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A farsa do governo sobre as manchas do óleo no Nordeste, aponta o GGN

As notícias, em contrapartida, continuam sugerindo a farsa da ocorrência de vazamento em navio, quando a catástrofe equivale ao derramamento total do conteúdo de milhares de navios.

Manchas de óleo: o que está sendo ocultado?

Desde o final de agosto, quando manchas de óleo surgiram em Maraú, no sul da Bahia, e em diversos estados do nordeste, acabando por se alastrar por todos eles, uma farsa absurda vem encobrindo um acidente monstro, um crime ambiental sem precedentes no país.

Como podemos afirmar, fora de dúvidas, tratar-se de um acidente monstro?

O primeiro fato a sugerir essa conclusão foi a constatação de que a poluição se alastrava por uma extensão gigantesca, que superava a marca de 2 mil quilômetros – agora 2.300. A vastidão da tragédia ambiental impediu que o fato pudesse ser ocultado da população.

Evidência ainda mais estarrecedora do desastre monstro foi notificada no dia 11, quando a análise de imagens de satélite revelou a existência de duas manchas descomunais, verdadeiras ilhas de petróleo que, juntas, cobriam extensão de 25 quilômetros quadrados, aglutinando quantidade de petróleo equivalente à carga total de um petroleiro. Embora por si impressionante, quantidades análogas de petróleo já vazaram em outras ocasiões em várias partes do mundo e até no Brasil, constituindo grandes acidentes. O fato verdadeiramente aterrorizante, no entanto, não foi propriamente a extensão gigantesca da evidência, mas o longo período através do qual a mancha perdurou. O decaimento das manchas de óleo no oceano é muito rápido, chegando a reduzi-las a um décimo do tamanho original em uma semana. Cálculos baseados em tal constatação revelam estimativas tão sinistras que impronunciáveis para a quantidade de petróleo originada no derramamento. A evidência sugere um derrame de óleo sem precedentes capaz de fazer o da Deepwater Horizon – considerado o maior de todos os tempos –, parecer bolinho.

Tanto a mancha revelada pelo radar do satélite, quanto as estimativas do tamanho monstruoso do desastre vêm sendo ocultadas da população. As notícias, em contrapartida, continuam sugerindo a farsa da ocorrência de vazamento em navio, quando a catástrofe equivale ao derramamento total do conteúdo de milhares de navios.

A mancha em questão foi descoberta através da implementação de procedimento padrão decretado para casos análogos, embora realizado com atraso de quase um mês e meio, e por atitude individual, tendo os órgãos governamentais se desobrigado da tarefa atribuída a eles por norma.

Ao invalidar a hipótese de vazamento de navio, dada a quantidade desmesurada de óleo evidenciada pela mancha, demole-se também a parte mais sórdida da farsa: a imputação do crime à Venezuela.

Essa farsa já havia sido completamente desmascarada quando apresentada no Fantástico com o objetivo de “provar”, de maneira fraudulenta, a mentira. Ao constatar que a análise química do petróleo da mancha tinha origem brasileira, e não venezuelana, os farsantes editaram a reportagem “incriminatória” sem apresentar qualquer dado sobre o petróleo venezuelano, comparando a análise da mancha com amostra uma brasileira e outra oriunda do Oriente médio “provando” desse modo sua origem venezuelana. Tóin.

O boato que atribui origem venezuelana ao petróleo que está poluindo a costa do nordeste foi plantado com o intuito de ocultar a catástrofe, farsa endossada e fortalecida pelo presidente da república que além de insinuá-la decretou sigilo sobre o relatório da Petrobrás que esclarece o assunto.

Como desvendar completamente a farsa?

Existe uma maneira muito simples de desvendar toda a farsa, basta retroceder as imagens da mancha obtidas por satélites ao longo do tempo, localizando desse modo sua origem. A tarefa exige o conhecimento de sensoreamento remoto e pode ser feita recuperando-se imagens dos satélites europeus Sentinel 1 e 2, não há mistério nisso.

Adendo: Na segunda-feira pela manhã, enquanto eu denunciava a farsa apresentada na véspera, no Fantástico, a reportagem apresentada no site G1 foi editada tendo sido retirada a parte que comprovava a fraude, como denunciei em texto anterior. Agora, o vídeo no G1 retornou ao formato original, eis o trecho anteriormente retirado, que deveria comprovar a identidade venezuelana da amostra, mas trata apenas de petróleo brasileiro e do Oriente Médio.

