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Como em 2002, imprensa ainda trata Lula, e agora Janja, com ódio de classe

Com o vácuo que Jair Bolsonaro (PL) deixa na Presidência da República nos últimos suspiros do seu governo, somado ao magnetismo internacional de Lula (PT), estamos vivendo um fenômeno inédito que é o tratamento destinado ao presidente eleito. Lula já está sendo tratado como chefe de Estado em exercício do Brasil, tendo sido convidado para a COP27, a conferência sobre o clima da ONU, por exemplo. Entretanto, a imprensa brasileira, muitíssimo na contramão de toda a comunidade internacional, insiste em sua postura de ódio de classe contra Lula e, mais recentemente, contra Janja, socióloga, militante e esposa dele.

Isso, na verdade, vem acontecendo desde antes das eleições, quando a imprensa achou pertinente divulgar os valores dos vinhos servidos no casamento dos dois, os quais eram absolutamente razoáveis, diga-se de passagem. Depois das eleições, já soubemos o valor máximo da diária de um quarto de hotel no qual Lula ficou hospedado, já soubemos que ele pegou carona em um avião particular de um empresário e já soubemos também do valor da camisa usada por Janja em sua entrevista ao “Fantástico”.

Curioso, porém, que nunca soubemos, pela imprensa, quanto custou levar o pastor Silas Malafaia em um avião da FAB (Forças Aéreas Brasileiras) para Londres no funeral da rainha Elizabeth. Vale lembrar que ele não ocupava nem ocupa cargo público que justificasse sua ida ao evento. Não sabemos também quanto custou levar o maquiador de Michelle, primeira-dama, para esse evento, ou quanto custavam os looks que ela usou nos últimos quatro anos.

Não sabemos de quem era o barco no qual Jair aparecia dançando enquanto milhares morriam na pandemia. Não sabemos a quantas ficou a carona que o atual vice-presidente do país, Hamilton Mourão, pegou no jatinho de Serafim Meneghel, um usineiro do Paraná. Não sabemos muitas dessas informações porque estão dentro do sigilo dos gastos do cartão corporativo da presidência. Porém, para a imprensa brasileira, é mais grave que uma socióloga use uma camisa cara do que a família presidencial ter comprado 51 imóveis com dinheiro vivo.

É evidente que a imprensa brasileira tem um viés ideológico quanto o assunto é Lula e, agora, Janja. E, na minha opinião, esse viés é especialmente de classe, porém não só. Há também uma tentativa de reafirmar o senso comum de que pessoas politicamente à esquerda devem fazer voto da pobreza e sacrifícios. Quem nunca leu por aí a expressão pejorativa “socialista de iPhone” sendo usada para apontar uma suposta hipocrisia?

Costumo dizer —e imagino que de forma nada inédita— que quem gosta de pobreza é o capitalismo. Esse sistema precisa, necessariamente, da escassez e da concentração de renda existir. A ideologia política à esquerda, portanto, não tem nenhuma intenção em compartilhar a pobreza e a miséria, mas sim em compartilhar as riquezas. Lula, por exemplo, sempre diz como seu sonho é acabar, de novo, com a fome, não em aumentar a quantidade de pessoas famintas.

A imprensa brasileira também parece esquecer a magnitude do cargo que Lula já ocupou e voltará a ocupar em 2023. É sabido por qualquer pessoa que, por questões de segurança, um ex ou atual chefe de Estado não pode pegar um voo comercial. E se o atual governo não teve a capacidade republicana de oferecer um avião da FAB para que o presidente eleito pudesse representar o Brasil na COP27, qual solução você daria a esse imbróglio?

Não vale dizer que o PT deveria pagar o avião porque Lula foi representando o Brasil no evento, e não o partido. Também não fico confortável com essa carona, entretanto noto que havia pouca ou nenhuma margem de manobra disponível para Lula conseguir cumprir esse compromisso em nome do país.

Na minha opinião, a explicação para esse escrutínio financeiro da imprensa a cada passo de Lula e sua esposa se explica apenas por que ele já foi muito pobre e porque, apesar de ter ascendido socialmente, continua a ter as pessoas pobres no centro de sua atuação política.

A imprensa, especialmente a sudestina, parece se contorcer em cólicas ao ver especificamente esse presidente eleito se comportar, em todos os aspectos, de acordo com a indiscutível importância do cargo, o qual tem liturgias específicas que são integralmente inquestionadas quando exercidas por qualquer outro político.

