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Justiça

Depoimentos de Cid revelam detalhes sobre tentativa de golpe e preocupam cúpula militar do governo Bolsonaro

Os depoimentos que o tenente-coronel Mauro Cid prestou à Polícia Federal (PF) acenderam a luz de alerta entre militares de alto escalão que integraram o governo Jair Bolsonaro (PL). Segundo o blog da jornalista Andréia Sadi, do G1, Cid está colaborando com a PF, fornecendo detalhes cruciais sobre reuniões e conversas que faziam parte de um plano para efetivar um golpe de estado visando manter Bolsonaro no poder mesmo após ele ter sido derrotado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no pleito presidencial do ano passado. Os depoimentos também abrangem outros temas, incluindo o escândalo das joias sauditas que o ex-mandatário tentou se apropriar.

De acordo com a reportagem, pessoas próximas a Cid dizem que ele não está acusando ninguém, mas vem detalhando os participantes das tratativas, incluindo militares, ex-ministros e funcionários do governo Bolsonaro.

“Agora, à PF, ele deve detalhar quem são os militares e outros ex-ministros e funcionários do governo Bolsonaro que participaram das tratativas que se deram, entre outras localidades, no Palácio da Alvorada em dezembro passado”, destaca a jornalista. Entre os nomes listados por Cid estariam os dos generais Augusto Heleno (ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional – GSI) e Walter Braga Netto (ex-ministro da Casa Civil e da Defesa).

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Justiça

TRF-1 inocenta Dilma no caso das “pedaladas”, o que comprova o golpe de estado de 2016

Apelação do Ministério Público Federal sobre o caso das pedaladas fiscais da ex-presidente Dilma Rousseff foi rejeitada, nesta segunda, 21, pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), segundo Matheus Leitão, Veja.

A Corte manteve a sentença que livra de punições a ex-presidente e outros membros do seu governo pelo episódio que levou ao impeachment da governante.

Segundo a decisão da Décima Turma do TRF-1, Dilma Rousseff não poderia ser processada por improbidade pelo Judiciário, apenas pelo Congresso Nacional.

Para os demais membros do governo, o Tribunal concluiu que a petição inicial do MPF não narrou como a conduta dos réus foi ilícita.

O advogado Flávio Jardim, do escritório Sergio Bermudes, que representou Luciano Coutinho, ex-presidente do BNDES, também réu na ação, disse que “o julgamento demonstra que o banco cumpriu fielmente o seu papel de banco de fomento na execução do Programa de Sustentação do Investimento, e atuou para minimizar os efeitos da crise de 2008, e que não houve a demonstração de qualquer ilicitude”.

O presidente Lula chegou nesta segunda-feira, 21, à África do Sul, onde vai participar da cúpula dos Brics — bloco econômico formado, além do país sede desta edição, por Brasil, Rússia, Índia e China. A série de encontros deve tratar de ao menos três temas importantes ao Brasil, entre eles a discussão de uma moeda comum a ser utilizada em transações comerciais entre os países. A ideia é que o Novo Banco de Desenvolvimento — conhecido como Banco dos Brics –, comandado pela ex-presidente Dilma Rousseff, escolha qual o possível câmbio a ser utilizado.

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Justiça

O novo golpe do TRF 4 a caminho

Em resposta à inspeção determinada pelo Ministro Luiz Felipe Salomão na 3a Vara de Curitiba e no TRF4, o Tribunal resolveu reagir.

O Tribunal Regional Federal da 4a Região planeja um contra-ataque à corregedoria do Conselho Nacional de Justiça. Em resposta à inspeção determinada pelo Ministro Luiz Felipe Salomão na 3a Vara de Curitiba e no TRF4, o Tribunal resolveu reagir. Há uma proposta concreta no Conselho de Administração do tribunal, de mudar a 13a Vara de criminal em previdenciária.

Com isso, todos os processos da 13a iriam para tribunais com juízes lavajatistas.

*Luis Nassif/GGN

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Opinião

Só Bolsonaro não sabia do golpe surpresa para mantê-lo no poder

Presente de amigos ocultos

Por que golpe surpresa, a ser deflagrado em dezembro de 2022 para impedir a posse de Lula e dispensar Bolsonaro de transferir a faixa presidencial em 1º de janeiro? Porque muita gente em torno de Bolsonaro estava envolvida na trama do golpe, menos ele que de nada, nadinha sabia. Seria uma enorme surpresa.

