A primeira-dama Michelle Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) atuaram em um esquema que direcionou mais de R$ 50 milhões em verbas de publicidade e patrocínio da Caixa Econômica Federal (CEF). O parlamentar seria o responsável pelo direcionamento de cerca de 57% dos R$ 87,5 milhões investidos pelo banco em patrocínios entre janeiro e agosto de 2021. A primeira-dama aplicou o direcionamento de patrocínios em Organizações Não Governamentais (ONGs) que têm ligação com igrejas evangélicas.
Um dos beneficiados pelo direcionamento de recursos foi a Confederação Brasileira de Ginástica, presidida por Maria Luciene Cacho Resende e representada por Ricardo Cacho Resende, filho dele e amigo de Flávio. A entidade recebeu patrocínio de R$ 30 milhões, o maior repassado pela entidade neste ano.
No caso de Michelle, a primeira-dama aplicou o direcionamento de patrocínios em ONGs que têm ligação com igrejas evangélicas.
A Associação Beneficente Criança Cidadã, por exemplo, recebeu R$ 1,75 milhão em 2019 e R$ 2,2 milhões em abril deste ano. O primeiro deles foi creditado um mês após encontro de Myrna Salsa da Nóbrega Targino, presidenta da ONG, com Michele, em novembro de 2019.
Em troca, a primeira-dama recebeu o título de “madrinha” da entidade.
*Com informações do 247
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O homem das três famílias tradicionais brasileiras sabe perfeitamente bem que as famílias tradicionais que defendem o seu governo são tão tradicionais quanto as suas, assim como o patriotismo do Véio da Havan com a fachada da Casa Branca e a estátua da Liberdade como símbolo de suas glórias.
Isso se justifica porque aqueles que se diziam combatentes da corrupção, assim como Moro, uniram-se aos piores corruptos. Mais que isso, exaltam tanto o esquema da organização criminosa, conhecida como clã Bolsonaro, que não só se mantiveram em silêncio diante das mansões compradas, como transformaram Queiroz em celebridade, com direito a pedido de autógrafo e self, para deixar de lembrança para os seus netinhos.
Michelle é personagem central de dois escândalos, o que inaugura uma fieira de denúncias a partir do Coaf em que aparece pela primeira vez um depósito de Queiroz em sua conta ao qual Bolsonaro deu uma justificativa ridícula, a qual Moro, como ministro da Justiça, abonou e ainda declarou que as explicações esfarrapadas de Bolsonaro eram convincentes.
Mais à frente, Michelle aparece novamente num capítulo até hoje não explicado, quando vem à tona um outro depósito de R$ 89 mil na conta da terceira mulher de Bolsonaro.
Então, vem a pergunta, por serem picaretas as mulheres casaram com Bolsonaro ou casaram com ele e viraram picaretas?
Seja como for, essa nova denúncia de que Michelle Bolsonaro atuou para Caixa conceder financiamento a empresas de amigos, num grande balcão de negócios, não surpreende ninguém, o que deixa todos indignados é a certeza da impunidade que essa gente tem diante de uma justiça cheia de cartas marcadas que não só aceitou como natural a pilantragem de um juiz como Sergio Moro, como também de todos que participam desse governo de pilantras como algo absolutamente normal, corriqueiro e sem qualquer gravidade.
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Cadê aquele misógino, machista, racista, homofóbico, que adora posar de fuzil para encantar o gado premiado? Foi parar debaixo das saias da Michelle, encolhido e tremendo, porque a facada que todos os brasileiros sabiam ser uma farsa, foi confirmada não só pelo documentário, mas também por uma série de reportagens que Joaquim que Carvalho vem fazendo do site do Brasil 247.
Para piorar, Carluxo entrega a rapadura dizendo que vai entrar com uma ação contra o documentário e seu autor.
Quem dera isso fosse verdade, porque ele teria que provar que o que ali está é uma mentira.
Mas sabe como é, o gado precisa reproduzir todas as farsas criadas diuturnamente pelo clã, mesmo que nem ele acredite no que defende.
