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Lula e o Santos-Guarujá: como vai funcionar o primeiro túnel submerso da América Latina

O empreendimento prevê uma ciclovia, passagem para pedestres e três faixas de rolamento por sentido, sendo uma adaptável ao VLT; tempo de travessia entre as cidades deve diminuir 50 minutos.

Esperado há pelo menos 100 anos, o túnel que vai ligar as cidades de Santos e Guarujá vai sair das pranchetas para virar realidade. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) divulgaram nesta sexta-feira (2) a parceria para a execução das obras do primeiro túnel imerso da América Latina, diz O Globo.

Serão três faixas de rolamento por sentido, além de uma ciclovia e passagem para pedestres — Foto: Divulgação

O projeto prevê a ligação seca entre Santos e Guarujá, com extensão total de 1,5 km, por meio de um túnel imerso de 870 metros, que passará por baixo do canal que abriga o porto mais movimentado do Brasil. Serão três faixas de rolamento por sentido, sendo uma adaptável para receber o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), além de uma ciclovia e passagem para pedestres.

Via para pedestres será compartilhada com a ciclovia — Foto: Divulgação

O desafio para construir o túnel submerso é grande: serão seis módulos pré-moldados com concreto armado, a uma profundidade mínima de 21 metros. Eles serão construídos em uma doca seca e transportados por flutuação até o local onde o leito do canal será preparado. Assim, os módulos serão imersos, encaixados e fixados para concluir a estrutura, sem interromper o tráfego de navios no canal.

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Política

Ministério da Educação reajusta piso de professores da educação básica para R$ 4.580,57

De acordo com o texto, o piso é válido para profissionais do ensino público, com jornada de no mínimo 40 horas semanais.

O Ministério da Educação reajustou nesta quinta-feira o piso salarial nacional de professores da educação básica para R$ 4.580,57. O texto oficializando a medida foi publicado no Diário Oficial da União.

O reajuste representa um aumento de 3,62%. Em 2023, o piso era de R$4.420,55.

A lei que determina o reajuste anual do piso salarial dos professores de educação básica vigora desde 2008. De acordo com o texto, o piso é válido para profissionais do ensino público, com jornada de no mínimo 40 horas semanais.

No último ano, o reajuste foi de cerca de 15% em relação a 2022, quando o piso era de R$ 3.845,63.

Na ocasião, o ministro da Educação, Camilo Santana, afirmou que a valorização dos profissionais da educação é “fator determinante para o crescimento do nosso país”.

 

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Opinião

A Globo, historicamente racista, quis colocar em Lula a pecha de preconceituoso porque presidente exaltou o batuque e o tambor

De onde a GloboNews tirou a ideia de que, citar o batuque brasileiro e os tambores magnéticos desse país, que são sim, o principal símbolo da cultura brasileira, a principal representação da alma profunda do Brasil, é depreciar alguém associado a esse mágico universo?

A régua da Globo não poderia ser outra, pois o seu histórico de preconceito racial se confunde com o próprio preconceito contra os negros no Brasil. Foi essa a reação da GloboNews quando Lula exalta uma mulher negra premiada no programa Aprendiz, na Alemanha.

Não foram poucos os ataques que as Organizações Globo fizeram ao movimento negro. Não foram poucas as críticas à emissora por jamais ter um negro como protagonista de suas telenovelas. Menos ainda foram poucas as puxadas de orelha, como Milton Nascimento, no programa do Fautão e Mv Bill no programa de Serginho Groismann. Ambos reclamaram da ausência de negros na plateia. Sem falar, lógico, da comemoração esfuziante da vitória eleitoral de Bolsonaro em 2018, Bolsonaro que, durante aquela campanha, no Clube Hebraica do Rio, comparou os quilombolas a animais, falando dos seus pesos em arroba.

Não vale a pena citar aqui todos os episódios de racismo em estado puro, praticado pela Globo, mas é bom sublinhar que, até hoje, a Globo não se conforma com a política de cotas para negros nas universidades.

Dito isso, não há como não lembrar que foi, no governo Lula, que os tambores brasileiros, protagonizados, em corpo e alma pelos negros, foram lustrados e levados ao patamar máximo da cultura brasileira, como ocorreu com os pontos de cultura. Um programa absolutamente revolucionário, que a Globo fez questão de ignorar, porque, ela sim, tem o preconceito tatuado na alma e, dele, não quer se libertar.

