Em mais um capítulo da sua delação premiada assinada com a Polícia Federal, o tenente-coronel Mauro Cid afirmou que o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), um dos filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro, comandava o “gabinete do ódio”, grupo de assessores do Palácio do Planalto responsáveis por publicações em redes sociais que são investigados por suspeitas de ataques aos adversários e às instituições democráticas.
Segundo o colunista Aguirre Talento, do portal UOL, Cid também vinculou o próprio Jair Bolsonaro diretamente à disseminação de notícias falsas com ataques às urnas eletrônicas, confirmando as suspeitas detectadas pela PF após encontrar mensagens do então presidente enviadas ao celular do empresário Meyer Nigri.
A delação premiada de Mauro Cid foi homologada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes no início de setembro. Depois disso, o ex-ajudante de ordens da Presidência deixou a prisão.
As informações foram confirmadas ao UOL por três fontes que acompanharam as tratativas do acordo. O caso está sob análise da equipe do subprocurador-geral da República Carlos Frederico Santos. Em entrevistas na última semana, ele afirmou que Cid não apresentou provas dos seus relatos e disse que a PGR (Procuradoria-Geral da República) sugeriu diligências à PF para obter elementos de corroboração.
O gabinete do ódio era composto pelos assessores Tércio Arnaud Tomaz, José Matheus Sales Gomes e Mateus Matos Diniz. A indicação deles para trabalhar no governo Bolsonaro era atribuída, nos bastidores, a Carlos. Tércio e José Matheus anteriormente foram assessores do gabinete de Carlos na Câmara do Rio.
Em seu depoimento, Cid deixou claro que o vereador era responsável pelas estratégias do então presidente da República nas redes sociais. Além disso, Carlos Bolsonaro dava ordens e comandava o gabinete do ódio, de acordo com Mauro Cid.
O grupo já era investigado dentro do inquérito das milícias digitais, que apura a atuação dos assessores palacianos e de Carlos Bolsonaro nos ataques às instituições democráticas. O depoimento de Cid traz pela primeira vez o papel de ascendência de Carlos sobre o grupo.
As investigações da PF têm detectado indícios que essas milícias digitais geraram ataques às instituições que resultaram na disseminação de um sentimento de desconfiança sobre o período eleitoral, gerando movimentos de contestação do resultado das eleições. Isso estimulou atos antidemocráticos nas unidades militares para contestar o resultado das eleições e pode ter sido um dos elementos geradores dos atos golpistas do 8 de janeiro, conforme aponta o atual estágio das investigações.
Em depoimento prestado à PF no inquérito dos atos antidemocráticos, Carlos negou ser responsável pela disseminação de ataques às autoridades e disse também que não tinha vínculo com a política de comunicação do governo federal.
Mauro Cid também vinculou Jair Bolsonaro à disseminação de conteúdo falso pelas redes.
De acordo com o tenente-coronel, Bolsonaro usava seu próprio telefone celular para encaminhar mensagens contendo notícias falsas com ataques às urnas eletrônicas e a diversas autoridades públicas, como ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).
A PF já tinha provas desse método porque encontrou diálogos no telefone celular do empresário Meyer Nigri. Como revelou reportagem do UOL publicada em agosto, a PF encontrou ao menos 18 mensagens enviadas por Bolsonaro ao empresário contendo ataques ao Judiciário, às urnas eletrônicas e às vacinas.
Por isso, os investigadores questionaram Mauro Cid se Bolsonaro enviava diretamente de seu telefone celular as mensagens, o que o ex-ajudante de ordens confirmou.
Procurada, a defesa de Jair Bolsonaro negou irregularidades e fez críticas à delação de Mauro Cid. “O eminente procurador leu toda a peça e concluiu que a mesma é fraca e desprovida de qualquer elemento de prova. A ‘delação’, segundo o procurador, mais se parece com uma confissão e o mesmo, por reiteradas vezes, disse que nada se aproveita”, afirmou em nota o advogado Fábio Wajngarten.