 

 

*Gustavo Gollo/GGN

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Mestre da picaretagem: Flávio, Eduardo e Carluxo, quem levará o prêmio “Bandido de Estimação”?

Afinal, quem está na berlinda no reality show do clã Bolsonaro, Flávio, Eduardo ou Carluxo? Quem leva o prêmio de monumento da picaretagem? Qual dos três levará o leitão no decisório certame?

O vencedor, certamente, tem que suar a camisa. Flávio, como todos sabem, é a extensão de Queiroz. Ele arrumou uma palavrinha ajeitadora na mídia “rachadinha” para designar de forma quase angelical, um esquema pesado com a milícia dentro de seu gabinete que o elenca a mestre na arte de fazer o patrimônio se multiplicar muitas vezes em pouco tempo.

Mas Eduardo tem um meticuloso plano de campanha para arrebatar, a muque, a palma da vitória, seja pelo fato de querer ser embaixador nos EUA, a partir de sua honorabilidade como chapeiro, seja como muralha na comissão que preside na Câmara para não deixar que, através de seu advogado, o militar, preso na Espanha com 39kg de cocaína no avião da comitiva presidencial, possa se explicar.

Não resta dúvidas de que há mais caruncho do que buraco nesse milho. Isso, sem falar que Eduardo também protege Letícia Catelani, ex-diretora da Apex.

Já Carluxo, esse personagem pitoresco do clã é a grande reserva imoral do seu próprio tutor, Jair Bolsonaro. É ele que usa os melhores truques nas redes sociais para se passar pelo pai, com o consentimento do próprio, como fez ontem, saindo da toca e pressionando o STF na conta do pai e, depois, admitindo que foi ele, Carluxo, quem escreveu o bilhete.

Na verdade, isso mais se parece com um cochicho digital do Bolsonaro que, vendo a reação negativa no STF, que poderia implicar Flávio e, consequentemente ele próprio, mandou Carluxo assumir os méritos do pombo para tirar o seu da reta e não azedar ainda mais a coisa de um governo que já está talhado.

Seja como for, a fala do Delegado Waldir celebrando Flávio Bolsonaro como “bandido de estimação” provocou ciúmes em Eduardo e Carluxo e, agora, numa disputa para levar o cinturão e o busto de bronze, cada um deles puxa a brasa para a sua maquete para saber quem é o mais vigarista dos três.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

 

 

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Que áudio é esse que o Delegado Waldir promete revelar para implodir o governo Bolsonaro?

“Eu vou implodir o presidente. Aí eu mostro a gravação dele.”

A pergunta é: a que gravação o deputado Delegado Waldir se refere?  Parece que o delegado tem um áudio comprometedor como carta na manga contra Bolsonaro.

O Brasil já sabe que a cria de Bolsonaro no PSL não é coesa e nem poderia ser. Ali não vingou ninguém com a mínima sombra de ética ou fidelidade, sequer algo que se pareça com decência.

Essa quantidade de políticos se digladiando dentro do partido é o laboratório daquilo que eles fizeram, unidos, na eleição para se elegerem e, na sequência, elegerem Bolsonaro. Ou seja, todos sabem tudo de todos ou quase tudo.

O fato é que o Delegado Waldir ameaçou Bolsonaro com a gravação como uma bala de prata saída da garrucha que carrega na cintura. Como não foi contestado por ninguém na hora em que chamou Bolsonaro de Vagabundo, é porque ele tem razão nas duas coisas, melhor dizendo, ele tem bala para dizer o que disse.

Seja como for, nunca a pintura do Brasil submundo floresceu tanto dentro da república. Primeiro, porque foi transplantada a milícia para dentro do governo, em quantidade e qualidade. Segundo, porque o baixo clero, substituindo o PSDB, mostra a escultura grega que os próprios tucanos esculpiram contra si e contra o país no golpe de Estado contra Dilma e na mexida dos pauzinhos filiando-se à Lava Jato na prisão de Lula.

Na realidade, Bolsonaro está diante de um impasse, depois que, certamente ouviu a gravação com a ameaça do Delegado Waldir, e não tem saída ou é fim de carreira. Se responder com ênfase à tal ameaça, corre o risco de levar um bate pronto na lata. Se vacilar, sua frouxidão o colocará numa condição de submito, subpresidente e subvalentão, o que antecipa e muito sua morte política.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Pesquisa da Veja mostra que Lula vem aí e o bicho vai pegar!

