Categorias
Mundo

Ataque na República Tcheca deixa mortos e feridos; atirador é morto

O ataque ocorreu em uma universidade no centro de Praga. As autoridades afirmaram, nas redes sociais, que o atirador foi “neutralizado”

Um ataque a tiros em uma universidade no centro de Praga, capital da República Tcheca, deixou diversos mortos e feridos nesta quinta-feira (21/12), de acordo com informações da polícia tcheca. As autoridades afirmaram, nas redes sociais, que o atirador foi “neutralizado”.

Segundo a polícia, o tiroteio ocorreu na praça Jana Palacha, temporariamente isolada, e todas as unidades da polícia estão no local. O edifício segue sendo evacuado porque alguns estudantes se tracaram em salas. A polícia reforça para que as pessoas não transitem nas proximidades da praça e não saiam de casa.

O primeiro-ministro da República Tcheca, Petr Fiala, anunciou que cancelou a agenda em Olomouc para retornar a Praga devido aos trágicos acontecimentos ocorridos na Faculdade de Filosofia.

Matéria em atualização.

Categorias
Mundo

Anistia Internacional pede investigação contra Israel por desaparecimentos forçados em Gaza

Depois de relatos de mortes em centros de detenção militar, a Anistia Internacional exigiu nesta quarta-feira (20) uma investigação urgente sobre o desaparecimento forçado de palestinos na Faixa de Gaza e levados para o país. A guerra no território começou no dia 7 de outubro e já deixou mais de 20 mil pessoas mortas.

A organização humanitária estima que centenas de pessoas estão presas em centros de detenção no sul de Israel após serem capturados em operações militares. “As forças israelenses devem divulgar urgentemente o destino e paradeiro de todos os detidos desde 7 de outubro”, disse Heba Morayef, diretora regional da Anistia para o Oriente Médio e Norte da África, em comunicado.

A organização humanitária estima que centenas de pessoas estão presas em centros de detenção no sul de Israel após serem capturados em operações militares. “As forças israelenses devem divulgar urgentemente o destino e paradeiro de todos os detidos desde 7 de outubro”, disse Heba Morayef, diretora regional da Anistia para o Oriente Médio e Norte da África, em comunicado.

Tratamento desumano
Conforme a Anistia Internacional, há um o “tratamento desumano e desaparecimento forçado” dos palestinos deve ser investigado o mais rápido possível. Na última terça (19), as Forças de Defesa de Israel (FDI) foram questionadas sobre o assunto e resumiram a dizer que mortes dos destinos são investigadas.

Porém, não foram fornecidos detalhes sobre a localização dos desaparecidos e quantos morreram nas instalações israelenses. O jornal Haaretz chegou a divulgar um relatório que revelou que os prisioneiros morreram na base militar de Sde Teiman, perto da cidade de Beersheba. Segundo a publicação, os detidos neste local ficam “vendados e algemados durante a maior parte do dia, e as luzes permanecem acesas nas instalações durante toda a noite”.

O destino dos palestinos detidos por Israel foi alvo de preocupações maiores na última semana, após a mídia do país mostrar dezenas de civis sentados nus em uma rua de Gaza sob custódia militar. A suspeita é que as imagens, que também flagraram pessoas vendadas com as mãos amarradas, foram divulgadas por um membro do Exército.

Qual é a situação atual do povo palestino?
O conflito entre Hamas e Israel na Faixa de Gaza começou no dia 7 de outubro, por conta de um ataque surpresa do movimento ao país judeu que causou a morte de 1,2 mil pessoas. Por conta dos ataques aéreos e a operação por terra, mais de 80% da população do território palestino está desabrigada e há uma crise humanitária sem precedentes.

Um acordo mediado pelo Catar levou a uma pausa humanitária de uma semana em Gaza para a libertação de reféns e ainda a chegada mais intensa de ajuda com alimentos, água, remédios e combustíveis, porém foi encerrada no início do mês.

O conflito palestino-israelense, relacionado a interesses territoriais, tem sido fonte de tensões e conflitos na região por muitas décadas. A decisão da ONU de 1947 determinou a criação de dois estados, Israel e Palestina, mas apenas o israelense foi estabelecido.

