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Especialistas rechaçam nota negacionista do Ministério da Saúde de Bolsonaro que questiona efetividade das vacinas

O Ministério da Saúde divulgou neste sábado uma nota técnica que questionava a efetividade das vacinas contra a Covid-19 ao mesmo tempo em que atestava a eficácia do uso de hidroxicloroquina no tratamento da doença.

O documento foi usado para manter o uso do chamado ‘kit Covid’ no tratamento de pacientes que não estão internados com a doença.

A OMS não recomenda o uso desses medicamentos, enquanto diz que vacinas funcionam e seu uso na população.

Especialistas em saúde criticaram o texto e chamaram o documento de “negacionista”. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, ainda não se manifestou sobre a nota.

Confundir, não esclarecer

Segundo o secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Hélio Angotti Neto, a avaliação sobre os imunizantes é baseada em “dezoito ensaios não finalizados, dos quais, oito ainda em fase de recrutamento, nove ainda não finalizaram o seguimento e um finalizado, mas ainda em fase insuficiente para a avaliação de segurança”.

Já a posição sobre a hidroxicloroquina vem de “treze estudos controlados e randomizados com direções de efeito favoráveis à hidroxicloroquina, com efeito médio de redução de risco relativo de 26% nas hospitalizações, altamente promissor para o uso discricionário e prosseguimento dos estudos”.

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Saúde

Hospital das Forças Armadas usou receitas pré-assinadas de ‘kit covid’

Médicos do pronto-socorro do Hospital das Forças Armadas, em Brasília, contrários ao chamado ‘kit covid’ foram orientados a prescrever os medicamentos aos pacientes que queriam recebê-los usando receitas pré-assinadas e carimbadas por outros profissionais. A informação é da TV Globo.

Segundo a reportagem, receitas que indicavam o uso de hidroxicloroquina, azitromicina e ivermectina —medicamentos sem eficácia comprovada para o tratamento da covid-19— foram preparadas antes dos pacientes serem consultados.

De acordo com o Código de Ética Médica do CFM (Conselho Federal de Medicina), é proibido “prescrever tratamento ou outros procedimentos sem exame direto do paciente”, exceto em casos de emergência.

Em uma troca de mensagens obtida pela TV, o chefe do pronto-socorro, Major Milton Faria, pede aos médicos que não receitam o kit covid que procurem a sala de prescrição médica para buscar uma receita pronta, e que teriam apenas que preencher o nome e a data.

“Resolvemos deixar uma pasta com estrutura de receita já carimbada e assinada, e junto uma pasta com termo de consentimento”, diz. “Pedimos àqueles colegas que não prescrevem as referidas medicações, que caso não tenha nenhum colega no turno que também prescreva, que procure a sala de prescrição médica para entregar ao paciente, tendo somente que preencher o nome e a data”.

Segundo médicos ouvidos pela reportagem, as receitas pré-assinadas foram distribuídas até ao menos julho deste ano.

Em nota à TV, o HFA informou que “todos os médicos do hospital, sejam civis ou militares, tiveram a autonomia respeitada”. O UOL entrou em contato com a instituição, mas não obteve resposta até o momento.

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Saúde

Mostrando rosto pela 1ª vez, médicos da Prevent narram pressão por alta precoce de pacientes para diminuir custos e liberar leitos

Três médicos que ajudaram na construção do dossiê entregue à CPI da Covid foram ouvidos pelo Fantástico e narraram rotina de medo, apreensão e insegurança após denúncias se tornarem públicas. Operadora diz que “investigações técnicas esclarecerão os fatos”.

Três médicos que trabalhavam na operadora de saúde Prevent Senior e ajudaram na construção do dossiê investigado pela CPI da Covid mostraram o rosto pela 1ª vez, em entrevista ao Fantástico, neste domingo (3). Eles narraram pressão da operadora de saúde para a alta precoce de pacientes, a fim de diminuir custos e liberar leitos de UTI nos hospitais da empresa.

George Joppert, Walter Correa e Andressa Joppert dizem que vivem atualmente uma rotina de medo, apreensão e insegurança, após as denúncias contra a operadora se tornarem públicas.

Na entrevista, reafirmam a pressão para prescrição de ‘kit Covid’ nos hospitais da empresa e confirmam a meta para que os médicos atendessem 60 pacientes por cada plantão de 12 horas nos hospitais.

