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MST organiza brigadas internacionalistas para apoiar venezuelanos em caso de invasão dos EUA

Dirigente compara mobilização à Brigada Internacionalista da Guerra Civil Espanhola, nos anos 1930

O dirigente nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) João Pedro Stédile afirmou que movimentos populares da América Latina estão se articulando para enviar brigadas de militantes à Venezuela em solidariedade ao governo e ao povo do país diante das ameaças de intervenção militar dos Estados Unidos. O anúncio foi feito em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato.

“Nós, movimentos da América Latina, vamos fazer reuniões e já estamos fazendo consultas para, no menor prazo possível, organizar brigadas internacionalistas de militantes de cada um dos nossos países para ir à Venezuela e nos colocarmos à disposição do governo e do povo venezuelano”, informou Stédile. A decisão foi tomada durante o Congresso Mundial em Defesa da Mãe Terra, em Caracas, que reuniu delegações de 65 países na última semana.

Segundo ele, a iniciativa busca repetir a “epopeia histórica” da esquerda mundial durante a Guerra Civil Espanhola, entre 1936 e 1939, quando militantes de diversos países foram à Espanha para defender a República. “Se vamos entrar em combate: claro que não! Não temos formação militar para isso e nem devemos. O povo venezuelano sabe se defender, mas nós, com os militantes, podemos fazer mil e uma coisas, desde plantar feijão e fazer comida para os soldados a estar ao lado do povo se houver uma invasão militar dos EUA”, disse.

Stédile criticou o governo do presidente Donald Trump, que, na sua avaliação, retomou a “ofensiva golpista” contra Nicolás Maduro. “É um misto de maluco com fascista. Ele acha que, com a força bruta, pode derrubar o governo Maduro e entregar de mão beijada para María Corina [Machado, principal líder da oposição na Venezuela]”, ironizou. Ele analisa que o governo venezuelano “nunca teve tanto apoio popular” e “não tem medo de uma invasão americana”.

O dirigente do MST também cobrou uma postura mais firme do governo brasileiro diante da escalada de tensões. “Acho que o governo Lula não está se dando conta da gravidade. É hora de tomar uma atitude mais contundente. Se não quiser se expor sozinho, pode articular um comunicado conjunto com o México e a Colômbia, que já se manifestaram contra as agressões dos Estados Unidos”, sugeriu.

Veja a entrevista:
Brasil de Fato – Os Estados Unidos vêm ameaçando a Venezuela há bastante tempo. As sanções já duram mais de oito anos e foram se endurecendo ao longo do tempo. Além dos ataques a embarcações próximas à costa venezuelana, Trump falou sobre autorizar a CIA a fazer operações secretas em solo venezuelano. Isso está ligado à ideia de depor o presidente e tomar o petróleo venezuelano?

João Pedro Stédile – A situação na Venezuela e o tensionamento que ela vem sofrendo por parte do governo dos Estados Unidos vem de longe, desde que elegeu Hugo Chávez. Quando perceberam que se tratava de um processo revolucionário do projeto bolivariano, os Estados Unidos imediatamente acionaram seus métodos de guerra híbridas.

Há 25 anos, os Estados Unidos utilizam uma tática diferenciada, tentando derrubar o governo [Nicolás] Maduro agora, e antes o Chávez. Eles chegaram a dar um golpe em 2002, prenderam Chávez, quase o fuzilaram. O então cardeal em Caracas [Ignacio Velasco], que chegou ir à prisão para dar a extrema-unção, estava envolvido com o golpe e esteve no Palácio Miraflores em 2002, já com uma golpista amada pelos Estados Unidos, María Corina [Machado, principal líder da oposição na Venezuela].

Se acelerou o processo com o governo [Donald] Trump, um misto de maluco com fascista. Ele acha que, com a força bruta, pode derrubar o governo Maduro e o entregar de mão beijada para a dona María Corina. Nessa tática também entrou a entrega do Prêmio Nobel para ela.

Até as pedras sabem que, nos últimos anos e décadas, o Prêmio Nobel da Paz, que tem um conselho específico na Noruega, diferentemente dos prêmios científicos da Química, da Economia, da Literatura, é manipulado pelos interesses dos Estados Unidos. O prêmio já não vem mais da coleção de selos ou das dinamites do senhor [Alfred] Nobel e seus herdeiros, mas das petroleiras americanas. Esses fatos vão desenhando a verdadeira radiografia do que está em curso na Venezuela.

O governo venezuelano tem dito que não quer uma guerra. Mesmo com o sentimento anti-imperialista da população, há risco real de confronto com os Estados Unidos e potencial de grande desastre?

Os Estados Unidos estão cometendo um erro trágico para eles porque se baseiam nas informações apenas da extrema direita. É como se também o governo Trump, nas suas relações com o Brasil, só se baseasse nos informes do [deputado federal] Eduardo Bolsonaro. Todo mundo sabe que é um fascistinha, mentiroso, manipulador.

Esse mesmo cenário acontece com María Corina. Ela tem dito para o governo Trump: ‘basta matarem Maduro que as massas vão se levantar e nós tomaremos o poder’. Além disso, há mais de dez anos, os Estados Unidos não têm mais embaixada em Caracas; isso dificulta a ação dos informantes da CIA, para que produzissem relatórios mais fidedignos com a realidade.