Categorias
Mundo

Protestos convocados para esta quarta (20) desafiam Milei e deixam Argentina sob tensão

O presidente argentino Javier Milei enfrenta nesta quarta-feira (20) o primeiro protesto contra seu governo, organizado por movimentos de esquerda e sindicatos. Eles criticam as medidas de austeridade adotadas por Milei nos primeiros dias de gestão, como o corte de subsídios para energia e transporte e a paralisação de obras públicas.

O governo tenta impedir o ato com um decreto que proíbe o bloqueio das ruas e com a ameaça de suspender os benefícios sociais dos manifestantes. A concentração começa às 10h e a caminhada até a Praça de Maio está prevista para as 16h.

Segundo o jornal “La Nación”, há diversos grupos que participam da organização da manifestação. Alguns, como o Movimento Evita, são alinhados ao kirchnerismo (corrente política ligada à ex-presidente Cristina Kirchner); outros, como o Polo Trabalhador, não.

Na Argentina, essas organizações têm muita capacidade para mobilizar pessoas porque elas atuam como intermediadores da distribuição de benefícios do governo —da mesma forma que, no Brasil, os sindicatos rurais têm um acordo de cooperação técnica com o INSS, na Argentina essas entidades ajudam as pessoas a provar que se enquadram nos critérios para receber benefícios do governo.

Milei quer fazer uma auditoria nas organizações, que é uma forma de tentar restringir o poder de mobilização desses grupos. Durante sua campanha eleitoral, um dos slogans de Milei era “el que corta no cobra” (“quem corta não recebe”), para dizer que aqueles que bloquearem as ruas não receberão benefícios sociais.

O governo abriu uma linha telefônica para que beneficiários de programas sociais digam se estão sendo coagidos por esses grupos a participar da marcha.

Segundo o porta-voz da presidência, até a tarde de terça-feira foram recebidas 4.310 denúncias. O porta-voz afirma que os únicos que podem perder os benefícios são os que cortarem o trânsito ou agirem com violência.

A ministra de Capital Humano, Sandra Pettovello, disse que “os únicos que não vão receber benefícios sociais são os que forem à marcha e fecharem a rua. O presidente já disse ‘quem fecha não recebe’”.

O governo informou que vai usar câmeras e drones para identificar quem são os “piqueteiros”, os manifestantes que fecharem as vias.

Uma pesquisa do Observatório de Psicologia Social Aplicada da Universidade de Buenos Aires aponta que 65% dos argentinos são favoráveis a proibir os piquetes. Foram ouvidas mais de 4.200 pessoas, entre 11 e 12 de dezembro.

Adolfo Pérez Esquivel, argentino que recebeu o Nobel da Paz em 1980, assinou um pedido de habeas corpus coletivo para evitar a ameaça à integridade física dos manifestantes da marcha.

O texto afirma que as medidas do governo para conter as manifestações são ameaças ilegais que afetam a liberdade de ir e vir e a integridade física das pessoas.

*g1

Categorias
Mundo

Houthis reagem à operação militar dos EUA e prometem ataques diários no Mar Vermelho

‘Estamos tentando ajudar os palestinos’, diz grupo do Iêmen que tem reagido às hostilidades israelenses em Gaza; Pentágono anunciou operação para ‘proteger’ comércio marítimo do território.

O grupo Houthi, do Iêmen, declarou nesta terça-feira (19/12) que irá realizar ataques diários no Mar Vermelho após os Estados Unidos anunciarem uma “operação multinacional” na região visando “proteger o comércio marítimo”. A informação é da emissora catari Al Jazeera.

À emissora, um dos porta-vozes do movimento afirmou que as ações contra navios cargueiros é em defesa do povo palestino, que está sendo bombardeado desde 7 de outubro pelas Forças de Defesa de Israel (IDF). Ainda de acordo com o representante, os Houthis consideram que qualquer embarcação que entre nas ´´aguas territoriais do Iêmen “serão um alvo legítimo, independentemente da sua nacionalidade”.

Mais cedo, o grupo alertou que as ações no Mar Vermelho vão continuar, pelo menos a cada 12 horas, confrontando a operação norte-americana, que conta com o apoio de ao menos 10 países, como França, Reino Unido, Canadá, Itália, Noruega e Espanha.

