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Veja vídeo de veículo sendo incendiado no Rio: “Tem gente no ônibus!”

A morte de Matheus da Silva Rezende, sobrinho do miliciano Luís Antônio da Silva Braga, desencadeou caos no Rio de Janeiro.

Um vídeo mostra o momento em que um criminoso ateia fogo em um ônibus, nesta segunda-feira (23/10), no Rio de Janeiro. “Tem gente no ônibus!”, gritou uma mulher, após o homem ter despejado o combustível no coletivo.

Em seguida, várias pessoas que estavam ao redor correram, enquanto o veículo pegava fogo.

A morte de Matheus da Silva Rezende, mais conhecido como Faustão ou Teteu, sobrinho do miliciano Luís Antônio da Silva Braga, mais conhecido como “Zinho”, desencadeou uma série de incêndios a ônibus no Rio de Janeiro, nesta segunda-feira (23/10).

Matheus morreu em um confronto com policiais civis na comunidade Três Pontes, em Santa Cruz, na zona oeste do Rio de Janeiro. Segundo a polícia, o sobrinho de Zinho era apontado como o segundo na hierarquia da milícia da zona oeste.

Até o momento, pelo menos 35 ônibus foram incendiados na região. Além disso, existem relatos de outros veículos incendiados e vias interditadas.

 

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Rio tem 27 ônibus incendiados após morte de sobrinho de miliciano

Matheus da Silva Rezende, sobrinho do miliciano Luís Antônio da Silva Braga, foi morto em confronto com a polícia.

A morte de Matheus da Silva Rezende, sobrinho do miliciano Luís Antônio da Silva Braga, mais conhecido como “Zinho”, desencadeou uma série de incêndios a ônibus no Rio de Janeiro, nesta segunda-feira (23/10).

Matheus morreu em um confronto com policiais civis na comunidade Três Pontes, em Santa Cruz, na zona oeste do Rio de Janeiro. Segundo a polícia, o sobrinho de Zinho era conhecido como Teteu e Faustão e era apontado como segundo na hierarquia da milícia.

Até o momento, pelo menos 27 ônibus foram incendiados na zona oeste do Rio. Além disso, existem relatos de outros veículos incendiados e vias interditadas.

A Prefeitura do Rio de Janeiro entrou em estágio de “mobilização”, segundo nível em uma escala de cinco e significa que há ocorrências de alta impacto na cidade.

Segundo o governo municipal, a ação criminosa tem provocado reflexos nos bairros de Guaratiba, Inhoaíba, Paciência, Cosmos, Santa Cruz e Magarça.

A MobiRio, empresa pública responsável pelo o sistema BRT, informou que o corredor Transoeste estava circulando, por volta das 16h, apenas as linhas 13 (Alvorada x Mato Alto – Expressso), 25 (Alvorada x Mato Alto – Parador) e 22 (Jd. Oceânico x Alvorada – Parador).

  • Caminhão incendiado na Avenida Brasil, na altura da Estrada de Manguariba;
  • Carro incendiado na Avenida Cesário de Melo, na altura da Rua dos Carpinteiros;
  • Ônibus incendiado na Avenida Brasil, na altura da Rua Agaí;
  • Ônibus incendiado na Avenida Brasil, na altura do Assaí;
  • Ônibus incendiado na Avenida Brasil, na altura do Centro de Distribuição Guanabara;
  • Ônibus incendiado na Estrada do Mato Alto, na altura do OBom Atacadão;
  • Ônibus incendiado na Rua Guarujá, na altura da Rua Groselha;
  • Ônibus incendiado na Estrada do Campinho, na altura da Rua Perico;
  • Ônibus incendiado na Estrada da Matriz, na altura do Quartel dos Bombeiros;
  • Caminhão incendiado na Avenida Brasil, na altura da Estrada do Campinho, sentido Itaguaí;
  • Caminhão incendiado na Estrada das Agulhas Negras, na altura da Rua Jornalista Gastão de Carvalho;
  • Ônibus incendiado na Avenida Cesario de Melo, na altura da Rua Carvalhal;
  • Ônibus pega fogo na Av. Cesário de Melo, na altura do BRT Vilar Carioca;
  • Ônibus pega fogo na Rua Felipe Cardoso, na altura do BRT Cajueiros, em Santa Cruz;
  • Ônibus pega fogo e interdita a Rua Guarujá, na altura do Viaduto de Cosmos.