A reportagem de capa da Veja mostra uma pesquisa que, se a eleição fosse hoje, Lula venceria Moro, Huck, Ciro e Bolsonaro.

Lógico que a Veja, uma das mais virulentas revistas do fascismo nativo, com DNA tucano, tratou a coisa a seu modo e gosto.

Toda a velha xaropada tucana tatuada na alma da revistona, mantém-se intacta, mesmo com a chinelada que o PSDB tomou nas urnas, os saudosos do fracassado governo FHC são de uma fidelidade irretocável.

O fato é que Lula continua sendo Lula, e isso deixa a velha mídia em polvorosa.

A Veja fala na volta de Lula ao jogo político como se ele não fosse a grande liderança popular viva no Brasil e que sua prisão política ainda fortaleceu mais a sua imagem, mesmo a pesquisa da própria Veja desmascarando o engodo da mesma.

O que tem pesado ainda na avaliação da direita nativa, não confessada pela Veja, é que, segundo a Carta Maior: nove dias das eleições argentinas, pesquisa do dia 17 mostra uma robusta vantagem de 22 pontos da chapa peronista ‘Fernández – Cristina’, com 54% das intenções de voto, contra 31,5% de Macri. Na Bolívia, Morales tb lidera o pleito deste domingo, dia 20, mas pode haver 2º turno.

A derrota acachapante do neoliberalismo de Macri só reforça ainda mais uma candidatura Lula porque escancara a tendência de que uma nova onda progressista varre a América Latina e Lula é, sem dúvida, a maior liderança política da esquerda.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Tchau querida, acabou a mamata

Joice Hasselmann está tendo um ataque de cólera porque, da noite para o dia, perdeu a vida de rainha. Daí os seus faniquitos nas redes sociais contra Bolsonaro e cia.

Na verdade, ela está inconsolável com a perda da Liderança porque perdeu o status político, o gabinete central com 30 assessores e regalias de uma ‘líder’. Volta a ser uma deputada comum, terá de se mudar para o anexo IV e voltar a fazer vídeos no Youtube.

Disso, para virar um cadáver político, é um pulo.

Agora, em seu conhecido destempero, a destrambelhada usa seu talento para fazer suas armas contra Bolsonaro que usava contra o PT. O importante é cultivar rancor, ódio e mais ódio. Não que ela minta ao dizer que o governo Bolsonaro sustenta um exército de robôs e um tanto igual de manipuladores em redes sociais espalhados por todo o Brasil, pagos para cumprir essa missão imunda.

Joice conhece os intestinos do inferno. Ela foi voz marcante na boca do dragão, usando os expedientes mais baixos de que se tem notícia na história do Brasil. Em termos de comportamento bárbaro, Joice é um portento.

Ela nunca teve qualquer compromisso com a dignidade, com a ética, com qualquer coisa que se pareça com civilidade. A plagiadora, como é mais conhecida no meio jornalístico, tem muitos processos nas costas por tungar escritas alheias.

Por isso mesmo, Joice jamais teve crédito na praça fora daquela histeria coletiva que pirateava uma moral na sociedade e que, agora, anda mais encolhida do que cabeça de tartaruga encondida no casco.

O fato é que essa nitroglicerina atmosférica que paira sobre o elétrico PSL, não deixa de ser oneroso para Bolsonaro. A expectativa é de que os resultados da humilhação sofrida pela deputada sejam convertidos em ira santa.

Bolsonaro terá uma inimiga à altura da sujeira que o cerca e que o levou ao poder. Joice Hasselmann, certamente, tem munição para fazer uma cratera no casco do bolsonarismo e, consequentemente, no próprio governo, porque foi parte do caldeirão do diabo e, agora, depois de perder a mamata, enfurecida, volta para o ninho de origem ainda mais raivosa.

Tudo indica que ela levará todo a sua expertise de baixeza para o PSDB de Dória. Afinal, em termos de sujeira, o neojanota é parelho com Bolsonaro.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

 

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Vaza Jato: Às vésperas do afastamento de Dilma, Lava Jato rejeitou delação que prenderia Temer em 2019

Conversas no Telegram mostram que procuradoria não viu interesse público nas acusações contra então vice em 2016. “Você acha que o Supremo ia me autorizar?”, se defende Janot.