“A intenção de denunciar também é expor a fraude. Expor a fraude do tratamento precoce, a fraude de suposto sucesso de gestão”, disse Walter Correa ao Fantástico.

“Nós estamos fazendo a coisa certa. Nós não somos criminosos. O bem social acho que tem que prevalecer acima de qualquer outra definição, ou de dinheiro ou de lucro”, afirmou George Joppert.

“São vidas que eles estão cuidando, e não estão cuidando como deveriam cuidar”, declarou Andressa Joppert. Os três fazem parte do grupo de 12 médicos que escreveram o dossiê contra a operadora e devem ser ouvidos pela CPI da Covid nos próximos dias.

‘Kit Covid’

Os três médicos contam que, no ano passado, houve muita pressão da Prevent Senior para que eles receitassem o chamado “kit Covid”, que é o pacote com os remédios ineficazes contra a Covid-19, que era distribuído para os clientes do plano de saúde no momento das consultas.

Segundo os profissionais, não havia autonomia dos médicos para decidir ou não pela prescrição desses remédios durante a pandemia.

“Eles estavam de olho em quem prescrevia ou não. Foi uma coisa que eles tinham um controle, então não havia essa autonomia”, afirmou Walter Correa.

“Entregava a receita, entregava o kit que já ficava no consultório. Era tudo controlado. Ficava um balde com um monte de saquinho com os kits, era meio constrangedor às vezes, entregava para os pacientes a receita com kit e orientava ‘olha, a gente tem que prescrever mas melhor usa só as vitaminas, não usa medicação’. E era assim que funcionava”, completou.

Andressa diz que um diretor chegou a obrigá-la a receitar hidroxicloquina a uma paciente com problemas cardíacos, sob ameaça velada de demissão.

“É uma contraindicação para o uso de hidroxicloroquina. Até no próprio protocolo da Prevent é uma contraindicação. Então, mesmo com aquela contraindicação, eu fui orientada. Teria que prescrever, mas eu não prescrevi. E fui chamada atenção”, afirmou a médica.

Questionada sobre o que poderia acontecer com o médico que não receitasse os remédios ineficazes, a médica foi taxativa: “Ele teria um castigo. Ficaria sem os plantões uma semana, duas semanas, dependendo do que ele fez. O castigo dele seria isso: não teria o dinheiro dele planejado no fim do mês”, disse Andressa.

“Não era necessário que fosse feito uma ameaça aos médicos. O ambiente hostil já fazia isso por si só. A gente já sabia que existe uma sugestão de um protocolo, se você não segui-lo, você vai sofrer sanções. O máximo que acontecia era alguém prescrever e orientar a não usar”, declarou Walter Correa, que trabalhou oito anos como plantonista do Pronto Socorro da Prevent Senior.

Ele foi demitido em fevereiro deste ano e acha que o motivo do desligamento foi justamente por ter deixado de prescrever o “kit Covid” por algum tempo.

“Apesar de ter ficado muito tempo lá, eu acho que nunca me adequei muito bem às práticas da Prevent Senior. É curioso até eu ter ficado tanto tempo, mas acho que a gota d’água foi no final, a questão de eu ter ficado sem prescrever o kit”.

*Com informações do G1

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Política

Advogada denuncia à CPI que Prevent Senior demitia médicos contrários ao tratamento com kit covid

Em depoimento à CPI da Covid, nesta terça-feira (28), a advogada Bruna Mendes Morato, responsável por ajudar médicos a elaborar um dossiê sobre Prevent Senior, afirmou que os médicos contrários ao chamado “tratamento precoce” eram demitidos pelo plano de saúde. A operadora ocultou mortes de pacientes com a doença durante estudo para testar a eficácia da hidroxicloroquina, associada à azitromicina.

“Os plantonistas entregavam o kit [Covid] e falavam para os pacientes: ‘Se eu não te entregar, eu posso ser demitido’. Os médicos até recomendavam as vitaminas, mas os outros medicamentos, além de não terem eficácia, eles são muito perigosos para aquele público”, disse Morato.

“Os pacientes que recebiam esses kits eles já utilizavam vários medicamentos. Para aquele grupo, entretanto, esse kit se tornava potencialmente letal”, complementou.

