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Irã alerta Israel e EUA que situação pode ficar ‘incontrolável’

O ministro iraniano das Relações Exteriores, Hosein Amir Abdolahian, advertiu neste domingo (22) os governos dos Estados Unidos e de Israel que a situação pode ficar “incontrolável” no Oriente Médio se os dois países “não acabarem imediatamente com os crimes contra a humanidade e o genocídio em Gaza”.

“Hoje a região é como um barril de pólvora (…) Gostaria de alertar os Estados Unidos e o regime fantoche israelense que se não acabarem imediatamente com os crimes contra a humanidade e o genocídio em Gaza, tudo é possível a qualquer momento e a região ficaria incontrolável”, afirmou o chanceler iraniano em uma entrevista coletiva conjunta com a homóloga sul-africana Naledi Pandor, segundo a Exame.

A comunidade internacional teme um agravamento e a propagação da guerra iniciada em 7 de outubro entre o grupo islamista palestino Hamas e Israel, com o aumento dos confrontos entre o grupo libanês Hezbollah e o Exército de Israel, na fronteira com o Líbano.

O governo dos Estados Unidos reforçou sua presença na região, com a mobilização de um segundo porta-aviões para “dissuadir ações hostis contra Israel ou qualquer esforço direcionado a ampliar a guerra após os ataques do Hamas”.

O ministro iraniano advertiu que “qualquer erro de cálculo durante o conflito, o genocídio, o massacre e a migração forçada dos habitantes de Gaza e Cisjordânia podem ter graves consequências para a região e para os interesses dos países agressores”.

Pandor fez um apelo à comunidade internacional para que “preste mais atenção” à difícil situação dos palestinos no âmbito do que chamou de “vergonhosa” ofensiva contra Gaza.

O conflito começou após uma operação sem precedentes de combatentes do Hamas que invadiram o território israelense e mataram mais de 1.400 pessoas, a maioria civis.

Os bombardeios de represália de Israel mataram mais de 4.600 pessoas, a maioria civis, segundo autoridades de Saúde do movimento islamista Hamas, que governa Gaza desde 2007.

Pouco depois do ataque, o Irã celebrou a ofensiva, mas insiste que não se envolveu na ação, na qual mais de 200 pessoas foram sequestradas.

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Israel emite novo alerta de evacuações em Gaza; mortes passam de 6 mil

Tropas de Israel pretendem intensificar bombardeios em Gaza antes de invasão por terra. Caminhões com ajuda humanitária aguardam liberação.

Cidadãos palestinos informaram ter recebido um novo alerta, na madrugada deste domingo (22/10), para se deslocarem em sentido ao Sul da Faixa de Gaza. O governo de Israel já avisou que intensificará os bombardeios na região, dentro dos preparativos para invadir o território por terra, diz o Metrópoles.

Segundo o Hamas, neste domingo, ao menos 55 pessoas morreram no território palestino durante os ataques noturnos. Com isso, o número de mortes no conflito ultrapassou a marca de 6 mil pessoas. Ao todo, 4.651 palestinos e 1.405 israelenses morreram na guerra. As informações foram divulgadas pela agência de notícias Al Jazeera.

Duas americanas, moradoras de Chicago, foram libertadas pelo grupo extremista. Judith Tai Raanan e Natalie Shoshana Raanan, mãe e filha, respectivamente, foram sequestradas pelo Hamas durante o ataque a Israel no último dia 7. Ambas estavam no país para visitas e confraternização com parentes.

De acordo com o governo israelense, o número de pessoas sequestradas pelo Hamas também subiu para 212. A quantidade de pessoas em cativeiro aumentou, apesar da liberação das primeiras reféns pelo grupo fundamentalista na sexta-feira (20/10).

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Água enviada para Gaza atende a 1% dos palestinos, e doenças se proliferam

Em novo levantamento da ONU publicado na manhã deste domingo, a entidade deixa claro que o volume de ajuda internacional autorizado a entrar em Gaza é insuficiente. Para que a crise humanitária seja atendida, os comboios precisarão ser multiplicados por cinco e realizados todos os dias.

Por enquanto, apenas 20 caminhões foram autorizados a entrar em Gaza, o que foi descrito por diplomatas como apenas uma manobra de propaganda.