Carlos Bolsonaro, Tércio, José Matheus e Matos Diniz negaram em depoimentos prestados anteriormente à Polícia Federal terem disseminado ataques às instituições democráticas.
Bolsonaro espalhou nas redes que foi ele quem liberou os brasileiros em Gaza. O Idiota fez o mesmo na guerra entre Rússia e Ucrânia, quando afirmou em sua ida à Rússia, que ele tinha parado a guerra.
Pois bem, ninguém deu confiança, somente o gado premiado. Levou fumo na eleição porque acredita em suas mentiras.
“Em 2023, alguém dizer para mim que algo trabalhoso como isso [a saída de brasileiros de Gaza] foi levado adiante por Jair Bolsonaro… Pelo amor de Deus. Bolsonaro e trabalho na mesma frase não cabem”, comenta @Danielhrs. “Não é o momento para pessoas que querem aparecer, que é… pic.twitter.com/N3uM3ppjaB
Reunião de representante do governo Netanyahu com Bolsonaro irritou diplomacia brasileira.
É grande a irritação no governo brasileiro com o embaixador de Israel em Brasília, Daniel Zonshine.
O Itamaraty considera que o diplomata cometeu um ato de hostilidade ao promover um evento no Congresso com a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Mesmo assim, a ordem é não reagir publicamente até que os 34 brasileiros consigam sair da Faixa de Gaza, diz Bernardo Mello Franco, O Globo.
“Depois disso, se ele pedir uma audiência com o ministro Mauro Vieira, é possível que consiga ser recebido pelo porteiro do Itamaraty”, diz um embaixador.
No início da tarde desta sexta, Vieira foi questionado sobre Zonshine em entrevista ao programa Estúdio i, da GloboNews.
A resposta do chanceler foi seca: “Não falo com o embaixador de Israel aqui. Falo com o chefe dele, o ministro das Relações Exteriores”.
O tenente-coronel Mauro Cid narrou em sua delação premiada que a ex-primeira dama Michelle e um dos filhos do ex-presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), faziam parte de um grupo de conselheiros radicais que incitava o então presidente da República Jair Bolsonaro a dar um golpe de Estado e não aceitar a derrota nas eleições do ano passado. As informações são do jornalista Aguirre Talento, colunista do portal UOL.
De acordo com o relato de Cid, esse grupo costumava dizer que Bolsonaro tinha apoio da população e dos atiradores esportivos, conhecidos como CACs (Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador), para uma tentativa de golpe.
O tenente-coronel ainda afirmou aos investigadores que Jair Bolsonaro não queria desmobilizar os manifestantes golpistas acampados em unidades militares pelo país porque acreditava que seria encontrado algum indício de fraude nas urnas, o que serviria para anular o resultado da eleição. Cid diz à PF que nunca foi encontrada nenhuma prova de fraudes.
Ex-ajudante de ordens da Presidência da República, Cid era testemunha direta de conversas de Bolsonaro com aliados e relatou à PF a atuação de cada um deles após a derrota na eleição. Ele havia sido preso em maio, mas foi solto em setembro após assinar o acordo de delação com a Polícia Federal.
As informações do depoimento de Cid foram confirmadas ao UOL por três fontes que acompanham o assunto. O material da delação premiada atualmente está sob análise da equipe do subprocurador-geral da República Carlos Frederico Santos, na PGR (Procuradoria-Geral da República).
Em entrevistas recentes, Carlos Frederico afirmou que Cid não apresentou provas de corroboração dos seus relatos. No depoimento sobre as tratativas golpistas, Cid cita nomes dos personagens envolvidos, locais e circunstâncias das reuniões mantidas para debater o assunto. Questionado pelo UOL sobre os caminhos para corroborar o relato, Carlos Frederico afirmou: “Estamos buscando provas de acordo com o contexto narrado”.
O plano de golpe só não foi adiante, de acordo com o tenente-coronel, porque não houve concordância dos comandantes militares. O UOL revelou em setembro que Bolsonaro chegou a discutir uma minuta golpista apresentada pelo seu assessor Filipe Martins com os chefes das três Forças Armadas, mas apenas o comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, manifestou apoio. Os chefes do Exército e da Aeronáutica se posicionaram contra a iniciativa golpista.
