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Ministério Público quer saber quanto Moro ganhou ao romper contrato com consultoria internacional

Procurador pede que Tribunal de Contas da União requisite documentos para saber quanto a Alvarez & Marsal pagou ao ex-juiz ao encerrar contrato.

O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) quer ter acesso a todos os documentos relativos ao rompimento do vínculo do ex-juiz Sergio Moro com a empresa de consultoria internacional Alvarez & Marsal, informa Mônica Bergamo, na Folha.

No ofício enviado ao ministro Bruno Dantas, do TCU, o procurador Lucas Furtado é específico: além da data do encerramento do contrato, ele pretende ter acesso aos “valores envolvidos”. Ou seja, a quanto Moro recebeu de indenização ou algo equivalente.

O ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro começou a trabalhar na empresa em novembro de 2020. A contratação causou polêmica: a Alvarez & Marsal é administradora judicial do processo de recuperação do Grupo Odebrecht. Moro julgou e condenou acionistas e executivos da empresa quando estava na magistratura.

O TCU já está investigando a contratação de Moro por suposto conflito de interesse.

Ao pedir explicações à empresa sobre a incorporação do ex-juiz a seus quadros, Dantas afirmou, no começo do ano, que atos de Moro como juiz “naturalmente” contribuíram para a quebra da Odebrecht, hoje em recuperação judicial.

Disse que a contratação dele, por essa razão, era “no mínimo peculiar e constrangedora”. E questionou se Moro não estaria recebendo por “informações privilegiadas” sobre processos contra a Odebrecht.

Questionada, a assessoria de Moro não respondeu até o fechamento desta edição. O ex-juiz, que é pré-candidato à Presidência da República pelo Podemos, está nos Estados Unidos providenciando sua mudança definitiva para o Brasil.

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PGR é contra ação que impede que Bolsonaro estimule ataques à imprensa

O procurador-geral da República, Augusto Aras, defendeu hoje a rejeição de uma ação do partido Rede Sustentabilidade, que tem como objetivo impedir o presidente Jair Bolsonaro (PL) de promover (ou incentivar) ataques aos profissionais da imprensa, informa o Uol.

A manifestação de Aras ocorreu um dia depois que equipes da TV Bahia, afiliada da Globo, e da TV Aratu, afiliada do SBT, foram agredidas em Itamaraju (BA) por seguranças e apoiadores do presidente durante a visita dele à região, atingida pelas chuvas no sul da Bahia. Segundo o relato dos profissionais e vídeos divulgados nas redes sociais, os repórteres das duas emissoras tentaram se aproximar para entrevistar Bolsonaro, mas a equipe de segurança, formando uma espécie de “paredão”, agiu para impedir a aproximação das duas equipes. Esse é o segundo relato de agressão a jornalistas enquanto fazem a cobertura de Bolsonaro em cerca de um mês.

A arguição de descumprimento de preceito fundamental não se presta à obtenção de ordem judicial para impedir o Presidente da República de atacar – verbal ou fisicamente – os profissionais da imprensa. Isso porque o ordenamento jurídico já contempla tal proibição. Além do que a análise da ocorrência concreta de eventual violação das normas jurídicas há de se dar pela via processual adequada, e não mediante o controle abstrato de normas. Augusto Aras

A ação foi movida pela Rede Sustentabilidade logo depois que outros jornalistas já haviam sido agredidos por seguranças do presidente Jair Bolsonaro, em Roma, na Itália, no começo de novembro.

Na ocasião, colunista do UOL, Jamil Chade, que cobria o evento, relatou que um segurança o empurrou, arrancou seu celular e o jogou na rua. Ele e a repórter da Folha, Ana Estela Pinto, registraram queixa das agressões na polícia. Profissionais da TV Globo, jornal O Globo e BBC Brasil também foram agredidos.

A ação do partido pedia, liminarmente, que o presidente fosse impedido de realizar ou de incentivar a realização de ataques verbais ou físicos à imprensa e aos seus profissionais, sob pena de responsabilização pessoal de R$ 100 mil.

Nesta segunda-feira (13), a Rede enviou nova petição ao STF (Supremo Tribunal Federal) na qual reforça a necessidade de a presidência da República garantir o trabalho da imprensa e a integridade dos profissionais que cobrem atos do presidente da República.

O partido informou o novo caso de agressão e ressaltou a urgência da liminar anteriormente pleiteada, visto que “os profissionais de imprensa no Brasil seguem sendo aviltados pelo Presidente da República quase todos os dias”. O texto também voltou a pedir que o presidente seja impedido de realizar ou de incentivar ataques verbais ou físicos aos seus profissionais, sob pena de responsabilização pessoal e pagamento de multa pessoal de R$ 100 mil por ocorrência.