Do lado do governo Maduro, fizeram o que é correto. Ficaram todo o tempo, de forma transparente, explicando para a população o que acontecia, e mobilizaram a população. Hoje, 5,5 milhões de trabalhadores e trabalhadoras adultas estão dispostos a pegar em armas para defender o seu território. O governo, com as Forças Armadas, tem todo o direito e está fazendo exercícios de defesa da população todo sábado e domingo.

O governo Maduro não tem medo de uma invasão americana, ainda que custe muito sacrifício e vidas. Estive lá há uma semana, vi como a população está tranquila. Nunca antes o governo Maduro teve tanto apoio popular. Nos períodos eleitorais, que são mais tensos, ele chegava a 60%; 10 a 15% apoiavam a extrema direita, e uma grande parcela se mantinha aquém da disputa política. As últimas pesquisas revelam que o governo Maduro tem 90% de apoio da população e se mantém os 10% de María Corina.

Acho que os Estados Unidos sofrerão uma derrota histórica, assim como sofreram no Afeganistão e no Vietnã, tem muito essa cara. Uma incursão por terra na Venezuela, com certeza, custaria muito caro aos Estados Unidos.

O governo brasileiro demorou a se posicionar. Lula disse inicialmente que não falaria, depois defendeu manter vias de diálogo com a Venezuela e tratou do tema na ONU. O que o governo brasileiro deveria fazer?

O corpo diplomático do Itamaraty e a experiência histórica do governo Lula nos outros mandatos não nos preparam para situações conflitivas e de maior tensionamento. Nós, com a nossa idiocrasia cultural brasileira, nunca vivemos um período de guerra, então sempre optamos pela calma, pela paz, e isso se reflete em um discurso água morna.

Porém, as agressões que a Venezuela, a Colômbia e Cuba vêm sofrendo ultrapassaram o nível de bom senso, e exigiriam do governo brasileiro medidas mais contundentes, mesmo que seja do ponto de vista do discurso, da retórica, como Lula pessoalmente fez no caso da Palestina porque era evidente e inadmissível para os olhos de toda a humanidade o que o governo fascista de Israel vinha cometendo no genocídio palestino.

Acho que o governo brasileiro não está se dando conta da gravidade, até porque se os Estados Unidos invadirem a Venezuela e cometerem esse erro, vão acabar envolvendo a Colômbia porque lá as Forças Armadas estão divididas e não é improvável que, estourando uma invasão por terra na Venezuela, algumas forças pró-americanas da Colômbia acabem se envolvendo no conflito. Significa que teríamos um conflito ampliado naquela região, com todas as consequências que podemos imaginar.

É a hora do governo Lula tomar uma atitude mais contundente, manifestar uma solidariedade mais ativa com a Venezuela. Se não quiser se expor sozinho, pode articular um comunicado conjunto com o México e a Colômbia porque eles já se manifestaram de forma individual, muito contundente, contra as agressões dos Estados Unidos. Outro passo é anunciar publicamente que não irão à Cúpula das Américas na República Dominicana, programada para o início de dezembro.

A República Dominicana ainda é uma colônia dos Estados Unidos desde o golpe que eles deram em 1965 com a participação do Exército Brasileiro. Desde então, é um pequeno Porto Rico, onde os Estados Unidos fazem o que querem: transformar a República Dominicana apenas em um consorte de turismo. A próxima Cúpula das Américas será em Santo Domingo, e eles, por conta de risco, impediram que Cuba, Venezuela e Nicarágua pudessem participar.

Quem tinha um pouco de dignidade, como os governos mexicano e colombiano, já se manifestaram que não irão. Provavelmente, a Bolívia e Honduras também não irão. A próxima Cúpula das Américas será, na verdade, a cúpula dos americanos do Norte. É preciso que o Brasil se manifeste sobre isso.

Se os Estados Unidos estão fazendo toda essa pressão militar para tentar recuperar o petróleo da Venezuela, e as declarações de María Corina ontem na CNN dos Estados Unidos, em bom inglês, anunciaram que, se ela chegar ao governo depois da invasão, o primeiro ato vai ser privatizar a PDVSA [Petróleos de Venezuela] e entregar outras riquezas da Venezuela – imagino que seja ferro, alumínio, ouro, que eles têm muito – para a exploração de empresas americanas.

Essa fascistinha está doida para cometer esse absurdo, mas eu tenho certeza absoluta: independentemente do governo Maduro, a população da Venezuela não permitirá que esse nível de entreguismo chegue por lá.

Como os movimentos populares da América Latina podem atuar de forma mais concreta em solidariedade ao país?

Nessa atividade que estive na Venezuela, no Congresso Mundial em Defesa da Madre Tierra [Mãe Terra], estavam delegações de 65 países e 3 mil delegados da própria Venezuela. Nessa reunião acordamos, e eu cheguei a colocar em votação na Assembleia do Congresso, que nós, movimentos da América Latina, vamos fazer reuniões e já estamos fazendo consultas para, no menor prazo possível, para organizar brigadas internacionalistas de militantes de cada um dos nossos países para ir à Venezuela e nos colocarmos à disposição do governo e do povo venezuelano.