Se você acredita que é preciso ser ou ter sido pobre para se indignar com a fome ou com a falta de moradia, sinto dizer que sua humanidade está um pouco enfraquecida. Tive o privilégio de crescer em uma família de classe média alta, porém nunca me faltou, desde criança, a angústia com as pessoas esquecidas pelo Estado.

Infelizmente, está parecendo que a imprensa prefere os incontáveis sigilos financeiros do governo Bolsonaro do que a transparência do futuro presidente de uma das 20 maiores economias do mundo que apenas está vivendo de forma condizente ao cargo de homem mais poderoso de uma nação trilionária. E, caso você não lembre, a exposição das roupas da posse de Jair e Michelle custou R$ 9.285,00 ao governo, ao passo que a camisa de Janja não onerou nem em R$ 1 os cofres públicos.

*Com Uol

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Em guinada diplomática, Lula usa Amazônia para reposicionar Brasil no mundo

Jamil Chade – Por anos, a Amazônia esteve no centro do mundo. Mas na periferia do Brasil. Nesta quarta-feira, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva iniciou, em Sharm El-Sheikh, uma transformação dessa postura. E, em troca, vai pressionar por uma reforma na administração do mundo, mais recursos de países ricos e uma garantia de que o país precisa fazer parte das grandes decisões do planeta.

No fundo, a viagem à Conferência da ONU sobre o Clima, no Egito, não foi sobre o clima. Ao subir no palco da COP27, Lula apresentou uma profunda guinada na política externa do Brasil, usando justamente a Amazônia como instrumento para promover uma nova inserção do país no mundo.

Fugindo de sua liturgia de sempre falar sem ler um script, desta vez Lula sabia que precisava seguir um roteiro. O presidente eleito falou o que os países ricos queriam ouvir: a redução do desmatamento será prioridade máxima do governo e a cooperação internacional será necessária. Fundos serão retomados e Lula criticou a destruição da floresta, deixando claro que está ciente do papel da floresta para a sobrevivência do planeta.

Ou seja, o Brasil está aberto ao mundo.

Para as democracias ocidentais preocupadas com o populismo ultraconservador, ele citou a necessidade de vencer a extrema direita e o negacionismo, e insistiu sobre a presença de povos indígenas como protagonistas da questão climática, outro fator de pressão internacional.

Lula ainda insistiu que o mundo poderá continuar a consumir os produtos agrícolas brasileiros e acenou para a possibilidade de uma exportação que não signifique degradação ambiental.

Mas ele também deixou claro que será um momento de cobrança e lembrou como, mais de dez anos depois de as economias desenvolvidas prometerem recursos, até hoje nenhum centavo foi desembolsado. “Voltei mais cobrador”, disse Lula.

Para ele, promessas podem comprometer a credibilidade dos países ricos e deixou claro que, hoje, quem mais sofre com as mudanças climáticas são justamente as nações que menos contribuíram para o aquecimento do planeta.

Em outras palavras: está na hora de o dinheiro ser liberado.

Acenos aos países em desenvolvimento

O presidente eleito ainda deixou claro que sua participação no debate internacional também estará repleta de acenos aos países emergentes e mais pobres. Ele propôs uma aliança mundial pelo fim da fome e pela redução das desigualdades, uma bandeira que tem como meta reposicionar o Brasil como líder entre os emergentes e em regiões como a África e América Latina.

Os arquitetos de sua política externa sabem que o Brasil perdeu espaço nessas regiões e, agora, uma recuperação passará por um novo esforço diplomático.

Lula insistiu em apontar para as injustiças no cenário internacional e na concentração de renda em apenas um número pequeno de países. Ao discursar, prometeu tecnologia para os países africanos e maior integração na América Latina.

Abandonando por completo o tom religioso ou a guerra cultural, o presidente eleito concentrou seu discurso em defender um “mundo mais justo”. Criticou os trilhões de dólares que são gastos em guerras, enquanto 900 milhões de pessoas passam fome.

Conforme o UOL tinha antecipado, Lula ainda deixou claro que o Brasil estará na rota das grandes cúpulas internacionais. Em 2023, uma reunião internacional entre os países Amazônicos, em 2024 a cúpula do G20 com ênfase no clima e, em 2025, a COP30.

