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Política

Não é Segunda onda, é o descaso e a irresponsabilidade do governo Bolsonaro

Os números de ocupação das UTIs e o aumento da média móvel de mortes confirmam. Segunda onda ou não, a pandemia recrudesceu. A lógica, repetida incansavelmente pelos infectologistas, seria retomar o isolamento, fechar estabelecimentos, proibir eventos e se preparar para o pior – como estão fazendo países europeus e cidades americanas. Como na primeira onda, o governo federal mantém-se na irresponsabilidade absoluta e nada faz. Agora, a situação pode ser ainda pior: estados e municípios, que naquele momento tomaram a frente das medidas, caíram na inércia política e eleitoral. Bolsonaro tinha razão?

Grandes festas aglomerando jovens sem máscara no Rio e em São Paulo, clandestinas e autorizadas, provavelmente vão aumentar o número de infectados esta semana. Prefeitos candidatos, como Bruno Covas e Marcelo Crivella, relutam em admitir que a Covid voltou com força total. Seus adversários pisam em ovos, cuidadosos, e não propõem medidas mais drásticas de isolamento por medo de perder apoios. Por incrível que pareça, a segunda onda está chegando num cenário de despreparo e negligência muito semelhante – ou até pior – do que o da primeira. Ninguém aprendeu nada.

VACINAS

Como de onde se espera é que não sai nada mesmo, a inépcia federal não espanta mais ninguém. Mas nunca é demais lembrar: nessa fase final de testes de várias vacinas, o Brasil está preparado para uma grande campanha de imunização? Vai haver seringas para todo mundo, locais de armazenamento, doses disponíveis? Quem vai aplicar a vacina, e onde? Não ouvimos falar quase nada sobre esse assunto. O que ouvimos, com assustadora frequência, é o presidente da República minimizando a necessidade da vacinação. E o Ministério da Saúde obedecendo suas ordens.

Não será surpresa se, no ano que vem, enquanto outros países avançam na imunização de suas populações, ainda estejamos aqui a enterrar nossos mortos.

 

*Helena Chagas/Jornalistas pela Democracia

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O discurso assassino de Bolsonaro está funcionando, as ruas estão bem mais cheias

Reportagem do Jornal Hoje, na Globo, acaba de mostrar que, de tão intenso o trânsito de automóveis em São Paulo, existem vários pontos de engarrafamento e retenção, bem próximo ao movimento de dias normais de trabalho.

Isso significa que muita gente se curvou à opinião do “especialista” Bolsonaro de que, além de ser somente uma gripezinha, o coronavírus pode ser combatido pela cloroquina, o elixir milagroso que Bolsonaro está vendendo para o país.

A irresponsabilidade desse louco vai conseguir o que tanto ele sonha, junto com comerciantes gananciosos. E quando as pilhas de cadáveres estiverem se acumulando nos hospitais, todos desaparecerão, se as instituições no Brasil não enfiarem Bolsonaro no quarto de loucos.

O STF proibiu Bolsonaro de fazer apologia à quebra do isolamento social, mas o maníaco do coronavírus arrumou um jeito ontem de fazer o seu discurso sem citar que é a favor da quebra do distanciamento social, mas vendendo a cloroquina como um medicamento 100% eficaz contra a Covid-19, o que deu no mesmo.

Se nada for feito para frear esse rato e se não houver uma desratização no Palácio do Planalto, o país viverá uma tragédia sem precedentes em sua história.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Bolsonaro “flerta com risco de genocídio de brasileiros”, dizem deputados à OMS e ONU

Numa carta enviada nesta segunda-feira, deputados da Comissão de Direitos Humanos da Câmara denunciam o comportamento do presidente Jair Bolsonaro diante da pandemia do coronavírus.

O documento é assinado pelo presidente da Comissão, deputado Helder Salomão (PT), além dos parlamentares Padre João (PT), Túlio Gadêlha (PDT) e Camilo Capiberibe (PSB).

Uma das cartas foi enviada ao diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. Nela, os deputados listam 22 pronunciamentos e atos de Bolsonaro sobre o vírus, chamando-o de “gripezinha”, minimizando seus impactos e atacando governadores e a imprensa.

“Considerando a letalidade massiva do Covid-19, as preocupações de caráter socioeconômico não podem ser sobrepor à preocupação com medidas para a preservação de centenas de milhares de vidas”, apontaram os deputados.

“Tampouco podem ser pretexto para o pouco caso e a irresponsabilidade de Bolsonaro a tratar a pandemia como um problema menor, objeto de “fantasia” e “histeria”, eximindo-se de sua responsabilidade de chefe de governo”, afirmam.