Grupo radical
O tenente-coronel Mauro Cid traçou aos investigadores um panorama sobre as articulações realizadas por Jair Bolsonaro após a derrota nas eleições.
Cid relatou que um grupo moderado composto pela ala política do governo tentava convencer Bolsonaro a se pronunciar publicamente sobre o resultado da eleição para pedir que os manifestantes golpistas deixassem as ruas e voltassem para suas casas. Um dos integrantes desse grupo era o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho mais velho do presidente.
Bolsonaro resistiu a adotar esse posicionamento porque esperava obter provas de supostas fraudes nas urnas eletrônicas ou convencer os comandantes militares a embarcar em uma tentativa golpista.
O então presidente da República escalou auxiliares para se dedicar a descobrir vulnerabilidades no processo eleitoral. De acordo com Mauro Cid, Bolsonaro também pressionou os militares a fazer um relatório apontando essas suspeitas de fraudes.
Esse relatório foi divulgado no início de novembro pelo Ministério da Defesa, mas não apontava nenhum indício concreto de irregularidades nas urnas.
Em seu depoimento, Mauro Cid também contou que um grupo radical incitava o então presidente da República a não aceitar o resultado das eleições e tentar dar um golpe. O tenente-coronel citou que a então primeira-dama Michelle e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) faziam parte desse grupo, além de outros aliados.
Outro lado
Em nota, a defesa de Jair e Michelle Bolsonaro classificou as acusações de “absurdas” e disse que não são amparadas em elementos de prova.
“As afirmações feitas por supostas fontes são absurdas e sem qualquer amparo na verdade e, via de efeito, em elementos de prova. Causa, a um só tempo, espécie e preocupação à defesa do ex-presidente Bolsonaro que tais falas surjam nestes termos e contrariem frontalmente as recentíssimas — ditas e reditas —, declarações do subprocurador da República, dr. Carlos Frederico, indicando que as declarações prestadas pelo tenente-coronel Mauro Cid, a título de colaboração premiada, não apontavam qualquer elemento que pudesse implicar o ex-presidente nos fatos em apuração”, afirmou o advogado Paulo Cunha Bueno.
Alexandre Ferreira Dias Santini circula desenvolto por Brasília há pouco mais de três anos sem que ninguém — ou quase ninguém — o reconheça como protagonista de um dos escândalos mais ruidosos dos anos em que Jair Bolsonaro esteve no poder.
Bombado, com jeitão de playboy e super falante, ele se mudou da Barra da Tijuca para um flat à beira do Lago Paranoá depois da eclosão da trama que pôs o clã Bolsonaro em apuros.
Santini foi sócio do senador Flávio Bolsonaro, o filho 01 do ex-presidente, em uma loja de chocolates da Kopenhagen que, segundo o Ministério Público do Rio, foi aberta para lavar dinheiro.
Para os promotores que investigaram as chamadas “rachadinhas”, ele entrou na sociedade como uma espécie de laranja de luxo.
Não faz muito tempo, a amizade de quase duas décadas que fez Flávio escolher Santini como sócio na chocolateria virou pó. Desde o primeiro turno da campanha eleitoral do ano passado, os dois estão rompidos.
Nem um nem outro explica os motivos da briga. Pessoas próximas a ambos dão versões diferentes.
Umas dizem que o motivo é de ordem estritamente pessoal — íntima, até (Santini promoveu animadas festas privês que teriam deixado Flávio, seu convidado especial, em apuros). Outras sustentam que o rompimento se deu por diferenças irreconciliáveis na condução dos negócios conjuntos.
No primeiro semestre deste ano, Alexandre Santini mandou para Flávio alguns recados cifrados pelas redes sociais. “Não adianta tentar escapar, tudo é questão de tempo, pois provas não faltam para seus inúmeros ‘crimes na política’ que vão te levar para a PRISÃO”, chegou a escrever o ex-sócio em um dos posts, sem citar o senador nominalmente.