Com isso, não apenas atrai a atenção do mundo ao Brasil. Mas posiciona a diplomacia do país na condução da agenda internacional.
Nova governança e lugar na mesa dos adultos.

Outro pilar de sua política externa será a reforma das instituições internacionais, justamente para dar mais voz aos emergentes. Para ele, a ONU precisa “avançar”. “O mundo mudou, os países mudaram”, disse.

Para ele, a instituição não pode ficar nas mãos dos vencedores da Segunda Guerra Mundial. “O mundo precisa de uma governança global, principalmente no clima”, destacou.

Um dos focos é a expansão do Conselho de Segurança da ONU e o fim do poder de veto apenas para os cinco países com assento permanente no órgão.

Lula ainda deixou claro que os temas globais são temas também brasileiros. Alertou sobre a tensão criada pela volta do debate nuclear, citou a crise do abastecimento de energia e o aumento da desigualdade.

“O Brasil está de volta”, disse. “Está de volta para reatar os laços com o mundo e combater a fome”, afirmou. Ele ainda defendeu um comércio justo, num acesso a possíveis reformas na OMC, além de defender uma ordem mundial “multipolar” e o fortalecimento do multilateralismo.

Em outras palavras: uma rejeição a um mundo dividido entre a hegemonia dos EUA e da China.

“O Brasil está pronto para se juntar aos esforços de um planeta mais saudável e um mundo mais justo”, disse.

Não se trata, porém, apenas de voluntarismo. Em troca, quer um lugar na mesa dos adultos.

*Uol

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Bloomberg: Lula virou herói global na COP27

“Lula atraiu uma das multidões mais animadas nas negociações climáticas patrocinadas pela ONU no resort egípcio de Sharm el-Sheikh”, diz a agência de notícias sobre Lula na COP27.

A agência de notícias Bloomberg destacou nesta quarta-feira (16) o discurso do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva durante a COP27. Segundo a agência, o brasileiro foi recebido com boas-vindas de “herói” pela comunidade internacional com seu discurso em defesa da Amazônia.

Na reportagem, agência estadunidense de notícias disse que “Lula atraiu uma das multidões mais animadas nas negociações climáticas patrocinadas pela ONU”. Confira abaixo a chamada da Bloomberg e a reportagem sobre o discurso em Sharm El-Sheikh, Egito.

bloomberg-lula

O presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, se ofereceu para sediar as negociações climáticas da ONU na Amazônia em 2025, dizendo que o país priorizará a preservação da maior floresta tropical do mundo.

Lula, como é conhecido o político, faz sua primeira viagem internacional desde que derrotou o presidente Jair Bolsonaro nas eleições do mês passado. Em contraste com a posição de Lula, Bolsonaro enfraqueceu a proteção da maior floresta tropical do mundo em favor do desenvolvimento econômico.

“Estou aqui na frente de todos vocês para dizer que o Brasil está de volta”, disse ele em discurso nas negociações da COP27 em Sharm El-Sheikh, Egito, entre governadores dos estados amazônicos do Brasil e diante de um multidão entusiástica que entoava seu nome. “O Brasil não pode ficar isolado como esteve nos últimos quatro anos.”

Sob a saída de Bolsonaro, as taxas de desmatamento na Amazônia atingiram níveis recordes. Pelo menos algumas partes dele pararam de capturar gases de efeito estufa e agora contribuem para o aquecimento global, de acordo com pesquisas científicas . Em seu discurso na COP27, Lula prometeu reverter um pouco disso.

“Vamos lutar fortemente contra o desmatamento ilegal”, afirmou. “Vamos criar o Ministério dos Povos Indígenas para que eles não sejam tratados como criminosos pelas indústrias – esteja preparado para isso.”

Lula atraiu uma das multidões mais animadas nas negociações climáticas patrocinadas pela ONU no resort egípcio de Sharm el-Sheikh, com centenas não apenas de jornalistas e ativistas, mas também de indígenas vestidos com roupas tradicionais esperando por até três horas pelo presidente -chegada do eleito. Quando ele entrou na sala, eles entoaram ao som de cânticos de futebol: “Olé, Olé, Olé, Lula Lula!”

No entanto, apesar das boas-vindas entusiásticas, impedir o desmatamento da Amazônia não será fácil para Lula, dados os desafios geográficos de uma terra enorme e isolada – cerca de metade do tamanho dos EUA – difícil de policiar e cheia de gangues violentas com um governo enfrentando restrições fiscais.

