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Civis em Gaza podem morrer de fome imediatamente, diz órgão da ONU

Apenas 10% dos fornecimentos alimentares necessários chegam hoje à Faixa de Gaza; situação piora com abrigos lotados e a chegada do inverno.

O Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas afirmou que civis na Faixa de Gaza enfrentam “fome generalizada”, uma vez que só 10% do fornecimento alimentar necessário entra no território desde o início da guerra entre Israel e o grupo extremista Hamas. E a situação tende a piorar, diz o Metrópoles.

“Com a chegada do inverno, os abrigos inseguros e sobrelotados e a falta de água potável, os civis enfrentam a possibilidade imediata de morrer de fome”, afirmou Cindy McCain, diretora executiva do órgão da ONU.

Nas palavras dela, a existência de apenas uma passagem na fronteira piora o cenário. “A única esperança é abrir outra passagem segura para o acesso humanitário à Gaza para levar alimentos que salvam vidas”, continuou.

Em Gaza, mercados fecharam
O Programa Alimentar Mundial confirmou o fechamento da última padaria que mantinha em parceria com a população por falta de combustível. O projeto tinha 130 padarias do mesmo tipo, todas que forneciam alimento aos civis e agora estão interrompidas.

De acordo com McCain, dos 1.129 caminhões que entraram em Gaza desde a abertura da passagem fronteiriça de Rafah, em 21/10, apenas 447 transportavam alimentos. Nos cálculos do órgão da ONU, isso é suficiente para satisfazer 7% das necessidades calóricas mínimas diárias da população.

A situação descrita é impressionante: 25% das lojas contratadas pelo programa da ONU seguem funcionando, e em outras os produtos acabaram; os mercados locais fecharam; e os preços estão muito inflacionados. A maioria sobrevive com uma refeição por dia. Quem tem sorte consegue produtos enlatados, cebolas e berinjelas cruas.

“O colapso das cadeias de abastecimento alimentar é um ponto de viragem catastrófico numa situação já terrível, em que as pessoas foram privadas de necessidades básicas”, apontou Samer Abdeljaber, diretor do programa da ONU na Palestina. “As pessoas estão passando fome.”

 

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Vídeo: Abandonada por doadores, Gaza vive colapso social, fome e corte de energia

Jamil Chade*

Os ataques iniciados pelo Hamas contra a Israel abrem um período de incertezas e crise humanitária para a própria população no território palestino. Nas últimas horas, as autoridades israelenses cortaram o abastecimento de energia elétrica para a região, deixando milhares de pessoas sem luz.

Desde ontem, as agências da ONU responsáveis por atender a região foram obrigadas a suspender a distribuição de alimentos, de água e mesmo a coleta de lixo. De acordo com dados oficiais divulgados pela entidade, mais de 40 escolas foram fechadas, enquanto pelo menos 20 mil pessoas buscaram abrigo em instalações da agência da ONU.

Faltam ainda recursos. Para o ano de 2023, a entidade havia solicitado ajuda de US$ 344 milhões da comunidade internacional para socorrer os palestinos. Mas recebeu menos de 20% do que foi solicitado, num sinal de que muitos dos doadores abandonaram a população de Gaza.

Sob o bloqueio de Israel há 16 anos, Gaza já vivia uma situação humanitária considerada como crítica e a pobreza e a fome dominavam seus 2 milhões de habitantes. Neste período, quatro conflitos atingiram a região. De um lado, grupos palestinos acusavam Israel de transformar Gaza em uma prisão a céu aberto. De outro, acusavam o Hamas de usar o sofrimento dos civis para justificar seus objetivos políticos.

Agora, o temor na diplomacia internacional é de que a a população local seja a principal vítima da guerra entre o Hamas e Israel.

Condenando os atos do Hamas, o coordenador da ONU para o Processo de Paz no Oriente Médio, Tor Wennesland, deixou claro que a ameaça paira sobre a população civil. “Esse é um precipício perigoso e apelo para que todos deem um passo para longe do abismo”, disse.