Mas, há uma outra passagem de Lula, antes mesmo de ser presidente pela primeira vez, que pode ser vista no documentário Entre Atos, que serve de exemplo, quando ele diz que morria de inveja de um amigo, que trabalhava com ele, e fazia do corpo um tambor, num batuque hipnótico. Certamente, essa percepção arguta que o levou, mais tarde, já como presidente, a introduzir o programa Cultura Viva, pontos de cultura, tendo como pilar central os tambores seculares desse país, coisa que a redação da GloboNews não tem a menor ideia, como ficou flagrante nos comentários de Eliane Cantanhêde e Aline Midlej, um mais infeliz do que o outro para atacar Lula.

A Globonews foi de uma infelicidade inacreditável quando tratou o batuque e o tambor como coisa menor. Isso que está estampando na fala patética herdada do nosso colonialismo cultural. O preconceito inequívoco aqui é com os tambores brasileiros pra achar que citá-los é ofensa.

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Política

Primeira lista com nomes de autoridades vigiadas pelo sistema espião da Abin paralela é divulgada; confira abaixo

Ministros do Supremo Tribunal Federal, senadores da República, ministros do governo, além de alguns opositores estão incluídos.

O jornalista Tulio Amâncio, da Band, obteve a lista de algumas autoridades vigiadas com o uso do sistema espião da chamada Abin Paralela. Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), senadores da República, ministros do governo, além de alguns opositores.

Veja a lista inicial:

  • Abraham Weintraub;
  • Anderson Torres;
  • Flávia Arruda;
  • General Carlos Alberto dos Santos Cruz;
  • Kim Kataguiri;
  • Alexandre Frota;
  • Rodrigo Maia;
  • Otto Alencar;
  • Soraya Thronicke;
  • Renan Calheiros;
  • Rogério Carvalho;
  • Omar Aziz;
  • Humberto Costa;
  • Randolfe Rodrigues;
  • Simone Tebet;
  • Alessandro Vieira;
  • Luís Roberto Barroso;
  • Gilmar Mendes;
  • Alexandre de Moraes;
  • João Dória;
  • Camilo Santana.
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Mundo

2023: o ano mais sangrento já vivido pelos palestinos da Cisjordânia

Na Cisjordânia, governada pela Autoridade Nacional Palestina, os ataques de colonos e soldados israelenses prosseguem, com o número de crianças mortas duplicando desde 2022.

A segunda Nakba prossegue em ritmo acelerado na Cisjordânia, com níveis de violência sem precedentes perpetrada tanto pelas Forças de Defesa de Israel (IDF) como pelos colonos israelenses. O escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) alertou para o fato de Israel estar impondo um estado de “terror constante” na Cisjordânia em razão da força do Estado israelense e à violência dos colonos.

A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (UNRWA) disse que 2023 foi o ano mais mortal para os palestinos na Cisjordânia desde que começou a registrar vítimas em 2005. Cerca de 300 palestinos foram mortos na Cisjordânia entre 7 de outubro e 10 de janeiro. O pior ano da história em termos de mortes de crianças.

O Peace Now, um grupo de defensores israelenses, relatou um “aumento sem precedentes da atividade de colonização na Cisjordânia”, que os colonos realizam geralmente com o apoio das Forças de Defesa de Israel (IDF). Um grande número de assentamentos viola terrenos privados palestinos. Até hoje, foram criados nove novos assentamentos e 18 estradas ilegais foram pavimentadas, além de haver um “novo fenômeno de colonos que fecham as vias de tráfego palestinas contra ordens militares”.

300 ataques de colonos desde 7 de outubro

Desde 7 de outubro, foram registrados mais de 300 ataques de colonos israelenses, nos quais estes “ameaçam palestinos com armas de fogo, vandalizam as suas propriedades, obstruem [o acesso à água potável], arruínam as suas [oliveiras]… roubam os seus pertences”, além de atacá-los fisicamente. A violência dos colonos obrigou mais de 1,2 mil palestinos a abandonar as suas casas.

Embora Israel não tenha aprovado oficialmente estes assentamentos, de acordo com o relatório do ACNUDH divulgado recentemente, os colonos estão expandindo os assentamentos com o apoio político dos principais ministros do governo mais direitista de Israel até hoje. Em 24 de dezembro, o gabinete de Israel aprovou 75 milhões de shekels israelenses (20 milhões de dólares americanos) para fortificar 70 assentamentos na Cisjordânia, apesar de eles serem reconhecidos como ilegais.