Duas semanas antes de Michel Temer assumir a presidência interinamente devido ao afastamento de Dilma Rousseff pelo processo de impeachment na Câmara em 17 abril de 2016, a Operação Lava Jato recebeu um “anexo-bomba” de uma delação premiada que, se aceito, poderia ter mudado os rumos da história recente do país. Conversas entre procuradores da Lava Jato no Telegram, obtidas pelo The Intercept e analisadas em conjunto com o EL PAÍS, permitem rastrear o momento exato em que a procuradoria teve em mãos informações que poderiam levar a uma investigação do então vice-presidente por suspeita de corrupção. Na época, porém, os procuradores consideraram que as declarações não atendiam ao “interesse público” e não aceitaram a proposta de delação. Mas, três anos depois, essa mesma delação foi utilizada pela Lava Jato para uma ação penal contra Temer e para pedir a prisão preventiva dele, já na condição de ex-presidente.

A delação, rejeitada em abril 2016 com anuência do Procuradoria Geral, mas que deu suporte à prisão de Temer em março de 2019, foi feita pelo empresário José Antunes Sobrinho, sócio da construtora Engevix, que relatou um pagamento de propina para Temer. As conversas no chat “Acordos Engevix” no Telegram mostram que os procuradores de Curitiba, Rio e Brasília receberam a proposta de Antunes em 4 de abril de 2016. O menção a Temer, que viria a ser batizada de “anexo-bomba” mais tarde, dizia que Antunes fez um pagamento de 1 milhão de reais para atender a interesses de Temer, como compensação por um contrato na usina nuclear Angra 3, da estatal de energia Eletronuclear.

O pagamento, segundo Antunes, foi entregue a um amigo do ex-presidente, o coronel João Baptista Lima Filho, o coronel Lima. O dinheiro não saiu direto dos cofres da Engevix para Temer, mas de uma companhia prestadora de serviço do Aeroporto de Brasília, que era controlado pela Engevix. A empresa em questão era a Alúmi. O relato não convenceu os procuradores.

No dia seguinte, 5 de abril de 2016, eles comunicaram aos advogados de Antunes que as negociações da delação estavam encerradas. “Pessoal de BSB e Lauro, o Antunes apresentou, neste momento, mais 2 anexos. Eles estão forçando a barra aqui. Informo que a opinião de CWB é contrária ao acordo”, afirmou o procurador Athayde Ribeiro, da força-tarefa de Curitiba no dia 5 de abril de 2016. Em resposta, o procurador Lauro Coelho, da então incipiente força-tarefa do Rio de Janeiro, respondeu apenas: “Ciente do teor”.

No exato dia em que procuradores do Paraná receberam o documento da delação contra Temer, em 2016, o então advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, fazia a defesa de Dilma Rousseff na comissão do impeachment da Câmara dos Deputados. Marcelo Odebrecht já havia sido condenado pela Lava Jato e o ex-presidente Lula também fora alvo de um mandado de condução coercitiva. Temer, por sua vez, era apontado como um dos articuladores do impeachment. Neste cenário, a acusação contra ele não era um evento trivial. Naquele ano, a Lava Jato fechou pelo menos 108 acordos de delação, segundo a planilha Colaboração_Todos (19.12.2017) compartilhada no Telegram pelos procuradores. Isso sem contar os acordos de leniência com empresas.

Imagem do "anexo-bomba" da delação de José Antunes Sobrinho, sócio da Engevix, de 2016

Era um momento peculiar, o auge da operação, como relata o ex-procurador-geral Rodrigo Janot em suas memórias recém lançadas Nada mais que Tudo. “Eu só não diria que éramos mais populares que Jesus Cristo porque não quero cometer o mesmo erro de um dos Beatles, que ousou tocar em um mito religioso, sem se dar conta do peso da religião”, escreveu Janot, no livro. “O fato é que nós, procuradores, juízes e policiais, experimentávamos uma popularidade nunca vista antes no meio jurídico”, acrescentou.