Morte de Faustão
Matheus Rezende morreu após ser baleado em uma troca de tiros com agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e do Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE).

 

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Ataque a tiros em escola de SP deixa um morto e pelo menos dois feridos

Uma pessoa morreu após um ataque com arma de fogo em uma escola do bairro de Sapopemba, na zona leste de São Paulo, na manhã de hoje.

O acionamento para a polícia militar foi feito às 7h30 para a Escola Estadual Sapopemba. Uma pessoa foi detida.

Três pessoas foram baleadas e uma delas morreu. As outras duas estão em estado estável e não correm risco de morte. As informações forma passadas pela PM ao UOL.

Todos os feridos foram encaminhados ao PS Sapopemba.

A pessoa detida pela polícia estava com uniforme da escola e seria um aluno do primeiro ano do ensino médio. Há suspeita de que ele seja um adolescente, mas a idade não foi informada pelas autoridades até o momento.

A arma utilizada no crime foi apreendida.

O suspeito detido pela polícia foi encaminhado ao 70º DP, segundo a PM. O UOL buscou a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo para saber mais informações sobre o suspeito detido e não recebeu retorno sobre o assunto até o momento.

O UOL buscou a Secretaria de Educação de São Paulo em busca de um posicionamento e aguarda retorno sobre o assunto.

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PF prefere cautela em tese de crime político no caso do irmão de Sâmia

Médicos foram executados no Rio de Janeiro. Um deles é irmão da deputada federal Sâmia Bomfim, do PSol de São Paulo.

A Polícia Federal está cautelosa em afirmar que há alguma motivação política no assassinato de três ortopedistas na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro – entre eles, Diego Ralf Bomfim (foto em destaque), irmão da deputada federal Sâmia Bomfim, do PSol de São Paulo, diz o Metrópoles.

Por ordem de Flávio Dino, a corporação vai acompanhar as investigações, que serão conduzidas pela Polícia Civil. Caso seja identificada alguma motivação política e relação com a atuação de Sâmia ou de seu marido, o também deputado federal Glauber Braga, do PSol do Rio de Janeiro, será analisada a possível entrada da PF no caso.

Além de Diego, de 35 anos, foram mortos Marcos de Andrade Corsato, de 62 anos, e Perseu Ribeiro Almeida, de 33. Outro homem, identificado como Daniel Sonnewend Proença, também foi ferido e levado para o Hospital Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca. O quadro clínico dele é estável.

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Vídeos, Médicos de SP são mortos a tiros em quiosque na Barra da Tijuca

Um deles é irmão da deputada federal Sâmia Bomfim.

Três morreram e um foi internado. Vítimas tinham viajado para o Rio para participar de um congresso internacional de ortopedia.

Quatro médicos ortopedistas foram baleados na madrugada desta quinta-feira (5) em um quiosque na Praia da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Três morreram e um está internado.

A Polícia Civil do RJ acredita em execução, já que nada foi levado, e os criminosos chegaram atirando. Testemunhas contaram ainda que os bandidos nada falaram. Foram pelo menos 20 disparos.

  • Daniel Sonnewend Proença: tem 32 anos e foi levado com vida para o Hospital Municipal Lourenço Jorge com pelo menos 3 tiros. A expectativa é que ele seja transferido para uma unidade particular. Formado pela Faculdade de Medicina de Marília em 2016, ele é especialista em cirurgia ortopédica, segundo o G1.
  • Diego Ralf Bomfim: tinha 35 anos e morreu no Hospital Lourenço Jorge após ser socorrido. Era especialista em reconstrução óssea pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
  • Marcos de Andrade Corsato: tinha 62 anos e morreu na hora. Ele faria 63 anos na próxima semana e era diretor do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
  • Perseu Ribeiro Almeida: tinha 33 anos e fez aniversário nesta terça-feira. Ele morreu na hora. Era especialista em Cirurgia do Pé e Tornozelo pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

https://twitter.com/lazarorosa25/status/1709890975559033228?ref_src=twsrc%5Etfw%7Ctwcamp%5Etweetembed%7Ctwterm%5E1709890975559033228%7Ctwgr%5Eaa8b19a654c585bacfca4b10f99e6b52e62f4390%7Ctwcon%5Es1_&ref_url=https%3A%2F%2Fwww.brasil247.com%2Fregionais%2Fsudeste%2Fveja-a-ultima-foto-postada-pelos-medicos-em-quiosque-antes-da-execucao