“Mesmo que a América consiga mobilizar o mundo inteiro, as nossas operações militares não irão parar, não importa os sacrifícios que isso nos custe”, disse Mohammed al-Bukhaiti, um alto funcionário Houthi, em publicação na plataforma X (antigo Twitter).

Na segunda-feira (18/12), al-Bukhaiti já havia reforçado que o grupo será capaz de enfrentar qualquer coligação formada pelos Estados Unidos que possa ser implantada no Mar Vermelho, defendendo que as ações ocorrem como resposta aos ataques diários de Israel contra o povo palestino na Faixa de Gaza.

A intensificação dos ataques comandados pelas autoridades de Tel Aviv tem despertado um alerta às organizações internacionais. Nesta terça-feira, o Ministério da Saúde de Gaza contabiliza mais de 19.667 palestinos mortos desde o 7 de outubro, enquanto pelo menos 52.586 estão feridos.

As declarações ocorrem após o anúncio na segunda-feira do secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, de uma “operação multinacional” que tem como propósito “defender” o Mar Vermelho.

*Ópera Mundi

Categorias
Mundo

Maioria de eleitores jovens desaprova política de Biden em apoio à guerra na Faixa de Gaza e ameaça votar em Trump, aponta pesquisa

O eleitorado norte-americano desaprova amplamente a maneira como o presidente Joe Biden está lidando com a guerra na Faixa de Gaza, segundo pesquisa realizada pelo New York Times em parceria com o Siena College e publicada (hoje). Entre os jovens, a insatisfação chega a três quartos dos entrevistados, levando alguns a se inclinar para o ex-presidente Donald Trump, que aparece como favorito em pesquisas de intenção de votos para 2024.

A pesquisa mostra que mais americanos votaram a favor de um cessar-fogo entre Israel e o Hamas (44%) do que a favor da continuação da guerra (39%), à medida que o conflito entra em seu terceiro mês, com milhares de mortes de palestinos em Gaza e o governo Biden tentando pressionar Israel a reduzir sua campanha militar.

A pesquisa também perguntou aos eleitores sobre sua posição em relação à forma como o governo Biden lida com o conflito israelense-palestino, refletindo as crescentes críticas à política do presidente dos EUA no Oriente Médio. Em torno de 57% dos entrevistados demonstraram insatisfação com a abordagem de Biden, e 33% a apoiaram.

A proporção aumenta entre os eleitores de 18 a 29 anos, tradicionalmente um grupo demográfico fortemente democrata. Quase três quartos deles desaprovam a maneira como Biden está lidando com o conflito em Gaza. E entre os eleitores registrados, eles dizem que votariam em Trump por 49% a 43%; em julho, esses jovens eleitores apoiaram Biden por 10 pontos percentuais de vantagem.

— Não quero votar em alguém que não esteja alinhado com meus valores pessoais, como Biden demonstrou não estar quando se trata de Gaza — disse ao New York Times Colin Lohner, 27 anos, engenheiro de software em São Francisco. — Eu voto em Biden ou não voto em ninguém? Isso é realmente difícil, porque se eu não votar em Biden, abro a possibilidade de que Trump ganhe, e eu realmente não quero isso.

Os eleitores mais velhos foram muito mais simpáticos aos esforços de Biden. Entre os com 65 anos ou mais, 52% aprovam as ações do presidente democrata em relação a Israel, 12 pontos percentuais a mais do que aqueles que desaprovam. E os americanos mais velhos votam de forma confiável.

— O que os militantes de sofá esperam nessa situação? — perguntou Christine Johnson, 69 anos, consultora de informática aposentada de Oak Park, Illinois, que planeja votar em Biden. — O que eles fariam? Meu sentimento é de aprovação. Acho que ele está fazendo o melhor que pode ser feito.

Não está claro o quanto as críticas a Biden se traduzirão em votos para Trump, ou qualquer outra pessoa, dado o descontentamento admitido dos eleitores jovens que simpatizam com os palestinos. Os eleitores com menos de 45 anos que dizem desaprovar as políticas do presidente em relação a Gaza também têm maior probabilidade de admitir que não votaram em 2020 do que os jovens eleitores que aprovam suas políticas. Esses jovens críticos estão preferindo Trump a Biden, por 16 pontos percentuais, mas podem não votar.

