Categorias
Mundo

Biden assina perdão a seu filho Hunter em duas acusações criminais

Sputnik – O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse num comunicado divulgado pela Casa Branca que assinou um perdão ao seu filho Hunter por duas acusações criminais, alegando que tinham motivação política.

“Hoje, assinei um perdão para meu filho Hunter ”, disse Biden.

O presidente lembrou que, no início de seu governo, havia prometido não interferir nas decisões do Departamento de Justiça e manteve sua palavra mesmo ao ver como seu filho “foi processado de forma seletiva e injusta”.

No entanto, observou ele, “nenhuma pessoa razoável olhando para os fatos dos casos de Hunter pode chegar a qualquer conclusão além de que Hunter foi escolhido apenas porque é meu filho, e isso está errado”.

“Ao tentar quebrar Hunter, eles tentaram me quebrar, e não há razão para acreditar que isso vai parar aqui. Já basta.”

Ele também afirmou que Hunter estava “cinco anos e meio sóbrio” e explicou que assinou o perdão porque “não adiantava mais adiar”.

Biden supostamente se reuniu com empresas que deram contratos milionários a seu filho Hunter

O presidente Joe Biden e outros funcionários da Casa Branca afirmaram repetidamente que não perdoariam o seu filho antes de deixar o cargo.

Em setembro passado, Hunter Biden decidiu confessar-se culpado num caso de evasão fiscal para evitar ir a um novo julgamento, segundo as autoridades judiciais do país norte-americano.

O filho do presidente dos Estados Unidos confessou-se culpado em 5 de setembro de acusações fiscais federais, horas antes do início da seleção do júri no caso em que é acusado de não pagar pelo menos 1,4 milhões de dólares em impostos.

Categorias
Mundo

Hezbollah lança enxurrada de drones contra Ministério da Guerra de Israel

Movimento libanês amplia ataques em meio à guerra de Israel contra o Líbano.

O movimento xiita libanês Hezbollah afirmou nesta quarta-feira (13) que seus combatentes, pela primeira vez, atacaram com drones o território do Estado-Maior Geral do Ministério da Defesa de Israel, em Tel Aviv. As informações são da Sputnik.

“Pela primeira vez, combatentes da resistência islâmica atacaram com um grupo de drones kamikaze a base HaKirya em Tel Aviv, que abriga o Ministério da Guerra de Israel e o Estado-Maior Geral, além do quartel-general de comando da diretoria da força aérea”, disse o comunicado.

O movimento também realizou um ataque com drones na base logística Amos, na cidade israelense de Afula, a 55 quilômetros da fronteira com o Líbano.

Mais cedo, as Forças de Defesa de Israel (IDF) disseram nesta quarta-feira que atacaram depósitos de armas e quartéis-generais do movimento xiita libanês Hezbollah, localizados em áreas residenciais de Beirute.

O movimento xiita libanês Hezbollah afirmou nesta quarta-feira (13) que seus combatentes, pela primeira vez, atacaram com drones o território do Estado-Maior Geral do Ministério da Defesa de Israel, em Tel Aviv. As informações são da Sputnik.

“Pela primeira vez, combatentes da resistência islâmica atacaram com um grupo de drones kamikaze a base HaKirya em Tel Aviv, que abriga o Ministério da Guerra de Israel e o Estado-Maior Geral, além do quartel-general de comando da diretoria da força aérea”, disse o comunicado.

O movimento também realizou um ataque com drones na base logística Amos, na cidade israelense de Afula, a 55 quilômetros da fronteira com o Líbano.

Mais cedo, as Forças de Defesa de Israel (IDF) disseram nesta quarta-feira que atacaram depósitos de armas e quartéis-generais do movimento xiita libanês Hezbollah, localizados em áreas residenciais de Beirute.

Categorias
Mundo

Níger expõe hipocrisia do Ocidente e reforça laços com a Rússia no setor de mineração

Durante a primeira conferência ministerial do Fórum de Parceria Rússia-África, realizada em Sochi, na Rússia, o ministro das Minas do Níger, Ousmane Abarchi, revelou as contradições do Ocidente em relação às vendas de uranato e discutiu a ampliação da cooperação com a Rússia no setor de mineração. As informações são da Sputnik Africa, publicadas nesta quarta-feira (13).