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Vídeo: Professor da Unicamp ameaçou estudantes com faca e é detido

Segundo o DCE (Diretório Central dos Estudantes), os alunos entraram na sala do professor para comunicar a decisão de paralisação, quando ele sacou uma faca e os ameaçou.

Em um vídeo, gravado por outros estudantes, é possível ver o momento em que o professor parte para cima de um dos alunos com a faca na mão. O jovem entra em confronto com o docente para desarmá-lo e só então dois seguranças da universidade aparecem para conter o professor.

Segundo o DCE, o docente trabalha no IMECC (Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica). O nome dele não foi divulgado.

O professor e os dois alunos atacados foram levados para o 1º Distrito Policial de Campinas.

Em nota, a reitoria da Unicamp disse repudiar os “atos de violência” dentro do campus na manhã desta terça e informou que, além do inquérito policial já instaurado, a conduta do docente também será “averiguada por meio dos procedimentos administrativos adequados e serão tomadas as medidas cabíveis”, segundo a Folha.

“A reitoria vem alertando que a proliferação de atos de violência com justificativa ou motivação política não é salutar para a convivência entre diferentes. É preciso, nesse momento, calma e serenidade para que os conflitos sejam tratados de forma adequada e os problemas, dirimidos”, diz a nota.

Em nota, o DCE disse que a situação é inaceitável, mas que os estudantes não serão “impedidos de se manifestar de maneira democrática e pacífica”. O diretório também pede a exoneração imediata do docente.

“Após o agressor ser imobilizado, a segurança retirou a faca do agressor, que tinha uma lâmina de aproximadamente 20 centímetros. Ressaltamos que uma faca desse porte, ou qualquer outro objeto cortante, não faz e nem deve ser objeto didático, por tanto, o professor portava a faca com intenções de utilizá-la em combate para ferir estudantes.”

Estudantes de ao menos 23 cursos da Unicamp aprovaram a paralisação desta terça, em apoio aos protestos contra a privatização de órgão estaduais e contra a precarização das universidades estaduais paulistas.

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Vídeo: professor avança com faca para cima de aluno da Unicamp

Um professor com uma faca em punho foi filmado ao avançar pra cima de um aluno durante a greve dos funcionários da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), deflagrada nesta segunda-feira (2), contra a implementação do ponto eletrônico na universidade.

Segundo o Horto News, dois seguranças da universidade agiram com rapidez e ninguém ficou ferido. A polícia foi acionada e atendeu à ocorrência.

Gustavo Bispo, diretor do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da instituição, afirmou que, além dele, outro estudante também foi agredido pelo docente. A informação foi divulgada pelo G1.

“Quando a gente tava tentando conversar e fazer um diálogo sobre a a paralisação que está acontecendo, esse professor veio pra cima de mim, segurou no meu braço e me jogou no chão”, disse Bispo. “Levantou uma faca tentando me esfaquear, a mim e um outro estudante, que tentou correr daquele espaço também”.

Bispo e o professor, ainda não identificado, foram para o 7º DP de Campinas para prestar depoimento. Não há informações sobre feridos.

A greve
Além da revogação do ponto eletrônico, os grevistas reivindicam também outras questões, como a mudança na data de pagamento dos salários e o auxílio nutrição para aposentados.

No boletim divulgado pelo Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp (STU), a categoria afirma que o projeto “fere a autonomia universitária e o trabalho qualitativo do funcionalismo público”.

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Vídeo: Juiz Federal viraliza pela forma simples e carinhosa que trata uma requerente de pensão

Kleiton Alves Ferreira é uma figura conhecida na Paraíba; editor e autor de audiolivros, desmistifica a linguagem pomposa do Judiciário.

