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Produtos dos EUA enfrentam boicote após tarifas de Trump; empresas perdem US$ 8 tri em valor

As 500 maiores maiores empresas norte-americanas perderam o equivalente a três vezes o PIB do Brasil.

A reportagem do DW Brasil indica que, apesar do recuo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, os consumidores globalmente não estão boicotando produtos norte-americanos. A resistência é mais evidente nos países diretamente afetados pelo pacote de tarifas de Trump, como Canadá e na Europa, onde a mobilização popular está se intensificando sob o lema “compre local”, tanto nas lojas físicas quanto online.

No dia 2 de abril, Trump instituiu uma sobretaxa sobre todas as importações aos EUA, denominando o evento de “Dia da Libertação”, referindo-se a nações que, segundo ele, aproveitariam a situação. Contudo, no dia 9 de abril, apenas uma semana após a imposição, Trump anunciou uma pausa de 90 dias na tarifa, reduzindo a maioria das sanções para uma taxa básica de 10%.

Com a China, a abordagem é mais agressiva. Na mesma sequência de medidas, Trump decidiu aumentar as tarifas sobre produtos chineses de 104% para 125%, com a Casa Branca depois corrigindo esse número para 145%, o que resume todas as tarifas em vigor. Em resposta, o governo chinês, que tem se oposto ativamente à política tarifária do presidente americano, anunciou um aumento de tarifas sobre produtos dos EUA, que passam de 84% para 125%, começando a partir do dia 12 de abril. O presidente chinês, Xi Jinping, fez um apelo à União Europeia para que a região se una contra a “intimidação” promovida por Trump.

Na Europa, onde a sobretaxa de 20% sofreu um alívio, os consumidores estão se organizando virtualmente para promover boicotes. Campanhas e grupos foram criados em redes sociais, como o grupo francês “Boycott USA: Achetez Français et Européen!”, que já conta com mais de 30 mil participantes. Grupos suecos como “Bojkotta varor från USA” (Boicote aos produtos dos EUA) já somam mais de 180 mil membros, todos com o intuito de pressionar pelo fim das sanções.

Na Alemanha, uma pesquisa realizada pelo grupo Cuvey revelou que 64% da população prefere evitar produtos americanos, indicando que a política de Trump já influi sobre suas decisões de consumo. Além disso, um movimento surgido em redes sociais e fóruns como o Reddit incentiva consumidores na Europa e no Canadá a posicionar os produtos dos EUA de cabeça para baixo nas prateleiras dos supermercados, como um sinal visual de descontentamento.

Empresas europeias também estão se articulando contra as corporativas americanas. Um exemplo é o Salling Group, maior varejista da Dinamarca, que anunciou que marcará produtos da Europa com uma estrela negra, facilitando a identificação dos itens locais para os consumidores.

Essas ações demonstram como as políticas tarifárias de Trump têm gerado movimentos de resistência e solidariedade entre consumidores internacionais, mostrando uma oposição crescente às suas medidas e a busca por promover a compra de produtos locais, com o intuito de impedir o fortalecimento das marcas americanas no mercado global.
As empresas norte-americanas estão enfrentando perdas bilionárias de valor de mercado, resultado não apenas de um boicote de consumidores, mas também da instabilidade nas bolsas internacionais causada pela recente imposição tarifária global anunciada em 2 de abril.

De acordo com uma análise publicada no blog da jornalista Míriam Leitão, no jornal O Globo, as 500 maiores empresas dos Estados Unidos perderam aproximadamente US$ 8 trilhões entre os dias 1º e 8 de abril. Esse valor é equivalente a três vezes o PIB brasileiro, representando uma significativa perda de riqueza.

Essas perdas não são exclusivas das empresas norte-americanas; a crise está afetando companhias em todo o mundo. Em resposta a essa situação, o presidente Donald Trump teve que recuar em algumas de suas políticas devido à pressão crescente. As consequências das tarifas não se limitam ao valor de mercado dessas empresas, afetando também suas estruturas de negócios e as formas como os produtos são fabricados.