De acordo com a advogada, o lema da Prevent Senior “lealdade e obediência” é incompatível com a autonomia dos médicos. “O kit vinha lacrado, com instrução de uso, eu não tenho como falar para meu cliente que está exercendo a função de forma autônoma”, disse. “A Prevent Senior tem uma política de coerção. Todos os clientes que resistiram foram demitidos”.

A advogada afirmou que “a principal estratégia era confirmar o projeto, de que havia tratamento e que ele era eficaz”.

*Com informações do 247

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Política

Prevent Senior: CPI vai ouvir Bruna Morato, advogada de médicos

Ouça o áudio em que Pedro Benedito Batista júnior, diretor-executivo da Prevent Senior faz ameaça a médico.

Bruna Morato, que ajudou a produzir dossiê com denúncia de irregularidades no tratamento de pacientes do plano de saúde, procurou integrantes da comissão e se dispôs a depor.

A advogada Bruna Morato, que ajudou a produzir o dossiê com denúncias de irregularidades no tratamento de pacientes de Covid pela Prevent Senior, vai ser ouvida na CPI da Covid. Segundo o presidente da Comissão, Omar Aziz (PSD-AM), ela deve depor na terça ou na quarta da semana que vem.

Ela procurou a CPI da Covid para dizer que ela, em nome dos profissionais que fizeram as denúncias, está disposta a comparecer à comissão para prestar depoimentos e relatar irregularidades.

O depoimento ocorre no contexto da investigação da CPI da Covid sobre se o plano de saúde ocultou mortes de pacientes em estudo realizado para testar hidroxicloroquina, associada à azitromicina, para o tratamento da Covid-19. Estudos já comprovaram que nenhum desses medicamentos é eficaz no tratamento desta doença.

A Comissão recebeu um dossiê com uma série de denúncias de irregularidades, elaborado por médicos e ex-médicos da Prevent. O documento informa que a disseminação da cloroquina e outras medicações ineficazes contra a Covid-19 foi resultado de um acordo entre o governo Jair Bolsonaro e a Prevent.

Na quarta-feira (22), o diretor da empresa Pedro Benedito Batista Junior prestou depoimento à CPI. Ele negou que a empresa tenha ocultado mortes e disse que ex-funcionários fraudaram dados para prejudicar a Prevent, mas confirmou que a operadora orientou médicos a mudarem, após algumas semanas de internação, o código de diagnóstico (CID) nas fichas dos pacientes que deram entrada com Covid-19, retirando a identificação da doença.

“Após 14 dias do início dos sintomas (pacientes de enfermaria/apto) ou 21 dias (pacientes com passagem em UTI/Leito híbrido), o CID deve ser modificado para qualquer outro exceto o B34.2 (código da Covid-19) para que possamos identificar os pacientes que já não têm mais necessidade de isolamento. Início imediato”, informava mensagem encaminhada por um diretor.

Após seu depoimento, Batista Junior passou a integrar a lista de investigados pela CPI.

Ameaça a médico

Na sessão de quarta-feira, também foi exibido o áudio da denúncia de um dos médicos da Prevent Senior que teria denunciado as irregularidades na empresa. Ele registrou um boletim de ocorrência em que relata ter sofrido ameaças de Pedro Benedito.

O médico contou que, após ter conversado com a reportagem da TV Globo sobre a empresa, recebeu uma ligação do diretor. À polícia, o médico contou que Pedro disse que ele estaria “expondo sua filha e sua família”. O áudio da ligação foi divulgado durante a Comissão.

O profissional registrou a ocorrência no final de junho, no 5º DP da Aclimação, na Zona Sul da cidade.

Ouça o áudio:

*Com informações do G1

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Prevent Senior também omitiu Covid como causa da morte da mãe do Veio da Havan.

TV Globo teve acesso a prontuário que revela que pediatra e toxicologista defensor do tratamento precoce tomou ‘kit Covid’ e morreu por complicações da doença em janeiro deste ano no Sancta Maggiore. Reportagem também confirmou que Regina Hang, mãe do empresário Luciano Hang, morreu por coronavírus, mas hospital não informou no atestado de óbito.

