Categorias
Mundo

Palestinos pedem processo rápido movido pela África do Sul contra Israel em tribunal da ONU

Diante de um conflito que deve continuar “por muitos meses”, segundo o próprio primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou neste sábado (30), a Autoridade Nacional Palestina pediu que a Corte Internacional de Justiça (CIJ) acelere o julgamento do processo movido pela África do Sul contra o país.

Na última sexta (29), o país sul-africano acionou o órgão das Nações Unidas acusando Israel de atos genocidas contra a população da Faixa de Gaza. Os bombardeios diários em todo o território, que tem cerca de 2,3 milhões de pessoas, já provocaram a morte de mais de 21,6 mil palestinos em menos de três meses.

O processo na CIJ alega “supostas violações de Israel de suas obrigações nos termos da Convenção para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio (a ‘Convenção de Genocídio’) em relação aos palestinos na Faixa de Gaza”, conforme comunicado da entidade.

África do Sul e a Autoridade Palestina, que também responde pela Cisjordânia, que tem outros 3,2 milhões de habitantes, são signatários da convenção.

“O que a África do Sul apresentou, baseando-se no Artigo 9 da convenção, e a violação de Israel dos Artigos 2 e 3, está totalmente alinhado com os deveres das nações para evitar a prática desse crime”, disse o ministério palestino, que pediu uma resposta rápida da corte às acusações para evitar ainda mais atos genocidas.

Enquanto isso, o Hamas pediu que mais países apresentem ao tribunal da ONU pedidos de investigação contra Israel, que ameaça a paz e a segurança globais.

As perspectivas para a guerra não são nada boas e não há sinais de que vá parar nas próximas semanas. Mais de 85% dos 2,3 milhões de moradores de Gaza já precisaram abandonar suas casas e, diante dos combates que seguem intensos, a exaustão dos civis é cada vez maior.

*Sputnik

Categorias
Mundo

Quem se importará quando pouco ou nada mais restar de Gaza?

O calvário dos palestinos e a indiferença dos supremos sacerdotes.

Uma vez, no final dos anos 1980, em Hamburgo, durante uma entrevista coletiva, perguntei ao presidente do Banco Central da Alemanha sobre as chances dos países africanos se desenvolverem. Não lembro por quê, mas a África estava na moda naquela ocasião.

Ele me olhou surpreso, e respondeu? “África? A África não tem a menor importância. Próxima pergunta”. Tinha pressa, e dali a duas horas uma reunião com diretores do banco em Berlim. Não perderia tempo a conversar sobre o continente mais pobre do mundo.

Esta é uma das vantagens do mundo globalizado e digital: há mais de 60 dias conversamos sem cessar sobre a carnificina promovida por Israel na miserável e superpovoada Faixa de Gaza. O legítimo direito de Israel à defesa escalou para o ilegítimo direito ao massacre.

O show de cinismo dos líderes das principais potências mundiais é vergonhoso e dá asco. Ante o crescente número de palestinos mortos, cerca de 18 mil a essa altura, 70% deles mulheres e crianças, renovam a todo instante seu apoio a Israel, mas sugerem moderação.

Israel agradece o apoio e continua a matar inocentes onde quer que estejam a pretexto de que os terroristas do Hamas se escondem por trás deles. É como se dissesse: sinto muito, mas vou matá-lo porque na sua cidade, no seu bairro, no seu prédio pode haver terroristas.

No mesmo dia que orientou o embaixador do seu país no Conselho de Segurança da ONU a vetar mais uma resolução que pedia um novo cessar-fogo em Gaza, o presidente americano Joe Biden voltou a pedir a Israel que proteja os civis palestinos.

Como seus apelos repetidos dia sim e outro também esbarram em ouvidos moucos, porque Biden não suspende a venda de armas de destruição em massa a Israel? Não: Biden briga com o Congresso para que libere mais uma ajuda de 14 bilhões de dólares a Israel.

Assim caminha a desumanidade.

*Blog do Noblat

Categorias
Mundo

ONGs acusam Israel de roubar órgãos de cadáveres palestinos em Gaza

Israel também retém cadáveres de palestinos como moeda de troca, recusando devolução dos corpos às famílias das vítimas para negociações futuras.