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Natal antropofágico

Nesses tempos bicudos em que a economia brasileira está entregue a ratos, baratas e percevejos pelas mãos de Paulo Guedes, somado a um inescrupuloso sistema, pra lá de comprovado, de manipulação da difusão de conteúdos de blogs progressistas ou de esquerda, através dos algoritmos, nós do Antropofagista resolvemos fazer um apelo veemente aos que podem colaborar com o nosso trabalho através de doações a partir de R$ 1,00, que doem, porque, mesmo o blog sendo monetizado, não tem condição de se sustentar apenas com os parcos recursos cada vez menores desse tipo de financiamento.

Por isso pedimos a compreensão e a colaboração de todos os leitores que possam somar com uma parceria solidária conosco em uma espécie de caixinha antropofágica de natal.

Desejamos a todos os que nos acompanham nessa luta contra a espoliação da  oligarquia, um feliz natal e um excelente 2022, com muita saúde e esperança.

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Governo distribui R$ 2 bi em 4 dias após STF liberar orçamento secreto

A área que mais recebeu recursos foi a que destina verba para a compra de equipamentos agrícolas, como escavadeiras e tratores.

Quatro dias após a ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinar a retomada da execução dos recursos das emendas de relator, o governo empenhou R$ 2 bilhões para atender indicações de parlamentares. Cerca de R$ 1 bilhão foi destinado somente na sexta-feira passada (10/12). O Metrópoles recebeu os dados com exclusividade da ONG Contas Abertas, informa o Metrópoles.

Na terça-feira (7/12), quando o governo federal recebeu a liberação para distribuir os recursos, R$ 9,2 milhões tiveram destinação imediata. No dia seguinte, mais R$ 104,6 milhões. Na quinta-feira, foram empenhados mais R$ 646,9 milhões. E na sexta-feira, mais de R$ 1 bilhão, totalizando R$ 2 bilhões.

A pesquisa aponta que a pasta da Saúde foi a que menos recebeu verba (R$ 778 mil), apesar de os presidentes da Câmara e do Senado argumentarem que deveria ser urgente a liberação dos recursos para importantes ações na área. O Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) liderou o ranking, com 71% do valor total destinado nos últimos quatro dias.

No topo dos agraciados, está o “Apoio a projetos de desenvolvimento sustentável local integrado”. Nesta ação é que se dá a compra de equipamentos agrícolas, como escavadeiras e tratores – superfaturados no esquema do orçamento secreto, montado pelo Palácio do Planalto para reforçar o apoio no Congresso. Até o momento, 49,2% dos recursos foram empenhados para a área, sendo R$ 991.026.355,48 milhões em valores nominais.

 

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Parecer autoriza secretário a acessar dados de extradição de Allan dos Santos

Processo contra bolsonarista motivou investigação sobre suspeita de obstrução de Justiça.

A consultoria jurídica do Ministério da Justiça concluiu que o secretário nacional de Justiça pode ter acesso a todos os documentos das pastas que lhe são subordinadas, como o DRCI (Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional), por onde passou a extradição de Allan dos Santos, informa a Folha.

Segundo a consultoria, o acesso pode ser feito inclusive a questões que estão sob sigilo.

O influenciador bolsonarista está nos Estados Unidos desde que virou alvo de investigações de fake news e de ataques às instituições.

Em outubro, o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou sua prisão, pediu sua extradição e a inclusão de seu nome na difusão vermelha da Interpol, o canal de foragidos —o que até o momento não ocorreu, como mostrou a Folha.

O DRCI é o órgão do governo brasileiro responsável por cuidar de diversas questões que envolvem acordos de cooperação internacional, como extradições ativas e passivas.

O processo do bolsonarista provocou a demissão da chefe do setor, a delegada federal Silvia Fonseca, e virou alvo de uma investigação da Polícia Federal por suspeita de obstrução de Justiça por parte da cúpula do ministério.

O departamento fica dentro da estrutura da Senajus (Secretaria Nacional de Justiça), chefiada por Vicente Santini, amigo da família Bolsonaro.

No meio do imbróglio, no fim de outubro, antes da exoneração de Silvia, Santini fez um despacho pedindo para ter acesso às caixas do sistema interno em que ficam todos os documentos do DRCI, o que foi negado pela delegada.