A Prevent Senior omitiu no atestado de óbito que o médico Anthony Wong, morto em 15 de janeiro deste ano em São Paulo, faleceu em decorrência de Covid. A operadora de saúde também não informou no documento que Regina Hang, de 82 anos, mãe do empresário Luciano Hang, morreu em 4 de fevereiro após complicações relacionadas ao coronavírus.

Em setembro a GloboNews já havia revelado que a Prevent Senior ocultou mortes de pacientes que participaram de um estudo realizado para testar a eficácia da hidroxicloroquina, associada à azitromicina, para tratar a Covid-19, segundo dossiê ao qual a reportagem teve acesso.

Os prontuários de Wong e Regina aos quais a TV Globo teve acesso, mostra que os dois foram internados no Hospital Sancta Maggiore, da Rede Prevent Senior, e acabaram medicados com o chamado ‘kit Covid’, série de medicamentos sem comprovação científica na prevenção ou tratamento da doença.

A revista Piauí divulgou nesta terça-feira (21) reportagem para revelar que o pediatra e toxicologista Wong, que era defensor do tratamento precoce contra Covid, foi internado em 17 de novembro de 2020 no hospital após o médico apresentar sintomas de Covid-19 havia oito dias.

“Um exame de PCR feito no hospital confirmou a presença do Sars-CoV-2”, informa trecho do documento das mais de 2 mil páginas do prontuário médico de Wong.

Quando Wong morreu, o Sancta Maggiore não informou a causa da morte à imprensa. No seu atestado de óbito consta que a morte foi em decorrência de: choque séptico, pneumonia, hemorragia digestiva alta e diabetes mellitus.

A Piauí destacou que Wong autorizou ser medicado com o “kit covid” da Prevent Senior; e que o médico recebeu outros tratamentos como a inalação de ”heparina e metotrexato venoso” – medicamentos sem eficácia comprovada para Covid. Além disso, o médico também o fez “20 sessões de ozonioterapia retal’’. E vinha “vinha fazendo uso de hidroxicloroquina”.

Wong foi atendido durante a internação pela colega médica Nise Yamaguchi, que, segundo a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, pertence ao chamado “gabinete paralelo” do governo federal.

De acordo com os prontuários, Wong também recebeu a visita Pedro Benedito Batista, diretor-executivo da Prevent. Nesta quarta-feira (22) o executivo se recusou a informar a CPI a causa da morte de Anthony Wong.

O prontuário de Regina Hang, mãe de Luciano Hang, dono da empresa varejista Havan, mostra que ela foi medicada com o chamado ”kit covid”, com “azitromicina, hidroxicloroquina e outras medicações.” O Sancta Maggiore também não havia informado a causa da morte da idosa à imprensa à época.

No quinto dia de internação, ainda segundo o prontuário, Regina passou por sessão de ozonioterapia, uma prática que é proibida pelo Conselho Federal de Medicina, exceto em pesquisas experimentais autorizadas pela comissão de ética em pesquisa e em instituições credenciadas.

Segundo a Conep, não havia nenhuma autorização de pesquisa para a Prevent. Regina Hang morreu um mês depois de dar entrada no hospital, no dia 2 de fevereiro.

Neste vídeo gravado pelo empresário Luciano Hang – filho de Regina – ele reafirma que a mãe morreu de Covid e lamenta o fato dela não ter feito um tratamento preventivo, antes de pegar o vírus, o que também não tem eficácia comprovada.

Na certidão de óbito de Regina a Covid não aparece na causa da morte. No documento consta: disfunção múltipla de órgãos, choque distributivo refratário, insuficiência renal crônica agudizada, pneumonia bacteriana, síndrome metabólica e acidente vascular cerebral isquêmico prévio.

Assim como no caso de Regina Hang, a Covid-19 não consta como causa morte de Anthony Wong.

*Com informações do G1

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Denúncia: Vitamedic e Prevent Senior tinham forte relação no experimento em pacientes com Covid

Além disso, há suspeita de que o registro de óbito de figuras conhecidas que defendiam o tratamento precoce foi adulterado.

Durante a abertura a da sessão desta quinta-feira (26) da CPI da Covid, o senador Humberto Costa (PT-PE) revelou que um grupo de médicos está processando a Prevent Senior, pois, a direção da rede hospitalar teria obrigado os médicos a adotarem o chamado tratamento precoce. Quem se recusava, era demitido.