Ao negar o direito de enterrar entes queridos, Israel inflige a angústia do luto sem fim. Uma prática de décadas que ONGs de defesa dos direitos humanos descrevem como uma tentativa de controlar e punir as famílias palestinas. Muitos corpos estão enterrados em valas comuns como indigentes e outros estão esquecidos congelados em necrotérios.

As autoridades israelenses afirmam que esta política é necessária para evitar supostos tumultos e protestos durante os funerais de palestinos mortos por Israel. O regime israelense também usa a mesma tática de tratamento com mortos que são suspeitos de terem participado de ataques contra Israel, usando os seus cadáveres como barganha de negociações com líderes palestinos.

Israel é o único país do mundo que tem uma política de confisco e moeda de troca de restos mortais humanos, o que constitui uma grave violação do direito internacional e dos direitos humanos.

O diretor do hospital Al-Shifa, a maior unidade de saúde de Gaza, recentemente atacada e invadida pelo exército israelense, afirma que as IDF sequestraram corpos palestinos.

O número estarrecedor de mortos na Faixa de Gaza devido à invasão militar de Israel colapsou hospitais e cemitérios, fazendo com que palestinos fossem enterrados em valas comuns. À luz desta selvageria, a recusa de Israel em devolver os corpos dos mortos, deu contornos ainda mais sombrios a esta guerra.

Em junho de 1967, durante a Terceira Guerra Árabe-Israelense, Israel ocupou a Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental e a Faixa de Gaza. Neste contexto, militares israelenses enterraram soldados árabes e prisioneiros de guerra em valas comuns. Estes mortos não foram identificados até hoje, e as suas famílias foram condenadas ao luto e à procura incessantes.

Os cemitérios de números são locais dentro de Israel em zonas militares fechadas. Estas sepulturas anônimas, são identificadas por números. Ao longo das décadas, o exército continuou enterrando palestinos nestes cemitérios ou reteve os corpos até que as famílias aceitassem várias restrições para os respectivos funerais. O ‘Estado’ de Israel argumenta que manifestações em funerais representam uma ameaça à segurança nacional.

De 2007 a 2015, Israel interrompeu a prática de reter os corpos. Nesse ínterim, surgiram outras revoltas palestinas, muitas vezes referida como a “intifada das facas”. Durante este período, os palestinos atacaram esporádica e individualmente militares, policiais e colonos com facas e armas artesanais. Centenas de palestinos foram mortos e os seus corpos foram frequentemente confiscados às famílias.

Desde 2015, os corpos destes palestinos assassinados têm sido mantidos em gavetas do necrotério no Instituto Forense Abu Kabir, perto de Tel Aviv. O total é agora de 135, e os corpos que foram devolvidos às famílias foram sujeitos a condições rigorosas.

Em alguns casos, as famílias são informadas de que os seus entes queridos mortos devem ser enterrados longe das suas casas. Em 2018, o governo israelense, pela primeira vez, aprovou uma resolução que afirmava que os corpos dos palestinianos associados ao Hamas e à Jihad Islâmica, ou daqueles envolvidos em ataques particularmente dramáticos contra israelitas, deveriam ser retidos. De acordo com o grupo de direitos humanos israelense B’Tselem, manter os corpos dos palestinos como moeda de troca para futuras negociações é uma prática antiga em Israel.

As famílias dos falecidos também enfrentam uma série de complexidades jurídicas. Sem uma certidão de óbito, as viúvas não conseguem seguir em frente com as suas vidas e casar novamente. Se os seus maridos assassinados eram responsáveis pelo sustento da família, a conta bancária fica congelada, deixando as viúvas sem acesso a fundos, enquanto os direitos de herança também são negados. Esta prisão post mortem de corpos foi entendida pelos palestinos como sendo uma criminalização para além da morte. Os palestinos se referem a estes cadáveres detidos por Israel como “mártires detidos” ou “prisioneiros mártires”.

