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PM de Tarcísio matou um por dia na Baixada, inclusive mãe, trabalhadores, pessoas com deficiência

Em 58 dias, segunda fase da Operação Escudo, uma das mais letais da história da polícia em São Paulo, matou 56 pessoas sob a alegação de confronto. Parte das vítimas, porém, foram encontradas desarmadas e nenhum PM foi ferido nas ações.

A segunda fase da Operação Escudo da PM do governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) matou 56 pessoas em 58 dias. Praticamente uma por dia, com apoio do governador e o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, ambos denunciados esta semana ao Tribunal de Haia por crimes contra a humanidade.

Apesar da contagem oficial de mortos, pelo menos 62 pessoas morreram em toda a região desde a morte do soldado Cosmo, da Rota, em 2 de fevereiro, o que motivou a segunda fase da operação Escudo. Somada à primeira fase da operação Escudo, entre julho e setembro, que deixou 28 mortos em 40 dias, a PM de Tarcísio matou ao menos 84 pessoas na Baixada Santista até 1º de abril. Foi quando encerrou a operação que entrou para a história como a segunda mais letal desde o Massacre do Carandiru, há 32 anos.

Vítimas não tinham armas
O governo Tarcísio alega que as mortes resultaram de confrontos e da “reação violenta de criminosos” ao trabalho policial. Mas entre os mortos estão a mãe de seis crianças, trabalhadores e pessoas com deficiências. E também não houve nenhum registro de PMs feridos nas ações. Além disso, as vítimas estavam desarmadas. É o caso de Leonel Santos, como mostra levantamento do site UOL divulgado nesta sexta-feira (12). Leonel era deficiente e usava muletas. Ele conversava com seu vizinho, Jefferson Ramos Miranda, do Morro do São Bento, em Santos, onde ambos moravam. E policiais saíram de surpresa de uma área de mata e efetuaram disparos com fuzil.

A PM alegou que os dois homens estavam armados e que reagiram à abordagem. Testemunhas rebatem e afirmam que houve execução. Imagens feitas antes do crime mostram Leonel sentado, com as muletas, o que o impediriam de atirar. Além disso, de acordo com a família, há laudos médicos que atestam as dificuldades físicas de Leonel, que era também beneficiário do Benefício de Prestação Continuada (BPC) para pessoas com deficiência.

Fórum de Segurança suspeita que a PM alterou ‘cenas do crime’ na Baixada Santista

A alegação de confronto também é desmentida no caso do ajudante de pedreiro Alex Macedo Paiva. Policiais do Choque o teriam matado dentro de casa, na comunidade do Saboó, em Santos. Vizinhos relataram que os policiais teriam entrado sem ordem judicial na casa do trabalhador e ligado sirene e giroflex da viatura para abafar os sons de tiros. Familiares e moradores, que não puderam ver o corpo, acreditam que Alex também foi torturado. O reconhecimento foi por foto.

Testemunhas e laudos confirmam que PM de Tarcísio mentiu
Os amigos Davi Gonçalves Júnior e Hilderbrando Simão Neto também morreram dentro de casa, pela ação de policiais do 1º Batalhão de Choque da Rota. Ambos eram jovens negros. A polícia diz ter invadido a casa de Hilderbrando após uma denúncia de tráfico de drogas.

A família do jovem de 24 anos contesta e destaca que ele tinha deficiência visual grave, que “afetava a execução de suas atividades diárias” e o impossibilitaria de oferecer resistência violenta à abordagem policial. Hilderbrando sofria de uma doença degenerativa chamada “ceratocone bilateral avançado” desde 2016. Por isso era cego total de um olho e sofria de baixa visão no outro, conforme laudos médicos.

Eles avaliam ainda que o jovem foi confundido com o namorado de sua ex-mulher e mãe de seus filhos, que é um homem preso uma semana depois, em Uberlândia (MG), acusado de matar um policial. Um dos casos mais emblemáticos das vítimas da operação escudo é o de Edneia Fernandes Silva, de 31 anos. Edneia conversava com uma amiga sentada em um banco da praça José Lamacchia, por volta das 18h de uma quarta, dia 27, quando foi baleada na cabeça pela PM. Levada a uma Unidade de Pronto-Atendimento (UPA), foi transferida para a Santa Casa, mas morreu no dia seguinte, deixando seis filhos.

Denúncia em Haia
Nesta semana, a deputada federal Luciene Cavalcante, o deputado estadual Carlos Giannazi e o vereador Celso Giannazi, todos do Psol, denunciaram Tarcísio e Derrite ao Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia, na Holanda. Os parlamentares os acusam de crimes contra a humanidade por conta das dezenas de mortes na operação policial. De acordo com parlamentares, a decisão de levar as acusações surgiu da ausência de investigações a respeito das suspeitas de “execuções sumárias, tortura e prisões forjadas” nas ações.

A representação cita, ainda, o tom debochado de Tarcísio ao falar sobre outras denúncias contra a atuação policial e o aumento da letalidade. Em entrevista em 8 de março, o governador chegou a dizer que estava “nem aí” ao minimizar o encaminhamento de denúncias sobre os casos de violação e reiterando apoio à operação policial.