Mas o fato é que Bolsonaro, que já tinha mostrado para todo o país que é um cagão, pedindo pelo amor de Deus pra Temer fazer o papel de cupido dele com Alexandre de Moraes, a quem ele chamou de canalha em plena Paulista e, depois, ofereceu um arrego por escrito para alguém que, segundo Reinaldo Azevedo, não conseguiu a reciprocidade tão desejada, agora está aí escondido e se borrando todo de medo de falar no nome de Adélio.
Aliás, não só no nome de Adélio, mas também em faca, em hospital, em cicatriz e, principalmente em sangue. Essas palavras causam urticária em Bolsonaro.
Por isso, o valentão, sem cerimônia, correu para debaixo da cama do casal e mandou Michelle avisar que ele não está e que, abrir uma CPI para desmascarar a farsa, é oportunismo.
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Depois que Alexandre Frota anunciou que entraria com o pedido de CPI da facada, após assistir ao excelente documentário de Joaquim de Carvalho, “Bolsonaro e Adélio, uma Fakeada no coração do Brasil”, Bolsonaro, duplamente covarde, mais uma vez usou Michelle como testa de ferro para dizer que era “oportunismo” de Frota que, por sua vez, rebateu no próprio twitter, chamando-a de professora do oportunismo desde a época em que era secretária do PSC.
O fato é que todo esse imbróglio de peculato e formação de quadrilha que envolve o clã Bolsonaro com o esquema que é chamado de forma mimosa de rachadinha, Michelle é a primeira que aparece quando o Coaf mostrou movimentação atípica de Fabrício Queiroz depositando em sua conta.
Mais à frente, outro depósito de R$ 89 mil, também feito por Queiroz em sua conta, não teve resposta de nenhum deles.
Agora, Bolsonaro usa a mulher como testa de ferro para refutar a abertura de uma CPI sobre a facada que ele tantas vezes, junto com os filhos, disse que queriam reabrir por não confiar no inquérito da Polícia Federal que concluiu que Adélio agiu sozinho.
Cansamos de ver que bastava o nome de Marielle aparecer nas redes sociais para Carluxo acionar seus robôs e perguntar, quem mandou Adélio esfaquear Bolsonaro?
Agora, que Frota pede para abrir uma CPI para que se vasculhe tudo dessa história da suposta facada que Bolsonaro tomou em Juiz de Fora, Bolsonaro praticamente assina recibo de confissão de que nunca quis investigar nada, tanto que nem recorreu à decisão dada pelo juiz de que Adélio agiu sozinho.
Na verdade, a partir de agora, eles não farão mais essa pergunta, o que de cara dá mais crédito ao documentário, já que os primeiros interessados em saber a verdade, Bolsonaro e filhos, querem fugir da verdade.
A pergunta é inevitável, por que quem se disse atingido por uma facada não quer que reabra as investigações sobre o caso?
Detalhe, Michelle nunca deu um pio sobre os depósitos de Queiroz em sua conta e, agora, resolve falar sobre a facada.
A resposta está no documentário “Bolsonaro e Adélio, uma Fakeada no coração do Brasil”, de Joaquim de Carvalho.
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Agustin Fernandez ganha uma festa surpresa em São Paulo e no dia seguinte volta para Brasília com a primeira-dama.
Na noite de sábado (21), foi programada uma festa surpresa para Agustin no Café Journal, em São Paulo. Entre as convidadas estavam Michelle Bolsonaro e Damares Alves, ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Até aí… tudo bem!
Acontece que no dia seguinte à festa, a primeira-dama embarcou de volta para Brasília num avião da FAB – um Embraer ERJ145 da Força Aérea Brasileira – e adivinhem quem pegou carona no transporte? O maquiador Agustin Fernandez.