Setores particularmente impactados incluem as grandes empresas de tecnologia, cujos líderes são notáveis apoiadores de Trump. A perda é acentuada, pois muitas dessas empresas mantêm uma cadeia de produção altamente globalizada, com grande parte da manufatura ocorrendo fora dos Estados Unidos, especialmente na Ásia.

O professor de economia da ESPM, Leonardo Trevisan, comentou que a tentativa de Trump de combater a China através do incentivo à produção interna é complexa, já que 151 dos 190 países possuem acordos comerciais mais robustos com a China. Essa realidade não pode ser alterada rapidamente, pois levou anos para ser estabelecida.

Uma reportagem da revista The Economist, reproduzida no Estadão, caracteriza o impacto das políticas comerciais de Trump como sem precedentes na história recente. De acordo com a publicação, o presidente trocou as relações comerciais estáveis que levaram mais de cinquenta anos para serem construídas por um modelo de políticas arbitrárias e volúveis, cuja implementação é frequentemente anunciada por meio das redes sociais. A falta de previsibilidade tem gerado um clima de incerteza, em que mesmo seus assessores não conseguem antecipar os próximos passos da administração.

A reportagem também menciona um impasse criado com a China, sugerindo que essa situação pode ser difícil de reverter. Em um intervalo de apenas dez dias, as políticas de Trump desmantelaram as certezas que sustentavam a economia global, introduzindo níveis extraordinários de volatilidade e confusão. Embora parte do caos aparentemente tenha diminuído temporariamente, reconstruir a infraestrutura econômica que foi perdida será um processo demorado e desafiador.

A situação atual reflete uma transformação drástica nas dinâmicas do comércio mundial, o que exige uma adaptação significativa das empresas, tanto americanas quanto internacionais, diante de um novo cenário econômico global.

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Quando as mercadorias não cruzam fronteiras, os soldados farão

Navegamos em mares bravios, em meio às chamas ateadas pelo novo Nero, que não se constrange em incendiar a economia do próprio país.

O recuo de Donald Trump em impor seu tarifaço a todos os países, excluindo a China, nem de longe é uma estratégia planejada. Trump recuou por vários motivos, um deles, e talvez o mais importante, foi a contrariedade dos bilionários estadunidenses, que perderam trilhões de dólares desde o anúncio do tarifaço.

Matéria do The New York Time desta quinta-feira (10) afirma que muitas empresas dos Estados Unidos discordam do tarifaço de Donald Trump e enxergam na China um porto seguro em meio à tempestade regulatória proposta por Washington.

O descontentamento da maioria dos estadunidenses também pesou no recuo do bufão da cabeleira amarela. No sábado (5), milhares de manifestantes protestaram contra Donald Trump em Washington e em várias cidades dos Estados Unidos. Grandes faixas nas proximidades da Casa Branca criticavam a posição fascista do presidente. Em uma delas, os manifestantes pediam que Trump tirasse suas mãos da Seguridade Social.

Na área da política externa, a “Guerra Comercial” de Trump teve derrotas importantes, principalmente no Velho Continente. Sem perder tempo, as principais nações europeias se voltaram para o fortalecimento de acordos com outros países e blocos econômicos mundo afora. Na quarta-feira (9), a União Europeia se aproximou da China, iniciando conversas para a cooperação comercial com o gigante asiático.

Na terça-feira (8), a ministra de Relações Exteriores da Finlândia, Elina Valtonen, defendeu, ao lado da Suécia, um acordo entre União Europeia e o Mercosul no sentido de combater os efeitos do tarifaço de Trump.

Desde bem antes das medidas tresloucadas de Trump, o governo do presidente Lula vem aprofundando acordos importantes com as principais economias do mundo. A diplomacia brasileira tem sido incansável na condução do fortalecimento do multilateralismo, e nos dois primeiros anos de seu terceiro mandato o presidente visitou 32 países, buscando restabelecer a posição do país após a terra arrasada diplomática legada por Bolsonaro.

No início deste ano Lula fechou acordos importantes no Vietnã e no Japão. Em maio, o presidente terá agenda bilateral com Putin em sua visita à Rússia. Na sequência, volta à China, onde será o convidado de honra do Foro Celac-China, que reúne países latino-americanos e a nação asiática. Vale realçar que Lula se reunirá com o presidente Xi Jinping justamente quando Trump intensifica as tensões comerciais entre os EUA e a China.