Colhendo órgãos

Há relatos antigos de corpos palestinos serem devolvidos faltando órgãos das vítimas. Em 2015, numa carta ao embaixador britânico Matthew Rycroft, Ex-representante permanente do Reino Unido na ONU, o principal delegado palestino nas Nações Unidas, Riyad Mansour, descreveu o que disse ser a colheita de partes de corpos de palestinos mortos pelas forças israelenses.

No cemitério dos números, há algo de obscuro, visto que muitos dos corpos que deveriam estar lá, não estão. Em outras covas há partes misturadas de diferentes indivíduos. A ausência destes corpos é mais uma evidência que dá suporte aos relatos de longa data de que os cadáveres palestinos podem ter sido usados para tráfico de órgãos ou doados a universidades de medicina israelenses para que os estudantes treinassem nos corpos.

O ex-chefe do Instituto Forense Abu Kabir, chegou a admitir que o exército havia retirado pele, córneas, válvulas cardíacas e ossos dos corpos de palestinos e trabalhadores estrangeiros durante a década de 1990. A prática muitas vezes ocorria sem o consentimento dos familiares do falecido. Muitos palestinos também alegaram que os corpos de jovens que foram apreendidos na Cisjordânia ocupada e na Faixa de Gaza foram devolvidos às suas famílias com órgãos desaparecidos.

O EuroMed Human Rights Monitor disse no dia 26 de novembro que tinha “preocupações” sobre o possível roubo de órgãos de cadáveres palestinos, na sequência de relatos de profissionais da saúde em Gaza que examinaram alguns corpos depois de terem sido liberados por Israel. Os médicos teriam encontrado falta de órgãos vitais, como fígado, rins e coração, além de córneas, o que o EuroMed Monitor chamou de evidência de possível roubo de órgãos. Eles também alegaram que Israel exumou e confiscou cadáveres de uma vala comum que foi cavada há mais de 10 dias num pátio em al-Shifa.

No livro Over Their Dead Bodies, da médica israelense Meir Weiss, diz que órgãos foram retirados de palestinos mortos entre 1996 e 2002 e utilizados em investigação médica em universidades israelenses e transplantados para corpos de pacientes israelenses.

Uma polêmica investigação de uma emissora de televisão israelense em 2014 incluiu confissões de autoridades de que a pele foi retirada dos corpos de palestinos e trabalhadores africanos mortos para tratar israelenses, como soldados com queimaduras.

Israel é considerado o maior centro de tráfico global de órgãos humanos, de acordo com uma investigação de 2008 da rede norte-americana CNN. A Quarta Convenção de Genebra de 1949, que Israel não ratificou, exige que os militares respeitem a dignidade dos mortos, incluindo a prevenção da destruição, mutilação ou qualquer tratamento desrespeitoso dos seus corpos. Para os palestinos, os cemitérios são espaços sagrados que não são apenas um lugar para lamentar os mortos, mas também um registro da história e pertencimento geracional e geográfico.

*Gerciane Oliveira/Opera Mundi

Categorias
Opinião

Estado terrorista de Israel matou 200 palestinos nesta sexta e Professor Hoc retoma o lero lero nas redes

É tudo sincronizado, o Estado de Israel assassina 200 civis em um dia e, imediatamente, seus adestrados cães de guarda começam a saracotear nas redes para explicar mais um capítulo do genocídio promovido pelos sionistas na Palestina.

O problema é que, como nunca tinham sido frontalmente combatidos, principalmente nas redes, quando criavam suas fantasias, a reação contra esse tipo de embuste como o do professor Hoc está provocando ainda mais amesquinhamento, irritação, desespero, angústia, medo e mania de perseguição dos que defendem toda aquela fria covardia de Israel contra o povo palestino que alarma o planeta.

Ou seja, o ovo de Colombo de Israel não vinga, modifica-se o palavrório, a rotina, mas deixa de fora um rabo bruto que permanece denunciando a mentira que os sionistas contam sobre a ocupação, o massacre e roubo das terras palestinas.

Com isso, cada vez mais, Israel é visto pelo mundo como bárbaro, cruel, comparado aos senhores de engenho e seus capatazes contra os negros escravizados nas américas.

