Pesquisa Ipec, contratada pela TV Verdes Mares e divulgada nesta quinta-feira (22), aponta que o candidato do PT ao governo do Ceará, Elmano Freitas, está à frente do bolsonarista Capitão Wagner (União Brasil) com 30% das intenções de votos, ante 29% do adversário. Como o levantamento possui margem de erro de três pontos percentuais para mais ou para menos, os dois candidatos estão tecnicamente empatados na disputa pela chefia do Executivo cearense.
Roberto Cláudio (PDT) aparece em seguida com 22% da preferência do eleitorado. Zé Batista (PSTU) e Chico Malta (PCB) têm 1% das intenções de votos cada e Serley Leal (UP) não pontuou. Os votos brancos e nulos somam 9% dos entrevistados e outros 8% disseram não saber ou não responderam à pesquisa. O nível de confiabilidade é de 95%.
A primeira rodada da pesquisa Ipec, divulgada no dia 1 de setembro, apontava um empate técnico entre Capitão Wagner e Roberto Cláudio. Eles registravam 32% e 28% das intenções de voto, respectivamente, e Elmano de Freitas (PT) era apontado por 19% dos entrevistados.
A pesquisa ouviu 1.200 pessoas entre os dias 19 e 21 de setembro em 56 municípios de todo o estado. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos e o nível de confiança é de 95%. A pesquisa foi registrada no Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) sob o número CE-03914/2022 e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número BR-02694/2022.
Veja o resultado as duas últimas rodadas da pesquisa Ipec:
Elmano de Freitas (PT): 30% (22% na rodada anterior)
Capitão Wagner (União): 29% (35% na rodada anterior)
Roberto Cláudio (PDT): 22% (21% na rodada anterior)
Chico Malta (PCB): 1% (1% na rodada anterior)
Zé Batista (PSTU): 1% (1% na rodada anterior)
Serley Leal (UP): 0% (0% na rodada anterior)
Brancos e nulos: 9% (9% na rodada anterior)
Não souberam: 12% (8% na rodada anterior)
*Com 247
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Moro aprendeu rápido com Bolsonaro e, assim como o presidente que barganhou com ele a cabeça de Lula em troca do ministério da Justiça e Segurança Pública, o ex-juiz, que comandou a organização criminosa Lava Jato, já elegeu o seu Adriano da Nóbrega, o capitão Wagner, candidato à prefeitura de Fortaleza, que liderou o motim dos encapuzados da PM no Ceará.
No vídeo, Moro disse que o ato liderado pelo capitão era ilegal, mas mesmo assim, o apoia numa clara disputa com Bolsonaro no coração da PM no Brasil e exalta o líder dos amotinados, dizendo que se reuniu com ele e conseguiu, sem punir ninguém, encerrar o ato criminoso.
É o sonho de Moro sendo cristalizado em ideias, montando casa própria em uma colônia bolsonarista.
Lógico que mexer numa poderosa corporação, cujo predomínio é de Bolsonaro, é uma ambição perigosa. Mas como diz por aí, quando morre um sábio é que nasce um político, Moro quer construir seu próprio clero com gente da “nobreza” da classe que sempre garantiu a Bolsonaro votos para se reeleger inúmeras vezes como deputado e, depois, como presidente.
Agora, Moro parece querer repartir os holofotes com Bolsonaro dentro das corporações militares, uma espécie de movimento separatista que tem o mesmo norte, mas um outro comando. Daí esse rapapé do líder do califado curitibano ao ambicioso candidato à prefeitura de Fortaleza, Capitão Wagner, mirando firme para que seu tiro atinja o alvo e devolva a ele o mesmo apoio quando, em dobradinha com Luciano Huck, quando partir para a disputa do cargo máximo da República, falando o dialeto da milícia.
Major Olimpio (PSL-SP) fez parte de uma comitiva de senadores que foi negociar o fim do motim no Ceará.
O senador Major Olimpio (PSL-SP) voltou do Ceará assustado com o quadro de “quebra de hierarquia absoluta” que encontrou nos quartéis tomados por policiais militares amotinados em greve.
O motim em quartéis de Fortaleza, capital cearense, e cidades do interior, foi iniciado na última terça-feira (18), horas depois do anúncio de um acordo de reajuste costurado entre representantes da PM, do governo do estado e deputados estaduais. Nos principais quarteis rebelados, políticos oriundos da PM cearense assumem um papel de liderança.
Segundo Olimpio, há interesses políticos evidentes por trás da greve. “Alguns [líderes] estão visando o 4 de outubro nas urnas”, afirma, fazendo referência à data da eleição deste ano.
O líder do PSL no Senado cita ainda o ex-deputado federal Cabo Sabino (Avante-CE) como uma dessas lideranças. “Sabino é meu amigo. Ele ficou quatro anos comigo como deputado. Eles estão irredutíveis, dizem que ou dão anistia, ou o movimento vai continuar”, lamenta o senador, lembrando de um encontro com os grevistas, do qual também participaram os senadores Eduardo Girão (PROS-CE), e Elmano Férrer (PODE-PI), além do deputado federal Capitão Wagner (PROS-CE).