Na ocasião, jornalistas questionaram o governador sobre uma denúncia contra sua gestão enviada ao Conselho de Direitos Humanos da ONU pela Comissão Arns e a organização Conectas. As entidades brasileiras também apontaram ao mundo as “execuções sumárias, tortura e prisões forjadas” nas duas fases da Operação Escudo. Uma reportagem do jornal Folha de S. Paulo revelou que o deboche de Tarcísio motivou o aumento da violência policial e do números de mortes.

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Saiba o que comissão de Bolsonaro propôs para pessoas com deficiência mental

Prática não tem qualquer fundamento científico para condições como o autismo e só é indicada para poucas situações, muito específicas, sob anestesia e com consentimento do paciente.

Na última terça-feira (18), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estava em reunião com os chefes dos três poderes, em Brasília, e quando surgiu na pauta a recente escalada de ataques a escolas que o país vem sofrendo, deu uma declaração infeliz, associando os autores dos violentos ataques a pessoas com deficiência mental e condições correlatas. Após uma enxurrada de críticas, Lula entendeu a razão pela qual a frase foi infeliz e, no último sábado (22), fez questão de se retratar publicamente.

“Gostaria de pedir desculpas sobre uma fala que fiz na semana passada, durante reunião sobre violência nas escolas. Conversei e ouvi muitas pessoas nos últimos dias e não tenho vergonha de assumir que sigo aprendendo e buscando evoluir. Quero me retratar com toda a comunidade de pessoas com deficiência intelectual, com pessoas com questões relacionadas à saúde mental e com todos que foram atingidos de alguma maneira por minha fala”, declarou o presidente por meio da sua conta no Twitter.

O episódio despertou o debate sobre como tratamos a saúde mental, tanto no âmbito privado e cotidiano, como em termos de políticas públicas. Após a fala infeliz e a retratação, Lula prometeu desenvolver políticas públicas que busquem incluir as pessoas com deficiência, seja física ou psicológica, fazendo com que tenham condições de viver e se desenvolver como qualquer outro cidadão, segundo a Forum.

A diferença para o último governo é gritante. Em dezembro de 2021, meses após escândalos referentes ao combate à pandemia virem à público, o então governo Bolsonaro atacou os autistas (Clique aqui e saiba mais sobre autismo). Uma comissão do governo defendeu o uso de eletrochoques em pessoas que convivem com tal condição. E assim como outros factoides bolsonaristas, a prática não tem qualquer fundamento científico para pessoas com autismo e só é indicada para poucas situações, muito específicas, sob anestesia e com consentimento do paciente.

Relembre a proposta ‘medieval’ do governo Bolsonaro

Na ocasião, um documento elaborado pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), vinculada ao Ministério da Saúde, sugeriu o uso de eletroconvulsoterapia em pacientes com grau elevado de autismo, ou com comportamento violento em decorrência do transtorno, embora esse seja um procedimento psiquiátrico muito restrito e apenas possível em casos bem específicos, com anestesia e consentimento do paciente, sem qualquer indicação ou eficácia comprovada em casos de autismo.

A eletroconvulsoterapia, chamada nos meios técnicos também de ECT, assim como a estimulação magnética transcraniana, a EMT, são procedimentos em geral aplicados a pacientes com quadros gravíssimos de depressão e incontrolável ideação suicida, assim como para situações de catatonia, quando o paciente fica imóvel, sem esboçar movimento corporal algum.

A proposta constava no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT), que admitiu claramente não haver indicação desse tipo de tratamento em pacientes com autismo, reconhecendo que a alternativa sequer aparece nas diretrizes e orientações internacionais, uma vez que não há resultados que comprovem benefícios para esse público. Ainda assim, a normativa deixa a eletroconvulsoterapia como uma possibilidade, baseada numa chancela de uma inespecífica e genérica “equipe especializada”.

Nos casos de pessoas diagnosticadas com o chamado Transtorno do Espectro Autista (TEA), os tratamentos indicados ficam restritos a medicamentos e acompanhamento e intervenção comportamental, jamais o uso da ECT, mesmo em casos de agressividade, autoagressividade ou perda e limitação de movimentos nesses pacientes, conforme assinalou, à época, o psiquiatra de crianças e adolescentes Ricardo Iugon Arantes, em entrevista ao portal Terra.

“Eles deram uma espécie de ‘salto duplo carpado’ para tentar justificar essa possibilidade

que nunca deveria constar num documento oficial. Não discordo que haja indicações precisas e técnicas para a ETC e EMT, mas autismo certamente não é o caso”, falou Arantes.

Também é época, a Fórum ouviu o então deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP), médico e ex-ministro da Saúde do governo Dilma Rousseff. Padilha explicou que, quando a Conitec foi criada, a intenção era justamente permitir que um colegiado e representantes de vários setores ligados à Saúde discutissem as terapias aplicadas a pacientes, por meio de evidências científicas, não deixando o tema nas mãos do governo. Ele frisa que não há, de fato, evidência sobre a eficácia desse tipo de procedimento em pessoas com autismo.

