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Vecina, ex-presidente da Anvisa, desanca Dória por comprar 4 milhões de doses de vacina somente para SP

Atitude deletéria, politiqueira e eleitoreira. Foram esses os termos usados pelo ex-presidente da Anvisa, Gonzalo Vecina, quando perguntado por Mônica Waldvogel o que ele achava da solução de Dória de comprar, somente para São Paulo, 4 milhões de doses da CoronaVac. Vecina imediatamente respondeu, “essas vacinas deveriam ser entregues aos SUS para pensar nos 211 milhões de brasileiros e não só na república de São Paulo”.

Ele disse o que tinha que ser dito para o espanto de Waldvogel que parecia entusiasmada com a solução dada por Dória para liberar a economia do estado.

Para piorar, Maria Beltrão, que comanda o Estúdio I, imediatamente, para cortar o assunto, despede-se dele. Vecina, percebendo que tinha sido censurado para não continuar criticando Dória, educadamente, despede-se de todos e, ironicamente, exalta o trabalho da GloboNews de informar corretamente tudo sobre a vacinação e, no final, alertando à população para não cair na politicagem de Dória, ele se dirige aos telespectadores e diz, “vocês em casa prestem bem atenção em quem vão votar em 2022”, com aquela sinceridade cortante que lhe é peculiar.

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Gonzalo Vecina: ‘Todos os que morrerem a partir de maio têm o endereço de quem os matou: o Planalto’

O médico sanitarista afirma que o Brasil terminaria a vacinação em maio se tivesse adquirido os imunizantes no ano passado.

Se o Brasil tivesse comprado vacinas ofertadas já no ano passado, terminaria a imunização contra a Covid-19 em meados de maio deste ano, afirmou Gonzalo Vecina, médico sanitarista e fundador da Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

Com o atraso na vacinação, a cobertura pode ser concluída somente em novembro, o que tende a gerar mais mortes em uma eventual 3ª onda da pandemia, apontou o especialista.

Para Vecina, o governo federal é diretamente responsável pelos óbitos por Covid-19 que ocorram a partir deste mês. Ele cita o caso do município de Serrana, no estado de São Paulo, que demonstrou controle da mortalidade por coronavírus após a vacinação.

Todos os brasileiros que morrerem a partir de maio têm o endereço de quem os matou: mora no Palácio do Planalto”, afirmou Vecina em entrevista ao programa Direto da Redação, no canal de CartaCapital no YouTube. “Se as vacinas tivessem sido compradas e aplicadas, em meados de maio nós teríamos derrubado a mortalidade.

Até o Brasil alcançar a cobertura vacinal, ele estima aumento de 350 mil a 400 mil mortos por Covid-19.

“Dos 450 [mil] que nós já temos, uma parte é devida ao não-isolamento social, ao uso inadequado desses medicamentos que estão aí. Isso é uma hipótese. A partir de agora, todas as mortes que ocorrerem são devidas a quem não comprou a vacina. Tem nome e endereço. E a população brasileira precisa ter consciência disso.”

Para ele, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, está se revelando um “bagre ensaboado”, em uma tentativa de fazer bom serviço na pasta, mas ao mesmo tempo se submetendo ao presidente Jair Bolsonaro. A opção por sediar a Copa América e a decisão de afastar a infectologista Luana Araújo do Ministério da Saúde, por exemplo, são evidências de que “nada melhorou”.

“Tudo piorou. Essa é uma característica desse governo: eles sabem piorar todos os dias.”

Cobertura vacinal não é um problema de agora

Vecina criticou também as políticas de austeridade fiscal adotadas desde o governo de Michel Temer (MDB), como a Emenda Constitucional 95, que instituiu o teto de gastos.

O médico afirmou que a cobertura vacinal vem caindo no Brasil desde 2016, contra doenças como pólio, sarampo e tuberculose, por falta de campanhas de vacinação. Também diz que houve paralisação no atendimento de pacientes com enfermidades mais complexas, como o câncer, devido à ausência de investimentos.

O Sistema Único de Saúde sofre reflexos até na atenção primária, diz o sanitarista, devido a um processo de desfinanciamento que vem desde “a PEC do Fim do Mundo”, como era conhecida a Emenda Constitucional 95.

Não existe país que resista à paralisia de gastos públicos por 20 anos numa população desse tamanho. Como é que pode ser chamado o conjunto de governantes que tomam uma decisão tão estapafúrdia? Foram idiotas, é o mínimo que posso dizer”, declarou o médico. “O SUS está sendo desmontado a céu aberto, e nós estamos concordando com isso.”

*Carta Capital

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Saúde

‘temos grandes chances de chegar a 1 milhão de mortes’, diz Gonzalo Vecina

Gonzalo Vecina Neto, ex-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), participou do UOL News hoje e comentou sobre o depoimento de Dimas Covas na CPI da Covid. Ele afirmou que as declarações do diretor do Instituto Butantan mostram que o Brasil poderia ter concluído a vacinação contra covid-19 em maio. E segundo ele, pela forma como o Brasil tem agido, há um sério risco de registrarmos 1 milhão de mortes causadas pela doença até o final deste ano.

