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Ex-aliados, Roberto Jefferson, Sara Winter foram abandonados por Bolsonaro

Roberto Jefferson passou o último ano reestruturando o partido que comanda com mãos de ferro, o PTB, para atrair o presidente Jair Bolsonaro e seus seguidores — reformulou o estatuto para uma linha mais conservadora, expurgou lideranças históricas nos estados e arranjou briga até com a filha por divergências quanto ao uso medicinal da cannabis. É o que informa O Globo.

Preso desde agosto, ele, no entanto, recebeu dois golpes: na quarta-feira, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes o afastou por seis meses do comando da sigla por mau uso do fundo partidário; e, sem mudar uma vírgula do estatuto ou afastar dirigentes, o PL, partido proeminente do Centrão, é o mais próximo hoje de receber Bolsonaro — a filiação chegou a ser marcada para o dia 22, mas foi adiada para que impasses nos estados sejam resolvidos.

“Tem muita gente chateada com o Bolsonaro no PTB”, resumiu um integrante da legenda.

Antes de ir para a cadeia, Jefferson chegou a ter pelo menos dois encontros com o presidente no Planalto para falar sobre a filiação partidária. E, no início de outubro, quando estava internado — e preso — num hospital no Rio, ele recebeu a visita de Waldir Ferraz, um dos amigos mais antigos de Bolsonaro.

— Fui falar que ele estava pegando pesado com os ministros (do STF) — disse Ferraz.

Ele garantiu que foi por iniciativa própria, mas pessoas do entorno de Jefferson interpretaram a visita do aliado do presidente como um recado do próprio.

Algumas semanas depois, já de volta à cadeia, Jefferson escreveu em uma carta afirmando que Bolsonaro “fraquejou” ao não avançar nas demandas do “povo que foi às ruas” no dia 7 de setembro e o criticou por cercar-se de “viciados em dinheiro público”, citando Valdemar Costa Neto, presidente do PL.

‘Vergonha de gritar mito’

A presidente interina do PTB, Graciela Nienov, aliada de Jefferson, tentou colocar panos quentes na história, dizendo que tratava-se de um “desabafo”, mas também se disse “revoltada com o abandono do nosso presidente” — um áudio com as declarações circulou no WhatsApp.

O sentimento de “abandono” é compartilhado por outros bolsonaristas — ou ex-bolsonaristas, caso da ativista Sara Giromini, que teve cargo de coordenadora no Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, comandado por Damares Alves, e organizou acampamentos em defesa do presidente em Brasília.

— Eu me decepcionei demais com o Bolsonaro. O governo dele foi uma grande ilusão para os conservadores. Eu tenho vergonha de quando saía na rua gritando ‘mito’ — lamenta Sara, que se queixa também da falta de apoio quando foi presa pelo (STF) após uma série de ataques à Corte. — Nós recebíamos diretrizes diretas do Planalto. A Carla Zambelli e a Bia Kicis (deputadas) diziam em quem a gente deveria bater ou não. Tínhamos certeza que, se acontecesse alguma coisa, teríamos um respaldo legal, jurídico e econômico. O que aconteceu foi o contrário.

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Os brasileiros estão de saco cheio de Bolsonaro e de sua família

Não me lembro de ver o país tão à deriva como agora. E não importa se Bolsonaro está ou não no Brasil, o país não tem governo. O que ainda funciona está ligado no automático.

Nem quero aqui discutir a capacidade de Bolsonaro governar o país. O cotidiano do Brasil nesses 10 meses de governo mostra que Bolsonaro não é presidente, ele tem apenas o mandato e a faixa presidencial, mas, ao contrário de presidir, ele afronta o Estado brasileiro porque coloca seus interesses e de sua família acima da vida coletiva do país, sem falar que está totalmente subordinado à economia de mercado, num pensamento herdado do PSDB.

As únicas coisas que cresceram no Brasil foram o preconceito racial, o preconceito contra os nordestinos, contra os gays, contra tudo e todos os que faziam parte do discurso de segregação de Bolsonaro durante a campanha.

Tudo isso se inclui na realidade em que nós brasileiros vivemos. Essa é a forma com que Bolsonaro encara os problemas do Brasil, produzindo polêmicas, tentando utilizar seu mandato para garantir impunidade ao seu clã e ampliando seu campo político com sua antiga fórmula corporativista ligada, sobretudo às polícias e às Forças Armadas.

Em meio à crise que se agrava a cada dia no PSL, Bolsonaro luta para, primeiro, apresentar-se como a grande vítima de seus ex-aliados, universalizando as picuinhas criadas no partido para estabelecer fronteiras para casos estruturais, ou seja, Bolsonaro não quer saber de nada que faça parte do cotidiano da sociedade e, por isso, fermenta polêmicas tolas que não interessam em nada ao cidadão brasileiro e, com isso carrega nos discursos para que sua gestão não seja avaliada, pois é justamente aí que estão os seus maiores problemas.