“Mesmo sem evidências científicas, o Ministério da Saúde colocou para consulta pública uma atualização do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para o Comportamento Agressivo no Transtorno do Espectro do Autismo. No documento, o MS propõe a ‘aplicação da eletroconvulsoterapia para controle de comportamento agressivo de autista’. Quando criamos a Conitec por lei, quando fui ministro, era exatamente para que a decisão sobre uma terapia no SUS fosse debatida e sustentada com evidências científicas, não ficasse na mão do governo de plantão. Por isto temos que nos posicionar tecnicamente sobre este tema enquanto estiver na fase de consulta pública. É preciso se mobilizar contra qualquer decisão de cuidado com a vida humana sem evidência científica. O histórico do uso da eletroconvulsoterapia nos transtornos mentais p’re SUS é um histórico de agressões aos direitos dos pacientes e suas famílias. Um governo que nega a ciência e ameaça técnicos da Anvisa favoráveis a vacina, não tem a menor condição de fiscalizar adequadamente o uso de terapias como essa. Já estou em contato com as entidades e associações da pauta de saúde mental e me somo à nota técnica que eles divulgaram. Como deputado federal, nosso mandato convocará Audiência Pública para debater esse tema tão logo a Câmara volte do recesso”, disse Padilha.

Entidades se manifestam

Uma nota de protesto à Consulta Pública do Conitec foi emitida dias depois do anúncio da proposta por um grupo de entidades contrárias ao uso da eletroconvulsoterapia. Nela, mais de 200 organizações da sociedade civil se manifestam contrariamente às orientações constantes no documento proposto pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS.

“Nesse sentido, é preocupante notar que as expressões “consentimento“, “autorização”, “licença” e “concordância” não aparecem no documento da Conitec, o que sinaliza o risco de naturalizar intervenções sobre o corpo de pessoas autistas sem que sequer se cogite o seu consentimento”, destaca um trecho da nota.

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Congresso derruba saco de maldades de Bolsonaro do BPC contra idosos e pessoas com deficiência

Congresso derruba veto a projeto que facilita acesso ao BPC.

Benefício é pago a idosos e pessoas com deficiência; renda máxima para obter o BPC passa de R$ 259,75 para R$ 519,50. Impacto fiscal é de R$ 20 bilhões ao ano.

Com o voto de 302 deputados, o Congresso Nacional derrubou o veto do presidente Jair Bolsonaro ao Projeto de Lei 3055/97, do Senado, aumentando de 1/4 de salário mínimo para meio salário mínimo o limite da renda familiar per capita para idosos e pessoas com deficiência terem acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC). Houve 137 votos a favor do veto.

No Senado Federal, foram 45 votos a 14, pela derrubada do veto. Agora a matéria será promulgada como lei. Para sua execução, entretanto, serão necessários ajustes na lei orçamentária para alocação dos recursos.

O governo argumenta que isso criaria despesas obrigatórias ao Executivo sem indicação da respectiva fonte de custeio, desobedecendo à Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar 101/00) e ao Regime Fiscal (Emenda Constitucional 95, de 2016).

Segundo o deputado Osmar Terra (MDB-RS), ex-ministro da Cidadania, pasta que cuida do programa, o impacto será de R$ 60 bilhões, mas os parlamentares a favor da derrubada do veto indicam que cálculos do próprio governo indicam um aumento de R$ 11 bilhões nas despesas com o benefício.

 

 

*Fonte: Agência Câmara de Notícias

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Zeca Dirceu a Guedes: Além de Tchutchuca de banqueiro, Paulo Guedes se mostra um canalha irresponsável

Em abril, Zeca Dirceu foi protagonista de um debate que desestruturou emocionalmente o ministro durante audiência na CCJ da Câmara. Ao ser chamado de “tchutchuca” dos banqueiros, Guedes reagiu com ira: “Tchutchuca é a mãe, tchutchuca é a vó”.

Protagonista de um embate que desestruturou emocionalmente o ministro da Economia de Jair Bolsonaro durante audiência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara em abril, o deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR) comentou as declarações de Paulo Guedes, que defendeu a implementação de um novo AI-5 diante dos discursos do ex-presidente Lula, nesta terça-feira (26) no Twitter.

“O @PauloGuedesReal além de Tchutchuca de banqueiro, agora se mostra um canalha irresponsável. Direto dos EUA, ameaça novamente o país com um novo AI5 e estimula infiltrados, para realizar “quebrar tudo” em manifestações nossas, que sempre foram pacíficas”, tuitou Zeca.

Em abril, a participação de Paulo Guedes em audiência na CCJ foi encerrada após mais de seis horas de duração depois de uma confusão que se formou quando o Zeca Dirceu afirmou que o ministro age como “tigrão” em relação a aposentados, idosos e pessoas com deficiência, mas como “tchutchuca” em relação à “turma mais privilegiada do nosso país”.

“Você não falte com o respeito comigo. Tchutchuca é a mãe, tchutchuca é a vó”, disse Paulo Guedes, profundamente irritado.

 

 

*Com informações da Forum