Na resposta, Silvia citou uma portaria e um decreto. Em seu entendimento, o decreto mencionado define o DRCI como responsável por assuntos de cooperação, e a portaria delimita que apenas os servidores lotados nessa unidade podem ter tal acesso.

Ela dizia ter dúvida sobre atender o secretário, ainda que o departamento esteja subordinado à secretaria.

Santini disse em depoimento à PF que, diante da dúvida apresentada, a delegada sugeriu que a solicitação fosse submetida à consultoria jurídica do ministério, o que foi feito em seguida.

A consultoria é a representação da Advocacia-Geral da União na pasta. O órgão assessora na interpretação de leis, examina legalidade e constitucionalidade de atos e faz revisões técnicas de decretos e portarias.

No fim de novembro, a consultoria respondeu. O parecer se baseou no conceito jurídico do “princípio da hierarquia” para concluir que o secretário de uma pasta pode ter acesso aos sistemas internos de suas diretorias subordinadas.

“O argumento utilizado pela diretora do DRCI de que os processos que ali tramitam são sigilosos e que, logo, só podem ser acessados pelos servidores formalmente lotados naquele órgão –o que não autorizaria acesso ao secretário nacional de Justiça— não merece prosperar, considerando que se pode afirmar que o secretário integra a estrutura de todos os órgãos que lhe são vinculados, em razão do princípio da hierarquia administrativa”, conclui.

Diante da resposta, o secretário terá que decidir se vai dar andamento ao pedido que fez anteriormente.

Além do setor de recuperação de ativos, estão na aba da Senajus os departamentos de Migrações e de Promoção de Políticas de Justiça.

O ministro Anderson Torres, Santini e outros integrantes da cúpula negam que tenham tentado interferir no processo de extradição e argumentam que a demissão de Silvia se deu por quebra de confiança.

Eles ficaram sem informações por parte do DRCI sobre a tramitação e só souberam dias depois que a documentação de Allan havia sido encaminhada aos EUA.

No entendimento de colegas de Silvia, porém, o departamento é técnico e agiu como deveria, sem que houvesse qualquer aviso, protegendo-se de pressões políticas. Além disso, a decisão de Moraes decretava explicitamente sigilo no andamento.

Na interpretação dessas pessoas, a preocupação de governistas com o setor só tomou essa forma por envolver um aliado do Palácio do Planalto.

Na semana passada, Denisse Ribeiro, responsável pelo inquérito de milícias digitais, fez um relatório sobre o que investigou em relação ao suposto envolvimento da cúpula do ministério no caso.

Ela disse em despacho ao ministro Moraes ver ainda risco de interferência do Ministério da Justiça no processo de extradição, como mostrou o Painel.

De acordo com a delegada da PF, o possível crime investigado não foi concretizado porque as investidas de Santini não conseguiram atrapalhar o processo até o momento. Quando ele tentou efetuar mudanças no fluxo, o caso já havia sido enviado para os Estados Unidos.

“Considerando que as investigações estão em curso e que as medidas relativas à extradição ativa de Allan dos Santos abrem o caminho para que novas ações ou omissões, no âmbito da Secretaria Nacional de Justiça, prejudiquem a tramitação da extradição, diante da possibilidade de eventual pedido de complemento de informações, ou por inobservância de prazos, ou por retardo nas comunicações aos órgãos executores”, diz o despacho de Denisse.

Em depoimento à PF, a chefe demitida do DRCI disse que, em conversa, o secretário nacional de Justiça afirmou que “a ausência de informação sobre o caso do Allan dos Santos causou um desconforto para o próprio secretário e para o ministério”. Ela estava de férias no período.

Como mostrou a Folha, o pedido de extradição saiu do DRCI a caminho dos EUA no dia 19 de outubro. A ordem de Moraes só foi divulgada dois dias depois, quando tudo estava resolvido.

No dia 27 de outubro, Torres ainda falava em entrevistas que o caso seria analisado de forma técnica assim que chegasse à pasta. Ele não havia sido informado.

Silvia Fonseca foi exonerada no dia 10 de novembro. A também delegada federal Priscila Campêlo, que era a substituta, está respondendo de forma interina.

A chefia do DRCI é uma escolha do Senajus e do ministro. Não há critério específico para nomeação. Nos últimos anos, quase todos os escolhidos foram delegados da PF, com exceção de Camila Colares, servidora da Abin, durante o governo Michel Temer.

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Donos de mineradoras financiaram eleição de seis deputados do GT que quer alterar Código

Levantamento mostra que doações feitas por empresários do ramo em 2018 somam R$ 200 mil apenas entre membros do grupo.