“Só faltamos ficar de joelhos e implorar para eles. A maioria dos policiais acha que vai ter anistia”, explica.
Além de Sabino, Major Olimpio cita outros políticos cearenses que estão atuando na caserna, mobilizando os PMs amotinados.
Um deles seria vereador de Sobral, Sargento Ailton (Solidariedade), que comandava o piquete onde o senador Cid Gomes (PDT-CE) foi baleado. Olimpio aponta também do deputado estadual Soldado Noelio (PROS-CE) e o vereador de Fortaleza Sargento Reginauro (Sem partido).
Todos têm em comum a forte oposição à família Ferreira Gomes —liderada pelo ex-governador Ciro Gomes (PDT), que apoia o governador Camilo Santana (PT).
Olimpio defendeu o petista no que diz respeito à negociação de aumento com a categoria.
“O governador me disse que não tem mais condição de esticar a corda. Já botou R$ 600 milhões para dar o reajuste e eles vieram com um pleito que custa R$ 2 bilhões. Eles merecem mais do que estão pedindo, mas o governo do Ceará está dando R$ 4.500 para um soldado. São Paulo, que tem R$ 239 bilhões de orçamento, paga R$ 3.180”.
Além dos políticos locais, Olimpio cita também o deputado estadual da Bahia Soldado Prisco (PSC), presidente da Aspra (Associação Nacional dos Praças). Segundo o senador, Prisco tenta fomentar movimentos como o do Ceará em outros estados.
“O Prisco foi expulso da PM da Bahia [conseguiu ser reintegrado pela Justiça em 2017] e se tornou um mobilizador de greves profissional”, critica.
Para Olimpio, os homens encapuzados e armados na rua “pareciam o Hezbollah [partido e grupo paramilitar libanês]”. Já ataques contra bens públicos e privados —um PM chegou a ser preso em flagrante em Crato, interior cearense, por incendiar o carro de uma moradora contrária à greve— são “coisa de terrorista e de criminoso”, como definiu em um vídeo publicado nas redes sociais.
O senador teme que o exemplo cearense seja seguido por policiais de outros estados. “Eu me preocupo demais com isso nesse momento. Porque por salários miseráveis, piores que os que têm no Ceará, você tem no Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul. Na Paraíba tem um movimento semelhante”.
Olimpio, porém, garante que uma anistia aos grevistas do Ceará não passa no Congresso. Nem mesmo a bancada da bala apoiaria uma medida desse tipo.
“A bancada de profissionais de segurança aumentou pela credibilidade dos policiais e da atividade policial. Não vamos criar lideranças criminosas em uma atividade fundamental do Estado. Por isso que está escrito na Constituição que é vedada sindicalização e greve”.
Na insurreição dos policiais militares do Ceará, que são facilmente associados a milicianos, há um movimento insuflando a insubordinação. Isto é público. O que pode parecer estranho, porém, é a participação de assessores diretos do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MDH) na defesa de tais manifestantes. Dois deles estavam, na quarta-feira (20/02), ao lado do deputado federal e pré-candidato a prefeito de Fortaleza, Capitão Wagner (Pros), na tentativa frustrada de uma audiência com o governador Camilo Santana (PT), para “mediar os interesses da categoria”, como noticiou o jornal cearense O Povo. O governador não recebeu o grupo.
A notícia da presença destes dois assessores de Damares Alves aparece perdida no meio de uma reportagem do mesmo jornal na qual o Capitão Wagner tenta sustentar o insustentável. Alega que os tiros dados no senador Cid Gomes (PDT) foram legítima defesa – Wagner diz que tiros em Cid foram “legítima defesa” e pretende registrar B.O contra senador. Na reportagem consta o que destacamos na ilustração abaixo.
“Estavam com Wagner o secretário nacional de Proteção Global, Sérgio Queiroz, o diretor de Proteção e Defesa de Direitos Humanos, Herbert Barros, ambos vinculados ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, e os deputados federais Capitão Alberto Neto (Republicanos-AM) e Major Fabiana (PSL-RJ)”.
Já soa estranho a presença, em Fortaleza, de uma deputada do PSL do Rio de Janeiro, Major Fabiana, em pleno dia de funcionamento do Congresso Nacional. Estava ali para defender policiais militares como ela. Apesar de eles estarem amotinados, promovendo a insegurança pública e descumprindo a Constituição que impede movimentos grevistas dos servidores que recebem armas do governo para defender a população. Porém, parece mais inexplicável a participação nesta movimentação de dois servidores públicos federais, cujas funções, aparentemente, são de defender os Direitos Humanos.