Esta medida viola de forma flagrante a Resolução 2334 do Conselho de Segurança da ONU de 2016, que considerou os assentamentos de Israel, já naquela época, como uma “violação flagrante do direito internacional” e exigiu que a expansão fosse interrompida de acordo com as Convenções de Genebra. É evidente que o governo israelense e muitos dos seus cidadãos não se importam nem respeitam quaisquer tratados ou acordos, uma vez que continuam com a limpeza étnica do povo palestino de suas terras.

Drones assassinam jovens

Além disso, as IDF têm realizado constantes incursões, perseguições e ataques a várias cidades, vilas e campos de refugiados da Cisjordânia para atingir preventivamente aquilo que chamam de “células terroristas”. Durante o seu ataque ao campo de refugiados de Balata, as IDF dispararam recentemente diretamente contra ambulâncias, para impedir que chegassem aos civis feridos. No sul da Cisjordânia, as IDF dispararam gás lacrimogêneo contra jovens que resistiam aos ataques ilegais.

As IDF têm como alvo habitual os jovens, e recentemente mataram Yousef Nader Suleiman Idrees, de 16 anos, que estava sentado perto da área onde os confrontos estavam ocorrendo. Os israelenses também realizam ataques com drones contra palestinos inocentes. No dia 7 de janeiro, ataques com drones mataram sete palestinos, quatro deles irmãos, que estavam a caminho do trabalho em Jenin.

Israel também tem como alvo os palestinos nos postos de controle, onde são impostas restrições de movimento sufocantes e discriminatórias. O mesmo se aplica ao direito de culto dos palestinos da Cisjordânia, a quem se nega cada vez mais acesso à mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém Oriental, especialmente para as orações de sexta-feira, onde normalmente 50 mil pessoas comparecem. Recentemente, a polícia israelense atacou os fiéis perto de Al-Aqsa com água de esgoto.

IDF / WikiCommons
Ataque das Forças de Defesa de Israel ao acampamento de Jenin, em janeiro de 2023
O número de crianças vitimadas duplicou e 880 pessoas foram presas

Enquanto enfrentam humilhantes derrotas militares e operacionais em Gaza, as Forças de Defesa de Israel conduzem operações contra os mais vulneráveis na Cisjordânia. A UNICEF informa que o número de crianças mortas duplicou desde 2022, com 83 crianças mortas e 576 feridos e detidos. O Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, afirmou que “as violações documentadas no [relatório do ACNUDH] repetem o padrão e a natureza das violações relatadas no passado no contexto da prolongada ocupação israelense… a intensidade da violência e da repressão é algo que não se via há anos”.

Os terríveis ataques das IDF são complementados pelas suas detenções arbitrárias em massa de palestinos sob acusações forjadas. Muitos são depois detidos em regime de detenção administrativa sem sequer uma acusação. As IDF prendem preventivamente cerca de 60 palestinos por dia, e há atualmente mais de 5.730 detidos. Desde o início de 2024, quase 230 palestinos foram presos na Cisjordânia.

O ACNUDH descreve as detenções: “abusos físicos e psicológicos e humilhações por parte das [IDF], incluindo violência sexual e de gênero contra homens e mulheres”, de modo que o próprio processo de detenção equivale à tortura.

No dia 20 de novembro, as IDF prenderam cerca de 880 crianças palestinas, uma prática brutal tornada possível pela persistente desumanização do povo palestino por parte dos israelenses como “animais”. As condições são tão terríveis que Luay Al-Taweel, de Hebron, recentemente libertado, descreveu a prisão sionista em Negev como uma “cópia exata das prisões de Abu Ghraib e Guantânamo, ambas ‘símbolos notórios’ das violações dos direitos humanos cometidas pelos EUA”.

O povo se defende

Apesar do terror constante e dos ataques devastadores das IDF e dos colonos, os palestinos da Cisjordânia convocaram uma greve geral no começo de janeiro para protestar contra o assassinato do líder do Hamas e das Brigadas Al-Qassam, Saleh Al-Arouri, por parte de Israel. A greve abrangeu empresas, universidades e escritórios públicos e privados, liderada por uma coalizão de facções palestinas. Ismat Shakhshir, membro da Secretaria Geral da União Geral das Mulheres Palestinas, descreveu os assassinatos como “medidas desesperadas” devido à “incapacidade da ocupação de avançar em Gaza”.