É o que revela matéria de Paulo Motoryn, no Brasil de Fato.

Donos de empresas do setor da mineração doaram mais de R$ 200 mil a deputados federais que integram o Grupo de Trabalho que debate alterações no Código de Mineração na Câmara. A informação foi extraída da prestação de contas dos políticos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e cruzada com dados públicos da Receita Federal.

Dos 16 membros do GT, seis receberam doações de proprietários de empresa do ramo para financiamento da campanha eleitoral de 2018. Especialistas, movimentos populares e até o Ministério Público de Minas Gerais criticam duramente a tentativa de mudança na legislação.

Os valores das doações variam de R$ 10 mil a R$ 47,7 mil. A deputada Greyce Elias (Avante-MG), relatora da proposta, e o deputado Evandro Roman (Patriota-PR), coordenador do GT, estão entre os congressistas envolvidos no debate que receberam valores de empresários que atuam no setor.

O membro do GT recordista de arrecadação entre mineradores é João Carlos Bacelar (PL-BA). A reportagem identificou que ele recebeu duas doações, uma de R$ 42 mil e outra de R$ 30.000. Também receberam recursos os deputados Caroline de Toni (PSL-SC), Zé Silva (Solidariedade-MG) e Da Vitória (Cidadania-ES).

As doações

Os dados do TSE mostram que a relatora Greyce Elias (Avante-MG) recebeu R$ 10 mil de Tales Pena Machado, vice-presidente do Sindicato da Indústria de Rochas Ornamentais, Cal e Calcários do Espírito Santo (SindiRocha) e dono da Magban, empresa que está entre as 10 maiores exportadoras de mármore, granito e quartzito do país.

O coordenador do GT, Evandro Roman (Patriota-PR), teve doação de R$ 47,7 mil feita por Valdinei Antonio da Silva, sócio-administrador da Dimbo Mineradora, empresa sediada em Cascavel (PR), cidade natal do deputado. O congressista admitiu acordo com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para acelerar a tramitação do texto.

Da Vitória (Cidadania-ES) ganhou R$ 20 mil de Giulio Malenza, sócio de duas grandes mineradoras do país, em sociedade com outros membros de sua família, a Corcovado Granitos e a Brasigran Granitos. O deputado atua como sub-relator de leilões de áreas no GT.

O deputado Zé Silva (Solidariedade-MG), que é sub-relator de barragens de rejeito, recebeu R$ 40 mil de José Roberto Segura, proprietário da empresa industrial Cerâmica Vila Cruz, sediada em Taiobeiras (MG). Caroline de Toni (PSL-SC) teve doação de R$ 10 mil de José Antonio Tessari, dono e presidente da Rotesma Artefatos de Cimento.

O recordista João Carlos Bacelar (PL-BA) foi agraciado por Itamar Nogueira da Costa, empresário do ramo de derivados de petróleo, com R$ 42 mil, e por Fábio Dias Costa, sócio-administrador da Serra Azul, empresa que presta serviços de apoio à extração de minerais.

Na última eleição em que foi permitido o financiamento privado de campanha, em 2014, dois outros atuais integrantes do GT da Câmara também ganharam dinheiro do setor, conformou apontou reportagem do Observatório da Mineração.

Na ocasião, Evair Vieira de Melo (PP-ES), que atua como sub-relator em rochas ornamentais, recebeu R$ 50 mil em doações da ArcelorMittal. O atual sub-relator de lavra garimpeira, Jhonatan de Jesus (Republicanos-RR), teve R$ 100 mil da Cavalca Mineração naquele pleito.

Votação adiada

A sessão do GT da Câmara que votaria na manhã da última quarta-feira o relatório da deputada Greyce Elias foi cancelada. De acordo com o site da Casa, ainda não há nova data para realização da reunião.

Na semana passada, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e a Associação dos Observadores do Meio Ambiente e do Patrimônio Cultural de Minas Gerais afirmaram que o teor do relatório, que deve embasar o novo Código, se contrapõe a dispositivos elementares da Constituição de 1988 e cria conceitos jurídicos heterodoxos.

“Por exemplo, [o relatório] torna a mineração uma atividade de “utilidade pública” e “essencial à vida”, portanto, detentora de prerrogativas especiais, quando sua natureza é eminentemente privada, comercial e lucrativa.”

“O texto, todavia, é particularmente preocupante por suas repercussões nos dispositivos recém-criados pela nova Política Nacional de Segurança de Barragens. Soluções repisadas e catastróficas, como a autodeclaração e a fiscalização por amostragem, estão de volta à ordem do dia, como se as tragédias em Mariana e em Brumadinho não tivessem existido”, afirmaram.