É impossível neste momento deixar de pensar na importância da postura de Lula e do seu governo em momentos de crise econômica global.

O mais importante deles ocorreu em 2008, quando Lula foi criticado pelo tal “mercado” e pela mídia corporativa, ao profetizar, em plena crise iniciada nos Estados Unidos devido a uma bolha imobiliária, que o tsunami nos EUA seria apenas uma ‘marolinha’ no Brasil. Na contramão de vários economistas e analistas, Lula pediu, na época, que a população comprasse. O resultado foi exemplo para o mundo. O francês Le Monde reconheceu que a rápida recuperação do Brasil demonstrou a precisão da estratégia adotada pelo governo brasileiro ao concentrar suas ações no mercado interno. Aliás, essa mesma estratégia vai ser utilizada pela China em meio à guerra comercial declarada pelos EUA.

Vocês já imaginaram onde estaria a economia brasileira nesse momento se o presidente fosse Bolsonaro, aquele que bate continência para a bandeira dos Estados Unidos e que declarava amor eterno a Trump? Ou mesmo o governador Tarcísio de Freitas, que posou com o boné MAGA, da campanha de Trump…”Make America Great Again”? Ambos de um servilismo enojante.

Nesse momento, os religiosos e mesmo os agnósticos deveriam erguer as mãos para o céu e agradecer por termos na presidência um líder já testado em situações globalmente adversas e que a história revela conhecer o caminho a seguir.

Sim, caro leitor, navegamos em mares bravios. Aliás, em meio às chamas ateadas pelo novo Nero, que não se constrange em incendiar e golpear fortemente a economia do próprio país. Embora todos sejamos de algum modo atingidos pelo risco de recessão global, quem irá arcar com as consequências imediatas de elevação de preços e desemprego, impostas do tal tarifaço, será o consumidor estadunidense. Esse mesmo que insanamente elegeu o novo Nero.

Todo governo autocrata e totalitário necessita de um inimigo público. O de Trump é a China, taxada em 145%, sem qualquer critério senão o próprio voluntarismo de Trump – e a psicanálise deve explicar. Está claro que Trump reduz o comércio global a um balcão de negócios pessoais, um jogo de truco irresponsável. Trata-se de um maníaco que pode levar o planeta a uma situação irreversível. Lembro aqui de uma frase de Frederic Bastiat: quando as mercadorias não cruzam fronteiras, os soldados farão.

*Florestan Fernandez Jr,/247

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Bolsas dos EUA despencam e mostram que Trump mira na China e acerta o próprio pé

Ações despencam novamente com aumento da angústia em relação à guerra comercial de Trump

O S&P 500 caiu 3,5% ao dia.

Motivo: a Casa Branca esclareceu que as novas tarifas sobre produtos chineses totalizaram 145%.

Para fabricantes de vestuário dos EUA, política tarifária caótica do estabanado Trump, não ajuda, ao contrário, atrapalha.

A ideia geral nos EUA é a de que produzir algo tão estúpido como as tarifas de Trump, é para a vida toda.

Com a lambança de Trump, EUA e China caminham para uma divisão “monumental”, colocando a economia mundial em alerta.

Um aprofundamento da guerra comercial pode enfraquecer ainda mais os laços entre as superpotências. Os efeitos repercutirão no mundo como um todo.

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Reservistas da Aeronáutica de Israel denunciam Netanyahu: ‘guerra em Gaza com fins políticos’

Cerca de mil soldados assinaram carta pressionando governo por acordo de cessar-fogo e libertação de reféns; texto foi publicado como anúncio em jornais do país.

Um grupo de cerca de mil veteranos da Força Aérea Israelense (IAF, na sigla em inglês), em sua grande maioria aposentados, publicou nesta quinta-feira (10/04) uma carta exigindo que o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu alcance um acordo de cessar-fogo com o Hamas e garanta o retorno dos reféns, mesmo que isso signifique o fim da guerra em Gaza.