Os jovens eleitores que desaprovam as políticas de Biden para Israel e Gaza, mas ainda assim dizem que votarão nele, também são um pouco mais propensos a dizer que têm certeza de que votarão do que os jovens críticos que estão do lado do ex-presidente.

E muitos estão divididos. Evan Crochet, um produtor de vídeo de 30 anos de Cary, Carolina do Norte, que apoiou o senador Bernie Sanders, um independente de esquerda, nas primárias democratas de 2016, disse que via Biden e Trump como “dois lados da mesma moeda”.

— Não confio em Biden em relação a Israel; não confio em Trump em relação a Israel — declarou.

 

Categorias
Mundo

Apesar dos discursos e negociações, em Gaza prossegue o aniquilamento de civis e o colapso é generalizado

Água e comida escassas; nos hospitais, cenas de horror; no campo de Jabalia, um bombardeio destroça mais 110 palestinos.

Enquanto a comunidade internacional intensifica os debates sobre propostas de cessar-fogo e a pressão para que civis sejam poupados, Israel segue matando centenas de palestinos por dia, a maioria de crianças e adolescentes.

Pelo menos 110 pessoas foram mortas num bombardeio ao campo de refugiados de Jabalia, em Gaza, nesta segunda-feira (18/12), com mais de 100 feridos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza. Com isso, o número de mortos do lado palestino já se aproxima de 19 mil, o que representa uma média de 256 vítimas por dia desde que a ofensiva começou, em 7 de outubro.

Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, as vítimas do novo ataque foram enterradas em covas coletivas perto do hospital Kamal Adwan, destruído recentemente. E no hospital Al-Shifa, que há muito tempo virou alvo de Israel, o que se vê é “uma cena de horror completa”, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) informou no domingo (17/12).

A organização disse que o Al-Shifa está prestando apenas serviço de estabilização básica de trauma, sem sangue para transfusões e quase nenhum profissional de saúde para cuidar do fluxo constante de pacientes. Afirmou também ter visto centenas de pacientes feridos, com mais pessoas chegando a cada minuto e lesões traumáticas sendo suturadas no chão, com praticamente nenhum analgésico.

Apenas quatro dos 24 hospitais que estavam em funcionamento no norte de Gaza antes do início do massacre de Israel ainda oferecem algum serviço, e três deles operam em péssimas condições, de acordo com a OMS. Israel alega que é justificável atacar hospitais porque os locais seriam usados por combatentes do Hamas.

Abastecimento de água colapsado
A escassez de água potável e a falta de higiene podem ser tão “perigosas” quanto o ataque israelense em Gaza, alertou Ricardo Martinez, coordenador de logística da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF). Segundo ele, o sistema de água não está mais funcionando, “colapsou completamente”, e as pessoas dispõem de apenas um litro de água por dia, para beber, lavar e cozinhar.

Martinez, que passou um mês em Gaza durante a guerra, disse em entrevista que a falta de combustível e eletricidade está intensificando ainda mais os desafios enfrentados pelas pessoas no dia a dia. “Sem combustível, os moinhos não estão funcionando, então ninguém tem trigo. Sem trigo, sem comida. Caminhões vindos do Egito estão descarregando ajuda para outros caminhões em Gaza, mas sem combustível, esses caminhões não conseguem se mover e distribuir a ajuda”.

Fome como arma de guerra
A Human Rights Watch (HRW) afirmou que o governo israelense está usando a fome como arma de guerra na Faixa de Gaza, o que constitui um crime segundo leis internacionais. Segundo a organização, a entrega de alimentos, água, combustível e ajuda humanitária ao território palestino está sendo sabotada por Israel, gerando condições catastróficas para os civis. A HRW também denunciou a destruição de terras agrícolas em Gaza.

