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Política

MST denuncia cerco ilegal da polícia de Zema em ocupação em Minas

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra informa que a Justiça negou pedido de reintegração de posse feito por parte dos donos da fazenda Aroeiras e que PM impede a entrada de suprimentos para as cerca de 500 famílias acampadas.

São Paulo – O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra denunciou neste sábado (9) cerco ilegal da Polícia Militar de Minas Gerais, comandada pelo governo de Romeu Zema (Partido Novo), no segundo dia de ocupação da fazenda Aroeiras, município de Lagoa Santa. O MST argumenta que a ação policial não tem base, já que a Justiça negou pedido de reintegração de posse impetrado por parte dos herdeiros da fazenda.

O cerco, sempre de acordo com o MST, impede a entrada e saída de pessoas do local e dificulta a entrada de suprimentos para as famílias acampadas. Foi permitida a entrada apenas de água e medicamentos. Porém, não puderam passar nem lonas para proteção do sol e da chuva, e para que as pessoas não durmam ao relento, nem gás para o preparo da alimentação.

“O governador Romeu Zema precisa entender que a ocupação de terras é um direito do povo que luta para que a Constituição brasileira seja cumprida. Portanto, é desumano colocar a tropa para reprimir essas pessoas e impedir que elas tenham o mínimo que precisam. Chega de desgoverno Zema”, disse Sílvio Netto, da direção nacional do MST em Minas Gerais.

Terras improdutivas
Além do indeferimento ao pedido de reintegração de posse, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra acrescenta que algumas das herdeiras da fazenda já manifestaram interesse em negociar com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) a venda do imóvel. Por sua vez, a superintendente do Incra no estado disse estar disposta a apresentar uma proposta para destinação da área a fins de reforma agrária. A Aroeiras é uma herança familiar disputada por oito pessoas. De acordo com duas proprietárias que se mostraram dispostas ao diálogo, o imóvel está abandonado a quase uma década e em mais de 20 anos nunca foi feita a regularização.

Mulheres Sem Terra
A Aroeiras foi ocupada por cerca de 500 famílias do MST na manhã de sexta-feira (8). A fazenda fica no município de Lagoa Santa, Região Metropolitana de Belo Horizonte. A ação coordenada pelas mulheres Sem Terra e integra a Jornada Nacional de Lutas, que tem como o lema “Lutaremos! Por nossos corpos e territórios, nenhuma a menos!”. A ocupação é motivada pelo não cumprimento da função social da terra, já que a propriedade estava abandonada pelos proprietários é improdutiva.

*RBA

 

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Opinião

Zema abre a boca e sua popularidade desaba

Seria bom deixar bem claro que não existe extrema direita no Brasil, isso, a meu ver, é conversa fiada, o que existe é um bando de pessoas engajadas, sobretudo nas redes sociais, com o secular pensamento reacionário encrostado no país, herança da civilização escravocrata no Brasil.

Afinal, estamos falando de um país de pouco mais de cinco séculos de existência em que quatro deles teve escravidão dos negros.

Sem visitar as imensas páginas da história brasileira, não há como conversar, não há sequer o que falar. Por isso a declaração do idiota chamado Zema, governador de Minas Gerais, sobre um projeto separatista Sul/Sudeste do Nordeste, que não por acaso atinge a própria figura de um nordestino especial, que é o presidente da República, porque é esta uma das intenções da direita que se dizia civilizada, mas que, no afã de saquear o país, está cada vez mais extremada em suas falas e ações, como qualquer bandoleiro.

Os atos golpistas contra Dilma e Lula forma praticados pela suposta direita tradicional, da qual Zema é parte e, como tal, apoiou a eleição e a tentativa de reeleição de Bolsonaro, que só conseguiu se eleger em 2018 porque um juiz pilantra, que comandou a Lava Jato e por ter suas raízes políticas na dita direita tradicional e, portanto, amado pela grande mídia, operou para golpear Dilma e, em seguida, prender Lula para tirá-lo do pleito.