O juiz federal Kleiton Alves Ferreira, que atua na 14ª Vara da Subseção Judiciária de Patos, no Sertão da Paraíba, viralizou nesta semana com um vídeo por conta da maneira simples e simpática com que trata uma senhora. Ela requeria pensão do marido, que a havia abandonado e depois, já doente, voltou pra casa, diz a Forum.

Internautas se espantaram com a maneira direta, respeitosa e carinhosa com que o juiz, que se diz também escritor, narrador e editor de audiolivros, trata a senhora. Um deles chega a dizer que “o Judiciário pode – e deve – adotar uma linguagem simples e acessível. E pode sim ser cada vez mais humanizado”. E encerra: “Não sei quem é o magistrado, mas rendo aqui as minhas homenagens.”

Logo após o comentário, vários outros internautas fizeram questão de esclarecer que Kleiton é uma figura conhecida pela maneira como conduz suas audiências. Apaixonado por literatura, ele é assíduo nas redes sociais por comentar tanto seus audiolivros como seus casos.

Ele postou o caso em sua conta do Instagram e comentou:

“Eu amo o que faço. Não deixo por nada. Ser juiz e ser escritor. Um complementa o outro. Nas audiências, ouço histórias de vida, lapido e as reproduzo nas estórias que invento, nos romances. Um alimenta o outro.

Mas nem sempre é fácil.

Um dos momentos que mais mexem comigo são aqueles que infelizmente um história de vida e amor acaba com a morte. Na maioria, é o relato da cara-metade de um casal idoso, que superou tudo menos a finitude da vida. É triste, e se serve à reflexão: a história não acaba, ela permanece. Por isso, escreva a sua com a pessoa do seu lado da melhor forma possível. Uma história de amor, superação e dedicação, é imortal.”

https://www.instagram.com/reel/CxyfuipPrdn/?utm_source=ig_web_copy_link

 

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Racismo religioso aumenta no RJ e gera violência contra terreiros de matriz africana

Estudo realizado na zona oeste do Rio de Janeiro e na Baixada Fluminense mostra que 75% dos terreiros de religião de matriz africana abordados já foram alvo de algum tipo de violência. Os resultados também revelam que a segurança pública é tema de discussão recorrente pelos frequentadores desses espaços.

A pesquisa foi idealizada pela Iniciativa Direito à Memória e Justiça Racial (IDMJRacial), organização não governamental que atua promovendo debates e atividades com foco na Baixada Fluminense. O desenvolvimento do estudo contou com a parceria do Centro Cultural de Tradições Afro-brasileiras Yle Asé Egi Omim, criado em 2008, no bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro. Os resultados obtidos estão reunidos em relatório lançado neste sábado (30) com o título de Egbé, palavra do idioma iorubá que significa sociedade ou comunidade.

De acordo com o pesquisador que atuou na coordenação do trabalho, Patrick Melo, as duas regiões foram escolhidas por terem registrado, nos últimos anos, grande número de casos de ataques a terreiros de religião de matriz africana. A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) tinha, até 2019, registros de 200 casas de axé que foram alvo de agressões, considerando também a zona norte da capital fluminense. Como nem todos os casos são notificados, o número certamente é maior.

As ocorrências envolvem ameaças, injúria racial, agressões físicas e até expulsões de seus próprios territórios determinadas por milícias ou organizações do tráfico. Em alguns episódios, o alvo se repete.

O estudo cita o caso emblemático da casa Xwe Nokun Ayono Avimaje, fundada há 10 anos em Nova Iguaçu, que já foi invadida e depredada três vezes. Há também registros de violações à liberdade religiosa, como por exemplo a imposição de horários restritos para que casas de axé possam promover seus rituais sagrados.

Diante dessa realidade, o objetivo do estudo foi entender como as comunidades enxergam a política de segurança pública. A metodologia envolveu a realização de grupos, durante um mês, com 10 a 12 participantes cada um. Os encontros, que contavam com um ou dois moderadores, ocorreram em quatro casas de axé localizadas no município de Nova Iguaçu e na zona oeste de capital fluminense. Os presentes puderam interagir e propor discussões, ao passo que os pesquisadores observavam as conversas, os comportamentos, as tensões.