Não há como explicar isso. Na verdade, não há como prever o futuro de Israel, se é que terá futuro, até porque o pior do seu inferno moral ainda está por vir, e as razões transbordam desgraçadamente sobre crianças, bebês, mulheres, incluindo as grávidas, doentes, idosos, enfim, a população civil desarmada e totalmente inocente.

Não há notinhas, falação, ilusionismos retóricos capazes de mudar essa coisa sem cura chamada Estado terrorista de Israel.

Categorias
Política

Lula critica primeiro-ministro de Israel: “é de extrema direita” e “pensa que os palestinos não significam nada”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez duras críticas ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, por causa do conflito na Faixa de Gaza. Em entrevista para a emissora do Catar Al Jazeera, Lula chamou Netanyahu de “líder extremista, de extrema direita, sem sensibilidade com os problemas humanos dos palestinos” e cobrou o presidente dos EUA, Joe Biden, que exija de Israel o fim dos ataques. Lula também afirmou que está em curso em Gaza não uma guerra convencional, e sim um “genocídio”.

Lula disse que Netanyahu “pensa que os palestinos não significam nada” e que “ele precisa aprender que os palestinos precisam ser respeitados, suas terras demarcadas”. O presidente também questionou a postura de Biden, que considerou “o presidente do país mais importante do mundo”. “Não consigo entender como o Biden não cobrasse de Israel o fim da guerra. Eles influenciam muito Israel e poderiam ter parado a guerra”, disse.

Lula defendeu a criação de um Estado palestino independente e criticou a falta de governança no mundo. Ele disse que o Conselho de Segurança da ONU não é mais respeitado e que os membros permanentes decidem ir para guerra sem consultar ninguém. “Essa guerra é reflexo da insanidade, um grupo comete um ato terrorista e o Estado que faz algo ainda mais sério que o ato terrorista, há mais de 16 mil mortos, 6.500 crianças, 35.000 feridos. Hospitais destruídos. Se a ONU tivesse força, teríamos a solução de dois Estados. Mas desde 1947 não há paz”, disse Lula.

Lula ainda afirmou que a resposta de Israel ao ataque “terrorista” de 7 de outubro do Hamas foi ainda mais séria: “Eu critico o Hamas e sei que Israel tem o direito de se defender, mas isso não significa matar mulheres, crianças e inocentes. Não jogue bombas quando você não sabe quem está lá”.

“A guerra não leva a nada, só gera mais ódio. Precisamos sentar com Israel e os palestinos para cobrar a implementação da resolução de 1947”, disse Lula.

 

Categorias
Mundo

Palestinos em Gaza: “Nossos bairros foram varridos da face da terra”

Milhares de palestinos tentam voltar para casa na Faixa de Gaza durante trégua entre Israel e o grupo extremista Hamas.

Mulheres e crianças, 39 no total, foram liberadas de prisão israelense nessa sexta-feira (24/11). Jornalistas da agência AFP viram ônibus saindo da prisão israelense de Ofer, na Cisjordânia ocupada, para onde os prisioneiros palestinos foram transferidos, com o objetivo de serem libertados.

Vinte e oito deles foram levados para a Cisjordânia, enquanto outros 11 foram levados para Jerusalém Oriental ocupada, disse a Prisoners’ Club, ONG que defende os prisioneiros palestinos, diz o Metrópoles.

O grupo incluía 15 menores e 24 mulheres, de acordo com a lista divulgada pela Comissão de Prisioneiros da Autoridade Palestina. As autoridades prisionais israelenses confirmaram a libertação de 39 palestinos de “três prisões”, duas na Cisjordânia ocupada, e uma em Israel.

“Quando voltamos, ficamos surpresos com a extensão dos danos em nosso bairro. Encontramos vários mísseis que não haviam explodido, o que representava um perigo real para nossas vidas. Você não pode imaginar o horror da destruição”, diz um dos jovens palestinos, entrevistados pela RFI no local.

Mais palestinos falam de destruição
Os testemunhos de terror continuam. “Nossos bairros foram varridos da face da terra – a destruição é imensa, mais de 90% das casas foram completamente destruídas”, conta um outro.