Em nota, o Comitê Nacional em Defesa dos Territórios Frente à Mineração centrou fogo contra a falta de participação da sociedade civil no Grupo de Trabalho: “Diferentemente da tramitação que houve entre 2013 e 2015, quando ainda houve alguma participação das organizações da sociedade civil que atuam na defesa dos povos e territórios em conflito com a mineração e de grupos ambientais, a atual não os contemplou nos debates e tampouco aderiu às proposições advindas desse segmento da sociedade.”

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Política

Congresso quer ampliar emendas e fundão e avalia cortes na Previdência e em ministérios

Governo perde poder na destinação de verba de pastas, que passa a ter fatia maior vinculada a parlamentares.

Para elevar a verba do fundo eleitoral e de emendas parlamentares, o Congresso avalia fazer cortes em outras despesas, como no custeio de ministérios, informa a Folha.

Isso reduz o poder da equipe técnica de cada pasta, pois a escolha de onde aplicar o dinheiro público passa a ter um componente político.

Emenda parlamentar é a forma como deputados e senadores conseguem destinar dinheiro do Orçamento federal para obras e projetos em suas bases políticas.

Apesar de emendas serem contabilizadas como parte da verba dos ministérios, o destino dos recursos é indicado pelos parlamentares.

As promessas na largada da campanha à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL) pressionam o Orçamento de 2022, que precisa de um rearranjo para haver espaço para mais emendas (de R$ 7 bilhões a R$ 16 bilhões) e o maior fundo eleitoral da história (que pode subir de R$ 2 bilhões para até R$ 5,7 bilhões).

A estratégia traçada por líderes do Congresso é reduzir as despesas de livre uso de diversos ministérios (um corte difuso) e também reduzir parte da verba para gastos obrigatórios, como aposentadorias e demais benefícios da Previdência Social.

As contas da versão final do Orçamento devem ser feitas às pressas na próxima semana.

O Congresso quer aprovar o Orçamento ainda em dezembro para garantir a execução das emendas logo no início de 2022. Em ano de eleição, o prazo para liberação desse dinheiro é mais curto —até julho.

O uso desse dinheiro em ações voltadas para bases de deputados e senadores amplia o capital político dos parlamentares às vésperas do pleito. Por isso, a execução das emendas desperta o interesse dos congressistas já no início de 2022.

Governistas argumentam que emendas são investimentos realizados “na ponta” —obras com impacto direto na vida da população de municípios. No entanto, a engenharia montada para distribuição desses recursos historicamente privilegia aliados de quem está no governo.

No caso de Bolsonaro, esses tipos de acordos ganharam mais corpo a partir de 2020, dando, portanto, mais espaço ao Congresso dentro do Orçamento. Em troca, o presidente ganhou uma base governista mais fiel.

Um exemplo que mostra a perda de controle do governo sobre recursos do Orçamento é a verba do Ministério do Desenvolvimento Regional voltada para obras de infraestrutura locais, logística e compra de equipamentos e máquinas.

Em 2019, foram reservados R$ 3,5 bilhões para esses projetos. Desse total, o ministério tinha controle integral sobre R$ 2,7 bilhões e o restante era de emendas.

Em 2021, são R$ 4,6 bilhões previstos, mas apenas R$ 500 milhões estão totalmente na mão da pasta. A maior parcela passou a ser de emendas.

Hoje existem quatro tipos de emendas: as individuais (que todo deputado e senador têm direito), as de bancada (parlamentares de cada estado definem prioridades para a região), as de comissão (definida por integrantes dos colegiados do Congresso) e as do relator (criadas por congressistas influentes a partir de 2020 para beneficiar redutos eleitorais).

Já estão garantidos R$ 16,2 bilhões para emendas individuais e de bancada no Orçamento de 2022 —não há previsão ainda para as de comissão. O governo tem pouca margem de negociação política com esses recursos.

Por ser obrigado a liberar essas emendas ao longo do ano, o jogo político nesses casos fica limitado a dar preferência a aliados nos primeiros pagamentos.

Aliados de Bolsonaro querem, portanto, turbinar as emendas de relator, instrumento incluído no Orçamento de 2020 pelo Congresso, que passou a ter controle de quase o dobro da verba de anos anteriores.

Esse tipo de emenda é atualmente a principal moeda de troca em votações importantes e ampliou a base de apoio de Bolsonaro no Congresso. A cifra para 2022 ainda não está acertada entre líderes partidários.