Abarchi criticou a hipocrisia ocidental ao citar a acusação de o Níger supostamente ter assinado um contrato de venda de uranato ao Irã. “Eles realmente nos acusaram de ter assinado um contrato para vender uranato ao Irã, […] e alguns meses depois eles próprios retiraram a acusação, novamente por meio da empresa deles, a Orano (empresa francesa), que reclamou que não podia mais exportar e vender a produção da Somaïr. E eles mesmos admitiram isso recentemente, e é por isso que disseram que a produção deveria ser suspensa porque […] eles não estão mais vendendo o produto deles,” declarou Abarchi.

Ele enfatizou que, caso o Níger tivesse tal contrato com o Irã, “isso seria conhecido. A empresa, Somaïr, não deveria estar enfrentando problemas por não vender ou não exportar seu produto.”

Além das críticas, o ministro abordou a cooperação crescente com a Rússia. A delegação nigerina se reuniu com o Ministério dos Recursos Naturais da Rússia e vários parceiros russos, tanto públicos quanto privados. “Na verdade, tivemos que analisar toda a cooperação no setor de mineração, seja em exploração, extração ou até mesmo no desenvolvimento ou comercialização de produtos minerais,” afirmou Abarchi. O ministro ressaltou a necessidade de olhar para o futuro, destacando que os delegados “consideraram o futuro dessa cooperação para fortalecê-la e diversificá-la.”

Categorias
Mundo

‘EUA fazem uma escolha perigosa’, diz editorial do New York Times

Em editorial, jornal norte-americano afirma que eleição do candidato do. Partido Republicano é ‘ameaça à democracia’

Editorial publicado pelo jornal norte-americano The New York Times classifica a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos EUA como uma “escolha perigosa” que “ameaça a nação”. De acordo com o editorial, a eleição de Trump leva os EUA por um “caminho precário que não pode ser previsto”.

O jornal também afirma que as medidas de proteção constitucionais, pensadas pelos fundadores dos Estados Unidos em caso de “eleição de autoritários”, deverão ser defendidas pelos estadunidenses nesse segundo mandato de Trump.

No sábado (2), o NYT afirmou também em editorial que eleitores deveriam “votar para acabar com a era Trump”, que ele era “inapto para liderar” e que “representa uma ameaça à democracia”.

Ao contrário dos jornais brasileiros, alguns jornais norte-americanos, The New York Times entre eles, costumam se manifestar em apoio ou repúdio em eleições presidenciais. Em 2024, o NYT apoiou a candidata do Partido Democrata Kamala Harris.

Editorial menciona ‘ameaça à democracia’
Para o jornal, Donald Trump era o candidato com “falhas profundas” e adverte que o fato de os estadunidenses terem escolhido ele como presidente não pode ser ignorado. Segundo o NYT, a escolha por Trump tem razões para além de uma reação aos preços altos e às questões sobre a presença dos imigrantes. Pode ser, diz jornal, sinal de uma insatisfação profunda dos eleitores com as instituições norte-americanas.

The New York Times, um dos jornais mais influentes do mundo ocidental, também lembrou que o republicano atacou as instituições do país ao perder para Joe Biden em 2020: “Os americanos sabem como combater os piores instintos de Trump porque o fizeram, repetidamente, durante sua primeira administração.”

Nos próximos quatro anos, os americanos devem ter clareza sobre a ameaça à nação e às leis que virão da administração Trump. Indicados a grandes cargos devem esperar que Trump vai pressionar por “atos ilegais que violem os juramentos à Constituição”. “Pedimos que essas pessoas reconheçam que, independentemente de qualquer juramento de lealdade que ele [Trump] possa exigir, a lealdade deles deve ser, em primeiro lugar, ao seu país.”

Ainda de acordo com o editorial, o Partido Democrata precisa entender por que perdeu as eleições — e para o NYT, uma dos erros pode ser atribuído à demora em reconhecer que Joe Biden estava inapto para um segundo mandato. Outro problema apontado pelo jornal foi a “dificuldade de enviar uma mensagem persuasiva que fosse ouvida por americanos dos dois partidos que perderam a fé no sistema.” Com ICL.

O texto se encerra com a afirmação de que, apesar de a eleição de Trump representar “uma grave ameaça à república”, o presidente eleito “não determinará o destino da democracia americana a longo prazo. Isso continua nas mãos do povo americano. Esse é o trabalho para próximos quatro anos.