Queremos repetir aquela epopeia histórica que a esquerda mundial fez durante a Guerra Civil Espanhola, de 1936, onde milhares de militantes do mundo inteiro foram para a Espanha para defender a República e o povo espanhol. Infelizmente, foram derrotados. Quem coordenava naquela época a Brigada Internacionalista do Brasil foi Apolônio de Carvalho, talvez tenha sido o militante da esquerda brasileira mais internacionalista que tivemos em toda a nossa história.

Inspirados pelo legado de Apolônio de Carvalho, agora estamos impulsionados a organizar brigadas de militantes para irmos à Venezuela. Se o que nós vamos fazer lá é entrar em combate: claro que não! Não temos formação militar para isso e nem devemos. O povo venezuelano sabe se defender, mas nós, com a presença dos militantes, podemos fazer mil e uma coisas, desde plantar feijão e fazer comida para os soldados a estar ao lado do povo se houver uma invasão militar dos Estados Unidos.

*BdF


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Movimentos populares terão espaço inédito com líderes do BRICS; ‘Momento histórico’, diz Stedile, que representa o Brasil

Pela primeira vez na história do Brics, movimentos populares, organizados no Conselho Popular do BRICS, terão um espaço oficial para apresentar suas pautas diretamente a chefes de Estado do bloco. A iniciativa inédita acontece neste domingo (6), no Rio de Janeiro (RJ), durante plenária da cúpula promovida sob a presidência brasileira do grupo em 2025.

Representantes da sociedade civil terão três minutos para intervir diretamente diante dos presidentes dos países-membros. O brasileiro João Pedro Stedile, da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), será o responsável por falar em nome do Conselho Popular do BRICS. Ele estará acompanhado de Raymond Matala, conselheiro pela África do Sul, e Victoria Panova, conselheira pela Rússia.

Além do conselho popular, a presidência brasileira também abriu espaço para a participação da Aliança Empresarial de Mulheres do Brics e do Conselho Empresarial do Brics, que igualmente terão três minutos cada para falas na plenária.

Participação social ganha força sob presidência brasileira
A abertura à participação social na cúpula é parte de um esforço da presidência brasileira do Brics em 2024 para ampliar o diálogo com setores da sociedade civil. Em abril, a presidência já havia promovido um encontro entre representantes populares e os chamados sherpas – diplomatas e negociadores de alto nível que atuam na formulação da agenda política do bloco. Agora, o gesto se repete de forma ainda mais visível, com a inserção das demandas populares diretamente na sessão com os chefes de Estado.

“O encontro é histórico porque consolida um método”, afirmou Stedile ao Brasil de Fato. “Todos estão de acordo que os problemas que os povos enfrentam, sobretudo no Sul Global, não serão resolvidos apenas por iniciativas governamentais. Ou a gente envolve o povo, ou não vamos superar a pobreza e a desigualdade.”

Entre os temas que devem ser levados aos presidentes estão a soberania alimentar, a industrialização dos países do Sul, a taxação de grandes fortunas, o controle dos paraísos fiscais, a desdolarização da economia mundial e o enfrentamento da crise climática por meio de propostas concretas como desmatamento zero e controle da mineração.

A seguir, confira a entrevista concedida por Stedile na véspera do encontro.

BdF: João Pedro, qual a importância do Conselho Popular do Brics? Fazer eventos paralelos com viés popular aos encontros de chefes de Estado está se tornando uma tradição. Foi assim na Cúpula da Amazônia, no G20…

Nós estamos aqui reunidos na primeira reunião, por isso que é histórico, aqui no Rio de Janeiro, do que é o Conselho Popular dos Brics.

Essa possibilidade foi confirmada como regra na última reunião dos presidentes, lá em Kazan. Por iniciativa da delegação russa, eles incluíram no documento essa proposta de que deveria ter um espaço formal constituído por representantes da sociedade civil – no que seria, então, um Conselho Popular dos Brics – que deveria se reunir também com esse mesmo espírito.

Então, aqui no Rio, é agora a primeira reunião que nós podemos realizar. E ela é histórica porque consolida um método. Porque todo mundo está de acordo que os problemas que os povos enfrentam, sobretudo no Sul Global, não serão resolvidos apenas por iniciativas governamentais.

Ou a gente envolve o povo, as organizações populares, as entidades da sociedade civil, ou dificilmente nós conseguiremos resolver os problemas que estão resumidos nos objetivos principais do BRICS como um todo, que são o combate à pobreza, o combate à desigualdade social e o desenvolvimento dos nossos povos.

Como vai ser esse espaço com os chefes de estado no domingo?

Bem, foi escolhido pelo conselho que fossem para a reunião dos presidentes o Brasil, a África do Sul e a Rússia. Acho que, de certa forma, é também uma deferência ao primeiro núcleo inicial dos BRICS.

E nós teremos oportunidade de falar, transmitir as opiniões do conselho aos presidentes, durante três minutos. Parece pouco, mas para defender ideias fundamentais já será suficiente. Lá nós vamos dizer a eles mais ou menos as ideias consolidadas no conselho, que estamos nos reunindo já há muito tempo de forma virtual, e aqui foi de forma presencial.