Em 21 de junho de 2017, e com Temer já no poder e enfrentando problemas com Janot, o procurador Athayde Ribeiro disse nas conversas de Telegram que a menção ao então vice feita um ano antes era um “anexo-bomba”. Àquela altura, Temer já era presidente oficial desde agosto de 2016, quando o Senado confirmou o impeachment de Dilma. “Leo, so rememorando q Rj, PR e BSB ja haviam negado acordos pra Engevix e executivos. Os anexos da epoca nao se mostraram interessantes; e tb pq nao se mostraram confiaveis, tentando jogar c “anexos bomba” aos 45 do segundo tempo, tentando nos intimidar c a Veja e por n ter apresentado provas de corroboracao”, disse o procurador Athayde Ribeiro ao procurador Leonardo Cardoso de Freitas no Telegram —a grafia original usada nos chats foi preservada. A menção à Veja parece remeter, na verdade, a uma reportagem da revista Época (semanal que concorre com a Veja) que publicou em abril de 2016 as revelações que Antunes tinha em sua proposta de delação.

Do “não” documentado à volta por cima em 2018

Diante da postura de procuradores da Lava Jato de Curitiba, Brasília e do Rio de Janeiro de rejeitar insistentemente o acordo de delação premiada com Antunes em 2016, seus advogados protocolaram ainda naquele ano uma petição no Ministério Público Federal no Paraná para reiterar que o empreiteiro continuava interessado no acordo. Em resumo, os advogados de Antunes pediram que, caso a proposta fosse rejeitada definitivamente, os procuradores assumissem por escrito que essa recusa partiu deles e prometessem que eles não usariam as informações em nenhuma investigação contra o empreiteiro.

Cópia do depoimento de José Antunes Sobrinho, da Engevix, em 2018, no inquérito dos Portos.

Em 24 de junho de 2016, o procurador Paulo Galvão compartilhou com os colegas o texto da certidão que foi entregue aos advogados. “Cumpre, preliminarmente, certificar que as negociações para eventual acordo de colaboração premiada com o réu José Antunes Sobrinho foram formalmente encerradas, consoante informado aos causídicos em reunião realizada em 5 de abril de 2016, na sede da Polícia Federal de Curitiba”, diz um trecho da certidão, que alegou genericamente “ausência de interesse público na continuidade das negociações”.

A delação de Antunes acabou retomada e homologada em 2018 por um caminho tortuoso. Temer foi delatado numa operação de enorme apelo midiático pelo empresário Joesley Batista, sócio da JBS, em maio de 2017, quando vieram à tona as conversas gravadas por Joesley em que Temer disse “tem que manter isso, viu?” depois de o empresário relatar que estava com as “pendências zeradas” com o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB), ex-presidente da Câmara e aliado de Temer que deflagrou o processo de impeachment contra Dilma.

Nessa conversa gravada, Temer também recomendou a Joesley que procurasse o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures, para resolver problemas da JBS no governo. Após combinações com o empresário, Rocha Loures recebeu uma mala de propina de 500 mil reais, que, segundo Joesley e investigações da Lava Jato, eram destinados a Temer. Essa mala de dinheiro motivou a primeira ação penal apresentada contra Temer A ação penal acabou tendo a tramitação suspensa pela Câmara dos Deputados em agosto de 2017.

As conversas de Rocha Loures com representantes da JBS, no entanto, também levantaram suspeitas sobre outro assunto, de que uma nova lei para a gestão de portos brasileiros, sancionada por Temer em 2017, visava uma troca de propinas de empresas do setor portuário. Foi então que a delação da Engevix ganhou uma nova chance num inquérito sobre portos, que investigou, ao longo de 2017 e 2018, a atuação de Temer na sanção dessa nova lei do setor. A PF argumentou que o coronel Lima tinha recolhido propinas para Temer de empresas do setor portuário, da JBS e também no caso da Engevix. Antunes finalmente assinou acordo de colaboração com a Polícia Federal —e não com os procuradores diretamente— em junho de 2018, quando faltavam seis meses para Temer deixar o poder.

O inquérito dos portos motivou uma ação penal contra Temer. Quando ele deixou o Planalto e perdeu a prerrogativa de foro privilegiado, o caso da Engevix e da Eletronuclear foi distribuído para o juiz Marcelo Bretas e a força-tarefa da Lava Jato no Rio. No fim de fevereiro de 2019, já sob o Governo de Jair Bolsonaro, Antunes prestou novo depoimento a procuradores do Rio, como parte de sua delação homologada pelo ministro Roberto Barroso. Repetiu a versão apresentada em abril de 2016 da propina de 1 milhão de reais a Temer, por intermédio do coronel Lima, em troca de contrato na Eletronuclear. Acrescentou que as negociatas também envolveram seu ex-ministro Wellington Moreira Franco e o empresário Rodrigo Castro Neves (ex-sócio do ex-senador Eunício Oliveira).