Certamente alegarão que estavam negociando uma solução pacífica. Defendendo o Direito Humano dos policiais militares amotinados e seus familiares. Alegação que dificilmente fará sentido quando se percebe que ambos acompanhavam o deputado Capitão Wagner.
Afinal, o passado deste capitão registra outros atos de insubordinação da polícia militar. Foi o líder do movimento de paralisação da Polícia Militar e Bombeiros no Ceará, no final de 2011 e início de 2012. Na época, já tinha concorrido a deputado estadual pelo Partido da República. Sem falar que, como todo o povo cearense sabe, está em campanha aberta pela prefeitura de Fortaleza.
Mais estranha ainda a presença em Fortaleza de Queiroz, um pastor evangélico e procurador da Fazenda Nacional licenciado desde que assumiu o cargo no MDH. Pois, na mesma quarta-feira em que ele se juntava ao deputado Capitão Wagner, anunciou-se que não mais atuará no ministério em que se encontra. Como registrou Eduardo Barreto, na Revista Época, o passe” do servidor foi requisitado por Onyx Lorenzoni, para lhe auxiliar no Ministério da Cidadania.
Queiram ou não, a presença, em Fortaleza, na quarta-feira, destes dois servidores federais – Queiroz e seu subordinado, Barros -, junto a políticos que defendem policiais militares que estavam praticando atos contrários à Constituição e relacionados às atividades de milicianos, só aumenta a convicção de muitos que o governo de Bolsonaro insufla as milícias. Tal e qual fez no Rio de janeiro ao longo de sua carreira parlamentar. Inclusive com seu filho, o hoje senador Flavio Bolsonaro, empregando parentes de milicianos em seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro – ALERJ. Mais ainda, visitando milicianos presos, como ocorreu com o ex-capitão Adriano Nóbrega e foi noticiado pelo O Globo, nesta quinta-feira (20/02) – Flávio Bolsonaro visitou ex-PM Adriano Nóbrega na prisão, diz vereador.
Enfrentamento necessário
Não se deve perder de perspectiva que os policiais militares insubordinados que foram enfrentados pelo senador Cid Gomes (PDT, em Sobral, município distante 230 quilômetros de Fortaleza, promoveram o tumulto típico de traficantes e milicianos.
Ameaçaram comerciantes, obrigando-os a fecharem suas lojas. Como noticiou o G1-Ceará, na tarde de quarta-feira – Homens encapuzados em carro da PM ordenam, e comerciantes fecham as portas em Sobral. Levaram o pânico à cidade de 147 mil habitantes.
Todos encapuzados, como encapuzados estavam os policiais amotinados no quartel usando seus familiares como escudo. Velha e conhecida tática que Bolsonaro já usou quando promovia protestos de familiares de militares por aumentos salariais. Mas o movimento dos policiais militares no Ceará, por tudo o que se viu, não era apenas reivindicatório. Soou como atentatório à ordem.
Pode-se criticar a atitude de Cid Gomes e até classificá-la de tresloucada, insana. Mas não deixa de ter sua boa dose de coragem. Afinal, de peito aberto e desarmado, ele enfrentou a insubordinação antes que as milícias dominem a polícia cearense.
Como ocorreu no Rio de Janeiro e foi muito bem lembrado por seu irmão, o também ex-governador Ciro Gomes, ao responder às críticas do deputado Eduardo Bolsonaro: “Será necessário que nos matem mesmo antes de permitirmos que milícias controlem o Estado do Ceará como os canalhas de sua família fizeram com o Rio de Janeiro”, escreveu Ciro nas redes sociais.
Um enfrentamento que a sociedade brasileira precisará promover, caso não queira ser totalmente dominada. Não necessariamente pegando em armas. Mas há que se descobrir formas de evitar que a democracia brasileira descambe para a barbárie, como pregam os Bolsonaros e foi muito bem lembrado por Ricardo Bruno, no Brasil 247 – A barbárie já começou.
A necessidade do enfrentamento ficou patente nos tiros disparados pelos policiais militares insubordinados dentro do quartel contra Cid Gomes. Demonstram o tipo de movimento que ali nascia e acabou de certa forma abortado, ou paralisado. Nem se alegue que foi legítima defesa, como tenta vender em seu discurso o deputado Capitão Wagner, com a explicação de que o senador iria atropelar mulheres, crianças e militares. Algo que se torna apenas hipótese, sem que se possa dizer que aconteceria.
Hipótese por hipótese, pode-se alegar que se todos sentassem e cruzassem os braços, em atitude ensinada por Mahatma Gandhi, o senador jamais aceleraria a retroescavadeira.
Mas, assim como soa estranho explicar a presença dos assessores da ministra Damares em Fortaleza, também parece ridículo esperar de milicianos atitudes pacíficas. Isso passa longe dos objetivos deles e, pelo que temos visto, ainda mais nos exemplos dos últimos dias, é o que demonstra também o governo Bolsonaro.