Nos carregamentos realizados no sábado, a água destinada para Gaza atende a apenas 1% da população e por apenas um dia. Enquanto isso, os serviços médios revelam o surgimento e proliferação de doenças entre a população.

Os dados ainda revelam como bairros inteiros foram já destruídos e constatam que 62% das vítimas são mulheres e crianças. Superlotados, os abrigos da ONU registram caos, disputas violentas e tensão entre os palestinos.

Eis os principais dados do novo levantamento humanitário da ONU sobre Gaza:

O volume de mercadorias que entrou é equivalente a cerca de 4% da média diária de importações para Gaza antes das hostilidades. É apenas uma fração do que é necessário após dias de cerco total. A ONU alertou que é imperativo aumentar o acesso de ajuda para pelo menos 100 caminhões por dia.

Os bombardeios continuam quase inabaláveis e as hostilidades entram no décimo quinto dia em Gaza.

Mais 248 palestinos foram mortos nas últimas 24 horas. Isso eleva o número de vítimas fatais para 4.385 palestinos, sendo que 62% delas são crianças e mulheres.

98 famílias palestinas perderam dez ou mais de seus membros. 95 famílias palestinas perderam de seis a nove membros; e 357 famílias perderam de 2 a 5 de seus membros. Mais de 1.000 palestinos foram dados como desaparecidos e presume-se que estejam presos ou mortos sob os escombros

Bairros inteiros destruídos
Pelo menos 42% (164.756) de todas as unidades habitacionais da Faixa de Gaza foram destruídas ou danificadas desde o início das hostilidades. Bairros inteiros foram destruídos, especialmente em Beit Hanoun, Beit Lahia e Shuja’iyeh, a área entre Gaza e o campo de refugiados de Shati’ e Abbassan Kabeera.

A ONU estima que haja cerca de 1,4 milhão de deslocados internos em Gaza. Há relatos de famílias deslocadas que estão retornando ao norte de Gaza devido aos bombardeios contínuos e à incapacidade de atender às necessidades básicas no sul.

Água e doenças
Dois dos 20 caminhões que entraram em Gaza pela passagem de Rafah carregavam 44.000 unidades de água engarrafada fornecida pela UNICEF. Isso é suficiente para apenas 22.000 pessoas por um dia. Isso representa 1% da população palestina em Gaza.

A ONU foi forçada a racionar a água potável, fornecendo apenas um litro por pessoa por dia. O padrão internacional mínimo é de 20 litros.

Foram detectados casos de catapora, sarna e diarreia, diante das condições precárias de saneamento e ao consumo de água de fontes inseguras. Espera-se que a incidência dessas doenças aumente, a menos que as instalações de água e saneamento recebam eletricidade ou combustível para retomar as operações.

As pessoas estão consumindo água salgada com mais de 3.000 miligramas por litro de teor de sal dos poços agrícolas. Isso representa um risco imediato à saúde, aumentando os níveis de hipertensão, especialmente em bebês com menos de seis meses, mulheres grávidas e pessoas com doenças renais. O uso de água subterrânea salina também aumenta o risco de diarreia e cólera.

Os estoques atuais de alimentos em Gaza são suficientes para cerca de 13 dias, de acordo com o Programa Mundial de Alimentos (WFP). No entanto, em nível de loja, espera-se que o estoque disponível dure apenas mais quatro dias.

Ataques contra escolas e hospitais
205 instalações educacionais foram afetadas, incluindo pelo menos 29 escolas da ONU. Oito dessas escolas foram usadas como abrigos de emergência para deslocados internos, sendo que uma delas foi diretamente atingida, resultando em pelo menos oito deslocados internos mortos e outros 40 feridos.

A superlotação e a escassez de suprimentos básicos provocaram tensões entre os deslocados internos, além de relatos de violência de gênero.

Em 21 de outubro, o exército israelense emitiu ordens de evacuação para os 17 hospitais ainda em funcionamento. Eles estão na cidade de Gaza, no norte de Gaza e em um hospital em Rafah. Até o momento, esses hospitais não foram evacuados, pois isso colocaria em risco a vida de pacientes vulneráveis.

*Jamil Chade/Uol

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É difícil ser tão ruim quanto Bolsonaro, mas Milei tem tentado

Quem quiser o título deve ser comparável a catástrofes naturais e pragas bíblicas.