Um mês depois desse depoimento, Temer foi preso preventivamente com base nesse relato e nas investigações complementares sobre como funcionou um esquema de corrupção da Eletronuclear. Já tinham vindo à tona os comprovantes bancários e e-mails envolvendo o pagamento delatado por Antunes – e os procuradores, então, foram atrás e conseguiram o depoimento espontâneo do empresário Marcelo Castanho, diretor da Alúmi, que fez o repasse de 1 milhão de reais para o coronel Lima. Para prender Temer, os procuradores também argumentaram que o ex-presidente era acusado em ações penais de ter sido beneficiário de propinas e que era investigado em outros inquéritos por corrupção. Temer ficou menos de uma semana na cadeia e hoje responde em liberdade ao processo.

Sem consistência, segundo Janot

Em entrevista ao EL PAÍS, o ex-procurador-geral Rodrigo Janot defende sua decisão, em 2016, de rejeitar a delação de Antunes. Ele diz avaliar que não conseguiria apoio no Supremo Tribunal Federal para abrir uma investigação contra Temer com base no relato. “Você acha que o Supremo ia me autorizar a investigar o vice-presidente da República com algo que não era consistente?”, afirmou. Pelo cargo que ocupava, Janot foi o último responsável por rejeitar a delação da Engevix em 2016. O ex-procurador-geral reconhece que sabia da menção ao então vice-presidente na proposta de delação de Antunes, e que era “informado o tempo todo sobre a delação da Engevix”. Porém, desqualificou o delator como fonte crível, embora o empreiteiro tenha sido considerado fidedigno pela Polícia Federal, em 2018, pela ex-procuradora-geral Raquel Dodge e por procuradores do Rio em 2019.

Janot argumenta que Antunes “titubeava o tempo todo” e que o caso Engevix foi “sem importância”. “Não era acordo relevante para a gente. Tanto foi que quando teve algo concreto, [Temer] caiu. Caiu não, mas foi processado duas vezes”, disse, sem especificar o que seria “algo concreto”.

Em seu livro, Janot afirmou, de maneira errônea, que a prisão do ex-presidente foi motivada pelo caso da mala de dinheiro da JBS entregue ao ex-deputado Rocha Loures (MDB). Mas Temer, na verdade, foi preso por ordem do juiz Bretas, a pedido da força-tarefa da Lava Jato no Rio, pelo pagamento de propina da Engevix e pelas investigações do esquema de corrupção na Eletronuclear. Ao EL PAÍS, Janot admitiu que a informação em seu livro, sobre o motivo da prisão de Temer, foi um erro e que será corrigido.

Questionada sobre a razão de a delação envolvendo Temer não despertar o “interesse público” em 2016, a força-tarefa do Paraná disse que “houve consenso entre mais de 20 procuradores” a respeito”. A procuradoria não respondeu por que procuradores do Rio de Janeiro usaram a mesma delação em 2019 para prender Temer. “Relatos de colaboradores avaliados como inconsistentes, incompletos ou desprovidos de provas podem ser recusados”, afirmou o MPF do Paraná em nota enviada ao EL PAÍS. Afirmaram ainda que “as forças-tarefas participam das negociações e opinam, mas a palavra final é do procurador-geral.”

Procurado, o advogado Antonio Figueiredo Basto, que atende Antunes, também afirmou que não pode comentar sobre como se deu a negociação da delação de seu cliente, pois o caso está sob sigilo. Os procuradores do Rio não quiseram comentar o assunto.

Michel Temer é réu em seis processos criminais. Ele foi absolvido sumariamente nesta semana, sem julgamento, em um desses processos, por obstrução de Justiça, justamente o que analisava isoladamente se o ex-presidente causou embaraço à Justiça quando falou “tem que manter isso” ao empresário Joesley Batista. A assessoria de Temer também foi questionada a respeito do conteúdo desta reportagem, mas até a publicação não havia respondido.