 

Categorias
Mundo

Deu Trump

Em seu discurso de vitória, nesta quarta-feira (6), Donald Trump anunciou que adotará como slogan a seguinte máxima: “Promessas feitas serão cumpridas”. A afirmação torna ainda mais importante prestar atenção no que o republicano prometeu durante a campanha presidencial.

A seguir, o ICL Notícias lista 12 importantes pontos do programa de Trump, que ele prometeu colocar em prática em seu segundo mandato:

1. Prometeu fazer a maior deportação em massa da história dos Estados Unidos. Ele também acusou países da América Central e do Sul de enviar criminosos para o território norte-americano.

2. Disse que vai usar o Departamento de Justiça contra seus inimigos políticos, expurgar burocratas desleais do governo federal e consolidar o poder no poder Executivo em um segundo mandato.

3. Falou sobre reduzir a taxa de imposto corporativo de 21% para 15%, mas apenas para empresas que fabricam seus produtos nos EUA. “Farei dos cortes de impostos de Trump o maior corte da história”, disse o ex-presidente no início deste ano na Carolina do Sul. “Nós o tornaremos permanente e daremos a vocês um novo boom econômico”, adicionou.

4. Prometeu parar de tributar os benefícios da Previdência Social. Ele ainda precisa montar uma proposta para substituir a receita que será perdida com essa medida, o que pode prejudicar o programa, assim como o Medicare e o Orçamento federal. O Medicare é um programa federal de seguro saúde para pessoas com 65 anos ou mais.

5. Disse em seu anúncio de campanha que vai pedir ao Congresso para garantir que traficantes de drogas e outras pessoas possam receber a pena de morte por seus “atos hediondos”.

6. Anunciou que vai fechar o Departamento de Educação e enviar “toda a educação e trabalho educacional e necessidades de volta aos estados”. “Queremos que eles sejam responsáveis pela educação de nossos filhos, porque eles farão um trabalho muito melhor”, ele acrescentou. O ex-presidente também prometeu “colocar os pais de volta no comando e dar a eles a palavra final” na educação.

7. Prometeu dar preferências de financiamento e “tratamento favorável” às escolas que permitissem que os pais elegessem diretores, abolissem a estabilidade dos professores do Ensino Fundamental e Médio, usassem o pagamento por mérito para incentivar o ensino de qualidade e cortassem o número de administradores escolares, como aqueles que supervisionam iniciativas de diversidade, equidade e inclusão.

8. Disse em vídeo da campanha de 2023 que cortaria o financiamento para escolas que ensinam teoria racial crítica e “ideologia de gênero”. Em um discurso posterior, Trump disse que traria de volta a “Comissão 1776”, que foi lançada em seu primeiro mandato para “ensinar nossos valores e promover nossa história e nossas tradições para nossas crianças”.

9. Afirmou que encarregaria o Departamento de Justiça e o Departamento de Educação de investigar violações de direitos civis de discriminação racial nas escolas, ao mesmo tempo em que removeria “marxistas” do Departamento de Educação.

10. Assegurou, em abril, que não assinaria uma proibição federal ao aborto e assumiu a posição de que as leis sobre o aborto devem ser decididas pelos estados.

11. Prometeu que emitiria uma ordem executiva instruindo as agências federais a cortarem programas que promovam transições de gênero, bem como pediria ao Congresso que parasse de usar dólares federais para promover e pagar procedimentos de afirmação de gênero.

12. Garantiu: “Mais uma vez nomearei juízes conservadores sólidos para fazer o que eles têm que fazer nos moldes dos juízes Antonin Scalia; Samuel Alito, um grande cavalheiro; e outro grande cavalheiro, Clarence Thomas”, disse ele.

 

Categorias
Mundo

Vídeo: Revoltados, moradores de áreas devastadas por enchentes jogam lama no rei da Espanha aos gritos de ‘assassinos’

População acusa autoridades de negligência, em meio à tragédia que já matou 217 pessoas

A visita da família real espanhola a Paiporta, Valência, nestes domingo (3), foi marcada por protestos e revolta da população, que demonstrou sua indignação após as devastadoras inundações que deixaram 217 mortos até o momento. Os moradores gritaram “assassinos” e lançaram pedras e lama em direção ao rei Felipe VI, à rainha Letizia e ao presidente valenciano Carlos Mazón.

Felipe VI tentou se aproximar dos afetados, ouvindo relatos de abandono por parte das autoridades, com um jovem afirmando que já se sabia da tempestade e que nada foi feito para prevenir as tragédias.