Em outro discurso feito no final do dia na COP27, Lula prometeu fazer da luta contra a mudança climática uma questão central dentro de seu governo, incluindo o combate ao desmatamento e crimes ambientais. O novo governo vai reinstituir instituições que monitoram o desmatamento e estudam a Amazônia, mas foram desmanteladas durante o governo Bolsonaro.

O presidente eleito disse que também conversará com o secretário-geral da ONU, António Guterres, para indicar o Brasil como país-sede para as negociações da COP30 em 2025. A cúpula deve ocorrer em um estado da Amazônia, disse ele.

“As pessoas que defendem o clima deveriam conhecer de perto o que é aquela região”, afirmou. “Devemos mudar a forma como as pessoas discutem a Amazônia a partir de uma realidade concreta e não apenas dos livros.”

O Brasil fará da agenda climática uma das prioridades do Grupo dos 20 em 2024, quando o país assumir a presidência, afirmou. Lula pretende levantar com os países ricos questões que foram aprovadas em COPs anteriores, mas nunca foram implementadas.

O presidente eleito também expressou apoio à posição dos países em desenvolvimento no que é possivelmente o assunto mais controverso debatido na COP27 – perdas e danos, ou o direito dos países pobres de obter compensação pelos impactos do aquecimento global que eles estão sofrimento, mas não causou.

“Precisamos com muita urgência de mecanismos financeiros para resolver as perdas e danos causados ​​pelas mudanças climáticas”, afirmou. “Não podemos continuar atrasando este debate – não temos mais tempo a perder.”

*Com 247

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Lula “é esperado como estrela” na COP, segundo jornal francês; Bolsonaro nunca foi ao evento

Presidente eleito fará pronunciamento em área da ONU destinada a negociações.

Brasil de Fato – O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) terá agenda de chefe de Executivo durante sua participação na Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP 27) no Egito, nesta semana. O jornal francês Les Echos afirmou que o petista “é esperado como estrela no Egito”, em matéria publicada nesta segunda-feira (14).

Lula tem encontros confirmados com o secretário-geral da ONU, António Guterres, o presidente do país anfitrião, o general Abdel Fattah El-Sisi, e com lideranças de outros países interessados em auxiliar no combate ao desmatamento.

Na quarta-feira (16), Lula participa do evento “Carta da Amazônia – uma agenda comum para a transição climática”, na qual tamvém estão presentes os governadores Waldez Góes (PDT-AP), Gladson Cameli (PP-AC), Mauro Mendes (União Brasil-MT), Helder Barbalho (MDB-PA), Wanderlei Barbosa (Republicanos-TO) e Coronel Marcos Rocha (União Brasil-RO).

O grupo de governadores deve entregar um planejamento com ações de controle do desmatamento, como parte de um movimento para conseguir financiamento e realinhamento internacional após a derrota de Jair Bolsonaro (PL). Helder Barbalho foi o responsável pelo convite feito a Lula para participar da COP.

No mesmo dia, Lula fará um pronunciamento na Zona AzuL, que é uma área administrada pela Organização das Nações Unidas (ONU), onde ocorrem negociações entre lideranças dos países. No local, todos os participantes devem ser credenciados pelo Secretariado da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima.

“Este ano, serão 156 pavilhões dentro da Zona Azul, o dobro do que em Glasgow [que sediou a COP de 2021]. Muitas agências da ONU, países e regiões estarão representados, e também haverá pela primeira vez um pavilhão da Juventude e um Pavilhão Agroalimentar”, divulgou o escritório da ONU no Brasil em seu site.

No dia seguinte, Lula tem um encontro com representantes da sociedade civil brasileira, no Brazil Climate Action Hub – trata-se de um espaço criado em 2019, durante a COP25, realizada em Madri, na Espanha, com o objetivo de dar visibilidade à ação climática brasileira. Mais tarde, ainda no mesmo dia, o presidente eleito tem um encontro com o Fórum Internacional dos Povos Indígenas para Mudanças do Clima.

Presença de Lula contrasta com ausência de Bolsonaro

A expectativa em torno da presença de Lula na COP27 contrasta com a ausência de Jair Bolsonaro, que segue na Presidência da República até 31 de dezembro. Em seu lugar, o atual mandatário mandou para o evento o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, que chega ao Egito nesta terça-feira (15).