Categorias
Mundo

Civis em Gaza podem morrer de fome imediatamente, diz órgão da ONU

Apenas 10% dos fornecimentos alimentares necessários chegam hoje à Faixa de Gaza; situação piora com abrigos lotados e a chegada do inverno.

O Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas afirmou que civis na Faixa de Gaza enfrentam “fome generalizada”, uma vez que só 10% do fornecimento alimentar necessário entra no território desde o início da guerra entre Israel e o grupo extremista Hamas. E a situação tende a piorar, diz o Metrópoles.

“Com a chegada do inverno, os abrigos inseguros e sobrelotados e a falta de água potável, os civis enfrentam a possibilidade imediata de morrer de fome”, afirmou Cindy McCain, diretora executiva do órgão da ONU.

Nas palavras dela, a existência de apenas uma passagem na fronteira piora o cenário. “A única esperança é abrir outra passagem segura para o acesso humanitário à Gaza para levar alimentos que salvam vidas”, continuou.

Em Gaza, mercados fecharam
O Programa Alimentar Mundial confirmou o fechamento da última padaria que mantinha em parceria com a população por falta de combustível. O projeto tinha 130 padarias do mesmo tipo, todas que forneciam alimento aos civis e agora estão interrompidas.

De acordo com McCain, dos 1.129 caminhões que entraram em Gaza desde a abertura da passagem fronteiriça de Rafah, em 21/10, apenas 447 transportavam alimentos. Nos cálculos do órgão da ONU, isso é suficiente para satisfazer 7% das necessidades calóricas mínimas diárias da população.

A situação descrita é impressionante: 25% das lojas contratadas pelo programa da ONU seguem funcionando, e em outras os produtos acabaram; os mercados locais fecharam; e os preços estão muito inflacionados. A maioria sobrevive com uma refeição por dia. Quem tem sorte consegue produtos enlatados, cebolas e berinjelas cruas.

“O colapso das cadeias de abastecimento alimentar é um ponto de viragem catastrófico numa situação já terrível, em que as pessoas foram privadas de necessidades básicas”, apontou Samer Abdeljaber, diretor do programa da ONU na Palestina. “As pessoas estão passando fome.”

 

Categorias
Mundo

Peter Oborne: Apoiados por militares de Israel, colonos ilegais impõem reinado de terror a palestinos na Cisjordânia

Por Peter Oborne*, em A Terra é Redonda

É a mesma história em todas as aldeias das colinas do sul de Hebron.

Os colonos israelenses confiscam o gado, destroem tanques de água e painéis solares, demolem casas e olivais dos quais os agricultores palestinos dependem para a sua subsistência.

Como as antigas tropas das SS nazistas, eles chegam sem avisar, armados com metralhadoras M16 – que costumam usar com imensa alegria –, espancam os aldeões com barras de ferro, com paus, com os punhos e com as coronhas das suas armas.

Agridem mulheres e idosos. Entram nas casas palestinas, arrancando utensílios e acessórios, roubando dinheiro, destruindo papéis, derrubando móveis. Atiram para matar. Muitos usam uniformes militares. Eles impuseram um reinado de terror. E são apoiados pelo exército de Israel.

A sua mensagem aos palestinos é sempre a mesma: saiam ou serão mortos. E enquanto os colonos estão armados e atuam impunemente, os palestinos ficam indefesos.

Acompanhado por um guia, cheguei no início de uma tarde à comunidade agrícola de She’b Al-Butom, de 300 habitantes. Dali pode-se ver o assentamento israelense vizinho de Avigay.

Dois “postos avançados” de Avigay controlam tanto essa aldeia quanto a vizinha, Mitzbeh.

Estão ambos cercados. A aldeia sitiada está situada no final de uma longa trilha pedregosa, que quase venceu nosso carro de tração nas quatro rodas. Fui recebido por uma criança traumatizada que fez uma careta. Ela tinha medo de estranhos, depois do que testemunhou nas últimas semanas.

Um grupo de agricultores serviu-nos chá. Disseram que pouco depois do dia 7 de outubro quatro colonos armados entraram na aldeia, causando pequenos danos e partiram.