Diplomacia e política
Nesta segunda-feira (18/12), novas movimentações diplomáticas estão ocorrendo com o intuito de forçar Israel a cessar o massacre de civis. Na ONU (Organização das Nações Unidas), o Conselho de Segurança deve votar uma nova resolução pedindo um cessar-fogo em Gaza. Nos últimos dias, os EUA usaram seu poder de veto em votação semelhante no próprio CS e também votaram contra uma resolução de cessar-fogo na Assembleia-Geral — esta foi aprovada por ampla maioria, mas não tem efeito prático.

Ao mesmo tempo em que joga contra as iniciativas no âmbito da ONU, o governo de Joe Biden segue mandando enviados a Tel Aviv para discutir com o governo israelense os próximos passos da guerra, e criticando a morte de civis. Quem acaba de chegar a Israel é o secretário de Defesa, Lloyd Austin.

Um alto funcionário de Defesa dos EUA disse a repórteres que viajavam com Austin que o secretário deveria discutir os planos de Israel para a transição para a próxima fase da guerra em suas conversas com os líderes israelenses, incluindo o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o ministro da Defesa Yoav Gallant. “O que você vê em termos de operações terrestres de alta intensidade, além de ataques aéreos, hoje não vai durar para sempre. É uma fase da campanha”, disse a fonte.

*Opera Mundi

Categorias
Mundo

Doenças se espalham em Gaza em meio ao colapso do sistema de saúde e ataques israelenses

A OMS afirma que os casos de diarreia aumentaram 66% entre as crianças. Meningite, varicela e icterícia também foram relatadas.

Al Jazeera — Os residentes sitiados da Faixa de Gaza, que até agora sobreviveram às bombas e balas de Israel, enfrentam cada vez mais a propagação de doenças no meio de fortes chuvas de inverno que inundaram os seus abrigos improvisados, e uma escassez aguda de alimentos e água potável.

Médicos e trabalhadores humanitários alertaram para epidemias, dada a terrível situação humanitária e com o sistema de saúde do enclave de joelhos.

De 29 de novembro a 10 de dezembro, os casos de diarreia em crianças menores de cinco anos aumentaram 66 por cento, para 59.895, e aumentaram 55 por cento no resto da população, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS).

A agência de saúde da ONU alertou que os números provavelmente não fornecem o quadro completo devido à falta de informações sobre o sistema de saúde e outros serviços em Gaza, que está à beira do colapso.

Ahmed al-Farra, chefe da ala pediátrica do hospital Nasser em Khan Younis, no sul de Gaza, disse esta semana que a sua enfermaria estava lotada de crianças que sofriam de desidratação extrema, causando insuficiência renal em alguns casos, enquanto a diarreia grave era quatro vezes maior do que normal.

Ele disse ter conhecimento de 15 a 30 casos de hepatite A em Khan Younis nas últimas duas semanas: “O período de incubação do vírus é de três semanas a um mês, então depois de um mês haverá uma explosão no número de casos da hepatite A.”

No seu último relatório sobre as condições em Gaza, o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários afirmou que a OMS relatou casos de meningite, varicela, icterícia e infecções do trato respiratório superior.

Desde o colapso da trégua entre Israel e o Hamas, em 1 de dezembro, centenas de milhares de pessoas foram forçadas a abrigar-se em edifícios, escolas e tendas abandonadas. Muitos mais dormem ao ar livre, com pouco acesso a banheiros ou água para tomar banho, disseram trabalhadores humanitários.

Vinte e um dos 36 hospitais de Gaza estão fechados, 11 estão parcialmente funcionais e quatro estão minimamente funcionais, segundo dados da OMS de 10 de dezembro.

Um menino palestino com uma infecção de pele em um hospital em Rafah. – Fadi ​​Shana/Reuters

O Ministério da Saúde palestino relatou 360 mil casos de doenças em abrigos lotados para os 1,9 milhão de pessoas deslocadas pela ofensiva de Israel. – Loay Ayyoub/The Washington Post via Getty Images

Investigadores acadêmicos da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres alertaram, num relatório de 6 de novembro, sobre como os efeitos indiretos do conflito sobre a saúde iriam piorar com o tempo. – Loay Ayyoub/The Washington Post via Getty Images