No segundo dia de evento, em 9 de novembro, Leite participou de um painel online no qual afirmou que a agricultura brasileira “é a maior agricultura regenerativa do mundo por uma característica da nossa agricultura tropical, que protege o solo, que melhora o solo, que fixa carbono no solo e ao mesmo tempo cuida de florestas nas áreas de reserva legal, de preservação permanente, cuida de suas nascentes, cuida do seu solo em relação à erosão”.

O ministro ignorou, entretanto, o desmonte das agências de fiscalização do meio ambiente no governo Bolsonaro. Dados do relatório “O financiamento da gestão ambiental no Brasil: uma avaliação a partir do orçamento público federal”, publicado em agosto pelo Instituto Socioambiental (ISA) e pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mostram que, enquanto o orçamento para políticas ambientais atingiu o pico de R$ 13,3 bilhões em 2014, durante o governo Dilma Rousseff (PT); o valor diminuiu para R$ 3,7 bilhões, em 2021, no governo Bolsonaro. O valor representa um tombo de 71%.

O governo também já recebeu do Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe) o dado anual do desmatamento na Amazônia, mas deve divulgá-lo somente após a COP27, segundo apuração da Folha de S. Paulo.

O deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) repercutiu a notícia em seu perfil no Twitter. “Bolsonaro já recebeu do INPE o dado anual de desmatamento da Amazônia, mas só vai divulgar depois da COP27 porque a destruição é recorde. É por isso que Lula será recebido na COP como chefe de Estado e Bolsonaro continuará em seu cantinho, calado e insignificante”, publicou.

Não é a primeira vez que Bolsonaro decide publicar os dados do Inpe após a realização do evento, indo contra uma tradição que vinha se estabelecendo desde 2005, no primeiro governo Lula. No ano passado, os dados só vieram a público após o fim da COP26, que ocorreu na Escócia. Embora a informação sobre o desmatamento na Amazônia estivesse disponível desde 27 de outubro de 2021, o governo Bolsonaro divulgou os dados somente em novembro.

Bolsonaro nunca foi à COP

Bolsonaro também não foi à COP26 e enviou o ministro Joaquim Leite. Na ocasião, o presidente enviou um vídeo para o evento, no qual afirma que “o combate à mudança do clima, sempre fomos parte da solução, não do problema”.

O presidente também não deu as caras na COP25, em 2019, em Madri, na Espanha. Mais do que isso, Bolsonaro defendeu que o evento não fosse realizado no Brasil. “Eu não aceitei, eu que decidi. Estariam fazendo um carnaval aqui no Brasil. Eu quero saber: alguma resolução para a Europa começar a ser reflorestada? Alguma decisão ou só ficam perturbando o Brasil? É um jogo comercial”, afirmou Bolsonaro à imprensa na ocasião.

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Enquanto o mundo trata Lula como a grande personalidade global, nossa elite o trata com desprezo. Quem está errado?

Lembro-me que uma das conversas que a Rainha Elizabeth teve com Lula foi sobre economia em um país considerado berço do neoliberalismo.

A rainha queria saber como Lula obteve tanto sucesso econômico em um país que pegou quebrado.

Aqui, em nome de uma suposta segurança fiscal, a elite brasileira não usa sequer luva de pelica para atacar Lula. No geral, o rico brasileiro, salvo algumas honrosas exceções, tem dois problemas com Lula, o primeiro, a inveja de seu estrelato internacional jamais dispensado a um presidente brasileiro. O outro problema, não menos importante, é a inabalável popularidade de Lula nas camadas mais pobres da população brasileira.

Os discursos contra Lula e também contra Dilma não contêm qualquer significado técnico, é um monte de coisa nenhuma em que se conta com a ignorância de uma classe média que não sabe nem de si para malhar um presidente que o mundo reverencia.

Todos os destacados chefes de Estado no mundo tratam Lula com reverência máxima.

Agora mesmo já se sabe que, na COP27 no Egito, Lula será a grande estrela. E ao sabor de sua fala, uma nova agenda ambiental para o planeta estará na pauta. Uma agenda que definirá os caminhos da modernidade na economia no mundo, inclusive e sobretudo a forma de produção.

E Lula, que aqui é tratado com ataques baixos por essa elite, é o centro desse debate.