Primeiro, que nós nos somamos nessa ideia de que o objetivo principal do Brics é o combate à desigualdade social e à pobreza. Mas, para isso, nós temos que criar mecanismos de cooperação científica e tecnológica para industrializar os nossos países. Sem a industrialização, não é possível desenvolver.

Segundo, nós temos que desenvolver políticas de soberania alimentar para combater a fome. Não basta ficar distribuindo alimentos por aí. Cada país, cada povo, tem que ter as condições de produzir todos os alimentos que necessita.

E também diremos a eles que é importante seguir a luta pela desdolarização da economia mundial. Porque os Estados Unidos sempre usaram sua moeda – já que eles têm a maquininha de fazer moeda – como instrumento de exploração.

Eles emitem sem nenhum controle e vêm pelo Sul Global comprando o que quiserem. Então, é um mecanismo de concentração de renda, de espoliação dos nossos bens da natureza e de exploração do trabalho dos trabalhadores de todo o Sul Global.

Também vamos manifestar o nosso apoio à ideia de que tem que aumentar a taxação, tributar os milionários em todo o mundo.

Se houvesse a tributação sobre as 3 mil pessoas mais ricas do mundo, com apenas 2% sobre o seu patrimônio, sobre a sua riqueza, nós recolheríamos mais de 1 trilhão de dólares. Isso seria mais do que suficiente para eliminar a pobreza, eliminar a fome e desenvolver os países.

Nós defendemos o controle dos paraísos fiscais e do sistema financeiro mundial. Não é possível continuar com essa política de juros, como aqui no Brasil e em todo o mundo, que faz com que todo o trabalho das pessoas acabe sendo carregado num funil que vai para o capital financeiro. O grande espoliador do mundo hoje é o capital financeiro.

Vamos dizer que somos contra as guerras. Não é possível continuar essas agressões militares que têm como único objetivo manter o mercado das armas dos Estados Unidos e da Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte].

E vamos terminar nossa manifestação dizendo que nós queremos que o conselho tenha uma vida perene, tenha uma formalidade, com secretaria, com recursos.

Pretendemos nos reunir no mês de outubro, na Bahia. Então, realizar uma conferência mais ampla, com 10, 15 delegados de cada país – de todos os países, dos 21 países – e outros que querem entrar, como a Venezuela, como a Colômbia e mesmo a Argentina. O Milei saiu do Brics, mas o povo argentino, não. Então, nós vamos trazer a Argentina também.

E, finalmente, nós vamos pedir apoio para eles. Só os Brics podem parar o genocídio na Palestina. Só os Brics podem ajudar o povo do Haiti, o povo do Sudão, o povo do Congo, o povo do Saara Ocidental, que são os povos que estão sofrendo mais agressões imperialistas nesse momento.

Diante da crise de representatividade dos mecanismos de governança do Norte Global, o Brics adquire ainda mais importância?

Nós estamos vivendo uma crise do capitalismo mundial. E isso trouxe como consequência a decadência do império dos Estados Unidos e a decadência daquele sistema de governança internacional que surgiu da Segunda Guerra Mundial.

Então, ninguém mais respeita a ONU [Organização das Nações Unidas], ninguém mais respeita o FMI [Fundo Monetário Internacional], ninguém mais respeita a FAO [Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura]. Nem sequer a agência de controle de armas atômicas, porque Israel tem a bomba atômica e não respeita.

Então, aquela arquitetura de governança mundial que existia no pós-guerra – que foi construída pelas forças que ganharam a guerra – agora está desmoralizada.

O Brics, apesar de ter muitas diferenças entre si, pode ser o espaço para se construir uma nova articulação baseada no Sul Global, que é o único que tem moral e condições políticas de fazer frente a essa crise geral que está aí.

É claro que os países entre si têm muitas diferenças, tanto pela economia, pela cultura, pela tradição diplomática deles. Mas eu acho que é mais do que necessário que se fortaleça o Brics como o único espaço hoje, que poderia ter um papel relevante para superar a crise e propor medidas concretas.

E sobre a crise climática? Vai ser mencionada?

O tema da crise ambiental, que é resultante da crise capitalista, é um grande tema. Nós vamos citar na intervenção. Porém, por ser tão grave e tão urgente, eu acho que nós teríamos que apelar para outras formas.

A COP 30 vai ser uma farsa. Lá vão se reunir os governos. Todas as COPs sempre foram controladas pelos poluidores, que são o Norte, Estados Unidos, a Europa, né? Eles não têm moral nenhuma de falar em meio ambiente. E estão pagando caro — vocês viram, nesse verão lá no Norte, está morrendo gente de calor, mas eles não se conscientizam.

E o Brics, eu acho que ainda não tem um acúmulo de entendimento. Por isso que eu acho que, como movimentos populares, nós teríamos que pensar e propor, quem sabe, outro tipo de iniciativa em nível internacional, que possa sensibilizar os governos, a opinião pública, sobre como fazer um grande mutirão internacional para tentar enfrentar essa crise ambiental.

Como MST, nós temos defendido, com outros movimentos aqui do Brasil, algumas iniciativas bem práticas e objetivas que podem fazer frente.

O primeiro é desmatamento zero. Você, imagine se nós estabelecêssemos no mundo que ninguém mais vai derrubar árvores. Já seria uma grande revolução.