O relatório afirmou que dois meses após o início da guerra haveria um aumento do fardo da desnutrição infantil devido à interrupção da alimentação e dos cuidados, bem como à “possibilidade crescente de introdução de agentes patogênicos propensos a epidemias”, citando a sobrelotação e a água e saneamento inadequados como fatores de risco. – Loay Ayyoub/The Washington Post via Getty Images

Mais de 300 funcionários e médicos do Ministério da Saúde em Gaza foram mortos desde 7 de outubro. O relator especial da ONU sobre o direito à saúde, Tlaleng Mofokeng, disse na semana passada que pelo menos 364 ataques a serviços de saúde foram registrados em Gaza desde o início da guerra . – Disse Khatib/AFP

A agência de ajuda das Nações Unidas para os refugiados palestinos (UNRWA) disse que dois meses de guerra combinados com um “cerco muito apertado” foram suficientes: forçaram 1,3 milhão de habitantes de Gaza, de uma população de 2,3 milhões, a buscar segurança em seus locais em uma faixa de terra perto do Mar Mediterrâneo. – Mahmud Hams/AFP

“Muitos dos abrigos estão sobrecarregados de pessoas em busca de segurança, com quatro ou cinco vezes a sua capacidade”, disse Juliette Touma, diretora de comunicações da UNRWA. ‘A maioria dos abrigos não está equipada com banheiros, chuveiros ou água potável.’ – Mahmud Hams/AFP

As Nações Unidas estão monitorando a incidência de 14 doenças com ‘potencial epidêmico’ e está mais preocupada com as taxas crescentes de disenteria, diarreia e infecções respiratórias agudas, de acordo com uma lista que a ONU está usando atualmente para Gaza. – Mohammed Abed/AFP

Crianças palestinas procuram calor enquanto se reúnem em torno de uma fogueira num acampamento montado no pátio de uma escola em Rafah. Ventos fortes e chuvas destruíram tendas frágeis e causaram inundações que obrigaram as pessoas a passar noites encolhidas no frio, na areia molhada. – Mohammed Abed/AFP

Crianças palestinas fazem fila para receber comida preparada em uma cozinha de caridade em meio à escassez de alimentos em Rafah. – Saleh Salem/Reuters

*Reportagem da Al Jazeera publicada pelo Cafezinho

Categorias
Mundo

Hamas recusa negociações sem fim de ‘agressão sionista’ contra povo palestino

Grupo palestino se posiciona no momento em que Catar e Israel exploram possibilidades para a retomada de uma nova trégua humanitária, mas exército israelense segue hostilizando Gaza.

Com o agravamento das hostilidades israelenses, o Hamas afirmou, neste domingo (17/12), que não entrará em quaisquer negociações sobre novas trocas de prisioneiros sem o fim dos ataques comandados por Tel Aviv.

“O Hamas reafirma a sua posição de não conduzir quaisquer negociações para troca de prisioneiros, a menos que a agressão sionista contra o nosso povo cesse de uma vez por todas”, afirmou o grupo palestino.

As declarações são dadas no momento em que as autoridades do Catar e de Israel se reúnem para explorar as possibilidades da retomada de negociações para a libertação dos que ainda estão detidos em Gaza.

No entanto, as chances de um acordo parecem mínimas, uma vez que o gabinete de guerra israelense deixou claro que não tem intenção de parar os combates no território, como ressaltou o chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa, Herzl Halevi, no sábado (16/12): “Devemos continuar vigorosamente a luta sem tirar os olhos dos objetivos”

Mortos por fome
A intensificação dos ataques israelenses também tem resultado em mortes por fome, ao limitar o transporte de recursos básicos e destruir os bens destinados à sobrevivência da população palestina.

Isso tem sido comprovado nos últimos dias e anunciado como uma das maiores preocupações pela Organização das Nações Unidas.

Neste domingo (17/12), inclusive, um grande grupo de palestinos pularam em um caminhão de ajuda humanitária, na passagem de Rafah, em Gaza, para garantir suprimentos. As pessoas foram vistas, desesperadas, jogando caixas com alimentos para fora do veículo, enquanto uma multidão esperava embaixo.

Na quinta-feira (14/12), a própria ONU havia alertado que a população palestina está “desesperada por comida”, chegando a interditar caminhões para pegar alimentos.