De lá para cá, muita coisa aconteceu e a crise entre os dois escalou. Hoje, Santini trava sua guerra particular contra Flávio Bolsonaro em duas frentes.
Em uma delas, ele mostra a cara, cobra do ex-sócio um valor milionário a título de “acerto de contas” e não diz abertamente tudo o que sabe. Em outra, longe de holofotes, se coloca como um homem-bomba, detentor de segredos que, assegura, podem explodir a carreira do primogênito de Jair Bolsonaro.
A parte mais visível da contenda ganhou forma nas últimas semanas, com uma notificação extrajudicial que os advogados de Santini enviaram para Flávio Bolsonaro.
No documento de três páginas, ao qual a coluna teve acesso, Santini afirma que ficou no prejuízo ao abrir com Flávio Bolsonaro a Bolsotini Chocolates e Café Ltda, razão social da loja de chocolates instalada no shopping Via Parque, na Barra da Tijuca.
Na peça, primeiro passo de um processo judicial de cobrança, ele dá os números e cutuca Flávio dizendo que, ao fazer os aportes iniciais para a abertura do negócio, o senador pagou sua parte em dinheiro vivo.
Santini diz que, do investimento inicial de R$ 1 milhão, pôs R$ 450 mil do próprio bolso, enquanto Flávio deu R$ 200 mil em espécie e a dentista Fernanda Bolsonaro, mulher do senador, aportou R$ 350 mil por meio de uma transferência bancária.
Também sustenta que, embora a sociedade fosse dividida meio a meio, Flávio sempre ficou com a maior parte dos lucros: R$ 1,7 milhão (dos quais R$ 700 mil foram retirados em dinheiro), contra R$ 644 mil.
O ex-sócio argumenta ainda que pagava contas da Bolsotini sem ser reembolsado e que, quando foi preciso vender a loja, depois de o estouro das rachadinhas inviabilizar o negócio, ficou só com R$ 529 mil, enquanto Flávio recebeu R$ 875 mil.
Por essas diferenças, o ex-sócio agora cobra do filho 01 de Jair Bolsonaro exatos R$ 1.473.344,46.
Na primeira semana de novembro, os advogados de Santini ajuizaram em Brasília uma reclamação pré-processual cobrando o valor
Depois de enviar a notificação extrajudicial, que Flávio não respondeu, Santini fez mais um movimento rumo à judicialização da cobrança. No último dia 1º de novembro, protocolou na Justiça de Brasília uma reclamação pré-processual com os mesmos argumentos e listando os mesmos números. Até agora, não houve resultado.
Na notificação há uma planilha do contador da Bolsotini que, segundo Santini, prova que Flávio levou mais dinheiro
À luz do dia, mostrando a cara, o ex-sócio da loja de chocolates afirma que o que tem para cobrar de Flávio Bolsonaro é o que está detalhado na notificação extrajudicial e na reclamação pré-processual – e nega, com certa veemência, que tenha conhecimento de transações escusas do filho do ex-presidente da República.
“Nunca soube de onde vem o dinheiro em espécie. Meu negócio com o Flávio era apenas a loja. Nunca participei de nada do que ele participa, nem sei se ele participou”, disse em entrevista à coluna na semana passada (ouça abaixo os principais trechos).
Há, porém, um outro lado da guerra, bem mais sujo e pesado.
A coluna teve acesso a uma série de elementos, incluindo documentos e registros de conversas de Santini com pessoas próximas, que mostram que, por trás da cobrança oficial, ele se move para pressionar Flávio a acertar o que deve, sob pena de revelar segredos capazes não apenas de abreviar a carreira política do filho 01 de Jair Bolsonaro, mas também de levá-lo para a prisão.
Sim, se de um lado, publicamente, o ex-sócio de Flávio diz que não sabe dos supostos malfeitos do senador, de outro, na calada do submundo de Brasília, ele fala sem freios do que sabe e do que tem em mãos graças aos anos de intimidade. “Se eu quiser, eu ponho o Flávio na cadeia. Com o que eu tenho na mão, ele vai preso. Sei tudo da vida dele”, afirmou dias atrás.