Segundo, o reflorestamento. Temos que reflorestar. O Brasil tem 50 milhões de hectares degradados pela pecuária, pelo agronegócio, e mesmo nas cidades.

Em todas as cidades seria possível plantarmos muito mais árvores, sobretudo nas grandes cidades.

E, terceiro, tem que ter um controle da mineração. Não é possível mais aceitar esse tipo de agressão. A mineração é uma das que mais provocam agressões ambientais, né? Seja pelo garimpo, o mercúrio que é usado, seja pelas grandes mineradoras, as grandes empresas, como aqui no Brasil, a Vale.

Os principais crimes cometidos foram pela Vale, que não pagou nada. Continua, ninguém foi preso. Mataram 272 trabalhadores deles mesmos, e ninguém vai preso. Se alguém assalta aqui e rouba o celular de alguém, vai preso. Agora, matar 272 pessoas, ninguém vai preso.

Então, é preciso controlar as atividades da mineração. Se nós começássemos a difundir esse programa mínimo em todo o mundo — controle da mineração, desmatamento zero e reflorestar o nosso planeta — eu acho que já teríamos um alívio, para não chegarmos ao ponto de retorno zero.

*BdF


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Política

PT, Psol e MST pedem fim do PL da anistia por Hugo Motta ter negado tentativa de golpe no 8 de janeiro

Presidente da Câmara foi elogiado por Bolsonaro depois de minimizar ataque a sede dos três poderes: “Orgulho”.

Uma semana após assumir como presidente da Câmara, o deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB) minimizou os ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023. Em entrevista à rádio Arapuan FM, de João Pessoa (PB), na última sexta-feira (7), Motta afirmou ter havido uma “agressão inimaginável” às instituições, mas negou o intuito golpista por trás dos atos de terrorismo.

“Golpe tem que ter um líder, tem que ter pessoa estimulando, apoio de outras instituições interessadas, como as Forças Armadas, e não teve isso”, afirmou o líder do centrão. “Ali foram vândalos, baderneiros que queriam, com a inconformidade com o resultado da eleição, demonstrar sua revolta”, completou.

Motta foi eleito sucessor de Arthur Lira (PP-AL) com 464 votos, tendo como aliados parlamentares de espectros da esquerda à extrema-direita. A declaração do deputado, porém, gerou reação negativa entre políticos do campo progressista, especialmente do PT e do Psol, e de movimentos populares, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Gilmar Mauro, dirigente nacional do MST, classificou a declaração de “absurda” e disse que a classe trabalhadora está comprometida a combater iniciativas assim. “De nossa parte, combateremos permanentemente esse tipo de tentativa de golpe pela extrema direita”, afirmou, ao Brasil de Fato.

Mauro mencionou ainda que, se tivessem uma visão estratégica, o deputado e os setores das classes dominantes estariam ao lado da democracia. “Se ele tem, junto com setores das classes dominantes brasileiras, vocação para criação de abutres, que amanhã vão comer os olhos dele e deles também, nós não temos nenhuma dúvida que os setores por detrás do golpe no Brasil são setores de milícias extremamente atrasadas e cobrarão um preço imenso do ponto de vista econômico e político no futuro.”

Reação de parlamentares

Segundo a deputada federal Fernanda Melchionna (Psol-RS), as falas de Motta são “gravíssimas” ao ignorarem o inquérito da Polícia Federal que investiga o plano de golpe de Estado para manter Bolsonaro no poder e esconderem o interesse em anistiar os responsáveis.

“É mais uma demonstração grave e preocupante desse casamento de conveniência da extrema direita com o centrão, que busca, nesse caso, minimizar o 8 de janeiro. Mas a gente sabe que o que está no radar da extrema direita é tentar pautar o PL da anistia e a mudança na Ficha Limpa para garantir a elegibilidade com menos de oito anos, unindo corruptos e golpe, afirmou ao Brasil de Fato.

Sem citar diretamente a declaração de Motta, a deputada federal e presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann, se manifestou nas redes sociais.

“É simplesmente descabido votar essa matéria na Câmara. Não se trata de atender o objetivo político deste ou daquele partido, mas de defender a democracia, respeitar e cumprir a decisão da Justiça sobre os ataques aos Três Poderes. É sem anistia!”, publicou Hoffmann nesta sexta-feira (7).

Já o deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) enfatizou que o “8 de janeiro foi uma tentativa de golpe”. Em vídeo divulgado nas redes, o deputado afirmou que a depredação das sedes dos Três Poderes não foi um fato isolado e está interligado com a minuta do golpe e as reuniões de Jair Bolsonaro com chefes militares.

“Tinha um plano de assassinar Alexandre de Moraes, Lula e Alckmin. Era tudo uma tentativa de golpe. O 8 de janeiro foi a última tentativa deles”, colocou. “Os comandantes do Exército e da Aeronáutica não toparam, mas o da Marinha topou”, completou Farias.

A senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da CPMI do 8 de Janeiro, também se manifestou criticando a posição de Motta.

“Posso atestar categoricamente: após cinco meses de investigação, de receber centenas de documentos e de ouvir dezenas de testemunhas, houve tentativa de golpe e o responsável por liderar esses ataques tem nome e sobrenome. É Jair Messias Bolsonaro”, disse.