“Daqui até o fim do ano corremos o risco de duplicar o número de mortes que temos hoje, de 450 mil. Temos grandes chances de chegar a 1 milhão de mortes se não fizermos lockdown, distanciamento social, se não usarmos máscaras e se não tivermos um pouco de governo onde deveríamos ter”, analisou Vecina Neto, fundador da Anvisa.

Vecina deixou claro que a responsabilidade pela compra de vacinas é do Ministério da Saúde, que deve organizar o PNI (Programa Nacional de Imunização). Por isso ele responsabilizou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pelo atraso na vacinação contra covid-19.

“O que o Dimas falou hoje já sabíamos: desde julho temos oferta de vacinas. E a responsabilidade por não termos comprado não tem outra: o presidente decidiu não comprar vacina. Estaríamos em maio, hoje, terminando de vacinar a população inteira se tivéssemos decidido comprar as vacinas”, apontou Vecina.

Segundo o ex-presidente da Anvisa, o Brasil teria condições de estar vacinando mais rapidamente do que os Estados Unidos. “Os EUA não têm o PNI. Temos condições de, em 5 meses, ter vacinado 160 milhões de brasileiros”.

Vecina também comentou sobre o próximo depoimento na CPI da Covid, que será da médica Nise Yamaguchi, defensora do uso da cloroquina – medicamento sem eficácia no combate contra a covid-19. Ele comparou a doutora com Mayra Pinheiro, Secretária do Ministério da Saúde, que prestou depoimento na CPI durante esta semana e também defendeu o uso de cloroquina.

“Mayra Pinheiro é uma pessoa do mal. Ela está mal intencionada. A doutora Nise é do bem. Só que ela está desviada. Ela está feliz da vida porque acha que está fazendo alguma coisa. Mas infelizmente é ignorância. Nise é um doce de pessoa, embora má informada”, concluiu Vecina.

*Com informações do Uol

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Governo Bolsonaro não queria vacinar a população, diz ex-presidente da Anvisa

Gonzalo Vecina, médico sanitarista e ex-presidente da Anvisa, hoje, em entrevista na GloboNews, declarou que, se o Brasil tiver vacinação em massa, os méritos são dos profissionais do Butantan e da Fiocruz que se dedicaram incansavelmente a cuidar do povo brasileiro.

Vecina foi mais longe e direto, disse que, na opinião dele, o governo Bolsonaro tinha a intenção de matar a todos nós sem vacinação em busca de uma suposta imunização de rebanho.

Sem dar muitas voltas, Vecina foi bastante enfático em dizer que está convencido de que esse projeto macabro é que provoca a situação caótica em que o Brasil se encontra, em que a cada dia se perde a oportunidade de imunizar milhões de brasileiros.

Ou seja, não é uma questão de eficiência na vacinação, mas sim de um projeto econômico do governo para não gastar com a vacinação de milhões de brasileiros, deixando o serviço a cargo do acaso, melhor dizendo, do vírus, sem a menor preocupação em proteger a sociedade, crianças, idosos e adultos.

Para Bolsonaro, o que determinaria, o fim da pandemia seria uma sangria desatada que deixaria um rastro incontável de vítimas fatais.

Por isso o governo faz questão de não ter um programa ou qualquer campanha de vacinação nacional.

*Carlos Henrique Machado Freitas

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É uma imoralidade que pessoas com dinheiro tenham acesso à vacina antes

Gonzalo Vecina é contra que o sistema privado crie uma fila de imunização paralela a do SUS.

O anúncio de que o setor privado negocia a compra de uma vacina indiana contra a Covid-19 tem dividido os especialistas em saúde entre os que veem a medida como benéfica ao SUS e os que a consideram uma “imoralidade” dentro do contexto de uma pandemia que já matou quase 200 mil pessoas e diante da escassez de doses.

O médico sanitarista Gonzalo Vecina Neto, 67, professor de saúde pública da USP, afirma que, numa sociedade tão desigual quanto à brasileira, é uma “imoralidade” as pessoas com dinheiro possam ter acesso à vacina contra a Covid-19 nas clínicas privadas, antes dos usuários do SUS.

Para ele, uma parceria ética seria que o setor privado atuasse dentro das mesmas regras organizadas por uma política pública, priorizando os mesmos grupos mais vulneráveis.

“Mas não é essa a proposta que está aí. A proposta é pegar gente que, do meu ponto de vista, estaria na posição número 30 [no grupo de prioridades para a vacina] e colocar na posição número 1. Isso não é parceria. Isso é inominável”.

Qual o risco de as clínicas privadas oferecerem a vacina contra a Covid-19 para um público que pode pagar por elas? O maior risco é o moral mesmo. É uma imoralidade as pessoas que têm dinheiro terem acesso à vacina antes das pessoas que não têm dinheiro numa sociedade tão desigual como a nossa. As pessoas podem dizer: “ah, mas isso é galinha morta; no Brasil, é assim mesmo”.