Segundo a ONU, as taxas de pobreza na comunidade de refugiados palestinos, que constituem a maioria da população de Gaza, estão em torno de 81,5%.

O PIB per capita de Gaza – de cerca de US$ 1 mil por ano – é atualmente quatro vezes menor do que o dos países vizinhos ou mesmo o da Cisjordânia. “Essa terrível situação foi agravada por repetidos ciclos de hostilidades, tensões e violência exacerbadas, instabilidade política e a pandemia da COVID-19”, afirmam as agências humanitárias da ONU.

“Juntos, esses fatores desestabilizaram a vida de indivíduos e comunidades e aumentaram ainda mais as dificuldades que eles estão enfrentando. Tendo testemunhado mortes, ferimentos e danos ou perda de propriedade causados por quatro grandes rodadas de violência nos últimos 16 anos, muitos habitantes de Gaza – especialmente crianças – apresentam sinais de trauma”, destaca.

Antes mesmo dos ataques deste sábado, a ONU alertava que Gaza estava em “suporte de vida”, com 80% da população dependente de assistência humanitária.

Três em cada quatro habitantes de Gaza dependem de assistência alimentar emergencial e, apesar desse apoio, a taxa de insegurança alimentar grave aumentava.

A taxa de desemprego em 2021 foi de 47%, sendo que a taxa geral de desemprego entre os jovens foi de 64%.

1,1 milhão de refugiados palestino recebem assistência alimentar da UNRWA – a agência da ONU para os refugiados palestinos, em comparação com apenas 80.000 em 2000. Esse é um aumento de 1.324%.

Entre 2007 e 2022, 292 dos poços de água em Gaza, usados para consumo doméstico e para plantações, foram danificados ou destruídos pelas forças de segurança israelenses. Oitenta e um por cento da água extraída dos aquíferos de Gaza não atende à qualidade da água da OMS.

“A população de Gaza esgotou todos os seus mecanismos financeiros de enfrentamento e a ajuda humanitária é sua principal salvação, mas não é uma solução de longo prazo”, avaliava a entidade.

Antes da mais recente crise, foi determinado que uma solução viável e sustentável só seria possível com o fim do bloqueio e a abertura de oportunidades que estabelecerão as bases para o desenvolvimento econômico futuro.

*Uol

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Política

‘A fome é resultado de decisões políticas irresponsáveis e criminosas’, afirma Lula em reunião com a Cúpula de Segurança Alimentar

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu nesta quarta-feira (5/4) com a Cúpula de Segurança Alimentar e Nutricional para tratar dos desafios geopolíticos e ambientais no combate à fome. A pauta também contou com o debate sobre a dinamização do comércio regional latino-americano, informa o Agenda do Poder.

Segundo Lula, faz-se necessário a agregação de valor à produção regional de alimentos para a eliminação da mazela.

“A fome é o resultado perverso de decisões políticas irresponsáveis e criminosas. O Brasil saiu do Mapa da Fome em 2014 graças a políticas implementadas desde 2003”, disse.

Além do presidente brasileiro, que participou por videoconferência, estiveram presentes os presidentes do México, Andrés Manuel López Obrador; da Argentina, Alberto Fernández; da Bolívia, Luis Arce; do Chile, Gabriel Boric; da Colômbia, Gustavo Petro; de Cuba, Miguel Díaz-Canel; de Honduras, Xiomara Castro; do primeiro-ministro de Belize, Johnny Briceño; da vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez; e do ministro de finanças de São Vicente e Granadinas, Camillo Gonsalves.

A Cúpula de Sistemas Alimentares, tem por objetivo enfrentar desafios globais, tais como fome, mudança climática, pobreza e desigualdade.

Em fevereiro deste ano, Lula recriou o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea). Desativado há quatro anos pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL), o conselho agora faz parte da estrutura da Secretaria-Geral da Presidência.

Composto por dois terços de representantes da sociedade civil e um terço de indicações governamentais, a entidade integra o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN).