Em um sinal do quão pesado está o clima entre os dois, o próprio Flávio Bolsonaro, procurado, admitiu estar recebendo “recados”. “Ele tem mandado recados esquisitos para mim. Já me pediu dinheiro e eu não dei. Não quero dar linha para maluco. É um ex-sócio e ex-amigo”, disse o senador.
Os segredos que Alexandre Santini diz ter envolvem transações em dinheiro vivo que incluem aquisições milionárias de imóveis feitas por Flávio, pagamentos de despesas pessoais com recursos de origem suspeita supostamente obtidos graças à influência do senador no governo federal durante o período em que o pai foi presidente e bastidores de como ele, emparedado pelo escândalo das rachadinhas, administrou o silêncio do notório Fabrício Queiroz.
O ex-sócio de Flávio tem repetido que está disposto a relatar tudo às autoridades e conta que tem se aproximado de advogados ligados ao PT que estariam dispostos a auxiliá-lo na empreitada, garantindo a proteção necessária para que ele fale o que sabe.
Encontro tenso no Senado O rompimento definitivo com Flávio se deu, diz Santini, pouco antes do primeiro turno das eleições presidenciais do ano passado. O ex-sócio afirma que procurou o senador em seu gabinete, no Congresso Nacional, e lá os dois tiveram um tête-à-tête reservado – e tenso, bastante tenso. Chegou para apresentar a cobrança e saiu com a certeza de que a amizade de outrora havia mesmo acabado.
“Eu falei: olha, Flávio, está aqui a planilha que você me deve. Sempre trazendo para o valor presente… Todo o valor, sem ser ajustado, aqui você me deve 1,7 milhão. Tá aqui, olha. Ele sabe que é isso. Ele olhou e falou: ‘Tá bom’. ‘Eu falei: Tá, quando você pode pagar?’ ‘Agora eu não posso.’ ‘Tá bom.’ ‘Quando você vai me pagar?’ ‘Pensando bem, eu não vou te pagar, porque eu não te devo nada. Se quiser, procura a Justiça e você vai perder porque eu tenho poder’”, conta. “Olha quem você é e olha quem eu sou… Você vai perder tempo e dinheiro. Você vai se f.”, teria dito Flávio, ainda de acordo com os relatos de seu ex-sócio.
Foi depois dessa conversa que Santini começou a considerar a possibilidade de falar. Não demorou para que ele fizesse o senador saber de sua disposição, na tentativa de fazê-lo acertar as contas.
Tão perto, tão longe Curiosamente, entre os portadores dos recados para Flávio está a própria mulher do senador, cujo consultório odontológico, em um centro clínico do Plano Piloto de Brasília, tem sido visitado com frequência por Santini – ele diz que, apesar de ter rompido com o marido de Fernanda Bolsonaro, segue como paciente dela. “Vou lá de tempos em tempos porque tenho que trocar meu aparelho.”
O filho de Jair Bolsonaro, claro, passou a interpretar as mensagens como ameaça.
Ao falar à coluna, na semana passada, Santini negou peremptoriamente que a loja de chocolates da qual foi sócio com Flávio tenha servido para lavar dinheiro, como sustentaram os promotores do Rio na investigação das rachadinhas. Talvez seja um cuidado para evitar mais embaraços. Afinal, admitir, de viva voz, envolvimento em uma trama criminosa poderia lhe render problemas.
Em sua outra versão, porém, esse cuidado não existe.
Chocolate indigesto Quando desfia em privado as histórias dos tempos em que esteve junto com o senador, ele fala sem reservas que o fluxo financeiro da loja realmente fugia dos padrões de um negócio normal.
Diz, por exemplo, que no primeiro ano já foi possível recuperar, na contabilidade oficial, todo o dinheiro investido no negócio, o que não é normal em se tratando de um estabelecimento que funcionava em um shopping que nem está entre os maiores do Rio.