O então ministro da Justiça, Anderson Torres, por exemplo, sabia, e a Polícia Federal apreendeu em sua casa uma minuta do golpe. O ajudante de ordem de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, homem de total confiança do presidente, sabia. Outra minuta de golpe foi encontrada na memória do seu celular.

Mauro Cid é filho do general Mauro Cesar Lourena Cid, colega de turma de Bolsonaro na Academia Militar de Agulhas Negras, nos anos 70. O general passou à reserva em 2019 para chefiar em Miami o escritório da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos. Indicado por quem? Por Bolsonaro.

É provável, mas não é certo, que o general também soubesse do golpe por meio do filho que ele indicou para assessorar o amigo recém-alçado à Presidência. Dificilmente o filho esconderia uma coisa dessas do pai. Mauro Cid, o filho, trocou mensagens sobre o golpe com militares da reserva, não fazia segredo disso.

O deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado à prisão e à perda de mandato por atacar ministros do Supremo Tribunal Federal, e em seguida indultado por Bolsonaro, sabia do golpe. O senador Marcos do Val (Podemos-ES) contou que foi chamado por Silveira para uma reunião em que o golpe seria discutido.

Reunião com quem? Segundo Do Val, com ninguém menos do que Bolsonaro no início de dezembro. Ela aconteceu? Sim. Onde? Na Granja do Torto, uma das residências oficiais do presidente, há pouca distância do Palácio da Alvorada. E o golpe foi discutido? Ao ministro Alexandre de Moraes, Do Val afirmou que sim.

Mas como afirmou ao ministro Moraes, considerado por Bolsonaro seu maior inimigo, a ponto de tê-lo chamado de canalha no dia 7 de setembro de 2021? Do Val fez jogo duplo. Dizia-se eleitor e partidário de Bolsonaro, merecedor de sua confiança, e o traía em conversas face a face ou por celular com Moraes.

Ao ministro, o senador relatou que o golpe passaria pela obtenção de alguma declaração de Moraes que pudesse incriminá-lo ou deixá-lo em maus lençóis. E que queriam que ele, Do Val, com equipamentos de escuta cedidos pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, gravasse conversas com Moraes.

E o que disse Bolsonaro a Do Val durante o encontro na Granja do Torto? Limitou-se a ouvir a exposição sobre o golpe feita por Silveira. Do Val teria pedido tempo para refletir sobre sua participação no golpe; obteve, mas dias depois desistiu de desempenhar seu papel no golpe porque seria arriscado.

À Polícia Federal, em depoimento prestado ontem (o quarto desde que voltou do autoexílio em Orlando, nos Estados Unidos), Bolsonaro confirmou a reunião que teve com Silveira e Do Val, mas disse que não se discutiu o golpe. Perguntado sobre a data e o local da reunião, Bolsonaro respondeu que não se lembrava.

Se Bolsonaro falou a verdade à Polícia Federal, o golpe, se aplicado com êxito, teria sido uma surpresa para ele – e que surpresa, convenhamos. Um belo presente de Natal dado por amigos ocultos. Aguardem os próximos capítulos dessa história mirabolante. Como novela turca, ela não tem data para terminar.

*Blog do Noblat

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Política

Se Mauro Cid “cumpria missão” no golpe, cúpulas militares foram mandantes

Conforme noticiado, oficiais das Forças Armadas justificam que o tenente coronel Mauro Cid compareceu com farda do Exército no depoimento à CPMI porque, como ajudante de ordens do Bolsonaro, “cumpria missão” atribuída a ele pelos comandantes.

Hierarquia e disciplina são pilares estruturantes das Forças Armadas.

São princípios tão caros para a organização militar que “devem ser mantidos em todas as circunstâncias da vida entre militares da ativa, da reserva remunerada e reformados”, como estabelece o Estatuto dos Militares [Lei 6880/1980].

O Código Penal Militar, no artigo 163, prevê pena de prisão de até dois anos para o militar que “recusar obedecer a ordem do superior sobre assunto ou matéria de serviço”.