“Continuar a guerra resultará na morte de soldados das Forças de Defesa de Israel (IDF) e de civis inocentes”, diz um trecho do texto que, segundo o jornal The Times of Israel, foi divulgado como anúncio em vários periódicos do país.

Além disso, os signatários sustentam que os ataques contínuos em Gaza servem a “interesses políticos e pessoais” do governo israelense, em vez da segurança nacional.

Segundo a agência AFP, as autoridades do Estado-Maior e do Ministério da Defesa de Israel decidiram demitir todos os reservistas ativos que assinaram o documento, afirmando que eles não podem se apropriar da “marca da Força Aérea Israelense” para protestar contra questões políticas.

O Times of Israel informou que apenas 60 dos signatários eram reservistas ativos, sendo que nesse número incluíam “pilotos competentes”, além de soldados em funções de quartel-general. O jornal revelou que cerca de 40 soldados da ativa que inicialmente estavam na carta removeram suas assinaturas antes da publicação.

Ainda segundo o veículo, no documento, constavam o nome do ex-chefe do Estado-Maior das IDF e comandante da IAF, Dan Halutz, e do ex-chefe da Diretoria de Planejamento das IDF, Nimrod Sheffer. O chefe da IAF, major-general Tomer Bar, tentou impedir a divulgação da carta, que a princípio estava programada para ser publicada na terça-feira (08/04).

Netanyahu critica ação de reservistas: ‘imperdoável’
Em comunicado, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, expressou apoio à decisão tomada pelas autoridades ministeriais de demitir os reservistas que assinaram o documento.

“A recusa em servir é a recusa em servir, mesmo que seja apenas insinuada em linguagem caiada. Declarações que enfraquecem as IDF e fortalecem nossos inimigos em tempos de guerra são imperdoáveis”, disse o premiê, embora a carta não faça um apelo a uma recusa geral de servir o Exército.

Netanyahu também chamou os signatários de “um grupo de extremistas marginais que estão tentando mais uma vez quebrar a sociedade israelense por dentro”.

Já o ministro da Defesa, Israel Katz, criticou os membros da aeronáutica, classificando o posicionamento como uma “tentativa de minar a legitimidade da guerra justa que as IDF lideram em Gaza”.

“Confio no julgamento do chefe do Estado-Maior e do comandante da Força Aérea, e estou convencido de que eles vão lidar com esse fenômeno inaceitável da maneira mais apropriada”,

*Opera Mundi

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Nova coalizão na Alemanha cita Brasil como prioridade e isola extrema direita

Parceria estratégica com o Brasil, retomada do acordo União Europeia-Mercosul e combate firme ao extremismo marcam o plano do governo a ser formado por conservadores e centro-esquerda.

A Alemanha se prepara para uma nova fase política com a formação de um governo de coalizão entre o União Democrata-Cristã (CDU), da ex-chanceler Angela Merkel, e o Partido Social-Democrata (SPD), do atual chanceler Olaf Scholz. O CDU, legenda conservadora, venceu a eleição antecipada de fevereiro, enquanto o SPD, de centro-esquerda, ficou em terceiro lugar.

O acordo, apresentado oficialmente nesta quarta-feira (10) e intitulado “Responsabilidade para a Alemanha”, sela a aliança entre os dois principais partidos do país e deverá conduzir o conservador Friedrich Merz ao cargo de chanceler federal no início de maio.

O texto ainda precisa ser ratificado pelas bases dos dois partidos. Em seguida, Merz será submetido à votação no Bundestag (parlamento alemão) para assumir formalmente o posto equivalente ao de primeiro-ministro.

Entre os pontos de destaque do acordo de 146 páginas está o reconhecimento do Brasil como parceiro estratégico na política externa alemã.

“Queremos intensificar e aprofundar as relações estratégicas com o Brasil”, afirma o documento, que também estabelece o objetivo de “ampliar as cooperações econômicas, ambientais e tecnológicas” com países-chave fora da Europa.

O texto amplia o escopo das relações internacionais ao apontar a América Latina e o Caribe como regiões de interesse especial para parcerias. Nesse contexto, a coalizão defende uma rápida ratificação do acordo União Europeia–Mercosul, considerado um dos compromissos centrais da nova agenda diplomática, segundo Ivan Longo, Forum.