Por tudo isso, Bolsonaro polariza qualquer bobagem, contanto que a espetacularização sirva de cortina de fumaça para os problemas reais que afligem o país diante de um governo em que o centro é o mercado e não os cidadãos.

Agora mesmo, não se sabe o discurso oficial sobre as manchas de óleo que atingiram o litoral nordestino. Questões laterais são colocadas no centro do debate sobre a tragédia ambiental e, com isso, a condução da crise não produz qualquer tipo de ação ou consciência de sua gravidade, tudo é feito para que os brasileiros aceitem esse estado de coisa sem que uma norma central seja discutida para solucionar a grave situação do Brasil.

Na realidade, e talvez o mais grave, é que Bolsonaro quer matar a ideia de que o Brasil é uma nação. Ele quer limitar o cotidiano dos cidadãos às suas questões individuais para tirá-los do sentido coletivo e despolitizar a sociedade.

É assim que Bolsonaro viveu seus 30 anos como parlamentar, com absoluta ausência sobre as mazelas do país, mas de forma contraditória teve expressiva votação das vítimas dessas mazelas.

Duas coisas precisam ser colocadas: uma é que não se ouve de ninguém nas ruas um único elogio ao governo ou à figura de Bolsonaro. A outra é que consciência de cada um dos brasileiros sobre a precariedade em que o país se encontra é a de que a culpa dessa pasmaceira é de Bolsonaro.

Na verdade, as pessoas atingidas por essa crise permanente em que vive o Brasil, depois do golpe, de uns tempos para cá passaram, e de forma numerosa, a criticar Bolsonaro, principalmente os seus eleitores que não são necessariamente bolsonaristas.

O Brasil ainda não dispõe de um número suficientemente expressivo de descontentes que votaram em Bolsonaro, mas de todo modo, as interpretações de que o Brasil está à deriva vem num crescente, mas não está sendo devidamente explorada pela oposição, produzindo um sentimento de vazio no povo, o que pode ser ainda mais grave para o problema de ausência de governo que o país vive a partir de um presidente em que o que predomina é a gesticulação ritual que festeja a consagração do mercado e a própria hipocrisia nacional.

Resumindo, os brasileiros estão com o saco cheio de Bolsonaro.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

 

 

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Bolsonaristas não têm coragem de defender os feitos do governo Bolsonaro porque não existem

Bolsonaro, em oito meses de governo, é um homem nu. Vive de pedra nas mãos farejando polêmicas para não ter que recolher as armas, pois a realidade de seu governo é asfixiante pra quem dizia que resolveria os problemas do país assim que tomasse posse, na munheca, no muque.

Pois bem, nem flexão de braço o desgraçado faz. Bolsonaro mantém sua sobrevivência num flagrante fake news cotidiano. Além de jogar o país na idade da pedra lascada, com suas fogueiras da inquisição, o sujeito, como presidente, é uma lombriga que está provocando anemia profunda na economia brasileira.

Na verdade, Bolsonaro é de fato um mito, porque seus adoradores o defendem com unhas e dentes, mas quando cobrados sobre os feitos do governo, respondem cautelosos e fogem do assunto.

Esses são os filhos do Brasil de Bolsonaro que denunciam uma especial ignorância em rede. Viraram animais domésticos dos mais rudimentares com um tipo de doença própria, ainda desconhecida pela ciência universal.

Se Bolsonaro é o parasita que caracteriza o seu próprio governo, seus súditos batizados na estética da ignorância, na vulgaridade, formam juntos o fundo do poço civilizatório de uma parte podre do país, porque não há vazio maior do que esse conjunto magistral de nada produzido pelo governo Bolsonaro.

O resultado disso é ter que ver a Folha comemorar como um troféu o recorde de bicos promovidos pelo desastre da política econômica do seu governo.

Os camelódromos que se multiplicam pelo país, fixos ou ambulantes, são os horizontes que Bolsonaro tem a oferecer para o povo. Por isso ninguém o vê falando de economia, de saúde, de educação, de ciência, de desenvolvimento, ou seja, de nada que se refira a ideia de nação. O que Bolsonaro faz todos os dias é mistificar para aprofundar a filosofia da ignorância, rebatendo críticas como quem precisa delas, assim como do oxigênio para sobreviver, construindo inimigos misteriosos ou ex-aliados para arrancar deles alguma polêmica artificial, como vem fazendo com Dória para que ninguém se lembre de cobrar resultados de um governo sem brilho, sem projeto, sem rumo.

O Brasil, com Bolsonaro, está totalmente bichado e à deriva.

 

*Por Carlos Henrique Machado Freitas