“Quero trazer aqui um assunto gravíssimo: recebi uma correspondência, que é cópia de um processo que está sendo movido por um grupo de profissionais médicos ligados a rede Prevent Senior e que formalizaram uma denúncia contra esta instituição por conta da política de coerção que foi assumida por essa direção de termos de orientação aos profissionais para adotarem as orientações do chamado tratamento precoce. Aqueles que, em algum momento se recusaram a implementar essas medidas foram demitidos”, revelou Costa.

A Fórum teve acesso ao documento elaborado pelo gabinete do senador Humberto Costa a partir da denúncia de um grupo de 12 médicos que prestam serviço para a Prevent Senior e que ainda “desejam manter seu sigilo preservado”.

O processo movido pelo grupo de médicos também corre sob sigilo, mas, de acordo com o senador, o nome e a OAB da representante da ação foram verificadas.

Segundo a denúncia, a política de coerção com relação as orientações e posições clínicas adotadas pela empresa é prática corrente da Direção da Prevent Senior.

“O gabinete teve acesso a mensagens de Whatsapp encaminhadas pelo Diretor Clínico, Dr. Roberto de Sá, aos médicos que trabalham na instituição lembrando dos conceitos de ‘lealdade’ e ‘obediência’ já expostos pela Prevent Senior no momento de contratação. Os profissionais de saúde que não se se submetem as diretrizes são punidos com a demissão”.

Aliança com o governo Bolsonaro

Em março de 2020, o então Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, criticava dura e publicamente a política e os resultados de atendimento Prevent Senior durante a pandemia.

Diante disso, a solução encontrada pela referida operadora de plano de saúde teria sido a aproximação de assessores próximos ao Presidente Jair M. Bolsonaro e ao Ministério da Economia, evitando conflitos com o Ministério da Saúde.

O pacto assim teria sido firmado no final de março de 2020: a Rede Prevent Senior aderiria às diretrizes do Governo Federal e do Ministério da Economia repassadas por novos “assessores”, e o Ministério da Saúde pararia com as críticas e acusações contra a Prevent Senior, ainda que fosse necessário trocar o Ministro da Saúde Mandetta para tanto.

Conforme afirmado na denúncia recebida, de fato, dias após a data do relato da existência do suposto acordo, cessaram as acusações advindas do Ministério da Saúde contra a Prevent Senior e estabeleceu um novo protocolo de atendimento pacientes com COVID, pautados no tratamento com os medicamentos sem eficácia.

As experiências e o “Terceiro Reich”

Dentre os diversos relatos que a advogada descreve de clientes, o mais impactante foi de um coordenador cuja afirmação é que ele sentia como se participasse do Terceiro Reich. A terceira categoria de experiências tinha por objetivo desenvolver e testar medicamentos, bem como métodos de tratamento para enfermidades.

Os kits experimentais eram organizados assim: Hidroxicloroquina, Azitromicina, Ivermectina.

Além desses, outros medicamentos de uso desconhecido para o tratamento de pacientes com a síndrome respiratória aguda grave ocasionada pelo COVID19 também foram “experimentados” pela Rede Prevent Senior, são eles: Metotrexato, Flutamida, Etanercepte.

Além da utilização de medicamentos ineficazes para o tratamento de doentes acometidos pelo vírus COVID 19, alguns experimentos foram realizados, dos quais destacam-se: Tornar a heparina inalatória; Ozonioterapia; Imunoterapia.

Vitamedic e Prevent Senior

A empresa Vitamedic, que é produtora de ivermectina e vendeu 1.105% a mais de ivermectina durante a pandemia, é apontada na denúncia como uma empresa com “forte relação” com a rede hospitalar.

De acordo com a denúncia, o ciclo funcionava da seguinte maneira: “a Vitamedic fornecia os principais medicamentos do “kit prevent”, a Prevent Senior fornecia os dados e os assessores Wong, Yamaguchi e Zanotto propagam a informação. Segundo relato dos consulentes que exerciam cargos na diretoria da instituição, quanto mais rápido a “roda de interesses” girasse, mais o governo federal propagava informações e mais a Prevent Senior entrava em evidência”.

Óbitos fraudados

Além das experiências, os denunciantes apontam para a possibilidade de que o Dr. Antony Wong, que compunha o gabinete paralelo, e a mãe do empresário Luciano Hang teriam tido os seus respectivos óbitos fraudados.