Os combatentes da resistência em Nablus, Jenin, Ariha e em outras áreas continuam repelindo a violência israelense, apesar da falta de equipamento militar avançado. O alto oficial político do Hamas, Husam Badran, afirmou que “a resistência em Jenin e em toda a Cisjordânia quebrará a arrogância da ocupação [israelense]”.

Uma agressão israelense-americana

Enquanto as evidência de agressão flagrante e ilegal e as baixas atingem níveis sem precedentes, os EUA continuam dando poder ao governo israelense para levar adiante sua agenda genocida, ao mesmo tempo em que oferecem condenações frouxas para preservarem as aparências. Na ONU, os EUA bloquearam os apelos a um cessar-fogo, mesmo depois de o artigo 99.º da Carta das Nações Unidas, raramente utilizado, ter sido invocado para alertar para uma “catástrofe humana iminente” em Gaza.

Ainda em dezembro, o governo Biden apresentou um projeto de lei sobre segurança nacional, que inclui mais 10,1 bilhões de dólares em ajuda militar incondicional a Israel, e contornou duas vezes o Congresso para enviar imediatamente armas e munições a Israel.

Esta não é apenas uma guerra israelense, é uma guerra israelense-americana. Washington é também um perpetrador de genocídio e totalmente responsável por todos os ferimentos e mortes tornados possíveis pelas armas e pelo apoio político dos EUA.

*SAMEENA RAHMAN/Opera Mundi

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Opinião

Não suportando o repuxo, Bolsonaro usa Augusto Nunes de mula para disseminar ódio e fugir do depoimento na Polícia Federal

Bolsonaro, não satisfeito com o resultado trágico para a vida de muitos manifestantes do dia 8 de janeiro de 2023, convocados por ele, joga o depósito de trouxas contra o Estado como se fosse um bônus do que ocorreu com muitos bolsonaristas condenados a longos anos de cadeia.

Sim, Bolsonaro convoca manifestantes para cometerem crime contra o estado de direito, a polícia e a justiça, contra a constituição e, consequentemente contra a democracia, pedindo para os mesmos que promoveram os atos terroristas do dia 8 de janeiro, que se neguem a respeitar a lei em defesa de um projeto pessoal do próprio Bolsonaro de seguir cometendo crimes, numa espécie de federalização do mal, contra o sistema de segurança do Brasil.

As consequências disso, certamente virão contra essa espécie de tribunal particular que Bolsonaro criou, em que os poderes da República são julgados e condenados pelo próprio Bolsonaro.

Isso não vai prestar, não dar certo para Bolsonaro. A conferir.

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Política

PF adia depoimento de Bolsonaro e muda local após convocação para ato

A Polícia Federal (PF) adiou o depoimento de Jair Bolsonaro sobre a suposta importunação a uma baleia em São Sebastião, litoral de SP.

A Polícia Federal (PF) adiou os depoimentos de Jair Bolsonaro e Fabio Wajngarten sobre a suposta importunação a uma baleia, no litoral paulista. As oitivas estavam previstas para ocorrer na próxima quarta-feira (7/2), mas foram reagendadas para o fim do mês (27/2), diz Paulo Cappelli, Metrópoles.

O local do depoimento também foi alterado e não será mais em São Sebastião, município em que o ex-presidente se aproximou da jubarte com um jet ski. A PF transferiu a oitiva para a capital de São Paulo.

Nesta quinta-feira (1/2), a coluna antecipou que a PF em SP havia mapeado o planejamento de manifestação pró-Bolsonaro nas proximidades da acanhada delegacia de São Sebastião no dia 7. Hoje, o próprio ex-presidente convocou, nas redes sociais, seus apoiadores a comparecerem ao ato.

Advogado do ex-presidente, Fabio Wajngarten também foi intimado a depor pela PF por acompanhar Bolsonaro na viagem em que ele se aproximou da baleia com a moto aquática.

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Investigação

Indícios mostram que Jair Bolsonaro recebeu informações da ‘Abin Paralela’

Segundo a PF, dossiês e documentos produzidos pela agência eram impressos e entregues ao Palácio do Planalto.