“A ratificação do acordo UE-Mercosul é um passo necessário para o fortalecimento da presença europeia na região”, destaca o trecho. O pacto também reforça o empenho em concluir o tratado comercial com o México e promover novas negociações com países africanos e asiáticos

Isolamento da extrema direita
Apesar do partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD) ter conquistado 20,8% dos votos na eleição antecipada de fevereiro e se tornado a segunda maior força política do país, ele foi excluído da coalizão.

“Mostramos tolerância zero com o extremismo de direita e outras formas de extremismo”, diz o documento da coalizão entre conservadores e sociais-democratas.

O AfD, cujos membros já tiveram ligações comprovadas com grupos neonazistas, segue sendo monitorado pelo serviço de inteligência alemão. A exclusão do partido do novo governo mantém vivo, ao menos por hora, o princípio do Brandmauer, o “cordão sanitário” estabelecido por partidos tradicionais no pós-guerra para isolar forças antidemocráticas.

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Mercados pressionam, Trump recua e suspende tarifaço por 90 dias

Bilionários puseram intensa pressão sobre a Casa Branca

O presidente Donald Trump, sob intensa pressão dos mercados e dos bilionários que o apoiam, suspendeu por 90 dias o tarifaço que impôs aos parceiros comerciais dos Estados Unidos — menos à China.

De acordo com a Casa Branca, o tarifaço foi reduzido a 10% — ou seja, nada muda para as exportações do Brasil, taxadas com este valor na semana passada.

O anúncio foi feito através da rede social Truth Social e confirmado em seguida pelo secretário do Tesouro Scott Bessent.

Trump estava sob intensa pressão dos bilionários de Wall Street, inclusive de seu aliado Elon Musk.

Na mesma postagem, Trump informou que estava aumentando as tarifas sobre as importações da China para 125%, uma vez que Beijing retaliou e a partir de amanhã cobrará 84% em tarifas dos EUA.

Imediatamente, os mercados dispararam, com altas de mais de 7% nos Estados Unidos.

Vendendo como vitória
Nas últimas horas, havia sinais crescentes de deterioração dos índices econômicos, com forte oscilação dos papéis do Tesouro dos EUA, considerados o porto mais seguro pelos investidores.

De acordo com o diário New York Times, investidores estavam deixando os papéis do Tesouro em direção ao ouro e papéis da Alemanha.

Ou seja, o tarifaço de Trump ameaçava o papel central dos EUA no sistema econômico internacional.

Além disso, o presidente estava pressionado por executivos de empresas que perderam bilhões em valor nas bolsas desde que ele anunciou o tarifaço.

No caso da Apple, foram cerca de 20% em apenas três dias, ou mais de U$ 600 bilhões.

De acordo com o secretário do Tesouro, os EUA usarão a pausa de 90 dias para negociar individualmente com os países.

Donald Trump vendeu o tarifaço como uma necessidade para fortalecer o Tesouro dos EUA e trazer de volta a indústria ao país.

A China como “malvada”
Porém, a Casa Branca recebeu alertas de poderosos aliados de que o tarifaço poderia causar inflação, recessão e colapso do comércio internacional.

Quem paga as tarifas são os importadores dos EUA, que provavelmente repassariam as tarifas aos consumidores, com aumento generalizado de preços.

Aliados de Trump rapidamente passaram a dizer que este sempre foi o plano “genial” de Trump: causar comoção nos mercados para ganhar poder de negociação com aliados.

O secretário do Tesouro Bessent, na entrevista em que confirmou o anúncio, pintou a China como o “ator malvado” do imbroglio, por ter retaliado contra os Estados Unidos.

Porém, até agora esta tem sido uma crise econômica totalmente Made in USA.

*Luiz Carlos Azenha/Forum

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China dá o troco e anuncia que adotará tarifas de 84% contra os EUA

Pequim adotou um imposto de 34% sobre os produtos americanos que entrará em vigor amanhã.