A Argentina vai às urnas neste domingo eleger seu novo presidente. O primeiro colocado nas pesquisas é Javier Milei, por vezes chamado de “Bolsonaro argentino”. O clã Bolsonaro, de fato, apoia Milei com entusiasmo.

É preciso tomar cuidado ao dizer que alguém é o Bolsonaro de outro país. Muito pouca coisa no mundo é tão ruim quanto Jair Bolsonaro.

Graças a Bolsonaro, durante alguns meses de 2021 o Brasil teve um terço das mortes por Covid-19 no mundo, mais de dez vezes nossa proporção da população mundial (2,8%). Segundo cálculos do epidemiologista Pedro Hallal, a recusa de ofertas de vacinas pelo governo Bolsonaro causou, só entre janeiro e junho de 2021, 95 mil mortes.

Bolsonaro também desmontou os mecanismos de combate à corrupção no Brasil e permitiu que os congressistas apresentassem emendas secretas ao Orçamento (por isso não sofreu impeachment). Realizou pelo menos duas tentativas de golpe de Estado. A primeira, em 7 de setembro de 2021, quando declarou que não obedeceria mais ao Supremo Tribunal Federal. E outra logo depois de sua derrota ano passado.

Na semana passada, uma Comissão Parlamentar de Inquérito apontou o ex-presidente como mentor intelectual da destruição da praça dos Três Poderes em 8 de janeiro, ápice de uma onda golpista que se seguiu ao resultado das eleições. Um terrorista que havia ocupado cargo no governo Bolsonaro tentou explodir o aeroporto de Brasília na véspera de Natal de 2022.

Ou seja, não basta ser conservador, populista, nem mesmo a versão radical de qualquer uma dessas coisas, para ser “o Bolsonaro” de seu país. Quem quiser o título deve ser comparável, não a outros estadistas, mas a catástrofes naturais e pragas bíblicas.

Embora já tenha mentido sobre o número de desaparecidos durante a ditadura, o currículo de Milei como fascista é bem mais modesto que o de Bolsonaro, um ex-militar que já tinha tentado explodir o próprio quartel. O déficit de fascismo de Milei é só parcialmente coberto por sua candidata a vice, Victoria Villarruel, que tem vínculos históricos com os militares presos por crimes da ditadura argentina e chegou a visitar o ex-ditador Jorge Videla.

Mas o programa econômico de Milei é consideravelmente pior do que o de Bolsonaro. Jair sempre admitiu que era completamente ignorante sobre o assunto. O candidato argentino parece estacionado naquele pico de estupidez em que o indivíduo sabe o suficiente para ter convicções fortes, mas não o suficiente para deixar de ser burro: defende extinguir o Banco Central, dolarizar a economia e eliminar órgãos públicos cujo funcionamento, obviamente, não compreende.

*Celso Rocha de Barros/Folha

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Guerra na Faixa de Gaza matou em 15 dias quase metade de jovens e crianças palestinas vítimas de conflitos desde o ano 2000

Do total de 3.265 jovens vítimas de conflitos na Faixa de Gaza desde o ano 2000, quase metade das mortes de crianças e adolescentes palestinos registradas neste aconteceu nas duas últimas semanas, durante a guerra entre Israel e o Hamas. Foram mortos ao menos 1.524 menores na região no atual confronto, ou 46,7% do total.

O número óbitos de pessoas com menos de 18 anos em 15 dias de guerra é quase três vezes o total de menores mortos no ano com mais vítimas até então. Em 2014, 548 crianças e adolescentes foram vítimas de uma ofensiva de Israel para destruir foguetes e túneis em Gaza.

A Folha de S. Paulo cruzou dados de mortes de menores de 18 anos na Faixa de Gaza, registrados pela B’Tselem, organização israelense de direitos humanos, com as informações de mortes recentes divulgadas pela Ocha, agência das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários, que considera estimativas do Ministério da Saúde de Gaza e faz esse mesmo recorte etário.

As duas organizações têm bases historicamente semelhantes e contabilizam vítimas consequentes do confronto bélico na região, mortas por explosões ou armas de fogo.