Durante alguns dias, os colonos concentraram-se em propriedades periféricas, demolindo casas e destruindo edificações agrícolas, obrigando os habitantes a fugir. Três dias depois, os colonos, todos vestindo uniformes militares, retornaram. Desta vez, espancaram vários aldeões e saquearam suas antigas casas construídas com barro.

Na noite de sexta-feira passada eles voltaram e atacaram os aldeões de novo, incluindo um homem de 72 anos. Cada vez que os colonos chegam, eles dizem aos aldeões para irem embora.

O agricultor local Khalid Jibril relatou: “Eles apontaram uma arma para a minha mulher, bateram-me, roubaram o meu telefone e apontaram armas para as crianças”.

Jibril, que usa um keffiyeh na cabeça, acrescentou: “basta mencionar os soldados para as crianças que elas começam a tremer”.

Repetição da Nakba
Para os palestinos, isso tudo parece uma repetição da Nakba de 1948, quando 750 mil pessoas foram expulsas das suas casas, para nunca mais regressarem. Como hoje, eles foram forçados a sair em meio à violência massiva.

Quando saíamos das colinas do sul de Hebron, os colonos já estavam impondo prazos. Em Um Al-Khair, uma pequena aldeia flanqueada por todos os lados por colonos israelenses, disseram aos aldeões que deveriam hastear uma bandeira de Israel até às 19 horas da noite anterior, ou enfrentariam a destruição.

No dia anterior, os colonos tinham incendiado a casa de um agricultor. Quando as vítimas chamaram a polícia, disseram-lhes: “vocês são mentirosos e vamos prendê-los”.

Nas proximidades de Tuwani, os moradores foram instruídos a partir. “Vão para a cidade!” ― dizem os colonos israelenses. O patriarca local, Hafez Hureini, reagiu: “Não, nunca. Nada me fará sair da minha casa”.

Algumas aldeias já cederam à pressão. A comunidade de 250 pessoas de Khirbet Zanufah, nas colinas do sul de Hebron teve que fugir. De acordo com o grupo israelita de direitos humanos B’Tselem, 13 comunidades de pastores foram evacuadas no último mês.

Os ocupantes israelenses estão trabalhando de acordo com um plano e não há nada de secreto nisso.

Partidos de extrema direita
No final do ano passado, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, salvou sua pele ao formar uma coligação com dois partidos políticos de extrema-direita.

O primeiro foi Otzma Yehudit (“Poder Judaico”), liderado por Itamar Ben Gvir, um racista declarado que, ao embarcar na carreira política em 2020, pendurou em seu gabinete um retrato de Baruch Goldstein ― o assassino em massa que executou o massacre de 29 palestinos em 1994 na Mesquita Ibrahim, em Hebron.

Ben Gvir está agora encarregado do policiamento da Cisjordânia, como ministro da Segurança Nacional de Benjamin Netanyahu, posição por meio da qual providenciou a distribuição de fuzis de assalto às “equipes de segurança civil”. Quando pode, ele supervisiona pessoalmente a distribuição.

Benjamin Netanyahu também abraçou o Partido Religioso Sionista, liderado pelo incendiário de extrema direita Bezalel Smotrich.

Ele deu a Bezalel Smotrich o cobiçado cargo de ministro das finanças, mas Bezalel Smotrich buscou um prêmio ainda mais significativo. A cláusula 21 do acordo da coligação de dezembro passado atribuiu a Bezalel Smotrich “total responsabilidade” sobre a Área C da Cisjordânia.

A Área C é mantida sob controle militar e civil israelense, de acordo com o Acordo de Oslo, de 1993.

Isso abarca cerca de 60% da área terrestre da Cisjordânia, incluindo as aldeias isoladas nas colinas do sul de Hebron. Aproximadamente 350 mil palestinos vivem na Área C, juntamente com 500 mil colonos israelenses. Estes últimos, nos termos daquele Acordo e do direito internacional, são completamente ilegais.

O acordo da coligação fez nominalmente de Bezalel Smotrich – que descreve a si mesmo como um “homófobo fascista” – o comandante da chamada “administração civil” da Cisjordânia.

Direito militar
“Administração civil” é, da sua parte, um termo orwelliano.