Só que é uma galinha morta no meio de uma pandemia onde os nervos estão muito mais expostos, onde a gente tem que tomar muito mais cuidado para que essa pandemia não produza mais desigualdade ainda.

Nós sabemos que temos filas que andam diferente para tudo na saúde, exceto o transplante, para o qual há uma única fila rigorosamente seguida para ricos e pobres. Agora, a fila do tratamento do câncer, a fila da cirurgia cardíaca, a fila da cirurgia ortopédica, nenhuma é igual para quem tem dinheiro e para quem não tem dinheiro. Quem tem dinheiro é tratado antes, e nós ignoramos isso.

O que seria diferente então neste momento? Ter uma fila independente, que anda com velocidade diferente, no meio de uma pandemia, é imoralidade.

Do ponto de vista comercial, numa economia liberal, tudo bem. Mas, no meio de uma pandemia, é eticamente insustentável. A sociedade vai ter capacidade de fazer a sua crítica a essa fila não ética. A gente tem que buscar formas de diminuir o nível de desigualdade na nossa sociedade.

A própria pandemia já mostrou desigualdades de acesso ao tratamento… desigualdade no acesso ao tratamento e desigualdade na mortalidade. Nós sabemos que quem morre mais é preto, analfabeto e pobre. Esse é o perfil da mortalidade. Mas isso não afeta uma sociedade que está anestesiada para invisibilidade dessas diferenças.

Porém, é diferente quando você diz: aqui é a fila da vacina para quem tem R$ 2.000 e aqui é a fila da vacina que não sabemos como é nem quando começa. Isso é grave.

Por que a sociedade não está mobilizada contra essas desigualdades na pandemia? Por um lado, há um certo anestesiamento da sociedade. Por outro, tem um clima de salve-se quem puder. Não me interessa quem se salvará desde que eu esteja na primeira fila. É uma sociedade pouco civilizada.

Eu não consigo enxergar uma coisa dessas acontecendo na Europa. No entanto, aqui no Brasil, isso é quase uma normalidade. Tenho certeza de que algumas pessoas vão dizer que estou falando bobagem: ‘Como o Gonzalo, uma pessoa de bom senso está contra isso, que parece tão positivo’. Ou seja, dar a vacina para quem eu conseguir dar e não para quem deve receber. Mas essa é a regra de uma sociedade não civilizada, que a gente tem que evitar. É a regra da imoralidade, é não ética.

Há um vácuo por parte do governo federal no enfrentamento da pandemia. Essa parceria com o setor privado não poderia ser uma saída no momento em que nem vacina há? Uma coisa é uma parceria. O que é uma parceria? Eu pego parte do que eu tenho que fazer e passo para você. E você vai fazer a parte do que eu tenho que fazer como eu faria.

Mas não é essa a proposta que está aí. A proposta é pegar gente que, do meu ponto de vista, estaria na posição número 30 [no grupo de prioridade para ser vacinado] e colocar na posição número 1. Isso não é parceria. Isso é inominável.

Qual seria uma saída para uma parceria ética? Uma parceria ética seria você aplicar as vacinas que vou dar para você aplicar, com as mesmas regras que eu vou usar. Você só vai aumentar a velocidade.

Por exemplo, posso pegar todas as farmácias do Brasil e distribuir vacina para que elas apliquem em quem estiver na ordem para tomar aquela vacina, naquele momento. Isso pode ser feito.

A cooperação com a iniciativa privada é fantástica. Existem formas de fazer isso por meio da solidariedade, organizadas por uma política pública para que não sejam criadas mais desigualdades.

Quem define a vacinação no país é uma política pública. E ela que diz que a ordem de vacinação deve ser essa: profissionais de saúde, os mais idosos, os portadores de comorbidades.

Essa proposta pode ser levada para o setor privado, mas é óbvio que o setor privado vai ter uma série de condições de se negar a cumprir isso, por exemplo, que naquele dia não apareceu nenhum velhinho e que, por isso, vacinou o jovem.

Como sr. avalia esse momento em que as políticas públicas de saúde estão tão fragilizadas? O que pode ser feito? Estamos vivendo um desastre total. Aí o Ministério Público tem que se manifestar. A falta de política pública é um crime público, um crime contra o ordenamento jurídico. [Saúde] é dever do Estado e direito do cidadão executado através de políticas públicas.

Está lá no artigo 196 da Constituição, depois da vírgula do direito e do dever. Precisa existir essa manifestação do Ministério Público. É preciso exigir que o Estado cumpra seu papel ou que se troque o Estado.

Do ponto de vista epidemiológico, há alguma justificativa que possa amparar a participação do setor privado na oferta da vacina? Do ponto de vista epidemiológico, é insustentável [a vacinação na rede privada neste momento da pandemia].

É fundamental que a gente consiga alcançar a imunização de forma coletiva. Do jeito que está sendo proposto, há o coletivo, mas o coletivo não faz parte da ordem de prioridades.

 

*Com informações da Folha

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