Esta frase de Bolsonaro é característica de blefadores.
Ninguém na mídia está acusando Bolsonaro de ter mandado matar Marielle, ele que está se colocando na linha de tiro por pura agonia e ansiedade.
Lógico que a coisa vai tomando forma a partir das declarações do próprio Bolsonaro que confessou: “Nós pegamos, antes que fosse adulterada, ou tentasse adulterar, pegamos toda a memória da secretária eletrônica que é guardada há mais de ano. A voz não é a minha”, declarou Bolsonaro, numa confissão que revela sua interferência direta no caso.
Soma-se a isso a vizinhança do condomínio da qual é parte um dos três assassinos de Marielle, que também é um traficante de armas, sem falar que a mulher de Ronnie Lessa fotografou a planilha onde constava o número 58 da casa de Bolsonaro e enviou para o celular do marido, fato confirmado pela polícia, o que vai ao encontro do que disse o porteiro em depoimento que, por sinal, ninguém sabe do seu paradeiro.
Então, vem o guru das fake news de Bolsonaro e começa a perguntar, quem mandou matar Celso Daniel, praticamente confessando que acredita que Bolsonaro está envolvido no assassinato de Marielle, numa tentativa de dar peso e medidas iguais a um caso que já foi exaustivamente investigado e concluído, como o de Celso Daniel.
Sem argumento nenhum, Olavo de Carvalho conta com o gado bolsonariste, usando esse embuste para produzir uma contraofensiva, admitindo, com isso, que o clã não tem saída. E, desesperadamente, sai atirando para todos os lados.
E é isso que Bolsonaro faz hoje, um dia após confessar que obstruiu a justiça ao tomar posse da gravação das ligações feitas da portaria de seu condomínio.
Lógico que Bolsonaro não fez essa pergunta de forma aleatória, assim como não confessou de graça que mexeu na cena do crime, numa indiscutível violação, o que é crime, que deveria lhe render uma prisão preventiva.
Mas como bem disse Lauro Jardim em sua coluna no Globo, que Bolsonaro, orientado por seus advogados, optou por se antecipar na confissão para tentar minimizar os danos. E Moro, para piorar, quer federalizar o caso para engavetar tudo o que já se tem de informação sobre o crime, como mostram as publicações no twitter de Marcelo Freixo e Flávio Dino.
A declaração de Bolsonaro sobre ter obtido os áudios é uma estratégia para federalizar as investigações, que passariam a ficar sob o controle do presidente, através de Moro e Augusto Aras. A apuração do crime tem que permanecer com o Ministério Público e a Polícia Civil do Rio.
— Marcelo Freixo (@MarceloFreixo) November 2, 2019
https://twitter.com/FlavioDino/status/1190777769501872128?s=20
A única conclusão a que se chega do deboche de Bolsonaro sobre a morte de Marielle, é que é puro blefe de quem não tem carta na manga para se defender.
*Carlos Henrique Machado Freitas