O valor máximo é de R$ 16,2 bilhões, equivalente ao patamar dos outros tipos de emendas. Mas membros do Ministério da Economia e técnicos que elaboram o Orçamento tentam emplacar o valor de R$ 7 bilhões.

Quanto maior o tamanho dessa verba para essas emendas, maior terá de ser o corte nas despesas que, na versão atual do Orçamento, estão programadas para os ministérios.

Além disso, já está na conta do governo que o aumento do fundo de financiamento da campanha eleitoral exigirá a retirada de recursos de outras áreas.

O Congresso quer um valor de R$ 5 bilhões a R$ 5,7 bilhões para o próximo ano, mas o Orçamento foi elaborado com uma reserva de R$ 2,1 bilhões —mesmo nível dos anos anteriores. O fundão foi criado em 2017.

Essa articulação une partidos de diferentes espectros políticos, que querem mais dinheiro para a disputa eleitoral.

Articuladores do governo têm deixado as negociações no Congresso fluírem e não se opuseram, até o momento, à intenção dos líderes de elevar o valor do fundo na votação final do Orçamento.

Mesmo integrantes do time do ministro Paulo Guedes (Economia), que prezam pelo controle de despesas, já admitem que o Congresso fará trocas de verba no projeto orçamentário para viabilizar as emendas de relator e a expansão do fundo eleitoral.

O trabalho nos últimos dias tem sido para evitar que o corte deixe o governo sem dinheiro para pagar despesas obrigatórias, como aposentadorias e pensões. Por isso, tentam limitar a tesourada aos gastos não obrigatórios, como custeio e investimento dos ministérios.

O corte deverá também atingir os outros Poderes (Judiciário e Legislativo), porém em menor grau. Os ajustes feitos até agora na versão preliminar do Orçamento só atingiram o Executivo.

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Barroso determina passaporte da vacina obrigatório para viajantes

Estrangeiros sem comprovante vacinal não poderão entrar no país. Brasileiros que não puderem comprovar vacinação em razão de ataque a sistemas do SUS poderão apresentar um teste PCR negativo, informa o G1.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, determinou neste sábado (11) a obrigatoriedade de comprovante de vacinação para viajantes que chegarem ao país.

A ordem foi dada em uma ação da Rede Sustentabilidade que tenta obrigar o governo a adotar medidas sanitárias recomendadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), como o “passaporte da vacina” ou quarentena obrigatória para quem chega ao Brasil e uma maior fiscalização dos voos que desembarcam no país.

Segundo a decisão, estrangeiros sem comprovante vacinal não poderão entrar no Brasil. O ministro argumenta que monitorar a quarentena de milhares de viajantes tornaria a situação fora do controle e traria mais risco à população brasileira.

O ministro determinou que o comprovante de vacina para viajante que chega do exterior no Brasil só pode ser dispensado por motivos médicos, caso ele venha de país em que comprovadamente não haja vacina disponível ou por razão humanitária excepcional.

A portaria editada pelo governo exigia, para o estrangeiro que chegar ao Brasil, o comprovante de vacina ou, alternativamente, quarentena de cinco dias seguida de teste negativo para o vírus antes de ser permitida a circulação em território nacional.

Após ataque hacker ao ConecteSUS – plataforma de vacinação contra a Covid-19 – e outras páginas do Ministério da Saúde, o governo federal suspendeu, nesta sexta, a entrada em vigor da portaria.

Ainda segundo a decisão, os brasileiros que não puderem comprovar vacinação em razão de ataque a sistemas do SUS poderão apresentar um teste PCR negativo.

“O ingresso diário de milhares de viajantes no país, a aproximação das festas de fim de ano, de eventos pré-carnaval e do próprio carnaval, aptos a atrair grande quantitativo de turistas, e a ameaça de se promover um turismo antivacina, dada a imprecisão das normas que exigem sua comprovação, configuram inequívoco risco iminente”, diz Barroso na decisão.

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Cirurgiões cardíacos acusam Queiroga de beneficiar sua área em portaria

Segundo entidade, procedimentos para casos mais graves de infarto ficaram de fora do texto.

Uma portaria do Ministério da Saúde que reajusta valores no tratamento do infarto agudo do miocárdio apenas para a hemodinâmica, área de atuação do ministro Marcelo Queiroga, está provocando polêmica entre os cirurgiões cardiovasculares, informa O Globo.

Em nota divulgada no seu site e nas redes sociais, a SBCCV (Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular), manifesta preocupação que procedimentos como a cirurgia de revascularização (pontes de safena), indicada para os casos mais graves de infarto, tenham ficado de fora da portaria.