Além da organização dos grupos focais, um formulário online foi preenchido por lideranças dos terreiros envolvidos. Através dos dados colhidos, foi traçado um perfil dos terreiros, que possuem em média 11 anos de fundação em seus territórios. Constatou-se também que as lideranças possuem idades entre 35 e 55 anos e são compostas por homens e mulheres em proporção igual.

Conforme os resultados divulgados, em todos os grupos focais, evidenciou-se um total descrédito com as instituições policiais para fins de proteção e segurança. O estudo indica que as denúncias de violações resultam em desapontamento. As autoridades policiais tendem a minimizar as agressões, classificando-as como briga de vizinhos e problemas de ordem pessoal, afastando assim o enquadramento como crime de ódio.

 

Segundo Patrick Melo, os dados obtidos no estudo indicam que as violações estão diretamente relacionadas com a omissão do Estado na defesa dos direitos humanos e dos direitos dos povos de religião de matriz africana. Observou-se que o tema da segurança pública aparece como uma preocupação de destaque no cotidiano dessas populações. Sem a devida proteção do poder público, elas buscam outros caminhos para enfrentar o cenário. “Essas comunidades atuam e se organizam de forma muito autônoma em rede, buscando o fortalecimento conjunto com outros terreiros”, diz Patrick.

Ele avalia que os registros policiais refletem uma incapacidade do Estado de reconhecer que os episódios envolvem manifestação de ódio contra essas comunidades religiosas de matriz africana. Ao mesmo tempo, considera que os territórios estão sendo dominados cada vez mais por grupos criminosos que perseguem quem não professa a fé cristã.

“Estamos falando sempre a partir de um viés moral cristão, a partir da qual há uma demonização das pessoas. A figura das comunidades de terreiro ou das manifestações religiosas de matrizes africanas é colocada inimiga daquele território. São endemoniados que vão tirar a paz daquele lugar. E aí, por isso, agridem aquelas pessoas”, acrescenta.

A crescente associação entre o crime e a fé cristã tem chamado atenção de diferentes especialistas em segurança pública. Em junho desse ano, a pesquisadora Viviane Costa deu uma entrevista à Agência Brasil sobre o lançamento do seu livro Traficantes Evangélicos, em que analisa a forma do uso de símbolos e narrativas neopentecostais entre grupos criminosos. Em 2015, um outro livro intitulado Oração de Traficante: uma etnografia, assinado pela socióloga Christina Vital Cunha, já chamava atenção para o fenômeno.

Racismo religioso
Patrick sustenta ser necessário denunciar com mais ênfase a ocorrência do racismo religioso nos episódios de violação aos terreiros de religião de matriz africana. Uma das reflexões levantadas no relatório divulgado se relaciona com o conceito de intolerância religiosa. Embora seja mais difundido, ele apresentaria algumas limitações para explicar a dimensão do problema.

“Ele mascara e não dá conta do que acontece, especificamente, com as religiões de matrizes africanas. O conceito de intolerância religiosa traz também uma falsa simetria, e é equivalente à contradição de que o Brasil, em tese, deveria ser um Estado laico, mas na prática, as religiões relacionadas com a herança colonial seguem entranhadas nas instâncias institucionais. Quantos casos de ataques a terreiros denunciados nas delegacias de polícia foram investigados, apurados e julgados? Quantas dessas situações tiveram justiça feita?”, questionam os pesquisadores, que advogam pelo uso do conceito de racismo religioso.

*Com Agência Brasil

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Milicianos ameaçam e cobram taxas de empresas de energia solar na Região Metropolitana do Rio

Criminosos cobram mensalidades de empresas do segmento e exigem contratação de serviços feitos por eles.

Com alto índice de insolação, geografia plana e disponibilidade de conexão com a rede, a Região Metropolitana do Rio, incluindo cidades como Seropédica e Itaguaí, é bastante atraente para a implantação de fazendas solares. O local se torna ainda mais sedutor para empresas do mercado fotovoltaico porque o estado, além de ter uma tarifa de energia elétrica alta, oferece incentivos fiscais para renováveis. Um componente típico do ecossistema fluminense, entretanto, tem afastado as companhias dali: a presença da milícia.