Bolsonaro reverencia posição de Hugo Motta

A fala de Motta negando o teor golpista dos atos de 8 de janeiro contradiz sua posição logo após assumir o comando da Câmara, ao dizer que o PL da Anistia seria tratado com “a maior imparcialidade possível” por ser o que “mais divide” a Câmara.

Após a declaração, Jair Bolsonaro (PL) disse estar orgulhoso da decisão do presidente da Câmara de discutir o projeto. O ex-chefe do Executivo disse, em nota, que Motta assumiu o comando em “boa hora” e o chamou de “cabra da peste”.

“Essa pauta humanitária faz alegrar os nossos corações. Tenho conversado com parlamentares de outros partidos e todos comungam do mesmo sentimento. Orgulho ainda do jovem Hugo Motta, cabra da peste, que em boa hora assumiu a presidência da nossa Câmara dos Deputados”, declarou Bolsonaro.

O deputado federal Ivan Valente (Psol-SP) ironizou a declaração do ex-presidente ao classificar a anistia como uma “pauta humanitária”. “Quer enganar quem se fazendo de vítima? Na pandemia, sua “ação humanitária” foi negar vacina e levar milhares de pessoas à morte. Depois roubou joias e tentou golpe de Estado. Vai pra cadeia!”, declarou Valente.

*BdF

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Política

No Abril Vermelho, jornada do MST reforça importância da reforma agrária no combate à fome

Dia 17 de abril relembra os 21 trabalhadores rurais assassinados pela polícia militar no Massacre de Eldorado do Carajás (PA), em 1996.

Sob o lema ‘Ocupar para o Brasil alimentar’, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) se organiza em todo o país para ações da Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária, que acontece durante o chamado Abril Vermelho e conta com marchas, ocupações, atividades de formação, solidariedade e enfrentamento à concentração de terras no país.

O mês massifica as ações dos movimentos sociais do campo e tem como marco o dia 17 de abril, quando é celebrado o Dia Internacional de Luta Camponesa. O dia relembra os 21 trabalhadores rurais assassinados pela polícia militar no Massacre de Eldorado do Carajás, em 1996, no estado do Pará.

O movimento aponta a reforma agrária como alternativa urgente e necessária para a produção de alimentos saudáveis para a população do campo e da cidade, para combater a fome, e avançar no desenvolvimento do país, no contexto agrário, social, econômico e político.

“A jornada nacional de abril desse ano traz como lema ‘ocupar para o Brasil alimentar’, entendendo que só a reforma agrária é capaz de acabar com a fome no nosso país e apontar a urgência e a necessidade de o Estado brasileiro realizar a reforma agrária”, explica a dirigente nacional do MST, Margarida Maria.

A jornada ganha ainda mais força entre trabalhadores e trabalhadoras considerando que este é o terceiro ano seguido que o governo federal não destina terras para a reforma agrária, intensificando os conflitos no campo, e as desigualdades socais.

“Os trabalhadores do campo e da cidade estarão nesse debate de poder construir uma jornada nacional com várias ações, em todos os estados, para que possamos dialogar com a sociedade que só podemos contribuir no combate à fome se a terra for democratizada para todos e todas que vivem no campo”, complementa Margarida.

No estado do Pará, a jornada tem um caráter ainda mais intenso, com o Acampamento Pedagógico da Juventude Sem Terra – Oziel Alves, que todos os anos é erguido na Curva do S, local onde aconteceu o massacre e hoje é Patrimônio Histórico e Cultural do estado.

“Oziel era um jovem de 17 anos na época, brutalmente assassinado pela polícia na Curva do S, então o acampamento carrega hoje o nome de Oziel por trazer esse caráter de juventude, de um jovem rebelde, que não se submetia a esse projeto de morte colocado pelo Estado sobre os povos que lutam pelos seus direitos. Então [é] uma rebeldia, mas uma rebeldia revolucionária”, explica o dirigente da Juventude do MST do Pará, Romario Rodrigues.

Acampamento do MST reúne familiares de mártires do Massacre de Eldorado dos Carajás

*ICL

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Economia

O infiltrado na Faria Lima que investe no MST e em moradia popular

João Pacífico, CEO do Grupo Gaia, lança fundo com milhões da venda de parte do negócio para investir em impacto social, critica ganância e defende que rico pague mais imposto.

“Talvez você não sabia, mas no fundo está com o MST.”

A provocação encerra um vídeo recente postado no Instagram por João Paulo Pacífico, fundador do Grupo Gaia, que tem como lema construir um mercado financeiro mais humano.

Com 157 mil seguidores na rede social, o investidor de 45 anos veste a camisa de ativista ao produzir conteúdos como o da visita a uma cooperativa ligada ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Rio Grande do Sul.

O post rendeu mais de 20 mil likes e protestos no perfil do “faria limer”, apelido de quem frequenta a região que concentra grande parte do mercado financeiro em São Paulo, segundo a Folha.

“Se você gosta tanto desses terroristas, doa sua fortuna para eles”, protestou um seguidor em um comentário indignado. Mal sabe ele que Pacífico já levantou mais de R$ 22 milhões em investimentos para o MST.

“É muito estranho um cara de olhos azuis, brancão, da Faria Lima e que fala a linguagem do mercado elogiando o MST”, admite Pacífico, ao trocar a clientela do agronegócio pela de assentados da reforma agrária.