Em entrevista à Folha, o presidente da SBCCV, o cirurgião Eduardo Rocha, afirma que, ao aprovar uma portaria que só privilegia a hemodinâmica, Queiroga incorre em um evidente conflito de interesses.

“O ministro está misturando interesse público com interesse pessoal. Nós, cirurgiões, estamos indignados. Não temos aumento desde 2009”, afirma.

Segundo ele, uma equipe de cinco cirurgiões cardiovasculares recebe R$ 2.800 para fazer uma ponte de safena. “São 500 pratas, 600 pratas para cada um para cuidar de um doente por 12 dias, em média. Aí vem o ministro e cria benefícios só para o grupo dele?”, diz.

A portaria 3.438, publicada em 7 de dezembro, prevê uma série de ações na linha de cuidados do atendimento do infarto, como atualização e reajustes na tabela de procedimentos, medicamentos, órteses, próteses e materiais especiais, da área da hemodinâmica.

Existem três tipos de infarto: o mais leve e sem obstrução na coronária, que, em geral só requer tratamento clínico; outros com alteração no eletrocardiograma que vão precisar de uma angioplastia (stent) ou trombólise (medicamento que dissolve o coágulo e deixar a coronária aberta); e os que requerem cirurgia de revascularização.

“São os pacientes mais graves, os que mais morrem e que vão ficar de fora da portaria. São doentes com mais de duas ou três lesões nas coronárias, rompem o ventrículo e sangram, que têm a válvula rasgada pelo infarto. É preciso olhar para a linha do cuidado ao infarto do começo ao fim.”

Rocha diz que a cirurgia cardiovascular vive uma crise sem precedentes no SUS (Sistema Único de Saúde), sem insumos básicos, e que piorou com o cenário de desassistência provocando pela pandemia de Covid-19.

Pelo menos 60 mil procedimentos deixaram de ser feitos neste ano. Antes da crise sanitária, eram realizados cerca de 100 mil por ano, de 60% a 70% deles no SUS.

“A gente não está conseguindo material no SUS. Vários hospitais só operam emergências. O ministro está informado sobre isso tudo e mal nos recebeu. E agora ele só dá aumento para uma das partes da linha de cuidado do infarto? Para os seus pares? O que ele fez não tem sentido, se o sentido for a ética do tratamento.”

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Política

Com general, com Congresso, com tudo: Brasil esquece a COP26 e abre a porteira ao garimpo na Amazônia

El País – General Heleno autoriza projeto para explorar ouro na região mais protegida da floresta, enquanto o vice-presidente Mourão, do Conselho da Amazônia Legal, assiste aos piores índices em 15 anos. “O Governo levou um Brasil que não existe à COP26”, critica Greenpeace.

“Inaceitáveis”, definiu o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, ao comentar os dados sobre o aumento do desmatamento na Amazônia, o maior em 15 anos. Na esteira da COP26, a entrevista coletiva concedida por Leite ao lado do chanceler Carlos França na última semana de novembro, para responder sobre o aumento de 22% na área desmatada, marcou uma mudança no discurso ambiental do Governo Bolsonaro —de onde nunca tinha saído um único lamento sobre o assunto. Semanas depois de se dizerem “surpreendidos” pelos dados, no entanto, os condutores do Governo seguem agindo da mesma forma como nos últimos três anos. Neste momento, uma ação coordenada entre o Palácio do Planalto, a bancada ruralista no Congresso Nacional e mineradores faz quatro projetos de lei correrem a toda velocidade para alterar normas de proteção ambiental no país.

Uma das mudanças visa facilitar a exploração de garimpos e permitir a grilagem de terras públicas. Ao mesmo tempo, o braço militar da Gestão, desta vez refletido na figura do ministro do Gabinete de Segurança Institucional, o general Augusto Heleno, autoriza o início de projetos de exploração de ouro em sete áreas na região florestal mais protegida da Amazônia, conhecida como cabeça do cachorro, no noroeste do Amazonas. Atualmente, não há nenhuma mineradora nessa localidade, que é a área de maior densidade indígena do país —76% de sua população é de povos originários e o desmatamento em um ano cresceu menos de 1%.