Também é responsável por propor à Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional (Caisan) as diretrizes e prioridades da Política e do Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, com base nas deliberações das Conferências Nacionais de Segurança Alimentar e Nutricional.

Segundo a Secretaria-Geral da Presidência da República, o papel do órgão reativado é, principalmente, a participação e o controle social na formulação, no monitoramento e na avaliação de políticas públicas de segurança alimentar e nutricional.

O órgão foi criado originalmente em 1993 pelo presidente Itamar Franco. Em 1995, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, o Consea foi desativado e substituído pelo programa Comunidade Solidária.

Ao assumir a presidência, em 2003, Lula reativou o conselho, o qual perdurou até o fim de seu mandato e nos mandatos seguintes dos presidentes Dilma Rousseff e Michel Temer. Foi em 2019, ao assumir o governo, que Jair Bolsonaro fez da desativação do Consea em um de seus primeiros atos oficiais.

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Política

Em cartas, mulheres presas em 8/1 se queixam: “Depressão, diarreia e fome”

Jaqueline Konrad, 37 anos, vendia comida na cidade de Itajaí, no litoral de Santa Catarina. Desde janeiro, suas refeições mudaram e passaram a ser fornecidas pela Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seape/DF). A mulher está presa, suspeita de participação nos atos antidemocráticos que destruíram os principais prédios da Praça dos Três Poderes em 8 de janeiro.

Dentro da Penitenciária Feminina do DF, conhecida como Colmeia, Jaqueline fala sobre a falta de médicos para atender uma micose na virilha. Em um bilhete, a bolsonarista reclama de uma frequente dor na bexiga e comenta que possui ovário policístico, um distúrbio hormonal que pode gerar problemas como irregularidade menstrual e acne.

O registro de Konrad faz parte de uma série de cartas escritas por mulheres que estão presas por atos antidemocráticos, que culminaram nas cenas de terror de 8 de janeiro. O Metrópoles teve acesso aos manuscritos. Em quase todos os bilhetes, as detentas clamam por tratamento médico para as mais diversas enfermidades. A lista inclui problemas psicológicos e até reclamações de efeitos adversos por conta da vacina contra a Covid-19.

Atualmente, por conta dos atos democráticos, 751 pessoas seguem presas e 655 foram liberadas para responder em liberdade, com tornozeleiras eletrônicas. Só na última quinta-feira (2/3), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes liberou mais 52 presos. O número tende a aumentar nos próximos dias.

Maria do Carmo, 60 anos, está presa na ala D da Colmeia. A idosa diz que se sente “depressiva” e pede por um tratamento oftalmológico por conta da “visão com manchas escuras”, segundo ela, depois de tomar duas doses de imunizantes contra o coronavírus.

Ao chegarem no sistema prisional, 134 bolsonaristas receberam doses de vacinas em atraso e 64 se recusaram a receber imunizantes contra a Covid-19. As informações estão em um memorando interno da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF).

De acordo com o Seape, dentro das unidades prisionais existem unidades básicas de saúde (UBS) e todas as recém ingressas passaram por triagem com profissionais da saúde para identificação de possíveis doenças infectocontagiosas, crônicas e organizar o uso de remédios contínuos. Caso identificado pelo médico da unidade prisional a necessidade de medicamentos, o fármaco é fornecido pela equipe de saúde.

Saúde mental

Boa parte das detentas reclama de questões relacionadas à saúde mental, como depressão e ansiedade. Uma delas narra um quadro mais crítico de síndrome do pânico, causada pelo suicídio repentino do filho, em 2021, durante a pandemia. O evento traumático também gerou um Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG).

Na Colmeia, a Seape disponibiliza um quadro de profissionais focado em saúde mental. São dois psicólogos e um psiquiatra. As detentas podem ser atendidas e, caso necessário, ter medicamentos prescritos.

Adriana Alves revela, por exemplo, conviver com distúrbio bipolar, três tipos de depressão, pressão alta, pré-diabetes e enxaqueca. Maria Eunice também está depressiva, e Luciana Rosa sofre de síndrome do pânico e bipolaridade.