Em sua agenda não consta comer pizza na rua como Bolsonaro que, quando ia a encontros internacionais, voltava de mãos vazias, no máximo, com resíduos de óleo das pizzas que comia com as mãos, o que não assegurou a ele uma passagem despercebida.

Bolsonaro, o queridinho da elite brasileira, é tido como o inimigo do planeta, o inimigo do desenvolvimento moderno, mas sobretudo inimigo da vida. Isso não é pouca coisa.

Uma coisa pode-se destacar, nessa deformação estrutural da nossa elite, é que as classes dominantes jamais se mostraram tão chucras, provincianas, caricatas e burlescas como agora.

O mundo está cada vez mais globalizado, para o bem e para o mal, onde o extrato de convívio pacífico com a comunidade internacional impõe uma relação fluida para que os povos possam se integrar, e os governos naturalmente seguirem essa lógica.

Por isso mesmo Lula é visto como o grande símbolo dessa polifonia, isso de forma natural sem ter que se enrabichar por uma rabeira de proteção que Bolsonaro tentou inutilmente com Trump. Como vimos, ele não obteve qualquer vantagem nessa relação de uma só via, com tapinhas nas costas, imagens fabricadas para o seu consumo interno, que é o do cercadinho.

Há muita coisa por trás disso. Ninguém faz de estalão esse creme de estupidez, isso é cultural numa classe dominante que até hoje não sabe conviver com a abolição, não saiu do Brasil da casa grande, do Brasil fazendão, das sesmarias e da hereditariedade dos bem nascidos, que vivem de sobrenomes e rentismo, que não produz nada e quer assegurar no universo especulativo o status adquirido no berço.

Nossa elite econômica é cada vez mais elite e menos econômica, e não quer imaginar estar num Brasil que se relacione com o mundo através de sua capacidade produtiva, sua inteligência, seu dinamismo econômico.

Essa gente quer viver no mundo dela, cercada de segurança e de costas para o país e para o planeta, como fez o governo Bolsonaro em sua essência.

Só há um jeito disso mudar, é o Estado se colocar a serviço de um país que interaja com o resto do mundo, que tenha capacidade produtiva para enfrentar a competitividade internacional, ao mesmo tempo em que gera emprego e renda para os trabalhadores e riqueza ao país como um todo.

É disso que trata, em última análise, essa aversão que a elite tem de Lula por ser tão amado por líderes e chefes de Estado mundo afora, das mais diferentes correntes e colorações partidárias.

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Ciro Nogueira deu um tchau querido em Bolsonaro

Ciro Nogueira deu um tchau querido em Bolsonaro, tipo, a fila anda e tem que respeitar as urnas.

Ciro Nogueira pode ter todos os defeitos do mundo, mas sabe ler e interpretar a mensagem que veio das urnas com a vitória de Lula.

Mais que isso, Ciro Nogueira, um dos ícones do Centrão, sabe identificar a diferença entre uma página inicial que chega com o novo governo, de uma página virada com a derrota de Bolsonaro.

Esse é o perfil do Centrão pragmático, coerente com seu histórico de funcionar como filtro ou bomba de um governo a partir de uma lista de reivindicações que devem ser negociadas dentro do mundo da política.

Por isso o desembarque explícito nesse fio, que segue abaixo, publicado por Ciro Nogueira no twitter:

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Lula recebe 10 pedidos para reuniões bilaterais na COP 27

Presidente eleito viaja ao Egito para participar da cúpula do clima e discutir questões ambientais com outras nações. Cotados para ministérios estarão com o petista.

Segundo o G1, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva recebeu dez pedidos de reuniões bilaterais durante a COP 27, segundo assessores próximos. Entre as demandas estão encontros com representantes da China, Estados Unidos e Alemanha, além do presidente do Banco Mundial, David Malpass. Outro pedido é do parlamentar britânico Alok Sharma, que presidiu a COP 26, realizada em Glasgow, na Escócia, no ano passado.

Lula deve se encontrar com emissários desses países para questões ambientais, uma vez que os chefes de estado estão visitando a COP 27 nesta primeira semana de conferência e já irão ter retornado a seus países quando o presidente eleito desembarcar no Egito. Lula só pôde viajar na segunda semana do encontro em função dos compromissos da transição.

Já estão acertados os encontros bilaterais com o secretário-geral da ONU, António Guterres, e com o presidente do Egito, o general Abdul Fatah Al-Sisi.