Lobby com parceiros Nas conversas reservadas, Santini tem mencionado, ainda, negócios escusos que outros amigos muito próximos de Flávio teriam feito em Brasília graças à relação com o senador. Esses negócios envolveriam a oferta de influência junto a órgãos federais durante o governo de Jair Bolsonaro.
Parceiros de Flávio que o conheciam de longa data do Rio chegaram a montar escritórios na capital com essa finalidade. Alguns deles, supostamente com recursos obtidos nessas transações escusas, teriam dividido os ganhos com Flávio de diversas formas – uma delas, pagando despesas do 01.
A mansão que Flávio comprou em 2021 no Lago Sul de Brasília pelo valor declarado de pouco menos de R$ 6 milhões, por exemplo, teria sido mobiliada e equipada com “presentes” pagos por esses amigos.
Entre os mimos estariam aparelhos de academia de primeira linha que foram comprados pela turma e entregues diretamente na mansão. Santini guarda consigo as cópias das notas fiscais. A coluna teve acesso a parte delas e, de fato, o nome do comprador registrado nos documentos é o de um advogado que, durante o governo passado, se apresentava em Brasília como uma espécie de atalho para quem quisesse se aproximar de Flávio Bolsonaro.
Na notificação há uma planilha do contador da Bolsotini que, segundo Santini, prova que Flávio levou mais dinheiro
Relógios de luxo Ainda na lista dos segredos guardados pelo ex-sócio há um capítulo que lança o senador para dentro da trama dos relógios e jóias de luxo recebidos pelo ex-clã presidencial durante o governo passado – assunto que levou Jair Bolsonaro a virar alvo de mais uma investigação no Supremo Tribunal Federal.
Ao listar o que tem sobre Flávio Bolsonaro, Santini tem exibido, a partir do rolo da câmara de seu celular, fotos de uma extensa coleção de relógios de luxo que, diz, o senador ganhou durante viagens oficiais e, também, de empresários interessados em tê-lo como amigo.
mobiliário Santini diz saber, ainda, como Flávio Bolsonaro virou um ás do ramo imobiliário a partir do período em que ocupou uma cadeira de deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio.
Várias das transações do hoje senador da República, como a aquisição de apartamentos em bairros nobres da zona sul carioca e de um andar inteiro de um prédio de salas comerciais na Barra da Tijuca, chegaram a ser alvo da apuração do MP fluminense, sob suspeita de lavagem de dinheiro.
Os relatos do ex-sócio, se comprovados, podem dar força à linha de investigação iniciada pelos promotores, que acabou porque a Justiça arquivou a acusação formal apresentada em 2020.
O elo com Queiroz A loja de chocolates não é o único elo entre Alexandre Santini e Flávio Bolsonaro no caso das rachadinhas.
Por um tempo, depois da eclosão do escândalo, o ex-sócio do filho 01 de Jair Bolsonaro funcionou como um ponto de contato com Fabrício Queiroz, o ex-policial militar que trabalhou como assessor dele na Alerj e foi acusado de ser o operador do esquema.
Queiroz e Santini se falavam com frequência. Alguns dos registros dessas conversas estão preservados até hoje.
É o caso de um lote de áudios nos quais Queiroz, dizendo estar em apuros financeiros (“estou pulando uma fogueira”), pede dinheiro ao ex-sócio de Flávio.
Em pelo menos uma das gravações, Queiroz se refere a Alexandre Santini como um dos aliados da família que, assim como ele, se mantiveram fiéis, mas acabaram escanteados, diferentemente de outros que se deram bem durante o governo Bolsonaro (“Não tem um da nossa época que não está bem”).
Queiroz afirma no áudio que, se Santini pudesse socorrê-lo, depois “nosso amigo”, referindo-se a Flávio, faria o acerto de contas.
A relação entre os dois é estreita. Santini e Fabrício Queiroz se conheceram quando o ex-policial era o principal homem de confiança de Flávio no gabinete na Alerj. Em uma evidência de que integravam, juntos, o círculo mais próximo do hoje senador, quando Jair Bolsonaro foi esfaqueado na campanha presidencial de 2018 em Juiz de Fora, foram os dois — Santini e Queiroz — que viajaram com Flávio, de carro, para a cidade mineira logo após receberem a notícia.