A notícia de que, bastou Zema abrir a boca para desabar a sua popularidade digital, deixa bastante evidente que, ao contrário do que se diz, de forma corrente, os intolerantes, além de não crescerem no país, recebem um repúdio cada vez mais combativo da sociedade, por dois motivos: primeiro, porque a sociedade está farta de preconceitos, racismo, xenofobia, homofobia, falsa religiosidade de políticos e pastores charlatães, que utilizam desse falso expediente para agregar eleitores idiotas que não conseguem se despir de sua própria mesquinhez e provincianismo.

Não para aí, a segunda coisa que faz a sociedade reagia contra os supostos intolerantes, é que muitos não passam de vigaristas, pilantras, corruptos, que se utilizaram de uma falsa moral para tomar o poder e saqueá-lo de forma ilimitada.

Vide os pilantras desmascarados da Lava Jato e o próprio clã que governou o Brasil durante quatro anos que enriqueceu enormemente.

Ou seja, o marketing da intolerância como ativo político, já deu, e será este também um motivo que fará com que Tarcísio mergulhe nessa lama bolsonarista e se afogue nela.

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Política

De olho no espólio de Bolsonaro, Zema e Tarcísio são rechaçados nas redes

Internautas criticaram os governadores de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). No Twitter, as críticas aos dois políticos chegaram ao trending topic (tópico em tendência), um dos assuntos mais comentados nas redes, neste final de semana, diz o 247.

Um perfil em rede social escreveu: “Tarcisio ‘satisfeito’ com chacina e Zema defendendo união do Sul-Sudeste contra o Nordeste. A briga pelo legado de bolsonaro só podia mesmo escancarar o fascismo da direita brasileira”.

O chefe do Executivo mineiro defendeu a criação de uma frente Sul-Sudeste contra a Região Nordeste O governador de São Paulo defendeu a chacina policial que deixou mais de 15 mortos desde o dia 28 de julho. Para Tarcísio, “não houve excessos” na operação policial.

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Opinião Preconceito e racismo

Aliados tentam se descolar e ensaiam disputa por espólio de Bolsonaro

De olho em 2026, Tarcísio e Zema se distanciam após fracasso de intentona fascista.

Jair Bolsonaro não está morto, mas suas ações despencaram no mercado futuro. O capitão saiu das urnas com 58 milhões de votos e uma tropa reforçada no Congresso. Três meses depois, amarga um cerco judicial e começa a ser abandonado por aliados.

O Supremo incluiu o ex-presidente no inquérito que investiga os ataques golpistas do 8 de Janeiro. Em outra frente, o TSE acrescentou novas provas aos processos a que ele responde por crimes eleitorais.

Com o fracasso da intentona fascista, Bolsonaro pode ser preso e ficar inelegível — não necessariamente nesta ordem. Isso precipitou a disputa por seu possível espólio em 2026.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, deu os primeiros passos para se descolar do padrinho. No dia seguinte ao quebra-quebra, foi ao Planalto e trocou amabilidades com Lula. Dois dias depois, posou sorridente ao lado do petista.

O mineiro Romeu Zema divulgou nota contra os “inaceitáveis atos de vandalismo”. “No final, quem pagará seremos todos nós”, acrescentou.

O ex-vice-presidente Hamilton Mourão começou a se reposicionar antes mesmo do quebra-quebra. No último dia de mandato, aproveitou a viagem de Bolsonaro para atacá-lo em cadeia nacional de rádio e TV.

Tarcísio, Zema e Mourão se elegeram com o voto bolsonarista, mas nenhum deles derramará uma lágrima se o capitão for impedido de concorrer em 2026.

O desafio da trinca é se desvincular do ex-presidente sem perder a conexão com seu eleitorado. A derrocada dos ex-bolsonaristas João Doria e Wilson Witzel já mostrou que essa tarefa não é para amadores.

Nos últimos dias, os três presidenciáveis fizeram malabarismo para provar às suas bases que não viraram comunistas. Mourão esbravejou com o Supremo e criticou a “detenção indiscriminada” de extremistas. Zema foi mais ousado: sugeriu que Lula teria feito “vista grossa” para os criminosos que tentaram derrubá-lo.

Tarcísio não embarcou no besteirol, mas também deu uma piscadela para a extrema direita. Depois de acomodar um cunhado de Bolsonaro, deu emprego público a um coronel denunciado nos processos do massacre do Carandiru.