A neuropsicóloga Juliana Gebrim comenta que o acompanhamento devido consegue evitar qualquer piora no quadro psicológico das detentas. Sem o tratamento, aponta a especialista, o isolamento pode potencializar os problemas de saúde mental.

“A falta de interação com o meio social traz esse baixo senso de utilidade, de você viver à margem da sociedade, de você ser discriminado e a rejeição. Isso atua em áreas do cérebro que são as mesmas em condições de dor. Esses potenciais riscos do isolamento poderiam piorar uma condição já pré-existente de uma questão emocional”, afirma Gebrim.

Alice Nascimento precisa de médicos por estar com problemas de esquecimento. “Aqui estou deprimida, passo a maior parte do tempo chorando”, conta a mulher, que requer um novo estoque de gardenal.

Outra demanda presente nos relatos é referente à distância dos familiares. Viviane Jesus, 44 anos, é uma mãe solteira e conta que tem um filho menor sendo cuidado por uma amiga. Jupira Rodrigues, 57 anos, ressalta ser cuidadora de um rapaz com esquizofrenia e ter dois filhos jovens.
Alimentação e a luta por bolachas

Indianara Corrêa, 32, faz um grande relato sobre suas condições de saúde. Além de dois nódulos no peito, a mulher fala sobre problemas com hipertensão e que estava sem medicamentos pois tinha uma alimentação correta. “Com a situação e essa alimentação horrível, não tenho como controlar e não passei no médico porque prefiro ficar com a pressão alta do que pedir pra sair daqui”, escreveu a detenta.

A hipertensão também é mencionada por Ana Elza, Maria Aparecida, Marília Ferreira e Sandra Maria. Além disso, o mal um dos 16 problemas de saúde vividos por Nilvana Monteiro dentro da Colmeia. A mulher de 50 anos cita sofrer com “nódulos no pescoço, depressão severa, trombofilia, hipertensão desregulada, hérnias, desgaste no quadril, tendinite, bursite, cistite, vascularização comprometida, infecção urinária, nervo trigêmeo inflamado, fungos na unha, diarreia, [dor na] coluna cervical e na lombar”.

Murilo Vilela, médico cardiologista e especialista em insuficiência cardíaca, explica sobre a importância da alimentação para evitar problemas cardiovasculares, principalmente a hipertensão. “O paciente hipertenso não pode ter excesso de sal em sua comida. Não é recomendável que haja abuso de sódio, como comidas muito salgadas, ricas em temperos prontos, molhos, embutidos e enlatados”, diz.

Para o Metrópoles, o Seape compartilhou o cardápio das presas, com quatro refeições diárias:

Café da manhã: pão com manteiga ou margarina e um achocolatado.
Almoço: 650 gramas, sendo 150g de proteína, 150g de guarnição, 150g de feijão (90g de grão e 60g de caldo) e 200g de arroz. As custodiadas ainda recebem um suco de caixinha.

Jantar: 650 gramas, sendo 150g de proteína, 150g de guarnição, 150g feijão (90g de grão e 60g de caldo) e 200g de arroz.
Ceia: sanduíche e uma fruta.

Apesar da alimentação, uma bolsonarista reclama de fome e pede com urgência por suas bolachas de doce, que esperam ser liberadas. Os biscoitos podem ser levados por visitantes, mas devem ser revistados em suas embalagens originais e transferidos para embalagem transparente.

Vejam as cartas

Imagem colorida de carta de presa no 8/1

Imagem colorida de carta de presa no 8/1Imagem colorida de carta de presa no 8/1

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Imagem colorida de carta de presa no 8/1

*Reportagem exclusiva do Metrópoles

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Opinião

Florestan Fernandes Júnior: Profissão Amor

A essência de um ser humano se sobrepõe a sua profissão. Foi isso o que aconteceu com a veterana jornalista Sônia Bridi, que cobria o drama de famílias ianomâmis, vítimas de desnutrição, fome, malária e pneumonia.