O Globo ouviu funcionários de companhias do segmento, que estiveram à frente de projetos de instalação de usinas, e os relatos sobre a dinâmica das milícias na região são semelhantes. Em condição de anonimato, eles contam que é inviável empreender ali sem pagar uma mensalidade aos criminosos em troca da “segurança” no local. Além dessa cobrança, os milicianos exigem a contratação de serviços de suas próprias empresas ou das indicadas por eles — desde a alimentação dos encarregados da obra até máquinas para terraplenagem e diárias de drone. A abordagem, em geral, começa de forma mais sutil, passa pela intimidação com homens armados até chegar a ameaças e crimes com crueldade.

O engenheiro Pedro (nome fictício), de 32 anos, esteve à frente da implantação de uma fazenda em Seropédica em 2019. Os problemas começaram logo na primeira etapa do projeto, durante a prospecção de terrenos para arrendar e erguer a usina. Um analista fundiário terceirizado, que circulava pelas fazendas em busca da área, recebeu uma mensagem pelo WhatsApp questionando os motivos pelos quais estava ali. Em determinado trecho, o emissário alertava: “Imagino que você seja de fora e não conheça os costumes da região”.

— Se analisar friamente, não era nada muito crítico, parecia uma preocupação de quem mora na zona rural. Naquele momento, não levantei nenhuma bandeira, achei que era mais pelo jeito bronco desse analista — conta Pedro, que então viajou para Seropédica para assumir a missão.

Mensalidade de R$ 15 mil
Doutor em sociologia e professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), José Cláudio Souza Alves conta que os milicianos chegaram à região em meados de 2014. Alves mora em Seropédica há dez anos e é um dos precursores nos estudos sobre o tema. Há 20 anos, seu livro “Dos Barões ao extermínio” descortinou a origem das milícias na Baixada Fluminense. Para ele, a milícia atual é a grande articuladora da estrutura política daquelas cidades, participando de contratos, licitações e financiamentos de terceirizados.

Nenhum pedido de propina foi aceito pela empresa, uma multinacional com normas de governança corporativa, mas a obra avançou mesmo assim porque o dono do terreno cobrou mais do que o negociado antes, “provavelmente para arcar com essas despesas”, segundo Pedro. Quando a empreiteira subcontratada deu início à construção, homens num tom relativamente pacífico, mas com armas aparentes na cintura, chegaram ao canteiro para comunicar que uma mensalidade de R$ 15 mil teria de ser paga, por se tratar de “uma zona rural, perigosa”.Bruno Paes Manso, doutor em Ciência Política e autor do livro “A República das Milícias”, explica que o comportamento é característico das milícias, que se valem do controle territorial para extrair o máximo de receitas ilegais, com a conivência das autoridades e de grupos políticos.

— Isso é feito no fio do bigode, na informalidade, sem um contrato formal de segurança, mas uma extorsão. Eles cobram segurança contra eles próprios. E dizem: “Você me paga para eu não te atrapalhar”. É um tipo de chantagem. Além da cobrança por proteção, tem a lei do silêncio. Se alguém denunciar, corre o risco de morrer nos territórios — afirma Manso.

Até a quentinha
Pedro conta que, na terceira semana após o começo da obra, uma mulher contratada para fornecer as refeições dos encarregados chegou “desesperada” ao canteiro. A milícia havia batido em sua porta e a proibido de trabalhar. A alimentação, a partir daquele momento, deveria ser fornecida por uma empresa indicada por eles. A construção seguiu assim, com praticamente todos os serviços subcontratados de empresas de milicianos ou de pessoas indicadas por eles, diz Pedro.

A obra acabou atrasando e, no primeiro mês que a empreiteira não pagou a tal mensalidade, a usina foi invadida. As três mil placas solares tiveram seus cabos de conexão cortados, um prejuízo de cerca de R$ 1,8 milhão.

— Eles foram cirúrgicos, sabiam o que estavam fazendo. Não dava para emendar. As placas não serviam para mais nada — explica Pedro.