*Bernardo Mello Franco/O Globo

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Ao contrário de Lula, governadores liberais aceleram privatizações

Enquanto Lula freia venda de Correios e outras estatais, governadores como Tarcísio, Zema, Ibaneis e Leite avançam em planos de privatização.

De acordo com o Metrópoles, a polarização entre esquerda e direita na política brasileira está bem marcada quando o tema é a privatização de empresas estatais. Enquanto o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cumpriu uma promessa de campanha e tirou da fila da venda os Correios e outras seis empresas públicas, governadores que foram eleitos ou reeleitos em cima de uma plataforma liberal na economia estão ampliando esforços, com a finalidade de passar para a iniciativa privada empresas de seus estados.

O freio nos planos de privatização de estatais iniciados no governo de Jair Bolsonaro (PL) foi puxado pelo governo de Lula no início do feriadão da Semana Santa, na quinta-feira (6/4). Além dos Correios, o governo petista tirou do Programa Nacional de Desestatização (PND) estatais como Empresa Brasil de Comunicação (EBC); Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro); e Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência (Dataprev). A ação está alinhada com outras iniciativas realizadas nas primeiras semanas de governo, como a interrupção de estudos sobre a privatização da Petrobras, maior empresa pública do país.

Bandeira histórica do PT, o veto às privatizações tem sido defendido por Lula desde a campanha eleitoral do ano passado, quando o então candidato chegou a advogar pela reversão da venda das ações da Eletrobras – plano que até agora não foi posto em prática.

A convicção de Lula não mudou nem sob a pressão por aumento na arrecadação federal imposta pelos planos apresentados pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no projeto do novo arcabouço fiscal, que exige um aumento de até R$ 150 bilhões por ano no montante que entra nos cofres do governo. Para os petistas, empresas estatais são um patrimônio público e devem atuar alinhadas com objetivos traçados pelo estado.

Um dia antes do anúncio do governo Lula, na quarta-feira (5/4), três governadores de partidos mais à direita defendiam um estado mais enxuto e expunham planos de privatização ou concessão de estatais e obras de infraestrutura, como estradas, em um evento promovido pelo Bradesco em São Paulo. Para Eduardo Leite (PSDB), governador do Rio Grande do Sul, Ratinho Jr. (PSD), do Paraná, e Tarcísio de Freitas (Republicanos, foto em destaque), de São Paulo, a venda das estatais melhora a eficiência dos serviços e evita que os cofres públicos arquem com eventuais prejuízos causados por aparelhamento e má administração.

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A irritação de Bolsonaro com Zema

De olho na expressiva votação de Romeu Zema, Jair Bolsonaro deixou para trás a mágoa pelo fato de o governador de Minas Gerais não ter feito campanha aberta para o presidente no primeiro turno e depositou seu futuro nas mãos do mineiro nesse segundo turno. O estado é uma das apostas na corrida presidencial, segundo coluna de Lauro Jardim.

Porém, na primeira missão dada a Zema – a de reunir um número expressivo de prefeitos do norte de Minas para um encontro com Bolsonaro, em Montes Claros, o governador falhou.

O norte de Minas historicamente reúne a maior concentração de eleitores de Lula no estado. Derrotado na região ao final da apuração do primeiro turno, Bolsonaro encomendou a Zema um grande evento na região. E impôs uma condição: antes de subir no palanque para o comício, gostaria de se reunir, a portas fechadas, com o maior número de prefeitos possível para reforçar a necessidade empenho.

Zema então iniciou uma série telefonemas e chegou a gravar um vídeo convocando os prefeitos para o encontro. O esforço foi em vão. Pelo telefone, prefeitos relataram que não teriam como atender o governador sob o risco de comprometerem sua reeleição daqui a dois anos, uma vez que Lula mantém forte influência nos seus municípios.

Ao se deparar com um auditório esvaziado, Bolsonaro não escondeu a irritação e deixou o encontro no norte de Minas sem cumprir a previsão de falar com a imprensa.

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Governo MG: Com apoio de Lula, Kalil ultrapassa Zema com 10 pontos de vantagem, mostra pesquisa

Pesquisa Data Tempo mostra que ex-presidente petista tem poder de influenciar rumo da eleição mineira.