Em resposta às tarifas de 104% impostas pelos Estados Unidos à China, o governo chinês anunciou a aplicação de tarifas de 84% sobre produtos norte-americanos, a partir da quinta-feira, superando os 34% previamente divulgados. Essa informação foi divulgada pelo Ministério das Finanças na quarta-feira (9). As novas tarifas já entraram em vigor e atingem dezenas de países, com uma taxa extraordinária de mais de 100% sobre produtos chineses, intensificando uma guerra comercial global.

Essas tarifas de importação afetam quase 60 parceiros comerciais dos EUA, com taxas adicionais que variam de 11% a 50%, exceto a China, que enfrenta a maior tarifa de 104%. Horas antes de implementarem novas tarifas sobre importações, Trump pressionou ainda mais Pequim. Desde sua volta ao poder em janeiro, ele já havia aplicado uma sobretaxa de 20% sobre produtos chineses, que deveria subir para 54% com os 34% anunciados na semana anterior, mas que agora chegará a 104% devido a um adicional de 50%, em resposta às tarifas chinesas sobre produtos americanos, mesmo após avisos da Casa Branca.

Pequim já tinha planejado uma taxa de 34%, que começa a valer na quinta-feira (10). Apesar dos impactos negativos em muitos índices do mercado, as bolsas chinesa e de Hong Kong terminaram com ganhos, com a bolsa chinesa subindo 2,21% e a de Hong Kong, 0,68%. Já o índice japonês Nikkei caiu 3,78% e a Coreia do Sul, 1,74%. Na Europa, as bolsas enfrentaram quedas significativas, com a Alemanha caindo 2,08%, França 2,18%, Reino Unido 2,19%, Itália 1,96%, Espanha 1,83% e Suíça 4,03%.

Desde que Trump anunciou, em 2 de agosto, tarifas para a maioria das importações, investidores perderam bilhões. O presidente considera que seus parceiros comerciais “saqueiam” os Estados Unidos, levando à imposição de uma tarifa universal adicional de 10% sobre produtos importados, com algumas exceções, como ouro e energia. Um porta-voz do Ministério do Comércio chinês considerou as ameaças de aumento das tarifas pelos EUA como um “erro após outro”, ressaltando a natureza chantagista de Washington. O primeiro-ministro Li Qiang assegurou que a China possui “ferramentas” suficientes para contornar a turbulência econômica.

Enquanto a maioria dos índices acionários globais enfrentou recessão, as bolsas da China e de Hong Kong conseguiram manter um desempenho positivo. A situação evidencia a crescente tensão entre as duas potências e as complexidades envolvidas na atual guerra comercial, que continua a impactar os mercados financeiros e a economia global de maneira significativa.

A partir da quarta-feira (9), uma nova tarifa será imposta a importantes aliados comerciais dos Estados Unidos, incluindo a União Europeia (20%), o Vietnã (46%) e a China. A administração americana, porém, ressalta sua disposição para negociações, o que trouxe um certo alívio aos mercados. O presidente Donald Trump se referiu a esses acordos como “sob medida”, ressaltando que estão sendo adaptados às necessidades específicas das partes envolvidas.

Na terça-feira, Trump reportou ter tido uma “conversa muito boa” com o primeiro-ministro e presidente interino da Coreia do Sul, Han Duck Soo, conforme comunicado compartilhado na plataforma Truth Social. Kevin Hassett, principal assessor econômico da Casa Branca, reiterou que a prioridade do presidente está nos aliados e parceiros comerciais, como Japão e Coreia do Sul, antes de qualquer diálogo com a China.

O governo dos EUA aparenta estar positivo em relação à situação. Scott Bessent, secretário de Finanças, divulgou à Fox News que “cerca de 70 países” já se manifestaram em busca de discussões sobre as novas tarifas. Jamieson Greer, representante comercial, comentou com senadores sobre a necessidade de uma transição de uma economia centrada no setor financeiro e no gasto governamental para uma economia pautada na produção real de bens e serviços. Greer também fez um alerta, mencionando a perda de cinco milhões de empregos industriais e 90 mil fábricas nos últimos 30 anos, desde a implementação do acordo de livre-comércio entre os três países da América do Norte.