O boletim da ONU que inclui informações sobre menores, de quinta-feira (19), só traz atualização sobre crianças e jovens palestinos. Das mortes em Gaza, cerca de 40% das vítimas desde o dia 7 de outubro são menores de idade.

Do lado de Israel, autoridades locais estimam que 20 dos 705 mortos que tiveram os nomes identificados sejam crianças. A maioria morreu na ofensiva do Hamas a Israel há 15 dias.

Ao todo, o confronto tirou a vida de aproximadamente 5.800 pessoas, sendo 1.400 israelenses, e 4.449 palestinos, de acordo com autoridades locais.

A proporção de mortes palestinas é historicamente maior do que a de israelenses no confronto entre as duas partes. De 2000 até o início da atual guerra, 145 crianças e adolescentes israelenses foram mortos, sendo 90 em Israel, 51 na Cisjordânia e 4 em Gaza, de acordo com a B’Tselem.

No mesmo período, são 2.290 menores palestinos mortos, sendo 1.741 em Gaza, 537 na Cisjordânia e 12 em Israel.

Dados anteriores ao atual conflito indicam que foram 765 crianças de 0 a 12 anos e 976 adolescentes de 13 a 17 anos. No geral, 415 meninas e 1.326 meninos palestinos.

A morte de crianças foi uma das preocupações expressas na resolução proposta pelo Brasil no Conselho de Segurança da ONU. Com 12 votos favoráveis de 15 possíveis, o texto só não passou porque recebeu veto dos Estados Unidos, que destacou o direito de Israel se defender.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a mencionar as mortes de menores na sexta, em pronunciamento por vídeo, quando também classificou o ataque do Hamas de terrorista.

“Hoje quando o programa [Bolsa Família] completa 20 anos, fico lembrando que 1.500 crianças já morreram na Faixa de Gaza. Que não pediram para o Hamas fazer ato de loucura que fez, de terrorismo, atacando Israel, mas também não pediram que Israel reagisse de forma insana e as matasse. Exatamente aqueles que não têm nada a ver com a guerra, que só querem viver, brincar, que não tiveram direito de ser crianças”, disse.

Desde o início da guerra, cerca de 1 milhão de pessoas se deslocaram em Gaza: mais de 527 mil estão nas 147 estruturas emergenciais de abrigo montadas pelas Nações Unidas, a maioria na região central ou sul de Gaza.

Com o cerco à região, a crise humanitária se acentuou diante da escassez de água, alimentos, combustíveis e medicamentos.

Vinte caminhões de ajuda internacional conseguiram autorização para entrar na Faixa de Gaza neste sábado (21) a fim de levar mantimentos aos civis. Cerca de 200 caminhões ainda aguardam o sinal verde para a passagem.

Ao menos 210 pessoas ainda seguem reféns do Hamas, incluindo israelenses e estrangeiros, de acordo com as forças do país. O grupo liberou duas reféns americanas na sexta-feira.

Com informações da Folha de S. Paulo.

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‘Metrô de Gaza’, a arma secreta do Hamas contra uma invasão de Israel

O Exército israelense nunca conseguiu destruir a rede subterrânea de comunicações, refúgios, postos de comando e cativeiro para reféns do grupo terrorista na Faixa de Gaza.

O solo arenoso de Gaza é o pior inimigo de Israel. Foi possível escavar quase que com as mãos e longe de olhares indiscretos, por mais de três décadas, para perfurar uma das maiores redes de túneis e passagens subterrâneas do planeta em um de seus menores territórios. O Estado-maior das Forças Armadas de Israel batizou de “metrô” a rede estratégica de dezenas de quilômetros de galerias de uso militar, considerada como a arma secreta do Hamas diante de uma invasão. Ao contrário de túneis de contrabando, na fronteira com o Egito, ou passagens de ataque escavadas sob a fronteira de Israel, ninguém viveu para contar o que viu no metrô da Faixa de Gaza, diz O Globo.