“Foi de conhecimento público que o Dr. Antony Wong, um dos principais médicos e

apoiadores do governo, apontado como membro integrando do suposto grupo de assessores do governo federal, faleceu na Rede Prevent Senior. O que não noticiado sobre o caso é que ele, um dos principais defensores do tratamento precoce e um dos principais críticos da vacina, a causa da morte está em apuração pelo Ministério Público do Estado de SP e CREMESP por suposta fraude no atestado.

Outro conhecido caso de óbito da Rede Prevent Senior é da mãe do empresário Luciano Hang que emocionado gravou um vídeo recomendando que as pessoas fizessem o tratamento precoce. A alegação do Sr. Luciano Hang é que sua mãe teria supostamente falecido por não ter tido a oportunidade de utilizar os medicamentos do Kit – o que não condiz com as informações do prontuário”.

O Diretor Clínico da Prevent Senior será convocado pela CPI da Covid.

A reportagem entrou em contato com a rede Prevent Senior, mas até o fechamento dessa matéria não obteve resposta.

Confira abaixo o documento na íntegra com os detalhes do experimento realizado pela Prevent Senior com pacientes com Covid-19.

*Com informações da Forum

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‘Kit Covid’ rendeu mais de R$ 1 bilhão para farmacêuticas

Dados enviados à CPI mostram que algumas empresas faturaram até sete vezes mais durante a pandemia de covid-19.

Apesar de o chamado “kit Covid” ter se mostrado ineficaz contra a doença, a venda dos remédios que o compõem deu um salto na pandemia. O faturamento de sete empresas apenas com esses medicamentos foi de R$ 482 milhões de janeiro de 2020 a maio de 2021.

Em 2019, antes da Covid-19, a comercialização ficou pouco acima de R$ 180 milhões. Em algumas empresas o crescimento foi sete vezes maior.

O levantamento foi feito pela Folha com base em documentos sigilosos e abertos enviados à CPI da Covid pelas empresas EMS, Farmoquímica, Momenta Farmacêutica, Abbott, Sandoz, Cristália e Supera Farma. Outras farmacêuticas, como a Apsen, Vitamedic e Brainfarma, não enviaram dados fechados de seu faturamento para a comissão, então o valor total pode ter ultrapassado R$ 1 bilhão.

Entre os remédios listados estão cloroquina, ivermectina, nitazoxanida, azitromicina e vitamina D.

A quantidade de medicamentos vendida que foi informada pelas empresas multiplicada pelo preço médio também comunicado nos documentos dá um valor de mais R$ 897 milhões gastos de janeiro de 2020 a maio de 2021.

O “kit Covid” se tornou bandeira do presidente Jair Bolsonaro no enfrentamento da pandemia e um dos flancos da CPI da Covid, que busca apurar ações e omissões do governo no enfrentamento do coronavírus.

A CPI já descobriu, por exemplo, a existência de um gabinete paralelo de aconselhamento ao presidente fora do Ministério da Saúde. São médicos, atuais e ex-assessores palacianos, um empresário bilionário e até um congressista que desprezaram a importância da vacina e enalteceram, em sintonia com Bolsonaro, a defesa de medicamentos sem eficácia comprovada contra a Covid.

A comissão agora quer descobrir se há relação das farmacêuticas com o governo e com os membros desse gabinete paralelo. A autoria dos requerimentos é dos senadores Humberto Costa (PT-PE) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE).

Apesar de estudos não apontarem benefícios do uso das drogas contra a Covid, o presidente já sugeriu em diversos momentos o uso precoce da hidroxicloroquina e da ivermectina para o tratamento e a prevenção da doença.

Bolsonaro já atacou a CPI por causa do assunto. Nas redes sociais, respondeu a senadores da CPI que criticam medicamentos sem eficácia comprovada com a frase “não encham o saco”. Segundo o presidente, o médico e o paciente são livres para escolher como querem se tratar.

Em depoimento à CPI da Covid, o coronel Elcio Franco, ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde, reconheceu que o governo federal adotou o tratamento precoce como estratégia principal para o enfrentamento da pandemia, com o “medicamento que o médico julgar oportuno”.