A Polícia Federal já identificou indícios de que o ex-presidente Jair Bolsonaro seria um dos destinatários das informações do esquema de espionagem ilegal na Abin (Agência Brasileira de Inteligência) sob a gestão do ex-diretor Alexandre Ramagem.

Esses elementos foram apresentados à PGR (Procuradoria-Geral da República) e ao STF (Supremo Tribunal Federal) e serão aprofundados nas próximas diligências, a partir das novas provas colhidas nas buscas contra Ramagem e contra Carlos Bolsonaro, o filho 02 do ex-presidente.

As provas colhidas até o momento, de acordo com a investigação da PF, indicam que dossiês e documentos produzidos pela Abin paralela eram impressos e entregues ao Palácio do Planalto durante a gestão presidencial de Jair Bolsonaro.

Essas informações também se somam às provas apuradas em um inquérito anterior, sobre as interferências indevidas de Bolsonaro na Polícia Federal durante seu período como presidente da República.

A descoberta de que Ramagem imprimiu, em fevereiro de 2020, duas listas de inquéritos eleitorais em tramitação na PF do Rio de Janeiro reforça as suspeitas de ilegalidade nas pressões feitas por Jair Bolsonaro para ter o controle da Superintendência da PF do Rio naquele mesmo período. Por isso, a investigação aponta indícios de que Ramagem abasteceu Jair Bolsonaro com informações da PF do Rio.

As listas de inquéritos, de natureza sigilosa, teriam sido repassadas a Ramagem por algum integrante da PF do Rio de Janeiro. Os investigadores vão analisar os acessos feitos ao sistema da própria Polícia Federal para identificar a origem da informação.

Também na época, a PF do Rio de Janeiro conduzia um inquérito eleitoral sobre as declarações de bens do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Ao fim do caso, a PF concluiu que não houve crime.

Além disso, a Abin de Ramagem intensificou o uso de um sistema de monitoramento, o First Mile, no período eleitoral de 2020. De acordo com a decisão do ministro Alexandre de Moraes, em um universo de 60 mil consultas ao sistema, a metade ocorreu nesse período. Isso, de acordo com a investigação, indica a instrumentalização da Abin para fins eleitorais de interesse do núcleo político.

A PF também apura se o então ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Augusto Heleno, tinha conhecimento e deu o aval para as operações de espionagem ilegal conduzidas por Ramagem. Por isso, ele foi intimado para prestar depoimento.

Além das informações sobre inquéritos no Rio de Janeiro, os dossiês impressos encontrados em buscas e apreensões — sobre o assassinato de Marielle Franco, por exemplo — são indícios, segundo investigadores, de que o material era produzido para destinatários fora da Abin, possivelmente no Palácio do Planalto.

Bolsonaro pressionou PF
Em agosto de 2019, Bolsonaro anunciou publicamente que iria trocar o superintendente da PF do Rio, Ricardo Saadi, e tentou escolher o nome do novo superintendente.

As declarações geraram uma crise com a corporação e o então ministro da Justiça, Sergio Moro. Saadi deixou o cargo, mas a cadeira permaneceu vaga por cerca de três meses, até a nomeação do delegado Carlos Henrique Sousa para o posto, em novembro daquele ano, escolhido pelo comando da PF.

As pressões de Bolsonaro sobre a PF, entretanto, continuaram. Por isso, em abril de 2020, o então ministro da Justiça Sergio Moro pediu demissão e disse que Bolsonaro queria obter informações sobre investigações em andamento na corporação.

“O presidente me disse mais de uma vez, expressamente, que ele queria ter uma pessoa do contato pessoal dele, que ele pudesse ligar, que ele pudesse colher informações, que ele pudesse colher relatórios de inteligência, seja diretor, seja superintendente. E realmente não é o papel da Polícia Federal prestar esse tipo de informação”, disse Sergio Moro, no seu anúncio de demissão do governo Bolsonaro em abril de 2020.

Em uma reunião ministerial de abril de 2020, Bolsonaro chegou a verbalizar seu desejo de trocar o superintendente da PF do Rio para blindar amigos e familiares.

“Eu não vou esperar foder a minha família toda, de sacanagem, ou amigos meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence a estrutura nossa. Vai trocar! Se não puder trocar, troca o chefe dele! Não pode trocar o chefe dele? Troca o ministro! E ponto final! Não estamos aqui pra brincadeira”, disse Jair Bolsonaro na referida reunião.