Emocionada com a cena desoladora, Bridi abandonou o microfone da emissora para a qual trabalha e acolheu em seus braços uma criança enferma, assustada. Naquele momento, a despeito das câmeras, da matéria jornalística que conduzia, quem estava ali era a Sônia.

Um ser humano diante do apelo irresistível da dor do outro, do outro vulnerável. Era a mulher que oferece o colo, o calor, o aconchego, o afeto que naquele momento tinha a capacidade de salvar.

A potência da imagem seguirá nos impactando, como símbolo de tudo o que pretendemos ser como indivíduos e como nação.

“Ali (reserva Ianomâmi), você sente uma tristeza tremenda, mas também uma revolta, uma indignação, de ver que se permitiu que fosse feito isso no nosso tempo. Pareciam cenas de holocausto” desabafou a repórter em uma entrevista.

Mas a essência do ser humano muitas vezes nos decepciona pela ausência de empatia, pelo preconceito latente, pelo ódio “ao que não lhe é espelho”.

Em 2015 uma outra repórter de televisão se celebrizou pela perversidade. Ficou famosa por chutar e passar rasteiras em refugiados sírios que tentavam atravessar a fronteira da Servia, em direção a Hungria. Entre as vítimas da fúria da jornalista húngara, Petra László, estavam Osama Abdul Mohsen e seu filho Zaid. Os dois foram derrubados e presos pela polícia. O que essa jornalista ganhou ao impedir que pai e filho conseguissem asilo na Hungria? Qual o perigo que um pai e seu filho representavam para a mulher branca e loira? A cor da pele? A religião? A pobreza? O idioma? A cultura? Ou a origem das vítimas, imigrantes sírios?

Petra foi condenada a três anos de prisão, em liberdade condicional. A sentença foi anulada em 2018 pela Suprema corte da Hungria, que considerou a pena já prescrita e que os chutes e rasteiras não caracterizavam crime.

Entre colo e pontapés, entre o amor e a barbárie, nossa civilização segue, cada dia mais polarizada.

Sorte nossa que entre esses dois polos, o exemplo que nos coube foi o de Sônia Bridi e sua manifestação epidérmica de amor. Que após tão longas trevas, seja esse gesto luminoso a nos inspirar na reconstrução de nosso país.

*Florestan Fernandes Jr./247

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‘Retrocessos’: o que diz o relatório de Lula sobre o governo Bolsonaro

O relatório final do Gabinete de Transição da equipe do presidente eleito Lula (PT), entregue nesta quinta-feira (22) em Brasília, lista os principais retrocessos e problemas identificados nos quatro anos do governo de Jair Bolsonaro (PL).

Segundo o documento, a gestão de Bolsonaro foi responsável pela “desorganização do Estado” e “desmonte de serviços públicos essenciais”.

O vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), apresentou o relatório, que ressalta, entre outros a falta de recursos e a ameaça real de um colapso de serviços públicos.

A aprendizagem diminui, a evasão escolar aumentou, os recursos para essenciais, como a merenda escolar, ficaram congelados em 36 centavos. Tivemos quase colapso dos institutos federais e das universidades. Portanto, um grande desafio pela frente.

Veja abaixo alguns dos principais pontos levantados no relatório do GT:

Desenvolvimento social:

  • A volta da fome no país, atingindo 33 milhões de brasileiros, é o principal indicador do desmonte das políticas públicas da área.
  • Implementação do Auxílio Brasil desarranjou todo o sistema de transferência de renda em funcionamento há quase vinte anos e trouxe caos para o Suas (Sistema Único de Assistência Social).
  • Condicionalidades em saúde e educação estão fragilizadas, com destaque para o total de crianças menores de sete anos com acompanhamento vacinal passou de 68% em 2019 para 45% em 2022.
  • Apenas 60% dos dados do Cadastro Único para Programas Sociais estão atualizados.