Enquanto isso, a União Europeia se prepara para uma resposta, que será divulgada no início da próxima semana, conforme um porta-voz da Comissão Europeia. Especialistas temem que essa guerra comercial possa impactar negativamente a economia global, trazendo riscos como inflação, aumento do desemprego e desaceleração do crescimento econômico.

As novas tarifas geraram até discordâncias dentro do governo dos EUA. Elon Musk, o homem mais rico do mundo e assessor de Trump, teceu críticas ao conselheiro comercial Peter Navarro, chamando-o de “completo imbecil”. Musk se opôs à afirmação de Navarro de que ele não é um fabricante de automóveis, mas um “montador” que depende de componentes importados da Ásia. Esta troca de farpas ilustra as tensões existentes entre as diferentes esferas do governo em relação à política comercial e aos impactos da guerra tarifária.

A questão das tarifas e seu impacto sobre as relações comerciais internacionais continua a ser uma fonte de preocupação significativa e debate, ilustrando a complexidade das interações econômicas no atual cenário global. A espera pela resposta da UE e o andamento das negociações são claramente pontos de atenção nos dias que seguem.

*Com AFP

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‘Não aceitaremos ameaças’, afirma China em resposta à ‘intimidação’ de Trump com tarifas adicionais de 50%

Governo chinês disse que implementará contramedidas se houver nova taxação dos EUA.

Em comunicado divulgado nesta terça-feira (8), o governo chinês classificou como “erro” de “natureza extorsiva” as ameaças do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas adicionais de 50% à China a partir desta quarta-feira (9), caso o país asiático não retroceda na imposição de 34% de tarifas a produtos estadunidenses.

“A ameaça norte-americana de elevar tarifas contra a China é um novo erro, e expõe mais uma vez sua natureza extorsiva, e a China nunca aceitará isso”, afirmou, em nota, o Ministério do Comércio chinês.

Trump afirmou que a China tem até as 12h desta terça-feira – 13h, no horário de Brasília – para recuar da decisão de impor tarifas de 34% sobre produtos dos EUA em resposta ao “tarifaço”. A medida foi anunciada pela China no final da semana passada em resposta ao anúncio do presidente estadunidense de tarifas “recíprocas”, que somaram 34% de taxas (em cima dos 20% já acumulados) a produtos chineses.

O Ministério do Comércio informou que se os Estados Unidos efetivarem a escalada de medidas tarifárias, a China adotará decisivamente mais “contramedidas para proteger seus direitos e interesses”.

“Se os Estados Unidos insistirem em agir arbitrariamente, a China lutará até o fim”, destacou o comunicado, que classifica o “tarifaço” de Trump como prática de “unilateralismo e intimidação”.

O ministério exortou os EUA a “revogarem todas as medidas tarifárias unilaterais contra a China, cessarem a repressão econômico-comercial e resolverem as divergências com a China por meio de diálogo igualitário, com base no respeito mútuo”.

“Pressão e ameaças não são a maneira correta de lidar com a China”, concluiu o texto.

De suspensão da importação de carne de aves à proibição de filmes de Hollywood: mais possíveis contramedidas da China
Seis possíveis contramedidas foram divulgadas pelo perfil Niu Tanqin nas redes sociais chinesas, que pertence ao editor-chefe adjunto da Agência de Notícias Xinhua, Liu Hong. A conta possui milhões de seguidores nas diversas redes e costuma divulgar informações não publicadas nas mídias oficiais, com base em fontes não especificadas.

As seis possíveis novas contramedidas seriam:

  1. Aumentar significativamente as tarifas sobre produtos agrícolas dos EUA, como soja e sorgo.
  2. Proibir a importação de carne de aves dos EUA para a China.
  3. Suspender a cooperação China-EUA sobre o fentanil.
  4. Contramedidas no setor de comércio de serviços.
  5. Proibir a importação de filmes estadunidenses
  6. Iniciar uma investigação sobre os benefícios que as empresas dos EUA obtiveram com a propriedade intelectual na China.

Algumas destas medidas vão intensificar o que foram as respostas que a China tem dado às medidas de Trump. Trump já implementou três medidas tarifárias contra a China desde o início do ano: 10% a todos os produtos chineses, anunciados no dia 1° de fevereiro, mais 10% em 3 de março, e mais 34% no dia 2 de abril, como parte das “tarifas recíprocas” anunciadas para cerca de 90 países.