Indagado sobre sua relação com Queiroz, Santini elogia o ex-faz-tudo de seu ex-amigo. “Muito boa pessoa. Infelizmente, foi abandonado pela família. É um cara bacana”, afirma.
Amigo íntimo do clã Paulista, Alexandre Santini mudou-se para o Rio ainda na juventude, enquanto cursava administração de empresas. De família rica – o pai trabalhava para a Odebrecht e a mãe é dona de um hospital -, já na capital fluminense ele abriu uma empresa de importação na qual tinha como sócio Carlos Alberto Parreira, ex-técnico da Seleção.
Foi nessa época que conheceu Flávio Bolsonaro. A amizade se estreitou de tal maneira que, em pouco tempo, ele se transformou em um dos melhores amigos do senador e criou laços com todo o clã, incluindo o próprio Jair Bolsonaro. Costumava participar de comemorações nas quais havia apenas integrantes da família.
Com Flávio, Santini dividiu festas de arromba — de balada na casa do jogador Neymar a réveillon em Angra dos Reis. Após mudar-se para Brasília, ele chegou a abrir uma empresa de tecnologia que não tinha nem sede física – o endereço declarado era um terreno baldio na Asa Sul.
A ideia, que surgiu de conversas com um lobista ligado a Frederick Wassef, era aproveitar a boa relação que tinha com a então primeira-família da República para ganhar dinheiro. Com capital social de R$ 105 mil, a Santitech Suporte em Tecnologia da Informação ficou aberta por dez meses.
Riquinho, namorador e homem-bomba Hoje Santini se gaba de andar por Brasília incógnito, sem ser reconhecido como o homem que o Ministério Público acusou de ser laranja de Flávio Bolsonaro. Ele diz, orgulhoso, que sua fama na cidade é de “riquinho” e namorador.
Quando é indagado se acredita que ainda receberá o valor que cobra, o ex-sócio do 01 responde que sim e, com a mesma naturalidade, nega que esteja chantageando Flávio Bolsonaro ou que, por debaixo dos panos, esteja apresentando uma conta maior do que aquela de 1,4 milhão que admite publicamente.
Reforma tributária precisa ser aprovada em dois turnos pelos senadores e depois retorna à Câmara dos Deputados.
O plenário do Senado Federal aprovou, nesta quarta-feira (8/11), a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Reforma Tributária, por 53 votos a 24. Por se tratar de uma alteração na Carta Magna, a matéria precisava de três quintos dos votos — ou seja, de 49 senadores, diz o Metrópoles.
O texto ainda precisa passar por votação em segundo turno no Senado, que deve ocorrer nesta quinta-feira (9/11). Depois, a matéria ainda segue para deliberação da Câmara dos Deputados, uma vez que o relator, senador Eduardo Braga (MDB-AM), acolheu emendas propostas pelos senadores e mudou o texto que havia sido aprovado pelos deputados.
O texto havia sido aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado na terça (7/11), por 20 votos a favor seis contra. Nesta quarta-feira, os senadores iniciaram a discussão do texto por volta das 14h.
O rito de apreciação de uma PEC é mais complexo, e envolve sessões especiais para debate. Como há pressa para a aprovação do texto, senadores da base articularam junto o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), um requerimento pedindo a adoção de um calendário especial que desse celeridade ao processo aprovado.
O Partido dos Trabalhadores (PT) oficializou, neste domingo (05/11), seu apoio ao candidato peronista Sergio Massa (União pela Pátria) nas eleições presidenciais da Argentina, cujo segundo turno ocorre no dia 19 deste mês, diz o 247.
“Derrotar a extrema-direita, que se articula em nível mundial, é tarefa essencial para a construção de um mundo de paz”, diz a nota divulgada destacando o candidato mais votado do ´primeiro turno com um “um perfil democrático e popular” e detentor de um “programa de governo de desenvolvimento e justiça social”.