Em um cenário contando com o apoio do ex-presidente Lula (PT), o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD) lidera as pesquisas para o governo de Minas Gerais no primeiro turno com 10 pontos de vantagem contra Romeu Zema (NOVO), que contaria com apoio de seu correligionário Felipe D’Ávila. É o que mostra a pesquisa Data Tempo desta segunda-feira (25).

A pesquisa propôs o seguinte cenário aos eleitores mineiros: “Se os candidatos para o governo de Minas contassem com os seguintes apoios, em quem você votaria?”

Assim, o resultado apresentado foi:

  • Alexandre Kalil (PSD) – Apoio Lula (PT): 37,2%
  • Romeu Zema (NOVO) – Apoio Felipe D’Ávila (NOVO): 27,5%
  • Carlos Viana (PL) – Apoio Jair Bolsonaro (PL): 16%
  • Marcus Pestana (PSDB) – Apoio Simone Tebet (MDB): 1,6%
  • Lorene Figueiredo (PSOL) – Apoio Guilherme Boulos (PSOL): 0,8%

Sem os apoios em jogo, a pesquisa mostra um cenário desfavorável para Kalil, que teria apenas 23,2% das intenções de voto contra 48,3% de Zema.

A pesquisa ouviu 2.000 eleitores de Minas Gerais presencialmente entre 15 e 20 de julho. O intervalo de confiança é de 95% e margem de erro de 2,19 pontos. O levantamento está registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o protocolo BR-08880/2022.

*Com 247

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Com o apoio de Lula, Kalil detona Zema em Minas

O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), está atrás do atual governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), na pesquisa Quaest que projeta o cenário da eleição estadual mineira.

Cerca de 13 pontos separaram Kalil (21%) de Zema (14%) no primeiro turno, mas o ex-presidente Lula (PT) pode ajudar a definir o pleito no estado. Lula tem a ampla preferência do eleitorado mineiro. Ele tem 25 pontos de vantagem sobre Jair Bolsonaro (PL) no primeiro turno e 26 pontos no segundo.

Sem apoios, Zema tem 49% das intenções de voto no segundo turno contra 33% de Kalil. Com o apoio de Lula, no entanto, Kalil salta para 49% e deixa Zema, com o apoio de Bolsonaro, com 35%.

grafico

O levantamento, patrocinado pelo Banco Genial, foi realizado presencialmente entre os dias 12 e 15 de março e ouviu 1.480 pessoas. O nível de confiança é de 95% e a margem de erro é de 2,5 pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o código MG-00132/2022.

https://twitter.com/Bruno_Moreno_/status/1504814305497255937?s=20&t=knyN1WBbQFJQXtuX-ya0Bg

*Com 247

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A receita do colapso

Como uma cidade distribuiu hidroxicloroquina de graça, flexibilizou isolamento e viu mortes se multiplicarem.

Uma cidade populosa, administrada por um aliado do presidente Jair Bolsonaro, resume a forma como o Brasil vai levando a pandemia do coronavírus. Em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, o prefeito pede isolamento, mas com tantas exceções que elas se tornam a regra. Oferece “tratamento precoce” de graça, mas abandona a promessa de cura quando há vacinas nas quais se agarrar. Faz concessões seguidas a empresários e comerciantes e enfrenta protestos deles mesmos, que querem ainda mais flexibilização. Uberlândia é uma espécie de cidade exemplar da indecisão do poder público diante da pandemia no Brasil. E já se foram 280 mil mortos.

Em julho passado, quatro dias depois de Uberlândia assumir momentaneamente a dianteira de casos de Covid em Minas Gerais, superando até Belo Horizonte, o prefeito da cidade, Odelmo Leão (PP), anunciou um novo protocolo de combate à pandemia: ivermectina e hidroxicloroquina de graça para a população. Em seguida, flexibilizou o decreto de isolamento, liberando feiras livres, lanchonetes e conveniências. O Tribunal de Justiça de Minas mandou Leão recrudescer, enquadrando-o ao plano estadual de enfrentamento da pandemia Minas Consciente, mas a ordem durou pouco. O prefeito recorreu e, em meados de julho, a cidade de 700 mil habitantes bateu a marca de 10 mil infectados – ato contínuo, liberou até shopping center. Duzentas pessoas morreram da doença até aquele mês.