Se, portanto, oficiais militares justificam que Mauro Cid compareceu fardado à CMPI porque cumpria missão militar, isso significa que as próprias cúpulas militares reconhecem e assumem a responsabilidade direta pelos atos ilegais do seu subordinado.

Ou seja, as cúpulas fardadas admitem claramente o papel central que desempenharam na concepção e no engendramento permanente dos atentados antidemocráticos e nos ataques sistemáticos às instituições da República. O tenente coronel era apenas um operador – um operador relevante, é verdade – do empreendimento golpista dos chefes militares.

Numa estratégia presumivelmente estabelecida em entendimento com o comando do Exército, na abertura do seu depoimento à CPMI Mauro Cid fez questão de ressaltar que cumpriu ordens do comando do Exército.

Ele relatou que “em 2018 eu havia sido selecionado para participar de um curso de Estado-Maior do Exército americano. Entretanto, fui redesignado pelo então comandante do Exército para assumir a função de chefe da ajudância de ordens da Presidência da República”.

Cid ainda destacou que “a minha nomeação jamais teve ingerência política. Minha vinculação administrativa era estabelecida pelo Gabinete de Segurança Institucional, inclusive por meio de onde provinha minha remuneração”. O general conspirador Augusto Heleno, seu chefe direto, era o ministro do GSI.

Como diria o general da Morte Eduardo Pazuello, “é simples assim”: se o tenente coronel Mauro Cid “cumpria missão” a ele atribuída, os seus superiores imediatos – os generais do partido militar – foram os mandantes da missão cumprida por ele.

Não é por outra razão que até o presente momento o Exército ainda não tenha instaurado investigações e procedimentos disciplinares em relação a Mauro Cid, a despeito dos inúmeros ilícitos cometidos por ele. Se prevalecesse no Exército o mínimo de legalidade e de profissionalismo, o tenente coronel Mauro Cid já teria sido expulso da corporação.

Não fosse por decisão do STF, a depender do MP militar, da justiça militar e do comando do Exército, o faz-tudo de Bolsonaro e das cúpulas militares sequer estaria preso por falsificar carteiras de vacinação e adulterar documentos públicos – apenas um dos inúmeros crimes pelos quais, se justiça for feita, ele ainda deverá cumprir muitos anos de prisão.

Combinada com as próprias cúpulas militares, a estratégia de Mauro Cid de arrastar as Forças Armadas para o foco central da CPMI tem como objetivo central, além de eximir sua responsabilidade individual, amedrontar a Comissão Parlamentar com a ameaça militar.

A CPMI, como expressão do poder político e da representação popular, tem diante de si uma extraordinária oportunidade de trazer para o banco dos réus os artífices centrais do projeto golpista, que são as cúpulas partidarizadas das Forças Armadas.

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Política

E Bolsonaro quer que acreditemos que ele nunca ouviu falar em golpe

O enterro da democracia, mas “dentro das quatro linhas da Constituição”

“O presidente Bolsonaro jamais participou de qualquer conversa sobre um suposto golpe de Estado”, disseram seus advogados de defesa em nota oficial. E acrescentaram, a propósito do plano de golpe encontrado no celular do ajudante de ordem de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, preso há 45 dias:

“Registramos ainda que o ajudante de ordens, pela função exercida, recebia todas as demandas – pedidos de agendamento, recados etc. – que deveriam chegar ao presidente da República. O celular dele, portanto, em diversas ocasiões, se transformou numa simples caixa de lamentações”.

Na categoria “lamentações”, certamente se destaca a prosaica mensagem enviada a Mauro Cid pelo coronel Jean Lawand Junior, à época o subchefe do Estado Maior do Exército, cotado para ser promovido em breve a general:

“Cidão, pelo amor de Deus, cara. Ele [Bolsonaro] dê a ordem que o povo está com ele, cara. Se os caras [os generais] não cumprir, o problema é deles. Acaba o Exército Brasileiro se esses caras não cumprir a ordem do Comandante Supremo. Como é que eu vou aceitar uma ordem de um General, que não recebeu, que não aceitou a ordem do Comandante. Pelo amor de Deus, Cidão. Pelo amor de Deus, faz alguma coisa, cara. Convence ele a fazer”.

