, Bolsonaro apertou o cerco a Valeixo após a abertura dessa nova investigação.

 

 

*Com informações da Folha