“Vão embora”, “estamos há seis dias sem dormir”, gritava uma mulher bem perto do rosto da rainha.

Em meio a gritos de desespero e acusações de negligência, o rei tentou confortar um homem em lágrimas. No entanto, tanto ele quanto a rainha foram forçados a deixar a área sob pressão, sem saber se continuariam a visita a Chiva, o próximo município na agenda.

O governo central defendeu que a responsabilidade pela emissão de alertas é das autoridades regionais, que afirmaram ter atuado da melhor maneira possível com as informações disponíveis.

O primeiro-ministro Pedro Sánchez prometeu investigar qualquer possível negligência. O número de mortos na região de Valência, onde a enchente se revelou a pior na história moderna do país, subiu para 217, e ainda há dezenas de desaparecidos, enquanto 3.000 residências seguem sem eletricidade, com as buscas por sobreviventes continuando sob a ameaça de novas chuvas torrenciais.

https://twitter.com/i/status/1853060289366773993

Categorias
Mundo

Vídeo: Mujica declara apoio a Boulos em São Paulo: ‘Não se esqueçam de defender o futuro’

Ex-presidente do Uruguai se tornou referência global por seu estilo de vida simples e suas ideias sobre justiça social.

O candidato à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) recebeu palavras de apoio do ex-presidente uruguaio José “Pepe” Mujica, que gravou um vídeo pedindo votos.

“Amigos políticos de São Paulo, povo paulista, que percorre essas ruas populosas da, talvez, maior cidade de nossa América. Ali, neste ninho de esperança e desafio, há um processo eleitoral à porta e espero que o povo trabalhador de São Paulo se lembre de Guilherme, o apoie, e faça sua parte nesta luta eterna. Ao fim e ao cabo, as sociedade modernas continuam a ter dificuldade entre o que é meu e o que é seu, e a riqueza tende a se concentrar. Não se esqueçam, jamais, de defender seu futuro. Até sempre, desde o sul.”

“Tenho grande admiração pela trajetória do Mujica. Já estivemos juntos mais de uma vez. Ele representa solidariedade e humanidade na política”, disse Boulos em outra ocasião.

Na próxima quinta-feira, 31 de outubro, às 20h, o ICL vai transmitir um bate-papo com Pepe. Para garantir o ingresso gratuitamente basta clicar aqui e participar de um momento com reflexões da figura mais inspiradora do nosso tempo sobre o futuro da humanidade.

Categorias
Mundo

Putin se reúne com Dilma Rousseff no primeiro dia da cúpula dos Brics

Ex-presidente brasileira lidera o Novo Banco de Desenvolvimento, ligado ao bloco

O presidente russo Vladimir Putin se encontrou para conversas nesta terça-feira (22) com a presidente do Novo Banco de Desenvolvimento, Dilma Rousseff, que está em Kazan para a cúpula dos Brics sediada pela Rússia.

Putin enfatizou a importância de acordos financeiros entre os países dos Brics em moedas locais, dizendo que isso ajuda a minimizar os riscos geopolíticos e a libertar o desenvolvimento econômico da política.

O Novo Banco de Desenvolvimento foi estabelecido em 2015 pelos países dos Brics – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul para mobilizar recursos para projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável em mercados emergentes e países em desenvolvimento do Sul Global.

Categorias
Mundo

Israel apresenta aos EUA exigências para fim do conflito no Líbano

Entre as exigências estão a liberdade de operação e ação militar, além do uso do espaço aéreo, contra o Hezbollah, desafiando resoluções da ONU.

Israel entregou aos Estados Unidos, no último domingo (20), um documento delineando suas exigências para uma solução diplomática que busque encerrar a guerra no Líbano, diz a agência Sputnik, citando o portal Axios. O documento foi enviado pelo ministro de Assuntos Estratégicos de Israel, Ron Dermer, confidente do premiê Benjamin Netanyahu, ao enviado especial da Casa Branca, Amos Hochstein, na quinta-feira (17).

Entre as demandas apresentadas, segundo a reportagem, Tel Aviv requer que as Forças de Defesa de Israel (FDI) sejam autorizadas a realizar “execução ativa” para evitar que o Hezbollah se reforce e reconstrua sua infraestrutura militar nas proximidades da fronteira.

Além disso, o governo israelense exige que sua Força Aérea tenha liberdade de operação no espaço aéreo libanês, uma solicitação que contradiz a Resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU. Essa resolução determina que as Forças Armadas libanesas (LAF) e a Força Interina da ONU no Líbano (UNIFIL) devem garantir um cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah.