Após oito meses, no dia 2 de março deste ano, o prefeito admitiu que o sistema de saúde de Uberlândia se exauriu. Com 100% dos leitos de UTI ocupados, 184 pacientes esperavam vagas abrirem, e outros já tinham sido transferidos para cidades próximas. “A rede de saúde de Uberlândia colapsou. Friso: colapsou. A situação é caótica. A gente pediu, a gente apelou para que todos compreendessem o momento que vivíamos, para que não chegássemos a essa situação. Infelizmente, muitos não ouviram e duvidaram dessa doença. Hoje a nossa situação é a pior de todas as que vivemos”, afirmou Leão.

Em 4 de março, o presidente Jair Bolsonaro pisou em solo uberlandense com sorriso de orelha a orelha, visível porque não usava máscara. Odelmo Leão, seu “velho amigo de Parlamento”, como Bolsonaro o definiu, o recebeu de braços abertos e N95 no rosto. “Quem fala em tratamento precoce passou a ser criminoso no Brasil”, discursou o presidente a algumas dezenas de apoiadores sem máscara que se amontoavam para vê-lo de perto. “O médico, ele é ensinado, é direito dele, não tendo o medicamento para aquela doença, ele buscar a alternativa”, prosseguiu Bolsonaro.

Na cidade, acontece o oposto do que descreveu o presidente. O Ministério Público Federal conseguiu na Justiça que o médico que não receitar o “tratamento precoce” seja denunciado por pacientes e fique sujeito a multa de 10 mil reais. Não há, por ora, registro de punições judiciais.

O presidente continuou a falar, agora sobre efeitos colaterais econômicos. “Se todo mundo ficar em casa, vai morrer todo mundo de fome.” Os simpatizantes aplaudiram. “O desemprego leva à miséria, à depressão, a uma série de outros problemas, que matam muito mais do que o vírus.” Ele estava no lugar certo.

Em setembro de 2020, depois de atingir pela primeira vez cem dias seguidos com registros de óbitos, Odelmo Leão conseguiu no Supremo Tribunal Federal reabrir bares e restaurantes. Em outubro, o prefeito anunciou a saída da cidade do Minas Consciente, plano de contingência do governo estadual de Romeu Zema (Novo) para enfrentar a pandemia. Quinze dias depois, Uberlândia registrou o recorde de 140 dias consecutivos de óbitos.

Em novembro e dezembro, seguindo tendência nacional, a pandemia arrefeceu em termos relativos ao que acontecera até então. Mas, com a virada do ano, a doença se mostrou mais agressiva inclusive entre grupos que antes não eram considerados de risco. A região de Uberlândia voltou a ser um dos focos mais graves da pandemia em Minas. O número de mortes explodiu. De 27 óbitos registrados em dezembro, o número saltou para 76 em janeiro e 257 em fevereiro, somando ao final do mês passado 1 074 mortes desde o início da pandemia. Em março foram 284 até o dia 12, segundo dados da prefeitura.

Com o esgotamento do sistema de saúde da cidade, em fevereiro, Odelmo Leão baixou medidas para tentar conter o avanço da doença. Proibiu a venda de bebidas alcoólicas das 18h às 5h, fechou shoppings, bares, restaurantes e clubes sociais aos finais de semana – mas os manteve em funcionamento de segunda a sexta. Após quinze dias, precisou ser mais duro e fechou o comércio. Numa entrevista para detalhar as medidas, exclamou mais de uma vez: “Lockdown não!”

No último dia 12, comerciantes voltaram às ruas para protestar, como têm feito desde o início da pandemia. O objetivo é voltar a flexibilizar as atividades.

Desde o agravamento da pandemia em 2021, o prefeito não falou mais em hidroxicloroquina ou “tratamento precoce”. Sua aposta agora é na imunização. Publica fotos de idosos sendo vacinados e faz anúncios de intenção de compra de mais doses. A cidade diz ter aplicado até agora quase 45 mil doses de vacina.