Por sua vez, ao referir-se ao candidato Javier Milei (A Liberdade Avança), o PT classificou ao ultraliberal com um plano econômico “do salve-se quem puder”.
Assinado pela presidente do partido, Gleisi Hoffmann, o PT também lembra que o atual pleito marca “os 40 anos da retomada da democracia” na Argentina.
Leia a nota na íntegra: No próximo dia 19 de novembro, o povo argentino voltará às urnas para decidir seu futuro, em eleições presidenciais que marcam também os 40 anos da retomada da democracia naquele país.
Justamente nesse contexto dois projetos de sociedade se enfrentam: um, representado pela candidatura presidencial de Sergio Massa, de perfil democrático e popular, com um programa de governo de desenvolvimento e justiça social; e outro, do candidato Javier Milei, representando a extrema-direita e o ultraneoliberalismo econômico do salve-se quem puder.
Nós, brasileiros e brasileiras, conhecemos bem essa segunda alternativa de extrema-direita, que também governou nosso país no período anterior. Conhecemos toda a dor e o sofrimento que o descaso com a vida do povo significou para nosso país.
Por isso, não temos dúvida em apoiar a candidatura de Sergio Massa, da coalizão União pela Pátria, no nosso país irmão. Defendemos a integração regional para trazer a justiça social, a paz, a democracia e um projeto de desenvolvimento que coloque nossa região de maneira soberana no concerto das nações, num mundo cada vez mais complexo em que todos os dias a democracia e a paz mundial estão em risco.
Derrotar a extrema-direita, que se articula em nível mundial, é tarefa essencial para a construção de um mundo de paz, cooperação e solidariedade.
Gleisi Hoffmann Presidenta Nacional do Partido dos Trabalhadores
Romênio Pereira Secretário de Relações Internacionais do PT
O post de Lula fazendo exercícios e mostrando que está se recuperando da cirurgia, nesta sexta-feira (3/11), teve um recorde de engajamento nas redes sociais, desde a posse.
Segundo levantamento da consultoria Ativaweb com base em métricas do Twitter, Instagram e Facebook, o desempenho mostra que os seguidores de Lula estão interessados no bem-estar pessoal de presidente e na narrativa de superação, diz Guilherme Amado.
“O fato que Lula está compartilhando sua recuperação e voltando às atividades normais pode criar um senso de conexão e empatia com os seguidores, o que tende a gerar um engajamento mais significativo”, disse a análise da empresa.
Confusão foi registrada no comitê do Partido Liberal da cidade; testemunhas afirmam que Guilherme Colombo aparentava estar alcoolizado.
O executivo do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), Guilherme Horácio Colombo, marido da deputada federal bolsonarista Júlia Zanatta (PL-SC), se envolveu em uma confusão nesta quinta-feira (2) e agrediu integrantes do PL de Santa Catarina, entre eles três idosos. As informações são do site Melhores Publicações, que cobre notícias de Criciúma (SC) e região.
A confusão se deu no comitê do Partido Liberal (PL) na cidade de Balneário Rincão, litoral catarinense. De acordo com testemunhas, Colombo estaria, aparentemente, alcoolizado. Ele estava comemorando seu aniversário e teria recebido uma ligação de sua esposa, Júlia Zanatta, após a parlamentar ter entrado em uma discussão política com correligionários no comitê.
O marido da bolsonarista, então, foi até o local e, em meio à discussão com integrantes do PL, chutou um portão. Ao ser questionado por um homem, Colombo reagiu o empurrando. O agredido é Juceli Eufrasio, de 66 anos de idade. Debrandino Delfino, de 65 anos, também teria sido agredido por Colombo com um soco no rosto e há ainda relatos de agressão contra uma mulher, também idosa.
A Polícia Militar foi acionada e registrou a ocorrência como vias de fato, liberando na sequência do registro os envolvidos na agressão.
Confira o vídeo que mostra a agressão
SOSSEGO DELAS: E o marido da Julia Zanatta que chegou alterado numa reunião do PL e entrou nas vias de fato? pic.twitter.com/5oIBZkzvmd
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