Enquanto os colonos ilegais israelenses gozam de plenos direitos como cidadãos, os palestinos são governados pela lei militar israelense. Na melhor das hipóteses, estão sujeitos a julgamentos arbitrários, feitos pelas autoridades militares de Israel.

No entanto, com Bezalel Smotrich no comando, tal como num gueto nazista, passaram a não ter quaisquer direitos.

A “administração civil” dirigida por Bezalel Smotrich outorga-lhe o controle total sobre quase todos os aspectos da vida palestina.

Bezalel Smotrich e Ben Gvir têm a Cisjordânia como seu playground. Seus planos nunca foram secretos. Eles estão definidos de forma bastante explícita nos princípios fundadores do acordo de coligação do atual governo, que afirma que “o povo judeu tem o direito exclusivo e indiscutível a todas as partes da terra de Israel”.

Em outras palavras, isso significa a anexação cabal da Cisjordânia ocupada, contrariando até mesmo as posições britânicas e americanas de apoio a uma “solução de dois Estados”.

Muito antes de 7 de outubro, Ben Gvir e Bezalel Smotrich, já tinham defendido o “extermínio” da cidade palestina de Howara, local onde os colonos israelenses realizaram um pogrom contra os palestinos e operaram incansavelmente para pôr aquelas ideias em prática.

Agora, a posição de ambos lhes permite patrocinar um ataque em grande escala dos colonos. Mais uma vez, a mensagem aos palestinos é simples: saiam ou morrerão.

“Espere pela grande Nakba”
Os residentes da aldeia de Deir Istiya, na Cisjordânia, receberam cartas de advertência afirmando: “vocês queriam a guerra, agora esperem pela grande Nakba”. A isso se acrescia a ordem para que fugissem para a Jordânia.

Viajei de ônibus até esta vila, nas colinas acima da antiga cidade palestina de Nablus, para encontrar Faraz Diab, chefe do município. Ele me contou que um grupo da rede Telegram chamado “caçadores de nazistas” está fazendo circular ameaçadoramente seus dados, incluindo sua foto. “Eles deveriam ser presos”, diz ele, mas há poucas chances de isso acontecer.

A agência humanitária da ONU, OCHA, declarou em 6 de novembro que, desde 7 de outubro, 147 palestinos, incluindo 44 crianças, foram mortos pelas forças militares israelenses na Cisjordânia (ou seja, fora de Gaza), com mais oito, incluindo uma criança, mortos por colonos.

Acrescenta: “Desde 7 de outubro, pelo menos 111 famílias palestinas, compreendendo 905 pessoas, incluindo 356 crianças, foram deslocadas, por força da violência dos colonos israelenses e das restrições de acesso”.

“Você tem que sair!”
Além da tragédia humana, este é um desastre global. Agricultores, pastores e tribos beduínas nômades vivem nas colinas e vales escarpados da Cisjordânia desde tempos imemoriais. Eles estão ali desde muito antes que quaisquer israelenses, sobretudo os importados dos últimos 50 anos.

Se forem forçados a abandonar seu antigo modo de vida, sua história, literatura e canções irão embora com ele. Seus meios de subsistência baseiam-se na terra e no ciclo anual, à medida que os pastores passam das pastagens de verão nas colinas para as pastagens de inverno no agora fechado Vale do Jordão.

Muitos não irão. Na sexta-feira passada, diz Khalid Jibril, os colonos emitiram um ultimato. “Você deve ir embora, ou vamos matá-lo. E mataremos seus filhos também, tal como fizemos com as crianças de Gaza”.

Khalid Jibril já foi espancado pelos colonos israelenses. Ele lhes disse: “nossos filhos não são diferentes das crianças de Gaza. Se é isso que querem, venham e façam! Nós não vamos sair”.

Para o movimento de colonos de Israel, com as Forças de Defesa Israelenses (FDI) ao seu lado, este é o seu momento.

A transferência forçada de um povo ocupado é um crime de guerra, mas não consigo encontrar mais que o habitual “apelo” a Israel, por parte do governo do Reino Unido, para “responsabilizar os culpados”.