O objetivo central da planejada invasão será previsivelmente a rede de abrigos subterrâneos, onde se escondem os líderes políticos do Hamas e os comandantes de seu braço armado, as Brigadas de Ezedin al-Qassam. Israel lançou uma guerra em larga escala em Gaza, em 2014, que incluiu uma ampla operação terrestre durante dois meses, com o propósito de destruir as galerias subterrâneas. Em 2021, na última grande incursão do Exército, Israel voltou a anunciar sua destruição, ao mesmo tempo em que justificava os bombardeios do bairro residencial de Rimal, na capital do enclave, onde se registraram dezenas de vítimas civis. As crateras e buracos abertos pelas bombas neste distrito, após 11 dias de bombardeios, mostravam o característico solo arenoso de Gaza, sem restos de concreto ou vigas metálicas, quando a imprensa estrangeira pôde visitar o local.

— O Hamas afirma que há 500 quilômetros de túneis. Mas acredito que esse número é uma forma de desincentivo a Israel, para que não invada Gaza — explica Harel Chorev, historiador e pesquisador do Centro Dayan, da Universidade de Tel Aviv. — O que é certo é que há dezenas de quilômetros construídos, de onde são lançados foguetes e se guarda armamento. Também há salas de abastecimento, reservas de água, dispositivos eletrônicos e tudo o que se pode precisar em caso de um ataque.

Ameaça subterrânea: túneis do Hamas são preocupação de segurança para Israel — Foto: Arte/O Globo

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Alimentos, água e medicamentos chegam à Gaza pela fronteira em Rafah, mas são insuficientes para população de 2,3 milhões

Após 12 dias sob o cerco total de Israel e em grave crise humanitária, impedida de acessar água, alimentos e eletricidade, Gaza recebeu na manhã deste sábado (21/10) 20 caminhões com suprimentos para a população, por meio da passagem pela fronteira em Rafah, no Egito.

O comboio de ajuda humanitária contém água, alimentos e medicamentos, mas não combustível, que também tem sido restrito aos palestinos de Gaza e implica no não-funcionamento da única central elétrica do enclave, segundo o Opera Mundi.

A decisão para que combustível não fosse permitido partiu do governo de Israel. Nesta manhã, o porta-voz das Forças de Defesa Israelenses (FDI), Daniel Hagari, adiantou que a matéria-prima que pode gerar energia “não entraria em Gaza”.

A agência de ajuda humanitária da ONU para refugiados palestinos (UNRWA) é receptora deste comboio e tem a responsabilidade de distribuir a ajuda aos civis em Gaza. De acordo com sua diretora de comunicações, Juliette Touma, é “absolutamente crítico” que o combustível chegue à região. .

Segundo sua entrevista ao jornal catari Al Jazeera, o combustível é essencial para as operações da agência e para bombear água para as torneiras da população.

A representante classificou o envio dos primeiros caminhos com ajuda como importante, e “sublinhou que é necessário continuar e não pode ser uma prestação de ajuda “única”.

Segundo a Al Jazeera, o gabinete de comunicação social do governo em Gaza disse esperar que a UNRWA entregue ajuda humanitária em diversas regiões da faixa, que tem mais de dois milhões de habitantes.

“Com o início da entrada através da passagem de Rafah do primeiro comboio limitado de necessidades básicas, estamos à espera que a UNRWA – como parte receptora – realize a sua dever de prestar ajuda aos necessitados em várias áreas da Faixa de Gaza”, ressaltou o jornal.

O representante palestino também lembrou sobre importância do estabelecimento de corredores humanitários que funcionem 24 horas por dia a fim de “satisfazer as necessidades humanitárias e os serviços essenciais que estão completamente desaparecidos” na Faixa de Gaza, incluindo o recebimento de ajuda médica uma vez que o sistema de saúde da região está em colapso.

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Medo da intolerância insuflado pela guerra atinge judeus e muçulmanos no Brasil

Sentimento em meio ao conflito Israel-Hamas vira tema de discussão e de preocupação em sinagogas e mesquitas.

Em dias tão divisionistas, um mesmo sentimento uniu mesquitas e sinagogas: medo. A guerra entre Israel e Hamas avivou ondas de intolerância contra judeus e muçulmanos, como se a identidade religiosa automaticamente tornasse alguém cúmplice de crimes cometidos por um irmão de fé.

Uma sinagoga em Berlim foi alvo de coquetéis molotov na quarta (18). O Conselho Central de Judeus na Alemanha reagiu lembrando do “dia de fúria” convocado por Hizbullah e aliados contra a comunidade judaica. Mais do que uma frase solta, seria “um terror psicológico que leva a ataques concretos”.