“O Presidente da República Federativa do Brasil flerta com o risco de um genocídio e menospreza a possibilidade de óbito de idosos. Nenhum cidadão, muito menos um mandatário, pode usar a liberdade de expressão para desinformação e para colocar em situação de risco a saúde e a vida de mais de 200 milhões de pessoas”, denunciam.

“A conduta de Jair Messias Bolsonaro a respeito do Covid-19 foi objeto de cinco representações criminais perante o Supremo Tribunal Federal”, dizem. Uma delas é de autoria de seis partidos políticos: Partido Democrático Trabalhista, Partido dos Trabalhadores, Partido Socialismo e Liberdade, Partido Comunista do Brasil, Partido Socialista Brasileiro e Rede Sustentabilidade.

A queixa apontam seis crimes cometidos pelo chefe de estado: “perigo para a vida ou saúde de outrem, infração de medida sanitária preventiva, prevaricação e incitação ao crime”. “Conforme demonstram as experiências de outros países e os dados científicos, essa diretriz governamental, se efetivada, pode custar centenas de milhares de vidas”, apontam.

Além de Tedros, uma carta também foi direcionada para a Alta Comissária da ONU para Direitos Humanos, Michelle Bachelet. Nela, o grupo repete a queixa e pede “esclarecimentos de quais os parâmetros internacionais devem ser obedecidos e quais estão sendo desrespeitados no caso em questão”.

Eles ainda pedem “providências, na alçada de competência das autoridades destinatárias, que possam auxiliar o Brasil nesse momento de emergência”.

A mesma carta foi direcionada para Joel Hernández García, Presidente da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, Dainius Puras, relator da ONU para direito à saúde, David Kaye, relator da ONU para liberdade de expressão e Rosa Kornfeld-Matte, especialista independente para direitos das pessoas idosas.

O documento ainda aponta que estudos estimam que, no país, “apenas 11% dos casos são notificados”. Eles ainda denunciam o “pouco caso e a irresponsabilidade de Bolsonaro a tratar a pandemia como um problema menor, objeto de “fantasia” e “histeria”, eximindo-se de sua responsabilidade de chefe de governo”.

A carta diz que “Bolsonaro demonstra não compreender que o isolamento vertical é inviável para um vírus letal e que tem parte expressiva da população pertencente a grupos de risco”. “No Brasil, 30 milhões de brasileiros são idosos, 10% tem asma, 13 milhões têm diabetes e 25% da população é hipertensa. No país, em particular, há pelo menos outros dois problemas: a ausência de disponibilidade de testes amplos e a maior parte da população compartilhando moradias pequenas com famílias numerosas”, insistem.

 

 

*Jamil Chade/Uol

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Declarações desastrosas e irresponsabilidade de Bolsonaro são ameaças à economia e ao Mercosul

Na 55ª Cúpula do Mercosul, o presidente brasileiro e seu chanceler voltaram a cometer gafes e fazer provocações gratuitas em ambiente diplomático.

A 55ª Cúpula do Mercosul, realizada nos dias 4 e 5 últimos, em Bento Gonçalves (RS), como se esperava, foi marcada por gafes, avaliações políticas equivocadas e provocações gratuitas do presidente Jair Bolsonaro e seu ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. “Quero continuar presidente, não dá pra dar um golpe, não?’, brincou Bolsonaro, na quinta-feira (5), aparentemente sem saber que o microfone estava “aberto”.

Já o ministro Araújo proferiu ataques ao socialismo e disse que o Brasil conseguiu “parar esse trem”. “Conseguimos parar esse projeto que havia instrumentalizado o Mercosul. Conseguimos desinstrumentalizar o Mercosul. Queremos ajudar a parar esse trem em toda a região. Os que querem recolocar o trem na marcha insana e destrutiva devemos chamar de ideológicos”, declarou o chanceler.

No final de novembro, Bolsonaro afirmou que não iria à posse do presidente eleito da Argentina, Alberto Fernández. “Não vou à posse de um cara que se elege falando Lula Livre, não vou”, justificou, contra todos os parâmetros das relações diplomáticas.

Enquanto isso, na mesma quinta-feira, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), se reunia com o presidente eleito da Argentina, Alberto Fernández, em Buenos Aires. Do encontro, uma mensagem de Fernández ao presidente brasileiro. “Se nos respeitamos, é mais fácil conviver. Transmitam ao presidente Jair Bolsonaro o meu respeito e o meu apreço para trabalharmos juntos”, disse o argentino.

“No fundo, estamos vendo algo inédito em relação ao funcionamento do presidencialismo brasileiro, que é um protagonismo do Parlamento, no sentido de colocar a agenda em pauta”, diz o cientista político Vitor Marchetti, da Universidade Federal do ABC (UFABC), sobre as posturas de Maia e de Bolsonaro.