Organizações não governamentais e representantes de comunidades indígenas emitiram diversas alertas sobre os ataques que vêm sendo desferido ao final do terceiro ano da Administração Bolsonaro. O mais recente veio à tona após publicação de uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo, que revelou que o general Heleno autorizou sete projetos de exploração de ouro no entorno da cidade de São Gabriel da Cachoeira. A permissão coube a Heleno porque ele é secretário-executivo do Conselho de Defesa Nacional, um órgão consultivo da presidência da República que precisa se manifestar sobre a ocupação do território em faixas de até 150 quilômetros de distância da fronteira. São Gabriel da Cachoeira fica nas proximidades de Colômbia e Venezuela. Concentra cerca de 45.000 indígenas de 23 povos.

Há ainda pelo menos outros dois passos para que os garimpeiros passem a agir nesse território, de 12.700 hectares. O primeiro é uma autorização da Agência Nacional de Mineração. O segundo seria a realização do licenciamento ambiental, que deve ser feito pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), um órgão estadual. O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) só faz o licenciamento quando se trata de empreendimentos em terras indígenas, unidades de conservação ambiental ou que se dividem em dois ou mais Estados, o que não é o caso.

O movimento feito por Heleno deixa em evidência como atuam os militares no Governo. Enquanto o vice-presidente Hamilton Mourão é escalado para comandar o Conselho Nacional da Amazônia Legal, onde reitera o papel da proteção ambiental, o chefe do GSI age em outro sentido. Parece um jogo combinado, na visão de quem conhece a atuação da instituição militar. Na prática, os dois acabam atuando de maneira similar. “A mentalidade, a visão do militar brasileiro sobre o uso das terras indígenas e da proteção ambiental é a mesma. Eles entendem que é preciso ocupar as áreas, a qualquer custo. E usam o falso argumento de soberania nacional”, avalia o coronel da reserva do Exército Marcelo Pimentel, um pesquisador do militarismo no Brasil.

Essa ocupação do território, na prática, não leva em conta o impacto socioambiental que mineradoras trazem para seu entorno. É consenso entre quem atua no ramo que a atividade minerária, por mais cuidadosa e regrada que seja, nunca vai deixar o lugar minerado como era antes. Ela sempre assume algum nível de dano, seja no solo, na vegetação, assim como na população do entorno. Há diversas denúncias de povos indígenas com excesso de mercúrio — utilizado pela mineração — no organismo em áreas de exploração. “Será que minerar ouro em São Gabriel da Cachoeira vale mais do que manter a floresta em pé? Com certeza não. A mineração beneficia gente que nem é da Amazônia e cria uma cultura que traz mais prejuízos do que benefícios”, diz a especialista sênior em políticas públicas do Observatório do Clima e ex-presidenta do Ibama Suely Araújo.

Comunidades indígenas que vivem na região prometem resistir e buscar na Justiça maneiras de impedir a mineração. “Na década de 1980 e de 1990 conseguimos expulsar balsas de garimpo do rio Negro. Agora, vamos lutar para que esses garimpos não se instalem aqui”, disse ao EL PAÍS o presidente da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN), Marivelton Baré. Segundo ele, ao menos quatro das sete áreas autorizadas pelo GSI são vizinhas de terras indígenas. Na prática, todas acabariam afetando os territórios deles, já que, para minerar, é preciso desmatar e usar produtos que degradam a fauna, a flora e os rios. “Não parece que temos um general-ministro, mas um general-garimpeiro”, compara Baré.

A federação também emitiu uma nota se queixando da tentativa de mineração na área. “Repudiamos atitudes autoritárias amparadas em ideais superados de desenvolvimento econômico, que só trouxeram doenças, morte e degradação para a Amazônia e seus povos.” Procurado, o Ministério do Meio Ambiente não se manifestou sobre a tentativa do Governo de estabelecer garimpos na região mais protegida da Amazônia.

Nas últimas semanas, em território nacional ou em eventos fora do país, o Governo fez discursos para garantir que reforçaria o controle do desmatamento. O mesmo foi dito pelo vice-presidente de Mourão e pelo ministro Joaquim Pereira Leite. A falta de prática para o discurso levou a resultados contrários até aqui. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais registrou que a taxa de desmatamento na Amazônia Legal Brasileira teve um aumento de 21,97% em um ano. Foram derrubados 13.235 km² de floresta entre 1° de agosto de 2020 e 31 de julho de 2021. Esse foi o maior número dos últimos 15 anos. “A atuação do vice-presidente tem se demonstrada desastrosa. Basta ver os três aumentos consecutivos de desmatamento. O Governo levou um Brasil que não existe para a Cúpula do Clima de Glasgow. O que vimos, na realidade, é que a ciência não mente”, diz porta-voz para Amazônia do Greenpeace, Rômulo Batista.

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