Para os leigos pode não ter nenhum problema, mas pela legislação vigente no país, esse tipo de carona é proibido. O decreto 4.244/2002, sobre voos da FAB, determina que a frota é ‘somente’ para transporte das seguintes autoridades: vice-presidente, ministros do Estado, chefes dos três Poderes e das Forças Armadas.Para os leigos pode não ter nenhum problema, mas pela legislação vigente no país, esse tipo de carona é proibido. O decreto 4.244/2002, sobre voos da FAB, determina que a frota é ‘somente’ para transporte das seguintes autoridades: vice-presidente, ministros do Estado, chefes dos três Poderes e das Forças Armadas.
Agustin ainda postou stories se deliciando com um hambúrguer preparado pela primeira dama que o hospeda no Palácio da Alvorada.
*Com informações de O Dia
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“Michele está no circuito agora. Junto ao reverendo. Misericórdia.”
Leonardo Sakamoto – A primeira-dama Michelle Bolsonaro foi citada em uma conversa entre o cabo da PM Luiz Paulo Dominghetti, representante de vacinas da Davati, aquela empresa que tentou vender 400 milhões de doses de AstraZeneca para o Brasil (doses que eles iam tirar não se sabe da onde), e uma pessoa identificada como “Rafael Compra Deskartpak”, no dia 3 de março.
“Quem é? Michelle Bolsonaro?”, questiona o interlocutor. “Esposa sim”, responde o cabo da PM e roleiro de vacina.
A troca de mensagens estava no celular de Dominghetti, apreendido pela CPI da Covid, e foi revelada em reportagem de Gustavo Maia, da revista Veja, nesta segunda (12). O que significa que ela “está no circuito” dependerá de investigação por parte da comissão.
Esta é a segunda vez em menos de um ano em que a primeira-dama tem o nome citado em meio a um escândalo. Em agosto do ano passado, soubemos que o operador das rachadinhas da família Bolsonaro, Fabrício Queiroz, depositou R$ 89 mil em sua conta.
A aproximação de Dominghetti com a primeira-família teria sido feita pelo reverendo Amilton Gomes de Paula – fundador da Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários, uma entidade privada. O religioso teve aval do Ministério da Saúde para ajudar na negociação da vacina por um preço três vezes maior do que havia sido pago em uma compra anterior pelo governo federal, como revelado pela TV Globo.
Com depoimento previsto para esta quarta (14), na CPI, Gomes de Paula apresentou um atestado médico e não deve comparecer.
“O reverendo chegou na Presidência da República. Roberto Dias é segundo plano”, completou Dominghetti, em áudio, na conversa, segundo a Veja.
Dias era diretor de Logística do ministério, que caiu após o cabo da PM afirmar em entrevista à Folha de S.Paulo que ele havia pedido um dólar por dose de propina para que o contrato fosse fechado com o governo em um jantar em um shopping de Brasília no dia 25 de fevereiro.
‘Entendo que prevaricação se aplica a servidor público, não a mim’, diz Bolsonaro
A primeira-dama é o terceiro membro do clã Bolsonaro com o nome citado em meio ao bafafá sobre a compra de vacinas.
O senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) intermediou uma reunião entre Francisco Maximiniano, dono da Precisa Medicamentos, com o presidente do BNDES, Gustavo Montezano em outubro de 2020. Flávio diz que o encontro não tratou de imunizantes.
A Precisa é a representante do laboratório indiano que produz a Covaxin. A venda dessa vacina para o Brasil está sob investigação da CPI da Covid e do Ministério Público Federal por suspeita de superfaturamento.
Denúncias sobre pressões indevidas para que o contrato fosse fechado rapidamente e que o valor pago a um terceiro antes do recebimento do imunizante, o que não é a praxe, foram levadas pelo deputado Luís Miranda (DEM-DF) e seu irmão, Luís Ricardo Miranda, servidor do Ministério da Saúde, ao presidente Jair Bolsonaro.
Ele teria, segundo o deputado, dito que isso era coisa de Ricardo Barros (PP-PR), líder de seu governo na Câmara e responsável por indicações no ministério. Prometeu levar o caso à Polícia Federal – coisa que nunca aconteceu.