A íntegra a resposta da força-tarefa da Lava Jato

“Na Lava Jato, a negociação de acordos de colaboração que envolvem fatos de diversas jurisdições e implicam agentes com foro privilegiado é feita por procuradores da República designados pelo procurador-geral que integram o Grupo de Trabalho vinculado ao seu gabinete, além de membros das diferentes forças-tarefas, todos com ampla experiência no assunto. As forças-tarefas participam das negociações e opinam, mas a palavra final é do procurador-geral. Em relação ao caso que é objeto de questionamento, houve consenso entre mais de 20 procuradores no sentido de que o acordo não atendia o interesse público. Relatos de colaboradores avaliados como inconsistentes, incompletos ou desprovidos de provas podem ser recusados. Eles podem ainda ser reavaliados em nova negociação de acordo, se o colaborador trouxer provas e informações complementares ou o desenvolvimento das investigações resulte na descoberta de novas evidências capazes de dar subsistência aos relatos. Em relação à notícia de pagamento a advogados de colaboradores, não comentamos sobre investigações em curso. O El País prejudica o direito de resposta ao omitir da força-tarefa o material que diz usar nas reportagens. Esse material é oriundo de um crime e tem sido usado fora de contexto e com edições para fazer falsas acusações contra a Lava Jato.”

“Concorrência” de delações que não daria em nada

Além do empresário José Antunes Sobrinho, sócio da construtora Engevix, seu sócio Gerson Almada também competiu para denunciar Temer. Ambos passaram a negociar os acordos depois de serem presos. No Telegram, as conversas entre os procuradores mostram que os sócios apresentaram diversos anexos ao longo de meses. Almada, por exemplo, começou entregando uma proposta com oito anexos, cada um com supostos crimes cometidos por alguma pessoa ou grupo político. Ao longo da negociação, foi expondo mais as cartas de que dispunha, e terminou por entregar 30 anexos para a força-tarefa.

Foi, inclusive, Almada quem envolveu pela primeira vez, em 29 de março de 2016, o nome de Temer em supostos crimes. Porém, quando isso ocorreu, o arquivo de texto de sua proposta de delação, compartilhada no Telegram, não trouxe detalhes. Prometia apenas que posteriormente daria mais informações. Almada se limitou a dizer que manteve uma reunião com Michel Temer, “no escritório deste, para tratar de interesses da Engevix em áreas diversas da Petrobras” e que narraria “a participação do coronel Lima nos fatos”.

Na época, os procuradores comemoraram a competição. “Viva a livre concorrencia!”, escreveu Andrey Mendonça no chat Acordos Engevix, em 30 de março de 2016, após informação de que Antunes entregaria uma nova versão dos anexos. Cinco dias depois da primeira menção a Temer, em 4 de abril de 2016, Antunes revelaria os detalhes envolvendo o ex-presidente. Sua proposta de delação foi entregue à força-tarefa de Curitiba quando faltavam apenas duas semanas para Eduardo Cunha comandar na Câmara dos Deputados a sessão que afastaria Dilma Rousseff da presidência. O relato de Antunes poderia tumultuar a vida de Temer, mas acabou na gaveta e não atrapalhou nada.

 

*Do El País

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Guerra no PSL vai se voltar, como um tanque de guerra, contra o Planalto

– O misto de inépcia e demência que norteia os atos de Bolsonaro acabou por criar, com pouco mais de 10 meses de governo, uma tempestade perfeita contra a democracia.

Aprisionado ao mundinho mesquinho do baixo clero da Câmara dos Deputados, de onde nunca deveria ter saído, Bozo levou para o Palácio do Planalto os maus modos de uma vida parlamentar medíocre e inútil. Não tem projetos, não tem ideias, não tem educação, não tem inteligência, não tem higiene, não tem amigos e, agora, não tem mais base parlamentar.

Eleito na bruma tóxica da antipolítica turbinada por fake news, Bolsonaro acreditou – aliás, não tem estrutura mental para fazer o contrário – que poderia governar macaqueando memes que sua trupe de idiotas procria nas redes sociais, como ratos que são. Mais ainda: acreditou que o torpor de idiotia nacional, potencializado pela histeria antipetista, iria durar para sempre.

A luta intestina desencadeada no PSL é emblemática desse estado de coisas. O líder do partido na Câmara dos Deputados, delegado Waldir, em meio a palavrões e impropérios, anunciou ter um vídeo capaz de “implodir” o presidente da República, a quem chamou, solenemente, de “vagabundo”.

Ato contínuo, Bolsonaro recrutou o filho mais burro, o 03, em meio à luta para torná-lo embaixador, para roubar o cargo de Waldir, mas se deu terrivelmente mal. Não só levou uma rasteira como, de quebra, viu os dois filhos parlamentares – Eduardo e Flávio – serem destituídos das lideranças do PSL, em São Paulo e no Rio de Janeiro, respectivamente.