Destaca-se também a troca de mensagens entre Gabriela Santiago, mulher de Mauro Cid, e Ticiana Villas Bôas, filha do general Villas Bôas, comandante do Exército quando Bolsonaro se elegeu. Bolsonaro é grato a Villas Bôas. A mulher do general frequentou o acampamento dos golpistas à porta do QG do Exército.

Ticiana – Tem que ter alguém que articule isso com os protestantes. E isso tem de vir dos caminhoneiros.

Gabriela – Não vai ser dessa forma. Como você falou, a orientação tem que ser outra. Os caminhoneiros têm que ser orientados.

Ticiana – Alguém tinha que falar com eles.

Gabriela – Sim, foi o que o presidente pediu. E acho que todos têm que vir para Brasília.

Gabriela – Invadir Brasília como no 7 de setembro, e dessa vez o presidente com toda essa força agirá.

O golpe seria em três atos, aqui resumidos.

Ato I

Bolsonaro proclama que as decisões tomadas pelo Tribunal Superior Eleitoral durante as eleições de 2022 desrespeitaram a Constituição, decreta o Estado de Sítio e pede que os militares indiquem um interventor federal.

Ato II

O interventor afasta do tribunal os ministros Alexandre de Moraes, Ricardo Lewandowski e Cármen Lúcia, substituindo-os pelos ministros André Mendonça, Kássio Nunes Marques e Dias Tóffoli. São anulados os resultados da eleição presidencial de 2022

Ato III

Dentro de um prazo incerto, o interventor convoca uma nova eleição presidencial. (A minuta do golpe não diz se Bolsonaro poderá disputá-la, e se Lula será impedido. Mas diz que tudo será feito “dentro das quatro linhas da Constituição”.)

Está na Constituição que a democracia é uma cláusula pétrea. Como tal, não pode ser revogada. Nada previsto na minuta do golpe sob a guarda de Mauro Cid está de acordo com a Constituição. Um dos fundamentos da democracia é a alternância no poder. Bolsonaro nunca escondeu que é a favor da ditadura.

Ele só não tentou dar o golpe porque não tinha certeza da adesão à ideia do comando do Exército e das demais Forças. Afirmar que jamais conversou sobre o golpe com ninguém, jamais ouviu falar de golpe, jamais cogitou aplicá-lo é uma grossa mentira, mais uma de um presidente que governou à base de mentiras.

Na palavra de Bolsonaro, hoje, só acreditam – ou talvez ainda acreditem – aqueles que, segundo o coronel Jean Lawand Junior, “cagavam” e tomavam “banho de chuva” sob a proteção dos militares, país afora.

*Blog do Noblat

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Política

Os riscos da manutenção do golpe na Eletrobras

Luis Nassif*

A Eletrobras é peça central no equilíbrio do setor elétrico brasileiro. Possui quase 50% dos reservatórios nacionais.

Em um deserto de boas reportagens, a Folha publicou um trabalho detalhado, de autoria de Alexa Salomão, sobre a privatização da Eletrobras. Nele, ela mostra como tendo menos de 1% de participação nas ações com direito a voto, passou a controlar o Conselho Deliberativo da empresa. É o mesmo jogo que transformou Daniel Dantas em controlador da Brasil Telecom e da Telemig Celular, com parcela mínima de capital.

O que chama a atenção é o silêncio constrangedor de lideranças industriais e das próprias comercializadoras de energia, a um poder extraordinário nas mãos dos chamados “piranhas financeiros” – na figura de Jorge Paulo Lehman e da 3G.

O termo foi cunhado no Chile, pós-queda de Salvador Allende, quando financistas sem nenhum escrúpulo passaram a se apossar de bens públicos. Coube a Pinochet acabar com a brincadeira, mandar para a prisão o mais atrevido dos “piranhas” e reestatizar o maior banco público privatizado.

A Eletrobrás é peça central no equilíbrio do setor elétrico brasileiro. Possui quase 50% dos reservatórios nacionais. Tratam-se de peças centrais para o modelo elétrico, pois são o fator de equilíbrio para as flutuações das chuvas.

Quando há escassez de chuvas, os reservatórios ajudam a regularizar a oferta de água, impedindo a explosão de preços. Em períodos de abundância de chuvas, consegue reduzir o custo da energia.