Educação:

  • Trocas de ministros, denúncias de corrupção, crises na oferta dos serviços públicos.
  • Não cumprimento das metas do Plano Nacional de Educação (PNE) e a não instituição do Sistema Nacional de Educação (SNE).
  • Descaso com programas de alimentação escolar, construção de creches e escolas, organização curricular, ampliação do tempo integral, iniciação à docência etc.

Saúde:

  • Grave crise sanitária instaurada, principalmente, pela covid-19, que causou quase 700 mil mortes no país.
  • Redução da taxa de coberturas vacinais, com alto risco de reintrodução de doenças como a poliomielite.
  • Queda acentuada de consultas, cirurgias, procedimentos diagnósticos e terapêuticos realizados pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
  • Retorno de internações por desnutrição infantil provocadas pela fome.
  • Estagnação na trajetória de queda da mortalidade infantil e aumento de mortes maternas.

Trabalho:

  • Na esteira da Reforma Trabalhista, o governo Bolsonaro avançou ainda mais na desmonte da legislação do trabalho.
  • Abandono da política de valorização do salário mínimo.
  • Aprofundamento do processo de flexibilização da proteção ao trabalho.
  • Perda de autonomia normativa, técnica, financeira e de gestão na inspeção de trabalho.

Direitos humanos:

  • Instrumentalização do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos para o cumprimento da tarefa de subverter o significado histórico dos direitos humanos.
  • Aparelhamento do Disque 100 para assediar a educadores e a estabelecimentos comerciais que exigiam certificado vacinal contra covid-19, atendendo denúncias de sujeitos identificados com a chamada “escola sem partido” e com o negacionismo da crise sanitária.
  • Apenas 40% do orçamento da área havia sido empenhado e cerca de 21% haviam sido executados.

Economia:

  • O crescimento médio do PIB, no período 2019-2021, foi próximo de 1% ao ano até 2021.
  • A inflação acumulada no Brasil durante o governo Bolsonaro supera 26%.
  • O salário mínimo, atualmente em R$ 1.212, praticamente não teve ganho real.

Povos indígenas:

  • A invasão das terras e territórios indígenas se acentuou exponencialmente, em razão de políticas de incentivo à grilagem e à exploração ilícita e indevida de recursos naturais por garimpeiros, madeireiros, pecuaristas, pescadores, caçadores ilegais e narcotraficantes.
  • Ameaças e mortes de lideranças e defensores indígenas (e não indígenas) têm sido crescentes em razão da impunidade, como mostrou o caso do assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips, na região do Vale do Javari.
  • Omissão na fiscalização das terras indígenas afetou os povos originários em todas as regiões.
  • O governo Bolsonaro foi responsável pelas maiores taxas de desmatamento na Amazônia, desde 2006.

Cultura:

  • Extinção do Ministério da Cultura em 2019, passando a ser secretaria especial vinculada, primeiro, ao Ministério da Cidadania e, depois, ao Ministério do Turismo.
  • Amplificou o discurso de criminalização das artes e da cultura, com impactos agudos sobre artistas,
    trabalhadoras e trabalhadores do setor cultural.
  • A Secretaria virou as costas para a área cultural, cancelando editais, extinguindo políticas, descontinuando projetos, reduzindo sistematicamente o seu orçamento, perseguindo servidoras/es, sucateando instituições e publicando atos normativos autoritários que violam direitos e a diversidade cultural.

*Com Uol

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Governo Bolsonaro deixou crianças e adolescentes suscetíveis à violência e à fome

Sob o governo Bolsonaro houve aumento do número de crianças e adolescentes em situação de fome, suscetíveis às violências como estupros, assassinatos, suicídios, situação de rua, trabalho infantil, envolvimento com drogas, afastamento da escola, queda na cobertura vacinal, entre outros. É o que aponta o diagnóstico divulgado nesta sexta-feira (16), pelo subgrupo técnico de Criança e Adolescente do Gabinete de Transição.