Após Bolsonaro ser acusado pelos senadores da CPI de ter prevaricado, ou seja, feito a egípcia diante da denúncia, o governo afirmou que o caso foi levado ao Ministério da Saúde. Mas não há registros de que uma investigação séria tenha ocorrido. Um inquérito foi aberto pela Procuradoria-Geral da República, após uma notícia-crime apresentada por senadores, acompanhada de cobrança por parte do STF.
Em 26 de março, o prefeito de Aparecida, Luiz Carlos de Siqueira (Podemos), anunciou um “milagre”: a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, estava na cidade do interior de São Paulo para a cerimônia de lançamento do Brasil Fraterno, projeto de distribuição de alimentos a pessoas em situação de insegurança alimentar. Na cerimônia, transmitida ao vivo pela tevê oficial, o prefeito, mais conhecido pelo apelido Periquito, saudou o ”coração misericordioso” do ministro da Cidadania, João Roma. Aparecida seria a primeira cidade beneficiada pela distribuição emergencial de alimentos do Brasil Fraterno. Nas semanas seguintes, mais de 2.300 municípios enviaram ao Ministério da Cidadania pedidos que ultrapassavam 8,7 milhões de cestas. Os prefeitos foram estimulados por uma portaria editada pelo ministro João Roma em 22 de março, às vésperas da cerimônia em Aparecida, que ampliava a distribuição de alimentos para localidades em situação de emergência e calamidade pública por causa da pandemia.
Um mês depois da cerimônia em Aparecida, o “milagre” da distribuição de cestas básicas ficou restrito ao município. Apesar do que o governo alardeou, o único dinheiro público de que o ministério dispunha para as cestas já estava destinado legalmente a indígenas, quilombolas, extrativistas e pescadores, conhecidos como povos e comunidades tradicionais. Eram eles os beneficiários da medida provisória 1.008, editada em outubro de 2020, quando o governo foi cobrado por decisões da Justiça a distribuir cestas básicas a essas populações. A MP destinou um crédito extraordinário de 228 milhões de reais à compra de alimentos para mais de 600 mil famílias desses povos e comunidades tradicionais. Uma fatia de 193 milhões de reais (84% do crédito total) foi transferida à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que, cinco meses depois, começou a distribuir quatro cestas básicas a um número menor de famílias (424 mil).
O governo queria usar a “sobra” de 35 milhões de reais da MP para beneficiar outros públicos do Brasil Fraterno. Queria, mas não pôde, por restrições legais: a MP destina o dinheiro especificamente aos povos tradicionais, e a portaria editada pelo ministro João Roma não poderia alterar o destino do dinheiro. “Créditos que tenham sido editados e não gastos ou gastos parcialmente não podem ser realocados livremente, o Tribunal de Contas da União já decidiu sobre isso”, comenta Felipe Salto, diretor-executivo da Instituição Fiscal Independente, ligada ao Senado.
O Brasil Fraterno, projeto pensado para ser uma das principais marcas do Ministério da Cidadania, contaria com dinheiro de “créditos extraordinários” e uma outra dotação também destinada originalmente a povos e comunidades tradicionais, de número 2792 – foi ela que pagou as cestas de Aparecida.
O lançamento do programa teve a marca do improviso. Vencedora de um leilão promovido pelo Ministério da Cidadania em fevereiro, a empresa A Popular, de Contagem (MG), foi chamada a entregar às pressas 2.546 cestas básicas em Aparecida. “Foi um pedido em caráter de urgência, carregamos uma carreta e um caminhão à noite”, contou à piauí o dono da empresa, Gilberto Teixeira Bueno, sobre a entrega. Cinco dias depois da cerimônia, o ministério contratou da mesma empresa mais 35 milhões de reais em cestas básicas, com o saldo remanescente da medida provisória 1.008.
Questionado pela piauí, o Ministério Público Federal reiterou que os gastos extraordinários autorizados pela medida provisória 1.008 se destinam exclusivamente à compra e distribuição de alimentos a povos e comunidades tradicionais, “sob pena de não atendimento das ações judiciais, com o consequente pagamento de multas diárias pela União”. A Sexta Câmara de Coordenação e Revisão do MPF, que trata de temas indígenas e povos tradicionais, acompanha o destino do dinheiro. Os valores pagos até aqui revelam o ritmo lento da chegada das cestas às populações tradicionais.