O que acontecerá com a Eletrobras privatizada, sendo gerida da mesma maneira que as Americanas? Hoje em dia, ela é a grande fornecedora de energia contratada – com preço regulado, destinada às distribuidoras e ao abastecimento de residências e pequenas empresas. Com abundância de água, a energia poderia estar muito mais barata. Mas são beneficiados apenas os grandes grupos, que adquirem energia no mercado livre.

Justamente por isso, grandes consumidores de energia julgam estar a salvo dos malefícios trazidos pela privatização da Eletrobras.

*GGN

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Mundo

Vídeo: Trump revela trama dos EUA para golpe na Venezuela: “nós iríamos tomá-la e pegar todo o petróleo”

Durante um discurso na Convenção do Partido Republicano da Carolina do Norte neste sábado (10), o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, atual candidato a assumir o posto novamente, revelou uma trama da potência mundial para sabotar a Venezuela, “tomar o controle do país e pegar todo o seu petróleo”.

O republicano criticava a administração do democrata Joe Biden por ter voltado a comprar petróleo do país latino, como se isso fosse uma vergonha aos EUA, que supostamente teria estado muito próximo de tomar controle da Venezuela durante seu governo: “e quanto a estarmos comprando petróleo da Venezuela? Quando eu saí [do governo], a Venezuela estava prestes a colapsar, nós teríamos tomado o país e pegaríamos todo aquele petróleo, teria sido ótimo”.

“Mas agora estamos comprando petróleo da Venezuela então estamos enriquecendo um ditador. Vocês acreditam? Ninguém consegue acreditar nisso. E o petróleo deles é um lixo, é horrível, é o pior que se pode conseguir, é como alcatrão (tar). E para refiná-lo, você precisa de refinarias especiais”.

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Opinião

Bolsonaro abandona Mauro Cid à própria sorte

O que a nota (de Lauro Jardim, em O Globo 10/06) não conta – suscinta, porque é nota, do contrário seria uma reportagem – é que o tenente-coronel Mauro Cid, rumo ao generalato antes de o seu caminho se cruzar com o de Jair Bolsonaro, está preso sim, por seus atos, mas principalmente por fidelidade ao chefe, a quem, de fato, interessavam as minutas e planos de golpe.

Ou alguém acredita que tenha baixado um Napoleão de frente no tenente-coronel e ele, de uma hora para a outra, resolveu considerar que tinha todo o talento do mundo para ditador e decidiu que era o golpe ou nada?

É brincar com a inteligência alheia considerar que o distinto público não vai ligar léo com créo. Se não, vejamos: estávamos nós em ano de uma eleição acirrada (2022). Desde o início de condução do mandato (iniciado em janeiro de 2019) que Bolsonaro ameaçava dar um golpe no país e governar de maneira autocrata. Confiou nos generais dos quais se cercou, para fazer a liga com o comando geral do Exército e convencê-los a aderir à sua aventura, coisa que não rolou. Ainda assim, contou com o seu entorno – Mauro Cid era o seu ajudante de ordens -, para articular e pavimentar o seu sonho.

Os planos incluíam: uma convulsão social de qualquer natureza, desde que parecesse fugir ao controle, a ponto de justificar a chamada, pelo Executivo, do expediente da Garantia da Lei e da Ordem (GLO).

Daí tentaram no dia 30 de outubro um adiamento da votação, tumultuada por uma “operação empata”, feita ao arrepio da Lei, pela Polícia Rodoviária Federal; no dia 12, quando após a diplomação de Lula no Congresso, carros e ônibus foram incendiados nas ruas da capital; no dia 24, quando uma dupla de trapalhões (graças a Deus!), tentou sem sucesso mandar pelos ares o aeroporto de Brasília; pensaram, mas não ousaram devido à multidão que compareceu, melar a posse de Lula no dia 1º de janeiro e, por fim, conseguiram, mas não lograram sucesso na conclusão, invadir e depredar os prédios públicos, a fim de provocar, finalmente, a convocação de uma GLO pelo presidente eleito.

Alertado para o fato de que esse era o plano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva escapou da arapuca, chamando uma intervenção no Distrito Federal e não uma GLO que o colocaria nas mãos dos militares e, aí, sabe-se lá se reaveria o seu poder. Certamente não haveria nem a chance de este artigo ser escrito, pois estaríamos de volta à pauta de 1964: porões, morte, porrada e bomba.