Uma fonte do governo dos EUA afirmou ao Axios que é “altamente improvável que o Líbano e a comunidade internacional” aceitem as condições impostas por Israel. Em resposta a essa situação, Hochstein está programado para visitar Beirute nesta segunda-feira (21) com o objetivo de discutir uma possível solução diplomática para o conflito.

Na noite de domingo (20), a situação escalou quando a Força Aérea israelense conduziu ataques aéreos no Líbano, atingindo diversos alvos associados ao Hezbollah, incluindo um prédio em Beirute. Esses ataques ocorreram em um contexto em que o Pentágono, por meio do secretário de Defesa, Lloyd Austin, havia solicitado a Israel que “reduzisse os ataques” à capital libanesa, citando o número “excessivo” de vítimas civis decorrente das operações militares.

Categorias
Mundo

‘A guerra em Gaza é uma guerra contra a memória palestina’, diz escritor e sobrevivente em Gaza Atef Abu Saif

Atef foi ministro da cultura da Palestina até março de 2024 e falou sobre a importância da escrita como resistência.

O escritor Atef Abu Saif e sua família fazem parte dos mais de um milhão de palestinos deslocados de suas casas em apenas um ano. Ministro da Cultura da Autoridade Palestina entre 2019 e março de 2024, Atef estava em Gaza quando os bombardeios começaram, experiência que relata no livro recém-lançado Quero estar acordado quando morrer (Elefante, 2024).

“Eu me descobri no meio de uma guerra, e descobri que eu poderia morrer a qualquer momento, em um minuto. Por isso, comecei a escrever, em árabe e inglês ao mesmo tempo, pequenos pedaços sobre a vida. Queria que as pessoas soubessem sobre a minha vida se eu morresse, e sobre a vida das pessoas ao meu redor: meu filho, meu pai, meus irmãos e irmãs”, disse ao Brasil de Fato. 

Atef nasceu no campo de refugiados de Jabalia, ao norte da Faixa de Gaza, mas mora com a esposa e filhos na Cisjordânia. No início dos ataques, o escritor estava visitando a região para participar de um evento e visitar sua família, e levou o filho Yasser para acompanhá-lo.

No diário, ele relata os 85 primeiros dias dos bombardeios de Israel sobre a população da Faixa de Gaza, que começaram em sete de outubro de 2023. Mesmo sob ataques incessantes do exército de Israel, escreveu diariamente sobre os acontecimentos da sua vida, familiares e amigos até a autorização de saída do seu filho da Faixa de Gaza, em 30 de dezembro de 2023.

“A escrita mantém a memória da vida. Nós sabemos sobre civilizações antigas a partir dos registros escritos deles. Gaza foi destruída e muitas pessoas morreram. O que restou deles? O que foi escrito sobre eles. A próxima geração vai ler sobre Gaza como era antes da guerra. Escrever é documentar”, conta Atef. “As vítimas gostam de ser mencionadas, gostam que falem sobre elas”, ressalta.

A sensação de que poderia morrer a qualquer momento, impulsionou a escrita: “Queria deixar esses registros, e tê-los na minha caligrafia, escritos à mão. Assim, pelo menos, eu não teria morrido em vão. As pessoas saberiam que existiu alguém chamado Atef que viveu neste período da história, em Gaza.”

“A guerra nos desumaniza”

A frase que dá nome à edição brasileira de seu diário, Quero estar acordado quando morrer, teve origem nos pensamentos que povoaram sua mente quando se viu em meio à guerra. “O que eu estava pensando é que eu mereço uma morte honrosa. Meu corpo merece ser sepultado quando eu morrer. Eu gostaria de estar acordado no momento da minha morte para eu saber para onde meu corpo vai. Para que eu diga para me colocarem em uma sepultura.”

Em um trecho do diário, Atef relata a perda do grande amigo e jornalista Bilal Jadali. Ao se referir a sobrevivência durante a guerra, diz que sente saudades. “Sinto falta do Atef, de ser eu mesmo”, escreveu.

“Na guerra, você não é você mesmo”, disse ao Brasil de Fato sobre essa passagem do diário. Nesse contexto, ele enfatiza que é preciso sempre “relembrar de si”, “olhar no espelho e nas fotos do celular, e tentar agir normalmente”, uma vez que “tudo ao redor não é normal”.