Com o boné vermelho, o fã insuspeito alardeia números da produção agroecológica das cooperativas do movimento também no Linkedin, onde é um Top Voice com mais 500 mil seguidores.

A conversão ao movimento de reforma agrária demonizado por parte da população aconteceu ao receber uma visita de João Pedro Stedile e João Paulo Rodrigues, respectivamente fundador e coordenador do MST, em 2019.

O café rendeu frutos, com o lançamento de emissões de Certificados de Recebíveis do Agronegócio, instrumento usado normalmente por grandes do setor para captar recursos no mercado financeiro.

“Recebemos ameaças de todos os lados, mas as operações foram um sucesso”, diz Pacifico.

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Política

MST denuncia cerco ilegal da polícia de Zema em ocupação em Minas

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra informa que a Justiça negou pedido de reintegração de posse feito por parte dos donos da fazenda Aroeiras e que PM impede a entrada de suprimentos para as cerca de 500 famílias acampadas.

São Paulo – O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra denunciou neste sábado (9) cerco ilegal da Polícia Militar de Minas Gerais, comandada pelo governo de Romeu Zema (Partido Novo), no segundo dia de ocupação da fazenda Aroeiras, município de Lagoa Santa. O MST argumenta que a ação policial não tem base, já que a Justiça negou pedido de reintegração de posse impetrado por parte dos herdeiros da fazenda.

O cerco, sempre de acordo com o MST, impede a entrada e saída de pessoas do local e dificulta a entrada de suprimentos para as famílias acampadas. Foi permitida a entrada apenas de água e medicamentos. Porém, não puderam passar nem lonas para proteção do sol e da chuva, e para que as pessoas não durmam ao relento, nem gás para o preparo da alimentação.

“O governador Romeu Zema precisa entender que a ocupação de terras é um direito do povo que luta para que a Constituição brasileira seja cumprida. Portanto, é desumano colocar a tropa para reprimir essas pessoas e impedir que elas tenham o mínimo que precisam. Chega de desgoverno Zema”, disse Sílvio Netto, da direção nacional do MST em Minas Gerais.

Terras improdutivas
Além do indeferimento ao pedido de reintegração de posse, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra acrescenta que algumas das herdeiras da fazenda já manifestaram interesse em negociar com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) a venda do imóvel. Por sua vez, a superintendente do Incra no estado disse estar disposta a apresentar uma proposta para destinação da área a fins de reforma agrária. A Aroeiras é uma herança familiar disputada por oito pessoas. De acordo com duas proprietárias que se mostraram dispostas ao diálogo, o imóvel está abandonado a quase uma década e em mais de 20 anos nunca foi feita a regularização.

Mulheres Sem Terra
A Aroeiras foi ocupada por cerca de 500 famílias do MST na manhã de sexta-feira (8). A fazenda fica no município de Lagoa Santa, Região Metropolitana de Belo Horizonte. A ação coordenada pelas mulheres Sem Terra e integra a Jornada Nacional de Lutas, que tem como o lema “Lutaremos! Por nossos corpos e territórios, nenhuma a menos!”. A ocupação é motivada pelo não cumprimento da função social da terra, já que a propriedade estava abandonada pelos proprietários é improdutiva.

*RBA

 

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Stédile chega à CPI do MST “escoltado” por lideranças religiosas: “a luta é pra valer”; siga ao vivo

O economista e líder histórico do Movimento Sem Terra João Pedro Stédile chegou à Câmara na tarde desta terça-feira (15) para prestar depoimento à CPI do MST “escoltado” por lideranças religiosas e ativistas sociais, que entoaram o grito “a luta é para valer” nos corredores da casa legislativa.

Em entrevista ao Brasil de Fato nesta segunda-feira (14), Stédile disse que vai à CPI “sem nenhuma preocupação”.

“As pessoas que vão lá tem que ter muito sangue frio, porque alguns deputados da extrema direita abusam, deixam de ter posturas civilizatórias e ofendem, para ver se as pessoas reagem de forma intempestiva e, com isso, eles possam tomar alguma outra medida que prejudique ainda mais o depoente. Eu estou preparado, cinco ou sete horas são normais para nós, nossos cursos de formação duram dias, alguns duram semanas, tem curso que dura um mês. Não será um problema”, afirmou.

*Com Forum

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Vídeo: As CPMIs do MST e de 8/1 são um fracasso de crítica e de público

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MST elabora dossiê contra Ricardo Salles e outros deputados da CPI

Em parceria com organizações de luta pela preservação do meio ambiente, o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) está elaborando um dossiê contra Ricardo Salles (PL-SP) e outros deputados que vão compor a CPI instalada no Congresso que tem os ativistas do campo na mira, segundo a Folha.

Segundo apurou o Painel, a cúpula do movimento definiu que não adotará postura passiva diante da CPI e organiza ofensiva para combater discursivamente os ruralistas, que articularam a criação da comissão e são maioria nela.

O dossiê faz parte dessa estratégia, e está sendo elaborado com a colaboração de organizações sociais ligadas à causa da preservação do meio ambiente. O De Olho nos Ruralistas, observatório do agronegócio no Brasil, será um dos colaboradores.