“As pessoas estão parando caminhões de ajuda, pegando os alimentos e comendo desesperadamente”, afirmou Phelippe Lazzarini, chefe do órgão, no Fórum Global de Refugiados. “A fome surgiu nas últimas semanas e encontramos cada vez mais pessoas que não comem há um, dois ou três dias.”

O vice-chefe do Programa Alimentar Mundial da ONU também confirmou que cerca da metade da população total do território palestino “está morrendo de fome”, sem previsão de “quando virá a próxima refeição”.

Categorias
Mundo

Jornalistas de direita na Argentina recomendam que população ajude o presidente com ‘a nova realidade’ e faça apenas uma refeição por dia

Circula no X (ex-Twitter) o comentário de dois jornalistas do canal La Nación+ (que já apoiou a ditadura e agora apoia o novo presidente de ultradireita Javier Milei) justificando os períodos difíceis que a população argentina deve enfrentar.

Para eles, um deles sendo Eduardo Serenellini, a solução diante do arrocho salarial e da brusca disparada dos preços, seria a população colaborar “diante da nova realidade” realizando cortes em suas despesas, inclusive passando a fazer apenas uma refeição por dia.

Categorias
Mundo

Catar confirma negociações para nova trégua entre Israel e Hamas

Ministério dos Negócios Estrangeiros catari falou em esforços diplomáticos para a renovação do acordo; após o fim da pausa humanitária, no início de dezembro, exército israelense intensificou ataques em toda a Faixa de Gaza.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Catar confirmou, neste sábado (16/12), que esforços diplomáticos estão em andamento para alcançar uma nova trégua humanitária na Faixa de Gaza.

“O Catar afirmou os seus esforços diplomáticos em curso para renovar a pausa humanitária e expressou esperança, por meio do progresso alcançado, na construção de um acordo abrangente e sustentável que poria fim à guerra, impediria o derramamento de sangue dos nossos irmãos palestinos, levaria a negociações sérias e ao lançamento de um processo político que produza uma paz abrangente, permanente e justa, de acordo com as resoluções internacionais e a Iniciativa Árabe de Paz”, afirmou a pasta, em comunicado.

O relatório das negociações foi emitido um dia após os militares israelenses terem admitido que mataram, por engano, três reféns em Gaza durante os combates em Shujaia, no centro da região.

A expectativa é de que as autoridades de Tel Aviv e do Catar se reúnam na Noruega em uma tentativa de resgatar as negociações sobre a libertação de reféns detidos em Gaza em troca de um cessar-fogo e a libertação de vítimas palestinas também detidas por Israel, de acordo com fontes locais.

Desde o primeiro dia de dezembro, a trégua que durou sete dias entre Israel e o Hamas – mediada pela autoridade catari – não foi renovada. Ao lado de Egito e Estados Unidos, Catar teve o papel de manter conversas com ambas as partes do conflito com o objetivo de resolver as divergências a respeito das listas de reféns israelenses e prisioneiros palestinos, além de evitar atrasos.

Logo após o fim da pausa, o Ministério da Defesa de Israel prometeu reforçar as incursões terrestres contra o povo palestino, colocando a região sul do território como foco da fase mais recente da operação militar de Tel Aviv. O ministro Yoav Gallant se reuniu com o grupo de soldados israelenses e orientou para uma ação militar “maior” e em “toda a Gaza”.

“Vamos voltar a lutar, vamos usar a mesma força e mais. Lembre-se que enquanto você está se organizando, descansando e pesquisando, o inimigo está fazendo o mesmo. Você vai conhecer algo que está mais preparado. Assim eles encontrarão primeiro as bombas da força aérea, depois os projéteis dos tanques e artilharia, depois as ‘patas do D9’, e finalmente o tiroteio da infantaria”, afirmou Gallant.

Desde então, autoridades de Gaza e equipes humanitárias passaram a denunciar os abusos do Exército israelense que, ao intensificarem os ataques contra o território palestino, colapsaram o sistema de saúde, promoveram mais deslocamentos e limitaram o acesso a recursos humanitários básicos para a sobrevivência das vítimas locais.