“A guerra nos desumaniza, torna a vida uma coisa anormal. Eu senti muitas vezes que não era o Atef. Eu era o Atef durante o genocídio, e isso vive com você após a guerra. Mesmo que eu tenha saído de Gaza, eu ainda sinto que estou lá. Meu espírito, meu corpo, minhas memórias. Você não é mais você”.

A escrita como resistência

Atef também destaca como o diário que escreveu e os registros dos moradores de Gaza servem para levar a narrativa palestina para o mundo.

“O que nós escritores fazemos é documentar a vida como ela é. E esse foi o motivo central do diário. Eu me distanciava sobre o que estava acontecendo, tentando observar sobre o que acontecia, e escrevia. A verdade e a realidade são mais poderosas do que imaginação e ficção.”

“Eles nos querem atrás das cortinas”, diz o escritor sobre as tentativas israelenses de manter jornalistas fora de Gaza. Em um determinado momento, ele recorda que, após sucessivos assassinatos, – “um jornalista morto pelas forças de Israel em Gaza a cada um dia e meio” – não havia mais profissionais da imprensa na região: “Foram todos expulsos, suas casas e escritórios destruídos”.

Como escritor, ele considera que a decisão de reportar para o mundo por meio de um diário foi uma forma de “jornalismo alternativo”.

“Isso provia informação sobre a situação em Gaza. Não é o puro jornalismo, é um jornalismo narrativo, no qual você conta sobre a vida. Não é ficção, não é romance, não é história também. Mas uma mistura de tudo isso: jornalismo, narrativa e suspense também, de certa forma, uma história contada em primeira pessoa”

Uma guerra contra a memória palestina

Durante o diário, Atef relembra constantemente a importância da memória para a existência e cultura de um povo, principalmente para os palestinos. Em relato do dia 6 de dezembro de 2023, conta que a dança dabke (dança palestina) foi incluída na lista oficial da Unesco como “patrimônio imaterial cultural”, que o mesmo já havia sido feito com o bordado palestino tatreez e que ele também pediria a entrada do sabonete tradicional nabulsi.

“Coisas como essa podem parecer frívolas num primeiro momento, mas são parte da identidade de um povo e daquilo que é ameaçado, e potencialmente perdido, quando ocupações ou guerra expulsam repetidamente as pessoas de sua terra”, explica ao Brasil de Fato.

Enquanto comandava o Ministério da Cultura – cargo que manteve até março deste ano – Atef dizia a seus interlocutores que a pasta se equiparava ao Ministério da Defesa, tal a importância da preservação da memória palestina para sua existência.

“A guerra lançada contra a Palestina é uma guerra contra a nossa memória, nossa cultura, nossa narrativa dos fatos e acontecimentos. O papel do ministro da Cultura é preservar essa memória e manter tais narrativas. A cultura é a linha de frente principal para defender a causa nacional, no nosso caso.”

Quero estar acordado quando morrer teve seu lançamento em São Paulo durante a inauguração do Centro de Centro de Estudos Palestinos (CEPal) na Universidade de São Paulo (USP) na quinta-feira (16), onde o escritor ressaltou a importância da memória e da preservação da cultura e estudos sobre a Palestina.

Durante o seu discurso, Atef relembrou como o povo palestino sempre foi propositalmente retratado como sem cultura ou estudos, usando como exemplo o significado da palavra em inglês “philistine”, que significa “alguém que é hostil ou indiferente à cultura e às artes”, que faz menção direta aos filisteus, povo do qual os palestinos descendem.

“A escrita preserva a memória. O que escritores escrevem se torna parte da memória de um povo. É responsabilidade dos autores serem leais a sua nação, pois a memória é a identidade de todas as culturas. O que identifica uma nação são as tradições contadas através dos seus membros do passado. Todas as pessoas querem ser parte de uma grande e longa história.”

Atef lembra que as pessoas não podem esquecer o genocídio que acontece na Palestina. “Nós não podemos parar de falar sobre isso”, completa o escritor. “Estudar, ler e registrar sobre a cultura palestina e acontecimentos passados e atuais também são parte importante da preservação da memória palestina.”

“Pertencemos a um lugar, a uma civilização porque, assim, nós podemos explicar nossa existência; como falamos, como nos vestimos. E isso é muito importante. Nós não podemos mudar o curso da História, mas ao menos [o registro] será em nosso nome”, finaliza.