Em cada anúncio, o governo chinês anunciou medidas retaliatórias. Por exemplo, em resposta à segunda leva, a China implementou, entre outras, uma tarifa de 15% para frango, trigo, milho e algodão dos EUA.

Vice-presidente dos EUA ataca a China
Em entrevista ao canal estadunidense Fox News na última sexta-feira (4), o vice-presidente do país JD Vance defendeu a política de tarifas estadunidenses atacando a China. Uma de suas falas viralizou e foi fortemente criticada nas redes sociais ocidentais e chinesas.

Ele afirmou que a economia “globalista” fez os EUA contrair “uma enorme quantidade de dívida para comprar coisas que outros países fazem para nós”.

“Para deixar um pouco mais claro, nós pegamos dinheiro emprestado de caipiras chineses para comprar as coisas que esses caipiras chineses fabricam”, disse Vance em ataque aos chineses.

Em resposta, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, disse que é “surpreendente e triste que o vice-presidente faça comentários tão ignorantes e indelicados”.

Em relação a possíveis negociações entre os dois países, Lin Jian, afirmou que “o que os EUA fizeram não mostra intenção de conversas sérias. Se os EUA realmente querem ter conversas, devem mostrar uma atitude de igualdade, respeito e reciprocidade”.

*BdF

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Trump impõe tarifa de 104% contra China após expirar prazo dado a Pequim para recuar de medidas retaliatórias

Pequim manteve a retaliação e não fez contato com Washington até o limite imposto pelo presidente dos EUA. Tarifas entram em vigor nesta quarta-feira.

As tarifas de 104% dos Estados Unidos sobre produtos chineses passarão a valer nesta quarta-feira (9), conforme confirmou a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, em entrevista à Fox Business na tarde desta terça-feira (8). A decisão entra em vigor após a China se recusar a desistir da retaliação econômica dentro do prazo estabelecido por Donald Trump. As informações são do g1.

Segundo Leavitt, Pequim ignorou o limite fixado por Trump, que expirou às 13h desta terça, para encerrar as represálias comerciais iniciadas após o anúncio de tarifas pelos EUA no início do mês.

Mais cedo, o presidente norte-americano afirmou em sua rede social Truth Social que aguardava uma ligação da China para tratar das medidas, o que acabou não acontecendo. A resposta de Pequim veio ainda na madrugada: o governo chinês declarou que não recuaria e que estava “pronto para continuar respondendo aos aumentos tarifários”, embora tenha alertado que “em uma guerra comercial, não há vencedores”.

O novo embate entre as duas maiores potências econômicas começou no último dia 2 de abril, quando Trump anunciou um pacote de tarifas de importação sobre 180 países. O continente asiático foi o mais atingido, e a China teve uma alíquota inicial de 34% anunciada naquele momento, elevando os tributos totais sobre produtos chineses nos EUA para 54%.

Em resposta, a China informou na sexta-feira (4) que também imporia uma tarifa de 34% sobre itens norte-americanos. Diante do gesto, Trump ameaçou aumentar ainda mais os encargos caso os chineses não recuassem até esta terça-feira. Como a posição de Pequim foi mantida, as tarifas norte-americanas foram aumentadas para 104%. 247.

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Musk pede a Trump suspensão de tarifas, mas é ignorado

Segundo o Washington Post, bilionário tentou intervir pessoalmente contra tarifaço, mas Trump manteve plano e ampliou sobretaxas sobre a China.

Elon Musk fez apelos diretos ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para que recuasse da decisão de impor tarifas amplas sobre importações, mas não teve sucesso, informou o Washington Post na noite de segunda-feira (7). A tentativa ocorreu nos bastidores, enquanto Musk também criticava publicamente a medida nas redes sociais.

De acordo com o jornal, duas fontes próximas às negociações confirmaram que Musk buscou contato direto com Trump, após ataques a um dos principais conselheiros da Casa Branca responsável pela política tarifária. Mesmo assim, o presidente anunciou novas tarifas de 50% sobre produtos da China, além dos 34% já divulgados na semana anterior.