Pesquisa divulgada no início de abril mostra que 19 milhões de brasileiros passaram a conviver com a fome no final de 2020. Isso representa 9% da população do país. Intitulado “Inquérito nacional sobre insegurança alimentar no contexto da pandemia da Covid-19 no Brasil”, o estudo identificou na área rural o maior número de brasileiros em situação mais grave de insegurança alimentar. Contando também as cidades, a conclusão é de que mais de metade dos domicílios brasileiros (55%) já sofria com a falta de alimentos suficientes, num período em que ainda era pago o auxílio emergencial de 600 a 1.200 reais mensais.
O tamanho da amostra da pesquisa não permitiu detalhar a situação de populações indígenas e quilombolas, mais isoladas, que já registravam vulnerabilidade maior em pesquisas anteriores do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Ana Segall, coordenadora da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (RBPSSAN), responsável pelo levantamento recente, notou a rapidez do retrocesso na segurança alimentar, causado não apenas pela pandemia, mas pelo desmonte de políticas públicas na área social. O Brasil havia deixado, em 2014, o mapa da fome das Nações Unidas.
A fome não é exclusividade de indígenas, mas são eles os mais vulneráveis à pandemia. A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) registrou até 26 de abril a morte de 1.048 indígenas em decorrência da Covid-19 entre quase 53 mil contaminados. Artigo publicado neste mês pela revista científica Frontiers in Psychiatry identificou entre indígenas uma incidência 136% maior da doença e uma taxa de mortalidade 110% maior em relação à média nacional. O artigo chama a atenção para a subnotificação de casos pelo Ministério da Saúde.
“Voltamos uns quinze anos no tempo”, calcula Cassimiro Tapeba, coordenador da Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme), que reúne cerca de setenta povos indígenas. “Tem gente passando fome mesmo”, disse. As cestas distribuídas recentemente pelo governo ao povo Pankararu, em Pernambuco, não foram suficientes para todas as famílias que precisavam, conta Alexandre Pankararu, que também integra a Apoinme.
A Conab fará no final deste mês o primeiro balanço da distribuição de cestas básicas a povos e comunidades tradicionais, cujos gastos foram autorizados em outubro passado pela MP. O Tesouro Nacional registra o pagamento, até o momento, do equivalente a apenas 0,2% do valor total de 193 milhões repassado à empresa. Sem calendário previamente definido, a Conab informou que entregará cestas de alimentos a 424.167 famílias indígenas, quilombolas, extrativistas e de pescadores.
O número de famílias de povos e comunidades tradicionais que receberão cestas da Conab é 31% menor que o total estimado em exposição de motivos assinada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, de 612.234 famílias. O documento acompanhou o pedido de autorização extra de gastos de 228 milhões de reais em outubro. Os gastos são pagos com a emissão de títulos da dívida pública.
Um mês depois de seu lançamento, o Brasil Fraterno perdeu fôlego. Sem verba para atender aos pedidos de prefeituras por cestas básicas, o ministério usou a marca do Brasil Fraterno para distribuir as que fora obrigado a comprar antes mesmo do lançamento do projeto. Foi o que aconteceu na sexta-feira, 23, quando o ministro João Roma participou de uma entrega simbólica de alimentos em Manaus, ao lado do presidente Jair Bolsonaro. “Esses mantimentos essenciais se somam a uma série de iniciativas que mostram que o governo federal não foi omisso durante o período de pandemia”, discursou.
Vencedora do leilão de 150 milhões de reais para a compra de cestas básicas pelo Ministério da Cidadania, a empresa A Popular só fechou contratos para a entrega de Aparecida e a compra de 35 milhões de reais de cestas básicas destinadas a povos e comunidades tradicionais. Desse montante, a empresa enviou para cinco cidades do Amazonas e para Belém, no Pará, mais 35 mil cestas básicas, que se somaram às cestas compradas pela Conab nos eventos da sexta-feira, 23, a primeira a usar a marca do Brasil Fraterno depois de Aparecida.