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), que também minimizou a necessidade de isolamento inicialmente, foi mais enérgico ao reagir às evidências que um ano de pandemia trouxe. Em abril passado, ele criticou prefeitos que impuseram medidas restritivas de circulação. “Nessa crise nós precisamos que o vírus viaje um pouco”, justificou. Em março de 2021, contudo, decretou lockdown no noroeste do estado e no Triângulo Norte, onde fica Uberlândia.

Onda Roxa, como o governador batizou a ação, determina toque de recolher das 20h às 5h, libera somente quem trabalha em serviço essencial para transitar e obriga o uso de máscaras em qualquer espaço público ou privado. O problema é que a Onda Roxa faz parte do plano Minas Consciente, do qual Uberlândia se retirou com ação judicial. Reservadamente, auxiliares de Zema dizem que a cidade adotou medidas tão restritivas quanto as impostas pelo governo estadual, portanto não há prejuízo no combate ao vírus.

“O prefeito está perdido”, resumiu o médico Alair Benedito, professor aposentado da Universidade Federal de Uberlândia. “Não toma as medidas adequadas, porque sofre muita pressão da iniciativa privada e, como recebeu financiamento eleitoral do empresariado local, mantém seus compromissos políticos com esses grupos e as medidas de distanciamento social foram negadas.” Ex-diretor do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia, que é referência para Covid na região, Benedito aponta insuficiência da rede de atendimento desde antes da pandemia. “O prefeito tenta achar culpados. Transfere a responsabilidade para o hospital, mas não há número de leitos suficiente, falta estrutura, pessoal e espaço.”

Agora já são 1.371 vidas perdidas na cidade em um ano de pandemia, segundo a Fiocruz, o que confere a Uberlândia uma taxa de 198 mortes por cem mil habitantes. A capital mineira, que adotou medidas mais restritivas, tem média de 115 óbitos por cem mil habitantes. Porto Alegre, que enfrenta o colapso de seu sistema de saúde, registra 185 mortes por cem mil habitantes. No Brasil, a taxa é de 132 óbitos por cem mil habitantes. Todos os leitos de UTI de Uberlândia estão ocupados, demais leitos de emergência idem. Não há médicos, fisioterapeutas, enfermeiros e profissionais da saúde suficientes para a demanda.

“Houve um não reconhecimento da gravidade da pandemia”, diz Juliana Markus, médica do Hospital de Clínicas de Uberlândia, que atua na linha de frente desde o início da pandemia. Além das flexibilizações do isolamento e do surgimento de novas cepas, a médica critica a insistência no tratamento à base de hidroxicloroquina e ivermectina, que não apenas não têm eficácia comprovada para Covid como ainda oferecem risco de efeitos colaterais graves. “As autoridades públicas defenderam o kit profilático, que geram ilusão de que a pessoa que contrair o vírus vai ficar com caso menos grave e por isso pode se expor, uma falsa sensação de segurança”, afirmou. “Não tem embasamento na realidade e contribui para o momento crítico que vivemos.”

No último final de semana, apesar dos alertas de autoridades de saúde pública do mundo todo, uberlandenses foram protestar nas ruas pedindo tratamento precoce e reabertura do comércio, em pleno pico da pandemia.

Em fevereiro deste ano, o prefeito reclamou que a população não colaborava. “Há onze meses nós estamos pedindo apoio, e parece que não há entendimento. Na minha avaliação há falta de consciência coletiva, uma coisa muito grave na nossa sociedade”, criticou.

Mas em julho do ano passado ele cantava vitória. “Se Uberlândia tem os resultados que tem é porque tivemos a responsabilidade de testar a população, adquirimos os remédios necessários, a hidroxicloroquina, que tem a discussão, mas eu já disse que o professor [secretário de saúde municipal] liberou, está em todas as farmácias da nossa rede. É o médico receitar, se não achar no mercado, pode ir à farmácia da prefeitura, que nós vamos fornecer o produto”, comemorou.

Procurada pela Piauí, a prefeitura não esclareceu os critérios que a levaram a flexibilizar o isolamento em diversas ocasiões, nem se ainda recomenda o “tratamento precoce” ou como avalia o comportamento do presidente Bolsonaro diante da gravidade da Covid no país e na cidade.

*Thais Bilenky/Piauí

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