O advogado e coordenador do GT, Ariel de Castro Alves detalhou o diagnóstico da área. Segundo ele, aumentou a população de 0 a 18 anos em situação de pobreza e extrema pobreza e que passam fome ou se encontram em insegurança alimentar no país.

“25,7% das famílias com três ou mais pessoas abaixo de 18 anos estão em situação de fome neste ano, índice que cai para 13,5% em famílias apenas com adultos”, disse ele. “É um cenário bastante arrasador com relação à proteção das crianças e adolescentes no Brasil. Diante disso, os desafios são, de fato, enormes”, completou.

O GT também observou o aumento da violência sexual, sobretudo de meninas (as 35.735 vítimas dos casos de estupro de vulnerável registrados em 2021 eram meninas com até 13 anos), das mortes violentas e por armas de fogo – que atingem majoritariamente crianças e adolescentes negros –, e do número de suicídios (entre 2016 e 2021, o número de suicídios cresceu 45% nas faixas de 11 a 14 anos e 49,3% entre as idades de 15 a 19 anos).

Além disso, o grupo encontrou uma queda brusca na cobertura vacinal e o aumento do número de crianças e adolescentes fora da escola. Outro ponto de atenção foi a ausência de diagnóstico e de política pública para atender as 130 mil crianças e adolescentes que ficaram órfãs em razão da pandemia, até julho de 2021.

Corte orçamentário

Do ponto de vista da gestão do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, o cenário encontrado foi de perda orçamentária, descontinuidade de programas, apagão de dados (número de crianças em situação de rua) e cerceamento à participação da sociedade. Foram extintos, por exemplo, a Comissão Intersetorial de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes e o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA).

A área sofreu forte sucessivos cortes no orçamento nos últimos anos, uma queda de R$ 203 milhões, em 2018, para R$ 54 milhões em 2022. Para 2023, a previsão é pior: R$ 42 milhões. De acordo com o GT, os valores atualizados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) revelam que a dotação autorizada em 2022 correspondeu a apenas 31,5% da dotação autorizada em 2018. Já a proposta orçamentária para 2023 é de apenas 20,93% da dotação autorizada em 2018. Em 2009, o orçamento era de R$ 498 milhões. “O valor mínimo necessário à execução da política para 2023 é de R$ 324.547.623”, concluiu o grupo.

O subgrupo técnico concluiu que “a agenda dos direitos de crianças e adolescentes sofreu com uma investida político-institucional de disseminação de desinformação somado à sistemática afronta ao Estatuto da Criança e da Adolescente (ECA), com a defesa da redução da maioridade penal, dos castigos corporais e do trabalho infantil, entre outros.”

“Em 2018, Bolsonaro prometeu rasgar o ECA e, de fato, o governo dele fez isso. Acabou com o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil e diminuiu os recursos voltados à proteção de crianças e adolescentes”, conclui o coordenador do GT.

*Com informações do Gabinete de Transição

* Vermelho

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O que são os 33 milhões de miseráveis diante do apetite dos abutres do mercado?

Cada vez fica mais claro que a miséria no Brasil é um projeto extra de poder.

Na verdade, a miséria é o grande escapulário dos endinheirados. Essa gente, que adora falar em diminuição do Estado, não faz outra coisa que não seja exigir proteção do Estado para seguir arrancando o couro dos brasileiros, como fazem as aves de rapina.

O tal mercado, que se acha mais importante do que os próprios deuses, não produz nada, é um dinheiro que circula nas mãos de especuladores que, na maioria das vezes, fazem peteca de investidores inexperientes, como faz o janota, da TC Investimentos, Pedro Albuquerque Filho.

Albuquerque teve um faniquito nesta quinta-feira com a preocupação de Lula com os pobres, mais precisamente com o fim da miséria e da fome de 33 milhões de brasileiros.

Normal para quem deu de ombros para o genocídio promovido pelo governo Bolsonaro durante a pandemia de covid, seguindo com o seu apoio a Bolsonaro, de forma irrestrita, que não só devolveu o país ao mapa da fome, como promoveu um rombo de R$ 400 bilhões.