Novos contratos com base nesse leilão contavam com emendas parlamentares de 80 milhões de reais para a ação também destinada a povos tradicionais. Mas o veto de Bolsonaro secou essa fonte.
“Eu tenho fé de que, dessa forma, conseguiremos combater os efeitos da pandemia”, discursou Michelle Bolsonaro durante a cerimônia de lançamento do Brasil Fraterno, referindo-se à rede de solidariedade que pretendia mobilizar para a distribuição de alimentos, financiada em parte com dinheiro público. Na internet, a página do programa Pátria Voluntária, comandado por Michelle, não mostra interessados em aderir às campanhas pontuais de doação de cestas básicas realizadas pelo projeto durante a pandemia. O Ministério da Cidadania conta com doações de entidades do Sistema S e empresariais para levar adiante a iniciativa.
O ministério foi procurado desde o início de abril para tratar da compra de cestas básicas. Inicialmente explicou que o ministro editara uma portaria para ampliar o público alvo da distribuição de alimentos, e que Aparecida seria o primeiro município a se beneficiar. Na ocasião mencionou o “saldo remanescente” da medida provisória 1.008 – que depois afirmou que só poderia ser usado na compra de cestas básicas para povos tradicionais. Na última sexta-feira, informou que o Brasil Fraterno passou a denominar toda e qualquer distribuição de alimentos, inclusive a indígenas e quilombolas.
A resposta que Bolsonaro deu hoje sobre a picaretagem da compra de mais de R$ 15 milhões em leite condensado, mandando jornalistas irem para a puta que pariu e, em seguida, dizer para a imprensa enfiar o leite no rabo, repete o mesmo padrão em que, perguntado por que Michelle recebeu R$ 89 mil de Queiroz, respondeu que tinha vontade de encher a boca do jornalista do Globo de porrada, chamando-o de safado.
Isso basta para saber que, debaixo desse angu de leite condensado, tem muito caroço.
Até hoje Bolsonaro não respondeu à pergunta do jornalista do Globo. O que ele pretende com esse ataque é obter o mesmo êxito de cair no esquecimento, como foi no caso de Queiroz e Michelle, já que o leite condensado de Bolsonaro está igual titica, quanto mais mexe, mais fede.
A cada momento surge um fato novo que desanca o vigarista.
Nesta quarta-feira, deputados da oposição protocolaram pedidos de abertura da CPI do Leite Condensado, para investigar os gastos do governo com alimentação em 2020, que chegaram a R$ 1,8 bilhão.
Empresa Marfrig fez doação ao Ministério da Saúde, mas verba foi parar em projeto de primeira-dama; Casa Civil não comenta.
O governo do presidente Jair Bolsonaro desviou a finalidade de R$ 7,5 milhões doados especificamente para a compra de testes rápidos da Covid-19 e repassou a verba ao programa Pátria Voluntária, liderado pela primeira-dama, Michelle.
No dia 23 de março, a Marfrig, um dos maiores frigoríficos de carne bovina do país, anunciou que doaria esse valor ao Ministério da Saúde para a compra de 100 mil testes rápidos do novo coronavírus.
Naquele momento, o Brasil enfrentava as primeiras semanas da pandemia e a falta desse material, enquanto a OMS (Organização Mundial da Saúde) orientava testar a população.
Dois meses depois, no dia 20 de maio, segundo a empresa disse por escrito à Folha, a Casa Civil da Presidência da República informou que o dinheiro seria usado “com fim específico de aquisição e aplicação de testes de Covid-19”.
No dia 1º de julho, no entanto, com o dinheiro já transferido, o governo Bolsonaro consultou a Marfrig sobre a possibilidade de utilizar a verba não mais nos testes, mas em outras ações de combate à pandemia. Os recursos foram então parar no projeto Arrecadação Solidária, vinculado ao Pátria, de Michelle Bolsonaro.
Como a Folha mostrou nesta quarta-feira (30), o programa liderado por Michelle repassou dinheiro do Arrecadação Solidária, sem edital de concorrência, a instituições missionárias evangélicas aliadas da ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos), para a compra e distribuição de cestas básicas.