Esse silêncio é interessante. Em tempos normais, Diane Corner, a cônsul geral britânica em Jerusalém, emite condenações fortes, mesmo que impotentes, à violência dos colonos.

Mas à medida que os ataques começaram a se transformar num reinado de terror em toda a Cisjordânia, ela passou a não ter mais nada a dizer.

Busquei contato com a Sra. Diane Corner através do Twitter, explicando que estava preparando uma matéria sobre as atrocidades dos colonos, incluindo transferências forçadas, em toda a Cisjordânia.

Também é notável que, em tempos normais, o cônsul britânico tem sido rápido em condenar tais atrocidades. Perguntei-lhe por que ela havia ficado em silêncio.

Enquanto o Declassified UK preparava este artigo para publicação, não houve qualquer resposta. Na ausência dela, imagino que Diana Corner, uma mulher decente e bem informada, recebeu ordens de manter a boca fechada, dadas por um governo britânico que prometeu seu apoio “inequívoco” ao Israel de Benjamin Netanyahu.

*Peter Oborne é jornalista. Autor, entre outros livros, de The assault on truth: Boris Johnson and the emergence of a new moral barbarism (Simon & Schuster)

 

Categorias
Mundo

Vídeo – Bruxa sionista: Jornalista Deborah Srour, que defende o extermínio de palestinos em Gaza, incluindo crianças

“Não há inocentes em Gaza”, afirma a mortícia sionista num programa da Band e compara todos os palestinos, inclusive crianças, a animais.

O nome do programa é “Hora Israelita”.

Essa figura sombria, em uma frase tenebrosa, diz ter orgulho de ser sionista, ou seja, racista quando prega o genocídio total do povo palestino ao dizer que todos os seres humanos de Gaza, incluindo mulheres, grávidas, bebês, crianças têm que ser exterminados.

Essa umbalesca figura, que é a própria imagem das trevas, segundo consta, mora em Nova York e gravava vídeos para a TV Bandeirantes, até a emissora romper o contrato com a jornalista por sua opinião incitando o crime de ódio contra todo o povo palestino.

Veja o vídeo:

https://twitter.com/lazarorosa25/status/1718989742123933996

Categorias
Mundo

Israel matou Shani

Após dias hospitalizada, faleceu hoje Shani Louk, a famosa turista alemã do vídeo que viralizou mostrando o corpo de uma mulher na caçamba de uma caminhonete.

Julgaram que Shani havia sido estuprada e morta pelo Hamas por estar seminua e aparentemente sem vida no tal vídeo. Mas depois foi confirmado que, na verdade, ela havia sido ferida no fogo-cruzado e no momento do vídeo estava sendo resgatada pelos palestinos. Além disso, ela já estava seminua na festa rave que ficou no meio dos confrontos entre o Hamas e as IDF (Forças de Defesa de Israel), não tendo sido despida para ser estuprada.

Os noticiários também hipocritamente ressaltaram o fato de no vídeo um homem cuspir no corpo de Shani, acusando o Hamas de praticar vilipêndio de cadáver ou coisa do tipo. Convenientemente, ignoram o que tal homem estava desuniformizado e desarmado no vídeo, com tudo indicando ser apenas um civil empolgado no frenesi de ver rompido pela primeira vez o cerco do apartheid israelense. Claro que é sempre errado cuspir no corpo de alguém, mas o que se espera de reação emocional de um povo submetido a oitenta anos de ocupação e genocídio?

Shani foi evacuada para um hospital em Gaza, onde estava sendo cuidada por médicos palestinos há mais de vinte dias. Agora, confirmaram seu falecimento. Da mesma forma que mentiram no começo da história, mentem agora. Reportam a confirmação de sua morte como se os palestinos a tivessem executado em cativeiro, mas Shani morreu por consequência do colapso hospitalar em meio aos incessantes bombardeios israelenses.

Israel matou Shani. Uma tragédia – mas não maior do que as mais de três mil crianças também assassinadas pelas IDF nas últimas três semanas.

Tentaram fazer de Shani um símbolo da violência do Hamas. Mas o que conseguiram foi criar um símbolo da mentira da mídia sionista.

*Do twitter de Lucas Leiroz