O Ministério da Saúde chegou a lançar no auge da crise sanitária em Manaus o aplicativo TrateCOV, que sugeria a prescrição de hidroxicloroquina, cloroquina, ivermectina, azitromicina e doxiciclina a partir de uma pontuação definida pelos sintomas do paciente após o diagnóstico de Covid-19.

Das empresas que enviaram os dados, a EMS faturou R$ 142 milhões com medicamentos do “kit Covid” em 2020. Esse quantitativo representou crescimento de 709% em relação ao faturamento do ano anterior.

A empresa informou, em nota, que sempre produziu seus medicamentos para os fins previstos em bula e que não comercializou nenhum “kit Covid”. Em seu site, a empresa se manifesta sobre a ineficácia da hidroxicloroquina para o tratamento contra a Covid-19.

A venda com a hidroxicloroquina foi cerca de 20 vezes maior em 2020 do que no ano anterior. No entanto, a empresa diz que não é possível fazer a comparação, tendo em vista que a produção começou em setembro de 2019.

As farmacêuticas EMS e Apsen tiveram o apoio do presidente Jair Bolsonaro para liberar a importação do IFA (insumo farmacêutico ativo) na Índia para a produção de hidroxicloroquina, segundo documentos do Ministério das Relações Exteriores entregues à CPI da Covid.

Em abril do ano passado, o presidente fez uma ligação para o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, dizendo que houve resultados animadores no uso da hidroxicloroquina para o tratamento de pacientes com Covid-19.

Na conversa, Bolsonaro destacou que um carregamento de 530 kg de sulfato de hidroxicloroquina estava parado à espera de liberação por parte do governo indiano. Esse carregamento fazia parte de uma encomenda maior da farmacêutica EMS. Ele também disse na época que havia um carregamento da Apsen.

“Gostaria, por isso, em nome do governo brasileiro, de fazer um apelo ao amigo Narendra Modi para que obtenhamos a liberação de importações de sulfato de hidroxicloroquina feitas por empresas brasileiras”, disse.

*As informações são da Folha

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Governo Bolsonaro atuou 84 vezes no exterior por produção de cloroquina, apontam telegramas do Itamaraty

Maior parte das comunicações diplomáticas foi feita à Índia, mas também houve atuação junto aos Estados Unidos.

O Globo – O governo federal atuou pela aquisição de insumos para a produção de hidroxicloroquina no exterior em pelo menos 84 ocasiões durante a pandemia, conforme levantamento de telegramas do Itamaraty enviados à CPI da Covid e obtidos pelo GLOBO. A maior parte das comunicações foi feita à Índia, com intuito de garantir a matéria-prima necessária para a produção do medicamento comprovadamente ineficaz contra o novo coronavírus por empresas brasileiras, mas também houve atuação diplomática junto aos Estados Unidos.

O esforço ficou concentrado até junho do ano passado, quando o Brasil conseguiu restabelecer a produção e recebeu uma doação de 2 milhões de comprimidos dos Estados Unidos. Houve empenho mesmo após estudos científicos descartarem o uso do medicamento. A atuação do governo foi simultânea a um aumento exponencial da produção de cloroquina pelo Laboratório Químico e Farmacêutico do Exército (LQFex), suficiente para atender à demanda daquela época e que gerou um estoque que ainda não foi utilizado.

No início da pandemia, em março de 2020, a Índia restringiu as regras de exportação de medicamentos como a hidroxicloroquina, o que gerou uma movimentação na diplomacia brasileira para tentar liberar novos insumos. Diante das dificuldades, o presidente Jair Bolsonaro chegou a falar diretamente com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, em abril do ano passado. No telefonema, o presidente intercedeu em nome de empresas brasileiras, pedindo que a Índia liberasse a exportação dos produtos. O contato de Bolsonaro é relatado em um telegrama diplomático, obtido pelo GLOBO.

Um dia antes da ligação de Bolsonaro, o então chanceler Ernesto Araújo também tentou superar as limitações de exportação da Índia e disse ao governo indiano que era importante manter a oferta dos medicamentos necessários para o tratamento de diversas doenças no Brasil. Ernesto pediu a intervenção do ministro de Relações Exteriores indiano por “razões humanitárias” e destacou a “amizade mútua e a parceria estratégica” entre os países.