Estabilidade fiscal não significa teto de gastos. Isso é uma estupidez neoliberal que Lula desancou quando governou o país e o colocou entre as 6 maiores economias do planeta.

Então, não dá para aturar chiliques sobre a fala de Lula ao sabor da especulação. Lula tem estrada e, sobretudo tem credibilidade internacional jamais vista em um chefe de Estado na história do Brasil.

Mas o playboy Albuquerque é bolsonarista no todo, naquilo que representa de mais podre no ser humano e que tem em Bolsonaro uma síntese perfeita.

E é aí que é preciso entender melhor por que a herança escravocrata segue tão latente nas camadas mais ricas da população.

Qualquer passo dado, nesse conceito primitivo de civilização, é considerado um insulto por quem não produz nada além de miséria para o povo e lucros especulativos na bolsa de valores.

Daí a gritaria dos fantoches desse mecanismo de drenagem da riqueza nacional, para que os ricos sigam sempre ganhando, e os miseráveis sempre perdendo.

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VÍDEO: Lula chora ao falar sobre prostituição infantil e fome; “Não temos o direito de aceitar”

Ex-presidente foi às lágrimas em bate-papo com o ator Paulo Vieira; “Temos que ficar indignados”

O ex-presidente Lula (PT), durante um bate-papo transmitido ao vivo com o ator Paulo Vieira, nesta quarta-feira (26), chorou ao falar sobre prostituição infantil e fome no Brasil.

Os temas são caros ao petista. No debate da Band realizado em 16 de outubro, o ex-presidente usou um broche do “Faça Bonito”, a campanha nacional de combate à violência sexual infantil, em meio à repercussão da fala de Jair Bolsonaro (PL) sobre “pintar um clima” com meninas venezuelanas de 14 anos. Já o combate à fome é a principal bandeira da trajetória política de Lula.

“Quando eu vejo uma menina de 14 anos, 15 anos, às vezes tendo que se prostituir por falta de comida, cara. Uma pessoa vender o corpo porque quer comer o pão de cada dia não é possível. Como seres humanos, nós não temos o direito de aceitar isso”, disse Lula na conversa com Paulo Vieira, pouco antes de ir às lágrimas.

“Nós temos que ficar indignados. Não é possível. O país que é o terceiro produtor de alimentos, o país que é o maior produtor de proteína animal do mundo, um país que tem tudo, por que as pessoas passam fome? Não é possível, cara. As pessoas catando lixo… Cara dormindo embaixo do viaduto, ali na Praça Roosevelt, eu passo lá tenho vontade de parar o carro, colocar todo mundo e levar para algum lugar…”, declarou, com a voz embargada.

*Com Forum

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Ex-jogador pede que apoiadores de Bolsonaro atropelem pessoas que passam fome

O ex-jogador do Fortaleza e Ceará Fabrício Manini fez um desabafo cheio de ódio nas redes sociais.

Logo após o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) confirmar que haverá um segundo turno para presidente entre Jair Bolsonaro (PL) e Luís Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições deste ano, o ex-jogador Fabrício Manini fez um desabafo cheio de ódio no Instagram.

“Depois do resultado do primeiro turno das eleições, espero que todos eleitores do Bolsonaro, assim como eu, quando encontrar alguém passando fome ou pedindo algum alimento, não ajude. Passe com o carro por cima da cabeça pro País não ter mais despesas com esses vermes”, escreveu o atleta.

Ele já teve passagens pelos times do Fortaleza, e Ceará e fez esse desabafo cheio de raiva contra as pessoas que votaram no ex-presidente Lula.

A web detonou a atitude de Fabrício, e várias críticas ao seu posicionamento foram feitas. Ele depois de perceber a magnitude de suas palavras, decidiu apagar sua conta na rede social. Outro famoso que declarou apoio a Bolsonaro, foi o sertanejo Gusttavo Lima.

O post ‘Ex-jogador pede que apoiadores de Bolsonaro atropelem pessoas que passam fome’.

*Com Correio Braziliense

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