A passagem de Salles, relator da CPI, pelo Ministério do Meio Ambiente será um dos focos de pesquisa.

Ele pediu demissão da pasta em junho de 2021, pressionado por investigação sobre suposto favorecimento a empresários do setor de madeiras por meio da modificação de regras com o objetivo de regularizar cargas apreendidas no exterior e pelos altos índices de desmatamento.

A tática do MST pode gerar desgaste à imagem de Salles no momento em que ele tenta viabilizar sua candidatura à Prefeitura de São Paulo em 2024. Guilherme Boulos (PSOL), deputado federal, já manifestou a intenção de participar da eleição, e também pode ser atingido pela CPI —Salles tem afirmado que a CPI do MST pode chegar ao MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), que tem o psolista como principal líder.

Outra frente já definida como alvo pelo MST é o possível envolvimento do presidente da CPI, deputado Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS), em atos antidemocráticos no Rio Grande do Sul.

Em novembro de 2022, a Polícia Civil do Rio Grande do Sul colocou o nome de Zucco em uma lista enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF) de pessoas que estimularam ou participaram de bloqueios de estradas e ruas, além de mobilizações no entorno de quartéis, após a derrota de Jair Bolsonaro (PL) para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa presidencial.

Na quarta-feira (17), como mostrou a revista Veja, Alexandre de Moraes, ministro do STF, determinou que a Polícia Federal investigue o caso do deputado federal.

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Política

MST comercializa 560 toneladas de alimentos e reúne 320 mil pessoas em SP

A 4ª edição da Feira Nacional da Reforma Agrária do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), realizada no Parque da Água Branca, região central de São Paulo, reuniu cerca de 320 mil pessoas e comercializou 560 toneladas de alimentos saudáveis. A Feira teve início na última quinta-feira (11) e se encerrou neste domingo (14) com a presença de 1700 feirantes, que trouxeram produtos de 1200 municípios de todo o Brasil.

O Parque recebeu nos quatro dias de Feira cerca de 1730 tipos de produtos e 191 cooperativas, como resultados da organização produtiva e da luta pela terra. Além disso, o Movimento doou 38 toneladas de alimentos, beneficiando 24 entidades que atuam nas periferias de São Paulo. As organizações também receberam livros da editora Expressão Popular, mudas de árvores nativas e sementes.

Sementes criolas na Feira do MST | Foto: Poliana Petralha

O momento contou com a presença do padre Júlio Lancellotti, que desenvolve ações de solidariedade em parceria com organizações de pessoas em situação de rua na cidade.

Giselda Coelho, da direção nacional do MST pelo setor de produção, afirma que neste momento a feira representa uma grande diversidade da agricultura e um importante instrumento de defesa da Reforma Agrária. “Ela demonstra a importância da produção de alimentos saudáveis no Brasil no combate à fome”.

“Nós somos mais de 23 estados e o Distrito Federal que participam desta IV Feira Nacional, colocando uma diversidade de produtos que estão representados nos espaços de comercialização, mas também no ato de fazer cultura, no espaço de divulgação da arte, da música, e também na culinária da terra”, destaca.

O “Culinária da Terra”, espaço repleto de cheiros e sabores regionais, reuniu 30 cozinhas, que prepararam uma diversidade de 95 pratos, comercializando mais de 80 mil refeições. A arte e a cultura também foram destaque na Feira Nacional. Mais de 400 artistas de todos os cantos do país se apresentaram no Palco Arena e no Palco Terra. As apresentações trabalharam diferentes linguagens artísticas, musicais e sotaques. Do samba ao maracatu, do jongo ao hip-hop, do teatro à moda de viola.

Foto: Daniel Violal

Ocorreram ainda intervenções artísticas em diversos espaços da Feira, demarcando essa dimensão como indispensável para a construção da Reforma Agrária Popular.

A Feira neste ano, também realizou ato de denúncia aos crimes ambientais provocados pelo agronegócio e contou com um espaço de divulgação das ações de conservação ambiental construídas pelo MST nos biomas brasileiros, através do Plano Nacional “Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis”. O Movimento trouxe para São Paulo cerca de 880 kg de sementes e 20 mil mudas de árvores frutíferas, nativas, medicinais e ornamentais, onde visitantes puderam levar para casa mudas de árvores, conhecer mais sobre os biomas brasileiros e a importância de preservá-los.

Atividades de formação, ato político e conferência também fizeram parte da programação desta edição da Feira. Ao todo aconteceram 15 atividades de formação, como seminários e oficinas, e mais de 2 mil pessoas participaram desses espaços.

Reforma Agrária Já!

Ao comemorar os resultados da Feira Nacional, Diego Moreira, também da direção nacional do MST, explica que a Feira foi um espaço de projeção e reivindicação para o fortalecimento da política de Reforma Agrária. “Nós precisamos construir uma sinergia dos movimentos sociais, da sociedade civil brasileira, e do governo democrático do presidente Lula, para avançarmos com um verdadeiro programa nacional de reforma agrária”.

Ele afirma que esse programa nacional precisa “desenvolver os assentamentos existentes, as mais de 500 mil famílias assentadas pelo país, já organizadas na base do MST, e assentar as mais de 80 mil famílias acampadas”.

* Vermelho

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