Os R$ 7,5 milhões da Marfrig representam quase 70% da arrecadação do programa até agora —R$ 10,9 milhões.
Na ocasião das doações para os testes de Covid, a empresa citou o Ministério da Saúde e celebrou o gesto. “Esperamos que nossa iniciativa seja seguida por outras companhias brasileiras”, disse o presidente do conselho de administração da empresa, Marcos Molina.
A empresa também lembrava que, um dia antes, em 22 de março, o então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, informou que o governo tentaria firmar parcerias com a iniciativa privada para financiamento de parte das compras dos kits.
Reportagem da Folha publicada em 1º de abril mostrou que, para conseguir fazer os testes na época, era necessário ser profissional de saúde ou de segurança, estar em estado grave ou ter morrido.
Segundo a Marfrig, a Casa Civil da Presidência, responsável por coordenar o programa da primeira-dama, enviou em 20 de maio “comunicação oficial” com detalhes sobre o programa de voluntariado e informando que os valores doados deveriam ser depositados numa conta da Fundação do Banco do Brasil, gestora dos recursos do Pátria, “com fim específico de aquisição e aplicação de testes de Covid-19”.
“Dias depois, a Marfrig realizou a transferência bancária do valor proposto, de acordo com as orientações da Casa Civil”, relatou a empresa à Folha.
No dia 1° de julho, segundo ela, o destino do dinheiro transferido ao governo mudou.
A empresa diz ter sido então consultada “sobre a possibilidade de destinar a verba doada não para a compra de testes por parte do Ministério da Saúde, mas para outras ações de combate aos efeitos socioeconômicos da pandemia de Covid-19, especificamente o auxílio a pequenos negócios de pessoas em situação de vulnerabilidade”.
“Como a ação estava diretamente ligada à mitigação dos danos causados pela pandemia, a Marfrig concordou com a nova destinação dos recursos doados”, disse a empresa.
A Folha questionou a Casa Civil sobre o caso, mas não houve resposta até a conclusão da reportagem.
O programa da primeira-dama já consumiu cerca de R$ 9 milhões dos cofres públicos em publicidade pagos pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência.
A definição de quem recebe os recursos doados ocorre “no âmbito do Conselho de Solidariedade”, composto por representantes dos ministérios da Mulher, do Desenvolvimento Regional, da Ciência e Tecnologia, Casa Civil e Secretaria de Governo.
Segundo a Casa Civil, o dinheiro foi usado para a compra e distribuição de cestas básicas a mais famílias vulneráveis à pandemia.
De acordo com ata de uma reunião do grupo do dia 11 de maio, obtida pela Folha por Lei de Acesso à Informação, houve discussão em relação à destinação dos valores também para a compra de medicamentos.
O conselheiro Pedro Florêncio, que representa a Casa Civil, disse que “no seu entendimento, medicamento também deve ser considerado uma prioridade” entre as entregas do programa. No entanto, a secretária-executiva do programa, Adriana Pinheiro, disse acreditar que “alimentos e produtos de higiene básica seriam itens prioritários”.
Viviane Petinelli, representante do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, afirmou no encontro que, por sua experiência na pasta, “todas as solicitações que estão recebendo são de alimentos e EPIs (Equipamento de Proteção Individual), e nenhuma de medicamentos”.
Na mesma reunião, Adriana Pinheiro sugeriu que os recursos fossem enviados à Associação de Missões Transculturais Brasileiras (AMTB), indicada por Damares, como revelou a Folha.
Criado por decreto do presidente, em julho do ano passado, o Pátria Voluntária tem como objetivo fomentar a prática do voluntariado e estimular o crescimento do terceiro setor, arrecadando dinheiro de instituições privadas e repassando para organizações sociais.
A AMTB recebeu R$ 240 mil. Ela consta do site da Receita Federal e em sua própria página na internet com o mesmo endereço de registro da ONG Atini, fundada por Damares em 2006 e onde a ministra atuou até 2015. A Folha esteve no local, onde funciona um restaurante desde novembro do ano passado.