Lula, provavelmente, não conseguirá atender a todos os pedidos. Ele também deverá participar de três espaços na COP 27: o Brazilian Hub, o fórum dos governadores da Amazônia Legal e um terceiro evento em que fará um discurso para um público mais amplo.

O petista recebeu pedidos para se encontrar também com ex-chefes de estados e representantes de organismos internacionais.

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Vídeo: Como um governo que tem General Heleno comandando a inteligência pode dar certo?

O General Heleno, também conhecido como gênio da inteligência logística, mandou seus espiões se infiltrarem na equipe de transição de Lula.

Com essa “inteligência” toda,o governo Bolsonaro não podia dar em outra coisa.

Imagine o resto da lambança.

O malandro agulha de pijama acha que todo mundo é otário como um bolsonarista de zap. O pijamão tardio tentou armar uma araponguice pra espionar a equipe de transição do Lula. A operação Tabajara não durou segundos e a picaretagem foi desmascarada e espinafrada.

Confira

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Lula desarma golpismo bolsonarista sem embate com militares

Relatório da Defesa paga pedágio a Bolsonaro e encerra de forma melancólica relação tumultuada.

De acordo com a Folha, na sua primeira incursão a Brasília após ser eleito presidente pela terceira vez, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi cirúrgico. Prometeu normalidade institucional, abriu portas ao centrão e buscou desarmar o discurso golpista que subsiste em estradas e na frente de quartéis Brasil afora.

O temor do mundo político residia no uso que o bolsonarismo quer fazer do relatório do Ministério da Defesa acerca das urnas eletrônicas, que cumpriu o papel de deixar suspeitas no ar apesar de atestar que não houve fraude no pleito —um fim melancólico para a tumultuada reinserção dos militares na política sob Jair Bolsonaro (PL).

Não por acaso, o texto só foi divulgado depois que Lula concedeu sua entrevista coletiva, após reunião com o destinatário do papelório, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes.

O petista evitou dar oxigênio para o golpismo. Disse que “não há tempo para vingança”, para sacar na sequência sua primeira declaração acerca dos protestos. “Essas pessoas não têm o que contestar”, afirmou, completando de forma nada inocente que é necessária a investigação acerca do financiamento dos atos antidemocráticos.

Nenhuma palavra sobre o relatório ou acerca do papel complexo que estratos militares diversos, Defesa, serviço ativo e reserva, tiveram no relacionamento íntimo com o capitão reformado do Exército Bolsonaro.

Ponto para Lula, que teve interlocutores alertados nos últimos dias de que a caserna quer passar a régua no tema das urnas eletrônicas. Não se sabe ainda se isso é uma sinalização de armistício, mas ao focar nos manifestantes como entes isolados, o petista acenou.

Um integrante da cúpula militar dizia, na noite de quarta (9), que não havia alternativa e que Bolsonaro desejava algo ainda mais contundente, tentando assim pintar um quadro de cooperação fardada para evitar uma crise.

Se a versão lhe é conveniente, e é, ela também casa com a ideia de que alguma normalização está sendo buscada. A reação do TSE, “recebendo com satisfação” a peça, vai nesse sentido de fim de jogo.

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Lula presidente

Lula reúne-se com Weber para “distensionar” relação entre governo e STF

No STF, senador eleito Flávio Dino, que faz parte da comitiva de Lula, disse que reunião “é sinal político de que a era de ataques acabou”.

Segundo o Metrópoles, o presidente da República eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), iniciou os trabalhos para retomar a boa relação entre os Poderes Executivo e Judiciário. Lula encontrou-se com a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber, na tarde desta quarta-feira (9/11), em reunião de resgate institucional.

Lula, o vice eleito, Geraldo Alckmin (PSB), e comitiva entraram pelo Salão Branco do Supremo, mas a reunião ocorreu na Presidência do STF, no terceiro andar. A agenda contou com a presença de 10 ministros da Corte Suprema, à exceção de Luís Roberto Barroso, que está no Egito para a COP27 — conferência anual do clima da Organização das Nações Unidas (ONU).

Na entrada, o senador eleito Flávio Dino (PSB), que também participará do encontro com ministros, ressaltou que essa é uma reunião institucional para “distensionar” os ânimos com Corte.

“É um sinal político de que a era de ataques acabou”, disse Dino.

Vários servidores esperaram Lula na entrada do salão branco do STF. Eles chamaram o presidente, que acenou e sorriu para todos.

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