Sendo assim, vamos parar de brincar e encarar os fatos. O golpe não deu certo, mas todas as provas estão gritando de dentro do celular do ajudante de ordens Mauro Cid que, como bem esclarece o título do cargo que ocupou, nada mais fazia do que cumprir ordens. Não é crível que houvesse de sua parte interesse em “tomar o poder”, golpeando àquele a quem serviu com fidelidade canina, a ponto de ter uma caminha no quarto contíguo ao do casal, no Alvorada, para quando trabalhasse até tarde, pernoitasse ali, aos pés do chefe.

Não convence à opinião pública que Mauro Cid, por sua conta e risco, se movimentasse para fabricar atestados de vacina (como se fosse a corte do Rei Luiz XVI, em fuga para escapar da guilhotina) para si, a família e todos os escalados que seguiriam em disparada para a terra do Pateta. Observem que somente quem fazia parte do entourage com destino a Miami teve cartões de vacina falsificado.

O roteiro, embora não seja ficção, infelizmente, grita aos olhos de todos: prepare para mim um golpe “à la carte”, tenha o cuidado de que ele pareça espontâneo, programe para uma data em que eu já esteja longe. Caso tenha êxito, eu volto nos braços do povo. E, se naufragar, que eu tenha um convincente cartão de vacina que me permita trafegar por quantos países sejam necessários, em minha fuga com a família e assessores.

Todos os preparativos ficam com vocês. E, se descoberto, você, Mauro Cid, segura todas, até que a frouxidão das leis e seus subterfúgios permitam que se junte ao seu irmão bem-sucedido, na Flórida, para uma vida ao sol.

Até aqui funcionou. Afinal, o que é uma inelegibilidade? Resta saber se o pé que se amoldou ao coturno e o corpo treinado para estar dentro de uma farda suportará com galhardia o uniforme de presidiário por muito tempo. A propósito: ex-aliado, por quê? Não está lá, aguentando a cana dura? Melhor não provocar. Vai que o humor vira…

*Denise Assis/247

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Justiça

Celular de Mauro Cid tinha minuta de GLO e estudo para dar ‘suporte’ a um golpe

De acordo com o ministro Alexandre de Moraes, novo conjunto de mensagens traz documentos que dariam ‘suporte jurídico e legal para a execução de um golpe de Estado’, diz Malu Gaspar, O Globo.

A Polícia Federal encontrou no celular do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o coronel Mauro Cid, a minuta de um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e alguns “estudos” que, segundo os investigadores, eram destinados a dar suporte a um eventual golpe de estado.

A GLO é uma operação militar que permite ao presidente da República convocar as Forças Armadas em situações de perturbação da ordem pública.

Segundo o que apurei, Cid esteve na sede da PF em Brasília nesta terça-feira para depor sobre esse novo conjunto de evidências, que ainda não se tornou público.

No despacho que autorizou a oitiva de Cid, o ministro Alexandre de Moraes diz que o ex-ajudante de ordens “reuniu documentos com o objetivo de obter suporte jurídico e legal para a execução de um golpe de estado”.

De acordo com o texto, o material trata “da possibilidade de emprego das Forças Armadas em caráter excepcional destinados a garantir o funcionamento independente e harmônico dos poderes da União”.

A PF queria saber quem preparou os tais estudos e para quem eles estavam sendo compilados, entre outras coisas. Não há, por enquanto, sinal de que o material tenha sido enviado a Bolsonaro pelo celular.

A subprocuradora da República Lindora Araújo acompanhou o depoimento de forma virtual, mas Cid se recusou a falar. Preferiu se manter em silêncio.

Os documentos recolhidos por Cid estavam em mensagens trocadas com o sargento Luis Marcos dos Reis, preso junto com ele no início de maio na operação que apura fraudes nos cartões de vacinação de diversas pessoas, entre elas o ex-presidente e sua filha Laura. Reis deve ser ouvido nesta quarta-feira pela PF.

O material apreendido durante a operação dos cartões de vacinação deu origem a um novo inquérito, este sobre a participação do mesmo grupo em preparativos para um golpe de estado. Foi no âmbito dessa investigação que Cid foi ouvido nesta terça-feira (6).

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