“Sempre vimos, no mínimo desde a redemocratização, que agendas de governo são organizadas e articuladas pelo Executivo, com cooperação do parlamento. O que vemos agora é uma lógica, por parte do Executivo, de obstrução completa de qualquer possibilidade de articulação e cooperação com o parlamento para colocar e discutir uma agenda”, avalia.

Na opinião do analista, as agendas visíveis do atual governo são as propostas do ministro da economia, Paulo Guedes, e nesse caso ele mesmo se articula com o Parlamento, e a agenda do ministro da Justiça, Sergio Moro, sobre segurança pública. “Mas Moro não tem traquejo político nenhum, tanto que o governo foi derrotado em várias questões na votação do projeto anticrime”, aponta Marchetti.

As declarações desastrosas de Bolsonaro sobre agenda ambiental, segurança publica, política internacional, na visão do professor da UFABC, produzem estragos e vão produzir efeitos no curto prazo. “O impacto mais evidente vai ser criar um ambiente de negócios instável e incerto no Brasil, com possibilidade de fuga de capital, crise de credibilidade, desemprego.”

Ele chama a atenção para o fato de o jornal inglês Financial Times ter publicado esta semana reportagem em que mostra desconfiança de dados da economia brasileira. “Isso não é pouca coisa.”

Para Marchetti, quando os efeitos da política do governo começarem a não aparecer para o mercado, “a coisa começa a derreter”. Porém, o analista não crê que o mandato do presidente seja interrompido. “Não aposto no fim do mandato antes dos quatro anos. Mas acho que fazer a sucessão ele não faz.”

Brasil x Argentina

Do ponto de vista do Mercosul, na opinião de Thomas Heye, do Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense (UFF), o bloco entra em uma fase de tensão. “Tirando a taxa usual de gafes de Bolsonaro e Ernesto Araújo, com a eleição de Fernández o bloco vai mudar. Vão aumentar os conflitos dentro do Mercosul.” Na Cúpula desta semana, Bolsonaro passou a presidência pro tempore do Mercosul ao colega paraguaio, o direitista Mario Abdo Benítez.

A perspectiva óbvia é que Brasil, Paraguai e Uruguai estarão de um lado e a Argentina, de outro. Os argentinos devem tomar medidas protecionistas e adotar a perspectiva dos governos Kirchner, apostando no Mercosul como instrumento de promoção industrial e comercial. “Provavelmente, Fernández vai querer manter as tarifas no patamar em que estão, enquanto o Brasil, de Guedes, quer abrir o Mercosul e as economias dos países, e a brasileira em especial, para a economia internacional”, acrescenta Heye.

Como consequência desse braço de ferro entre os dois países mais importantes do bloco e da América do Sul, quem sairá vencedor? “Quem sai perdedor é a região como um todo, porque, para se pensar a interação da América do Sul, o eixo estratégico – desde os anos 50 com Hélio Jaguaribe – é a parceria Brasil e Argentina. Depois de progressos consistentes nas últimas décadas, agora pelo visto vamos ter uma paralisia na integração do bloco”, observa o professor da UFF.

Bolsonaro e Maia

Na questão política, o contraste entre as posturas de Bolsonaro e Rodrigo Maia traça uma linha divisória entre a responsabilidade e a irresponsabilidade institucional, na avaliação de Marchetti. Em sua opinião, o modo de agir de Bolsonaro (por exemplo, em relação a Alberto Fernández e o Mercosul) se explica por duas razões.

“A primeira é que ele não tem, e nunca teve, condições políticas de construir a relação com o Parlamento. Mas tem outra razão: isso é deliberado. Bolsonaro não está preocupado em construir agenda X ou Y, mas em reforçar a lógica para um eleitorado mais coeso e radical de que ele não é político. Ele traduz isso ao não negociar com partido, com o Parlamento, segundo a lógica de que fazer a gestão da política partidária se iguala à corrupção.”

Já Rodrigo Maia é o oposto. Tem o perfil do político que sabe o impacto e as consequências econômicas das agendas como a do bloco sul-americano. Não se trata de política de esquerda ou progressista, no caso da relação do Brasil com a América Latina. “Tem a ver com os interesses do empresariado, do capital, os interesses econômicos do país”, avalia o cientista político.

Para Marchetti, as práticas de Bolsonaro mantêm a coerência de sua imagem, no que ele é bem sucedido, já que visa ao público mais radical que se mantém seu aliado. “Um cara truculento, que não está aberto à negociação. Já Rodrigo Maia age com responsabilidade. Posso discordar das posições de Maia, da agenda que ele representa, mas do ponto de vista da lógica de agir da política, do agente político, ele age de acordo com uma ética da responsabilidade.”

 

 

 

*Com informações da Rede Brasil Atual