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Conflito

Intolerância após 2º turno amplia conflitos familiares com insultos e expulsão de casa

Especialistas dizem que debate político é saudável, mas que é preciso haver respeito ao contraditório.

De acordo com a Folha, o clima de polarização política que tomou conta do país durante as eleições deste ano não gera conflitos apenas nas ruas, mas também invade as casas dos eleitores e acirra os ânimos entre familiares.

Logo após a vitória do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no último domingo (30), surgiram nas redes sociais relatos sobre agressões motivadas pelo resultado do pleito. São casos que vão desde ofensas verbais a pais tentando expulsar filhos de casa em razão de divergências políticas.

Uma internauta escreveu no Twitter que recebeu um áudio no qual a mãe diz que a jovem não tem caráter por ter votado em Lula. Outra diz que o sogro parou de falar com o próprio filho porque o rapaz votou em Bolsonaro.

Na família de Paola Belchior, 38, o clima também é de tensão. Isso porque a mãe da administradora pública é eleitora de Bolsonaro, enquanto o resto da família votou no candidato petista.

Desde que o resultado foi anunciado, Paola diz que a mãe se afastou dos parentes e não voltou a falar no grupo da família no WhatsApp.

“Ela era muito participativa. Mandava fotos e perguntava como a neta estava. De repente, veio esse silêncio e a gente não sabe o que está acontecendo”, diz Paola, acrescentando que está preocupada com a saúde mental da mãe.

“Não sei até que ponto ela pode cometer algo contra si mesma ou contra outras pessoas por causa desse radicalismo que a igreja e o governo Bolsonaro pregam.”

Apesar da preocupação, ela afirma evitar que a mãe frequente a sua casa. “Não quero que ela ensine esse radicalismo para a minha filha.”

A Folha deixou mensagem e ligou para a mãe de Paola, mas não obteve retorno até o fechamento desta reportagem.

Casos de conflito como esse cresceram em relação ao período anterior às eleições, diz Fábio Roberto Rodrigues Belo, professor de psicanálise da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).

“Percebi um aumento exponencial no atendimento desses casos. De 2018 para cá, aumentaram muito os conflitos e as rupturas de relacionamento”, diz ele, que é coordenador do grupo de pesquisa psicanálise e política.

O especialista afirma que optar pelo silêncio, como fez a mãe de Paola, é uma estratégia comum diante de desentendimentos políticos na família.

Segundo ele, isso acontece para evitar que os conflitos piorem e porque o discurso extremista inviabiliza abertura ao contraditório. Por isso, adeptos desse ideário podem se afastar do que não está de acordo com sua visão de mundo.

Escolher esse caminho, porém, pode gerar prejuízos emocionais. “As pessoas ficam sob o efeito do que Freud chamou de recalcamento, o que pode causar depressão e mal-estar”, diz ele. “As pessoas estão perdendo muito mais do que uma companhia de esquerda. Elas estão perdendo filhos e filhas.”

Segundo pesquisa Datafolha realizada de forma presencial com 2.556 pessoas no final de julho, 49% dos eleitores deixaram de falar sobre política com pessoas próximas. A situação atinge 54% dos que declaravam voto em Lula e 40% dos que apoiavam Bolsonaro.

Diretora da clínica psicológica Ana Maria Poppovic, da PUC-SP, Marcia Almeida Batista diz que a polarização política tem intensificado conflitos familiares.

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Cotidiano

Intolerância: Após comparecer à cerimônia militar do namorado, atleta trans é ameaçada

Ao concluir o curso de formação de sargentos do Exército, Lucas Michelazzo levou Thaynná Dantas ao evento militar em MG. No entanto, ao voltarem para Natal, onde moram, ela passou a ser atacada.

Thaynná Dantas, uma fisiculturista de 33 anos que faz grande sucesso na internet, onde tem mais de 400 mil seguidores, foi à formatura do namorado, Lucas Michelazzo, na Escola de Sargento de Armas (ESA) do Exército Brasileiro, em Três Corações (MG), e acabou recebendo uma enxurrada de ofensas e até ameaças pelas redes sociais pelo fato de ser uma mulher trans.

No evento militar, ocorrido em 4 de dezembro, segundo Thaynná, nada teria ocorrido. Institucionalmente, o Exército e o comando da ESA tampouco impuseram qualquer barreira para o comparecimento da namorada do aluno, bem como o público que foi assistir à formatura. No entanto, a coisa mudou quando Thaynná e Michel retornaram para casa, em Natal, capital do Rio Grande do Norte.