A reportagem pediu a prestação de contas das organizações à Casa Civil, que respondeu que ela é feita para a Fundação Banco do Brasil, que apoia o programa.
Desde abril, foram arrecadados R$ 10,9 milhões, dos quais R$ 4,3 milhões foram aplicados até agora sem um edital público. Segundo a Casa Civil, o programa passou a fazer chamamento público para o restante das doações.
Duas organizações filiadas à AMTB também receberam verbas de doações sem que houvesse um edital público. O Instituto Missional, com R$ 391 mil, e o SIM (Serviço Integrado de Missões), com R$ 10 mil. A AMTB e o Missional foram as que receberam os maiores repasses até agora. Todos os recursos foram destinados à distribuição de cestas básicas “a famílias vulneráveis”.
A assessoria do ministério de Damares respondeu que a AMTB “é uma entidade que reúne mais de 50 instituições com capilaridade em todo o território nacional para apoiar as ações do programa Pátria Voluntária”.
A pasta diz entender que “o atendimento aos povos indígenas, comunidades quilombolas e ribeirinhas será efetivo e de qualidade com a parceria com entidades com esta finalidade, como ocorre com as Santas Casas de saúde em todo o Brasil”.
O presidente da AMTB, Paulo Feniman, disse que a organização não funciona mais no local apontado pelo site e que este poderia estar desatualizado. O endereço foi retirado do site após o contato da reportagem. Ele justificou que “por ser uma associação, a AMTB só tem endereço fiscal”.
Procurada, a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência não respondeu sobre quais foram os critérios utilizados para estas entidades receberem os recursos e nem sobre a relação entre as ONGs. COMO FUNCIONA O PROGRAMA
O objetivo do Pátria Voluntária é promover, valorizar e reconhecer o voluntariado no Brasil
A definição de quem recebe as verbas é feita pelo Conselho de Solidariedade
Os maiores beneficiados foram: Instituto Missional (R$ 392 mil) e a Associação de Missões Transculturais Brasileiras (R$ 240 mil)
O programa soma R$ 10,9 milhões em arrecadação de doações
Os repasses a instituições privadas chegam a R$ 4,3 milhões
R$ 9 milhões de dinheiro público já foram gastos com publicidade
O que não falta nesse país é escândalo, sobretudo os fabricados. E o destino no Brasil parece que está cada vez mais fadado a um conjunto desses escândalos que só têm a primeira parte.
Hoje foi mais um dia desses. É mandado judicial para todos os modos e gostos. mas curiosamente, a pergunta que o Brasil inteiro faz, segue sem resposta, mesmo diante da aberração do presidente da República ameaçar de encher a boca de porrada em um repórter do Globo por ousar perguntar diretamente ao chefe da nação, por que o miliciano Queiroz depositou R$ 89 mil na conta de Michelle, a primeira-dama do país?
Em pleno século XXI, o Brasil vive um retrocesso, do ponto de vista imoral, que se compara à decadência romana, repetindo religiosamente o período do misticismo da idade média.
A mídia segue fazendo seus discursos balofos em prol dos interesses do grande capital, numa devastação de direitos, empregos e, consequentemente da economia nacional.
Bolsonaro, que faz tudo para perpetuar o silêncio dos crimes do clã, pois, do contrário, seria aniquilador para seus filhos e para ele próprio, mantém-se intocável, enquanto juízes, procuradores e PF passam a boiada e o país continua sendo sabotado por suas próprias instituições capturadas por múltiplos interesses, tendo no poder militar a proteção que, enquanto o mesmo Bolsonaro avança sobre parte considerável da mídia, comprando espaços, impondo seus lacaios em programas estratégicos para defender o império da milícia carioca.
Por isso o que não falta nas TVs são imagens de policiais cumprindo mandados sem que nenhum deles passe perto da principal pergunta que os brasileiros não param de fazer: presidente, por que sua esposa Michelle, recebeu R$ 89 mil de Queiroz?