Algumas casas da cidade já tinham sido pichadas com estrelas de Davi, ação que emula a opressão antissemita durante o nazismo.

Enquanto isso, a foto de Wadea Al-Fayoume com um chapéu purpurinado onde se lê “happy birthday” circulava pelo mundo. Era seu aniversário de 6 anos. Dias depois, o proprietário da casa que a família de origem palestina alugava esfaqueou o menino. No funeral, um tio disse que suas últimas palavras foram: “Mãe, eu estou bem”.

São amostras brutais de uma violência que apavora judeus e muçulmanos, nutrindo a desumanização do outro lado e dando corda para um ciclo de repulsa mútua, segundo a Folha.

O pânico tem contaminado também o Brasil. Na esteira da chacina em Israel, o rabino Rogério Cukierman, da CIP (Congregação Israelita Paulista), falou a uma audiência judaica sobre as cenas inimagináveis “de violência e sadismo” que inviabilizaram o que era para ser “uma das datas mais felizes do ano”, a festividade do Simchat Torá.

A tia nonagenária de um dos sócios da CIP, que lhe pedia para levar uma cachaça do Brasil para que fizesse caipirinhas no kibutz onde vivia, foi uma das vítimas do Hamas. Muitos judeus brasileiros conheciam alguém assassinado no dia 7 e têm amigos morando em Israel. São corriqueiras as conversas de vídeo interrompidas por sirenes do outro lado, alertas para um possível ataque de mísseis.

Abrir o celular é um show de horrores. Grupos de WhatsApp se enxameiam com publicações antissemitas pinçados das redes sociais. Um deles: “É cada judeu existindo que me faz pensar onde foi que Hitler errou”.

O mesmo preconceito, com sinais trocados, incita a islamofobia mundo afora, e muçulmanos no Brasil não são poupados dessa retórica intolerante.

Líderes dizem que judeus ganham muito mais espaço na mídia para denunciar, inclusive, o antissemitismo que sofrem. Isso sem falar em círculos em que a defesa de Israel se confunde com a imagem de um Islã bárbaro. Fenômeno gêmeo ao que se espraiou depois do 11 de setembro de 2001 nos EUA.

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Ministro da Defesa de Israel diz que Hezbollah decidiu entrar no conflito: ‘Está pagando preço alto’

Grupo libanês é considerado ‘o irmão mais velho do Hamas’

O ministro da defesa israelense, Yoav Gallant, afirmou que o grupo Hezbollah, milícia xiita libanesa por vezes definida como o irmão mais velho do Hamas, está pagando um “preço alto” pelos ataques ao norte de Israel nos últimos dias. A declaração foi dada às tropas israelenses no campo de Biranit, na fronteira com o Líbano, neste sábado.

— O Hezbollah decidiu participar nos combates, e estamos cobrando um preço elevado por isso. Presumo que os desafios vão tornar-se maiores [do que são agora], e é preciso ter isso em mente, estar pronto, como uma mola, para qualquer situação — afirmou Gallant.

O principal trunfo do Hezbollah reside no arsenal de mísseis. Tal como no caso do Hamas, não há transparência nem dados verificados. Segundo o centro de pesquisa israelense Alma, o grupo possui algumas centenas de mísseis de alta precisão, cerca de 5 mil mísseis com alcance superior a 200 quilômetros (sendo o Fateh-110, capaz de atingir cerca de 300 quilômetros), cerca de 65 mil foguetes com alcance de até 45 quilômetros e mísseis de menos de 200 quilômetros, e cerca de 2 mil drones. Uma radiografia do Centro de Estudos Estratégicos Internacionais também sublinha a relevância da Fateh-110, segundo O Globo.

Durante a guerra de 2006, que durou 34 dias, o Hezbollah disparou cerca de 4 mil foguetes contra Israel, de um arsenal de cerca de 15 mil, segundo estimativas israelenses. E está melhor preparado agora do que estava à época.

Em termos de tropas, a variação vai dos 25 mil combatentes estimados pela revista especializada Jane’s, em 2017, aos 100 mil declarados pelo próprio chefe do Hezbollah, Hasan Nasrallah, em 2021, número considerado exagerado pelos especialistas.