Depois disso, a PF abriu um inquérito a pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República) para apurar possíveis crimes, como a suspeita de que Bolsonaro queria trocar o superintendente do Rio para proteger amigos e familiares. A PF concluiu o caso apontando que não houve prática de crime, e a PGR pediu arquivamento, mas o relator, ministro Alexandre de Moraes, ainda não decidiu sobre esse arquivamento.

Esses novos indícios obtidos no inquérito sobre a Abin podem ser usados pelos investigadores para retomar essa linha de apuração.

A PF apura se Bolsonaro se baseou em informações fornecidas por Ramagem para chegar à conclusão de que o superintendente do Rio estaria perseguindo sua família e amigos.

Outro Lado
Procurada, a defesa de Jair Bolsonaro não se manifestou sobre o assunto. Em uma transmissão ao vivo para seus seguidores feita no último domingo, Bolsonaro chamou de “narrativa” a investigação sobre o assunto e disse que Ramagem era “um cara fantástico”. A defesa de Ramagem não retornou aos contatos.

 

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Brasil

Brasil tem mais templos religiosos do que hospitais e escolas juntos; Região Norte lidera com 459 para cada 100 mil habitantes

Novos dados do Censo 2022 divulgados pelo IBGE mostram que país tem 580 mil estabelecimentos religiosos (de todos os tipos). Já o número de instituições de ensino é de 264 mil e de unidades de saúde, 248 mil.

O Brasil tem mais estabelecimentos religiosos do que o total somado de instituições de ensino e de saúde. É o que mostram os novos dados do Censo 2022 divulgados nesta sexta-feira (2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). São, em média, 286 igrejas para cada 100 mil habitantes do país.

Pela primeira vez, o IBGE mapeou todas as coordenadas geográficas e os tipos de edificações que compõem os 111 milhões de endereços do Brasil cadastrados durante a pesquisa.

O Censo entende como estabelecimento religioso igrejas, templos, sinagogas e terreiros, por exemplo, de todas as religiões.

  • Estabelecimentos religiosos (igrejas, templos e outros): 579,7 mil – 286 para cada 100 mil habitantes
  • Estabelecimento de ensino (escolas, creches, universidades): 264,4 mil – 130 para cada 100 mil habitantes
  • Estabelecimento de saúde (hospitais, clínicas, pronto socorro): 247,5 mil – 122 para cada 100 mil habitantes

Veja no mapa abaixo:

Estabelecimentos religiosos para cada 100 mil habitantes no país
São considerados os endereços de todas as religiões: igrejas, templos, sinagogas, terreiros, entre outros.

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Opinião

Bolsonaro confessa que Carlos foi quem demitiu Bebianno

Lógico que Bolsonaro não disse que, em off, foi Carlos Bolsonaro quem pediu a cabeça de Bebianno logo após a advertência deste ao próprio Bolsonaro sobre a Abin paralela.

Bolsonaro tem um histórico de produzir raciocínios de pouca inteligência. Então, de modo incógnito, ele, construindo o arquivo de suas memórias que, antes de qualquer coisa, procura se proteger, usou a velha malandragem de dizer que não falaria mais sobre o caso de Carlos e Bebianno, porque este já morreu.

O curioso da história é Bolsonaro abrir a resposta combinada com a escumalha que o entrevistava na revista Oeste, dizendo que não era segredo para ninguém que Carluxo e Bebianno não se bicavam e, por isso, Bebianno rodou.

Vejam bem o nível de escuridão que traz uma fala com essa.

Carlos não era nada além de vereador no Rio de Janeiro, a não ser o filho do presidente. Bastaria isso para dizer qual era o nível de promiscuidade institucional que o Brasil viveu nos quatro anos, neste caso, por dois escancarados psicopatas, pai e filho, que funcionavam pelo modo ódio contra qualquer coisa que não lhes descia bem.

Mas, nesse caso, a coisa muda de figura, porque agora mesmo a PF diz que tem provas de que Bolsonaro era o chefe da Abin paralela, porque todas as informações clandestinas, criminosas, adquiridas por essa ação paralela e ilegal, terminava nas mãos do próprio Bolsonaro.

Ou seja, para quem sabe ler, pingo é letra. Neste caso, nem é preciso saber ler, Bolsonaro disse tudo a seu modo e gosto.