Meses depois, no entanto, o governo rejeitou proposta que vinha sendo negociada com a Índia para a compra do medicamento. Em outubro do ano passado, o Assessor Especial do Ministério da Saúde para Assuntos Internacionais, Flavio Werneck, afirmou que não era necessário proceder com a aquisição do fármaco. A Índia tentava concretizar uma venda de 5 milhões de tabletes de hidroxicloroquina ao Brasil, mas não teve sucesso.

*Julia Lindner e Natália Portinari/O Globo

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Empresário de farmacêutica beneficiada por Bolsonaro já apoiava presidente antes de 2018

Spallicci herdou a Apsen da família; empresa viveu maior crescimento em 2000.

O Globo – Presidente do laboratório farmacêutico Apsen, ajudado pela atuação de Jair Bolsonaro para liberação de insumos da Índia usados na produção de hidroxicloroquina, Renato Spallicci é um apoiador convicto do presidente nas redes sociais desde antes da eleição de 2018. Executivo principal da empresa desde os anos 1990, ele ainda dá as cartas na empresa e nomeou a filha como vice-presidente.

Como mostrou o GLOBO nesta quinta-feira, Bolsonaro intercedeu a favor dos laboratórios farmacêuticos Apsen e EMS em abril do ano passado, quando solicitou ao primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, que acelerasse a exportação de insumos para a fabricação de hidroxicloroquina, medicamento comprovadamente ineficaz contra a Covid-19.

Spallicci herdou os negócios da família. Seus pais, o imigrante italiano Mario Spallicci e sua esposa, Irene, fundaram um laboratório de pequena escala em junho de 1969 em Santo Amaro, bairro da zona sul de São Paulo. Irene foi a executiva responsável pela expansão dos negócios nas décadas de 1970 e 1980.

A empresa viveu seu período de maior crescimento nos anos 2000, já com Spallicci no comando, a partir da associação do laboratório com parceiros nacionais e o lançamento de remédios com patente própria. Boa parte da receita da companhia, no entanto, vem da produção de genéricos e medicamentos biossimilares.

Hidroxicloroquina

A Apsen é considerada a líder de mercado na produção de hidroxicloroquina, e foi beneficiada pela alta na procura do remédio quando o presidente da República virou uma espécie de garoto-propaganda da droga.

A empresa afirma que apenas cerca de 5% de sua receita atual advém da cloroquina, mas admite que houve uma alta na venda do produto.

A receita líquida da Apsen no ano passado chegou a R$ 816,31 milhões, ante R$ 691,34 milhões no ano anterior, o que representa uma alta de 18% em meio à pandemia. O lucro líquido da companhia no ano passado bateu a marca de R$ 65,06 milhões, 31,9% a mais do que o registrado em 2019.

Em fevereiro de 2020, a companhia contraiu um financiamento de R$ 94,88 milhões junto ao BNDES. O banco estatal concedeu carência de três anos para o início do pagamento e deu mais cinco anos para que o laboratório quite o financiamento, que tem como garantia imóveis da empresa.

Spallicci é tido no mercado como uma pessoa alegre e expansiva. Em seu perfil no Linkedin, afirma ironicamente ser “doutor honoris causa da Escola da Vida” e ter estudado nas “Escolas da Traição da Amizade do Amor da Paz da Saudade da Sacanagem da Rua da Piada da Vagabundagem (sic)”.

Outra empresa citada por Bolsonaro no telefonema para Modi no ano passado foi a EMS. O presidente da empresa, Carlos Eduardo Sanchez já esteve em reuniões com o presidente e, em abril deste ano, participou de um jantar com Bolsonaro, ao lado de outros empresários, como o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, o presidente do conselho do Albert Einstein, Cláudio Lottemberg, e o CEO do BTG, André Esteves.

Fundador e presidente do Grupo NC, Sanchez não tem nenhum alinhamento público com o governo Bolsonaro. Em 2012, ele integrou o Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, ligado à Presidência da República, durante o governo Dilma Rousseff.

A EMS é hoje a maior farmacêutica nacional do país, com faturamento superior a R$ 4 bilhões no ano passado, e líder na produção de medicamentos genéricos no país. A empresa também produz hidroxicloroquina.

*Foto destaque: reprodução do perfil do empresário no Twitter

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