A atleta revelou que precisou registrar um boletim de ocorrência no 15° Distrito Policial de Natal por conta do teor das mensagens recebidas por aplicativos após seu comparecimento à unidade militar. Além dos xingamentos e de transfobia clara, ela afirma que recebeu ameaças graves, ainda que não tenha dito à imprensa a natureza exata delas.

“Chorei duas horas sem parar ao ouvir. Se era para ser uma brincadeira, virou um crime. Eram palavras transfóbicas, absurdas, ameaças. Por que isso? Só porque sou trans… Jamais um relacionamento tem que interferir na imagem de um militar. O que ele faz na caserna diz respeito à sua função. O que faz fora é sua vida particular”, disse Thaynná à reportagem de O Globo, acompanhada pelo agora sargento Michelazzo, seu namorado.

Thaynná contou ainda que, inicialmente, algumas poucas mensagens ofensivas já tinham surgido num grupo de WhatsApp composto por familiares de alunos da ESA. Entre os colegas de turma de Lucas, piadas também já tinham sido feitas por conta da orientação sexual de sua namorada. Numa delas, marcante para o casal, um militar teria dito “Lá vem o aluno entrando na ESA com seu travequinho”.

A Polícia Civil do Rio Grande do Norte informou que passou a investigar formalmente as ameaças a partir desta terça-feira (28) e que o primeiro passo é identificar cada um dos autores das mensagens intimidatórias enviadas à fisiculturista, para que depois sejam tipificadas as condutas de cada um dos responsáveis.

*Com informações da Forum

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Paulinho da Viola: “Nem na ditadura assistimos a um desmonte da cultura dessa magnitude

Em entrevista concedida ao Valor Econômico, o sambista Paulinho da Viola, 77 anos, criticou o governo Bolsonaro por seus ataques à cultura e à população negra. Perguntado sobre como o aumento da intolerância religiosa contra as religiões de matriz africana, o compositor respondeu que o país retrocedeu ao século passado.

“Vejo com muita tristeza. Converso bastante com amigos da Portela. Hoje para se fazer uma oferenda na rua é preciso criar todo um aparato, para tomar conta, para proteger. Retrocedemos ao começo do século passado, quando a polícia reprimia qualquer manifestação que remetesse à religião africana”.

Mas o artista não se limitou a isso. Criticou a direita golpista, afirmando também que “essa intolerância foi estimulada por certas autoridades. Essa violência contra as pessoas das comunidades mais pobres, contra os negros e os índios, de fazer o que eles bem entendem, passando por cima das leis, é algo inadmissível, comentado no mundo inteiro. Eu não concordo, claro, e acho que a maioria dos brasileiros também não”.

Além disso, também comentou sobre o desmonte da cultura feito pelo governo Bolsonaro: “também tem esse desmonte aberto da cultura brasileira, o ataque a artistas e educadores. A demonização das leis de incentivo. Eu nunca usei a Lei Rouanet, mas acho importantíssimo e fundamental a participação do Estado para estimular e patrocinar ações culturais. Acho que nem no regime militar assistimos a um desmonte dessa magnitude”.

 

 

*Com informações do 247

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Intolerância: No Rio de Janeiro, fascistas tentam impedir missa em homenagem ao dia da Consciência Negra

Com homens vestindo terno e mulheres de véu, grupo de cerca de 20 pessoas tentou impedir celebração realizada há 15 anos na Igreja Sagrado Coração de Jesus, na zona Sul do Rio de Janeiro.

Um grupo de fascistas ligados a um movimento ultraconservador católico tentou impedir na noite desta quarta-feira (20) a realização de uma missa africana para celebração do Dia da Consciência Negra na Igreja do Sagrado Coração de Jesus, na Glória, Zona Sul do Rio.

A missa, realizada há 15 anos, tem cantos afros e toque de atabaques para celebrar o sincretismo de religiões de matrizes africanas e católica.

Segundo informações do jornal O Globo, cerca de 20 pessoas, que incluíam homens de terno e mulheres de véu, tentaram impedir o padre de começar a missa.

A missa aconteceu, mas o grupo permaneceu na igreja, filmando a cerimônia. A confusão teria acontecido no final da celebração.

Policiais do 2º BPM foram chamados ao local e três homens do grupo que tentou impedir a missa foram conduzidos à 9ª DP (Catete).

Assista ao trecho da missa

https://www.facebook.com/sagradocoracaodejesusgloria/videos/806833979757500/

 

 

*Com informações da Forum