Agora, Bozo acaba de se livrar de Joice Hasselmann, a menina veneno do bolsonarismo, defenestrada da liderança do governo no Congresso Nacional. Trata-se de um paiol ambulante de ódio e vingança que, inevitavelmente, irá se voltar, como um tanque de guerra, contra o Palácio do Planalto.

É para assistir de camarote.

 

*Leandro Fortes/247

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Para Marco Aurélio Mello placar será de 7 a 4 contra a prisão após segunda instância

É apenas a minha percepção, eu sempre acredito no melhor”, declarou o ministro do Supremo Tribunal Federal.

Marco Aurélio Mello, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), declarou a jornalistas, nesta quinta-feira (17), que acredita em um placar de 7 a 4 para derrubar a possibilidade de prisão depois de condenação em segunda instância, de acordo com informações do blog de Fausto Macedo, em O Estado de S.Paulo.

Ministros da Corte de diferentes tendências, ouvidos pelo Estadão/Broadcast, consideram como certo que o STF vai derrubar a prisão após a condenação em segunda instância.

A dúvida é saber se prevalecerá o entendimento de que a execução da pena deve ocorrer depois do trânsito em julgado, ou após uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que funciona como uma espécie de terceira instância.

“7 a 4 é o meu palpite. Não sei, como é que chegamos a sete? Eu costumo julgar os colegas por mim, às vezes sou otimista em excesso”, afirmou Marco Aurélio, no intervalo da sessão. “É apenas a minha percepção, eu sempre acredito no melhor”.

O ministro prevê que a leitura do seu voto levará 30 minutos. “Eu espero que todos percebam que há necessidade de se conciliar celeridade e conteúdo. Que nós temos um dever para com os contribuintes que é entregar prestação jurisdicional no prazo razoável”, considerou.

“Arroubo de retórica”

Marco Aurélio também comentou declarações do general Eduardo Villas Bôas, via Twitter, nesta quarta-feira (16), pressionando a Corte antes do julgamento.

Para o ministro, o comentário não passou de um “arroubo de retórica. Mas é ruim, isso não contribui para uma boa percepção do leigo”, acrescentou.

 

 

*Com informações da Forum

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Os ventos mudam: MPF pede absolvição de Lula e Dilma em suposto “quadrilhão do PT”

O Ministério Público Federal defendeu a absolvição sumária dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, além dos ex-ministros Antonio Palocci Filho e Guido Mantega e do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto na ação referente ao chamado “quadrilhão do PT”.

A ação é julgada pelo juiz Vallisney Oliveira, da 10ª Vara Federal do Distrito Federal. Segundo a jornalista Monica Bergamo, da Folha de S. Paulo, no parecer assinado pela procuradora Marcia Brandão Zollinger, diz que “não há o pretendido domínio por parte dos denunciados, especialmente os ex-presidentes da República, a respeito dos atos criminosos, que obviamente merecem apuração e responsabilização e são objeto de ações penais autônomas, cometidos no interior das Diretorias da Petrobras e de outras empresas públicas”.

A denúncia foi feita em 2017 pelo ex-procurador geral da República Rodrigo Janot, em que acusa os ex-presidentes de participação num esquema montado para coletar propinas de R$ 1,48 bilhão entre 2002 e 2016. As vantagens ilícitas teriam sido pagas em contratos da Petrobras, do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) e do Ministério do Planejamento.

 

 

*Com informações do 247

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Carlos Bolsonaro tenta pressionar STF, toma bronca e confessa ser o autor das postagens do pai

O bolsonarismo vai se desfazendo por conta própria, sem qualquer ajuda da oposição.

Carlos Bolsonaro saiu do armário definitivamente como autor das postagens do pai nas redes sociais.

Ele pediu desculpas em sua conta no Twitter por uma publicação de Jair defendendo a execução de pena após condenação em segunda instância.

Foi uma tentativa grotesca e atrapalhada de pressionar o Supremo Tribunal Federal.

Após tomar uma dura homérica do papi, apagou a presepada e fez um mea culpa patético.

“Eu escrevi o tweet sobre segunda instância sem autorização do Presidente. Me desculpem a todos!”, escreveu.

“A intenção jamais foi atacar ninguém! Apenas expor o que acontece na Casa Legislativa”.

 

 

*Com informações do DCM