Sem dúvida, a sua intensa participação na Guerra da Síria ao lado de Bashar al-Assad, causou enormes baixas nos últimos anos, mas fez com que o grupo extremista também desenvolvesse experiência de combate — o que é sempre um elemento valioso para qualquer força armada. A presença persistente na Síria de células do grupo é uma vantagem potencial.

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EUA e Israel esnobam cúpula de paz no Cairo, enquanto Gaza é bombardeada

Enquanto alguns dos principais líderes mundiais e chanceleres se reúnem neste sábado numa imponente sala no Cairo, os governos de Israel e dos EUA esnobam a cúpula da paz, organizada pelo Egito. Se a reunião conta com presidentes, monarcas e ministros de vários países, Tel Aviv não enviou ninguém e o governo americano apenas destacou uma diplomata sem qualquer influência. Enquanto isso, Gaza continuava sendo alvo de bombardeamentos.

O foco dos principais países árabes foi o de rejeitar qualquer tentativa de Israel de deslocar a população palestina para um novo território, eventualmente no Egito. O temor da região é de que um dos objetivos de Tel Aviv seja a de forçar a saída dos palestinos.

Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, insistiu que não aceita que seu povo seja expulso de Gaza. “Nunca vamos aceitar uma transferência. Nunca vamos deixar nosso território”, disse, apelando por um corredor humanitário e o fim do conflito.

Ele ainda defendeu que o Conselho de Segurança da ONU atue para “proteger os palestinos” e para que seu governo possa ganhar status de membro pleno nas Nações Unidas.

O príncipe herdeiro do Kuwait, Meshal al Ahmad al Sabah, também reforçou o coro de que não haverá uma aceitação qualquer plano de deslocar os palestinos para fora de Gaza.

Ao abrir o evento, o presidente do Egito, Abdul Fatah Al-Sissi apresentou o que acredita que ser um plano para lidar com a crise, envolvendo um cessar-fogo, a entrega de ajuda humanitária e o início de uma efetiva negociação entre palestinos e israelenses.

Cyril Ramaphosa, presidente da África do Sul, também pediu um cessar-fogo e alertou para o risco de que ambas as partes comecem a receber armas de potências. “O conflito pode sair do controle”, disse.O encontro ainda contou com Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, além chanceleres da França, Reino Unido e Alemanha. A Rússia enviou seu vice-ministro de Relações Exteriores.

O Egito havia convidado o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o evento. Mas, recuperando-se de uma operação, ele ordenou que seu chanceler, Mauro Vieira, representasse o país.

Sub da Sub da Sub
Mas, no caso americano, a opção foi por destacar apenas a embaixadora alterna que ocupa a representação dos EUA no Cairo, Beth Jones. Hoje, os americanos não contam com um embaixador pleno no Egito e Jones é apenas uma chargé d’affair. Na hierarquia diplomática, trata-se de um sinal de que o governo americano não vê o encontro como prioritário.

o redor da mesa, porém, os discursos alertavam sobre o risco de um colapso da região. O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, alertou que a região está “a um passo do precipício”. Em seu discurso, ele destacou que a ajuda humanitária permitida a entrar em Gaza neste sábado está longe de ser ideal.

“Ontem fui ao posto de fronteira de Rafah”, disse. “Lá, vi um paradoxo: uma catástrofe humanitária acontecendo em tempo real. Por um lado, vi centenas de caminhões repletos de alimentos e outros suprimentos essenciais. Por outro lado, sabemos que, do outro lado da fronteira, há dois milhões de pessoas sem água, comida, combustível, eletricidade e medicamentos”, afirmou.

“Caminhões cheios de um lado, estômagos vazios do outro”, lamentou.

Ele destacou como um comboio de 20 caminhões está se deslocando hoje. “Mas o povo de Gaza precisa de um compromisso muito, muito maior – uma entrega contínua de ajuda a Gaza na escala necessária”, disse.

Guterres, porém, deixou claro que tanto Israel como Hamas precisam terminar com a onda de violência.

“Vamos ser claros. As queixas do povo palestino são legítimas e longas. Não podemos e não devemos ignorar o contexto mais amplo desses eventos trágicos: o conflito de longa data e 56 anos de ocupação sem fim à vista”, disse.

*Jamil Chade/Uol