Políticos russos alertam sobre risco de guerra no Oriente Médio caso os EUA respondam aos ataques do Irã a bases da coalizão internacional no Iraque.
“Os ataques recíprocos dos EUA e Irã podem levar a uma guerra total na região, caso Washington entenda sua incapacidade de conseguir o que quer, existindo o risco de início de uma guerra nuclear”, declarou à Sputnik o primeiro-vice-presidente do Comitê de Assuntos Internacionais do Conselho da Federação da Rússia, Vladimir Dzhabarov.
A autoridade russa ainda ressaltou que o Conselho de Segurança da ONU deve ser acionado para que se evite o aumento das tensões no Oriente Médio.
Guerra impopular
Contudo, Dzhabarov acredita que o início de uma guerra total entre ambos os países possa resultar em críticas dentro dos EUA.
“As ações agressivas dos EUA em relação ao Iraque e Irã estão ligadas, provavelmente, com a campanha pré-eleitoral [do presidente Trump], mas suas ações ocasionarão críticas nos EUA. Trump receberá um golpe de seus oponentes”, acrescentou o político.
Da mesma forma vê o senador russo Aleksei Pushkov, que ressaltou no Twitter que os ataques iranianos a bases da coalizão internacional, onde estão instalados soldados norte-americanos, no Iraque eram “esperados”.
Как и следовало ожидать, Иран нанёс ответный удар – по базам США в Ираке. Если США ответят, то ракетная, а затем и сухопутная большая война практически неминуемы. Она не будет популярной в США и, скорее всего, будет стоить Трампу победы на выборах. Лучше остановиться.
Como era de se esperar, o Irã realizou ataque de resposta contra bases dos EUA no Iraque. Se os EUA responderem, primeiro uma grande guerra com mísseis e depois terrestre será praticamente iminente. Ela [a guerra] não será popular nos EUA e, provavelmente, custará a vitória de Trump nas eleições. É melhor parar.
Desta forma, Pushkov acredita que o presidente americano está entre o desejo de salvar sua imagem, a reputação de seu próprio país de grande potência e o desinteresse em iniciar uma guerra em ano de eleições.
Ataques
Na madrugada desta quarta-feira (8), o Irã realizou ataques com mísseis contra bases da coalizão internacional no Iraque.
A ação seria uma resposta ao assassinato do major-general do país Qassem Soleimani, morto em 3 de janeiro em Bagdá durante uma operação militar americana.
Em 20 anos, conflitos custaram US$ 6 tri aos EUA; quantia poderia eliminar fome ou reverter aquecimento.
Quando a estátua de Saddam Hussein foi derrubada no Iraque, em 2003, as imagens que rodaram o mundo simbolizavam a vitória do exército mais poderoso do mundo. Meses antes, a campanha no Afeganistão também mostrara a avassaladora superioridade das forças americanas.
Mas se essas guerras foram vencidas em sua etapa inicial, o governo americano logo descobriu que conquistar a paz seria uma tarefa mais difícil – e muito mais cara.
Nesta semana, os acontecimentos em Bagdá e a crise aberta entre EUA e Irã podem antecipar o fim da presença americana no Iraque. Mas certamente a conta permanecerá por muito tempo ainda e já supera por ampla margem os gastos na Guerra do Vietnã (1969-1975).
Em quase 20 anos de conflitos no Oriente Médio e no Golfo, o governo americano já destinou quase US$ 6 trilhões para financiar as operações, conta que deve crescer nos próximos anos, mesmo que haja uma retirada imediata de Bagdá, como querem os iraquianos.
Cálculos realizados pelo Watson Institute da Universidade de Brown (EUA) somaram os gastos do governo americano no Iraque, Afeganistão, Paquistão e Síria, além de operações pontuais na região.
O valor é considerado a partir de 2001, ano que os EUA foram atacados em 11 de setembro e num ato que transformou a posição americana no mundo.
Desde então, Washington colocou a guerra contra o terror como prioridade, levando à queda de governos, troca de regimes políticos, criação de milícias e uma mudança no mapa de influências no Oriente Médio e Golfo. Em 2001, o Afeganistão foi alvo de uma operação e, dois anos depois, chegou a vez do Iraque.
Com o dinheiro destinado às campanhas americanas, o mundo teria eliminado a fome ou preparado o planeta para as mudanças climáticas (veja mais abaixo).
Além dos valores com armas e infraestrutura, a conta também inclui as taxas de juros com as dívidas contraídas para pagar pela guerra, assim como medidas de segurança para prevenir atentados na região.
Apenas nas operações militares em solo iraquiano, a conta chegaria a US$ 822 bilhões desde 2003, contra cerca de US$ 975 bilhões no Afeganistão desde 2001. Nos ataques que começaram em Bagdá em 19 de março de 2003, os EUA destinaram US$ 90,3 bilhões. Um mês depois, Saddam havia sido derrotado.
Gastos do gigante
Mas esse dinheiro não conta a história completa dos gastos, já que bilhões precisam ser somados na preparação, na logística fora do país, treinamento, pagamentos de pensões, construção de bases, tecnologia e burocracia. Por essa conta, a Universidade de Brown estima que apenas a guerra no Iraque superou a marca de US$ 2 trilhões.
As contas com o combustível das tropas também pesam.
Devido ao enorme uso de combustível de uma organização que opera 24 horas por dia em todo o mundo, o Departamento de Defesa é o maior utilizador individual de petróleo e outros produtos petrolíferos do mundo. Entre 2010 e 2015, o Departamento adquiriu uma média de 102 milhões de barris de combustível por ano.
Estudo da Universidade de Brown Os valores precisam ainda incluir os gastos do governo americano com a pensão de milhares de homens e mulheres destacadas para região. Para aqueles que sofreram algum dano físico ou mental, uma compensação também está prevista, enquanto as famílias das vítimas apenas no Iraque também recebem benefícios.
No total, o instituto acredita que, entre 2020 e o ano de 2059, o governo americano terá de destinar mais de US$ 1 trilhão aos veteranos de guerra.
Esse grupo de pessoas atingirá um pico de mais de 4,3 milhões de veteranos, por volta de 2039.
Apenas no Iraque, além dos 4,4 mil soldados americanos mortos, outros 32,2 mil foram gravemente feridos e terão de ser mantidos até o final de suas vidas.
Financiamento
Ao contrário de conflitos do século 20, as dotações de guerra dos EUA para o Iraque e o Afeganistão não foram financiadas com novos impostos ou títulos de guerra. Desta vez, o governo pagou por meio de seu orçamento e empréstimos.
O americano médio, portanto, não sentiu o peso dessas guerras enquanto elas ocorriam. Mas a consequência desse sistema é que ele deixou uma dívida às futuras gerações.
O problema, segundo a Universidade Brown, é que “não existe uma estratégia para pagar responsavelmente por estas guerras”. Na avaliação da entidade, deve ser questionado se de fato a ameaça que os EUA sofriam eram compatíveis com tais números.
O elevado nível de gastos com a guerra e outros preparativos militares pode não ser proporcional às ameaças que os EUA enfrentam. Quando associados à retórica agressiva que tem caracterizado a política externa dos EUA nos últimos anos, estes elevados níveis de gastos e a expansão das operações antiterror dos EUA em todo o mundo podem ser muito alarmantes para estados e povos que, de outra forma, não teriam motivos para aumentar os seus próprios gastos militares e forças armadas.
Estudo da Universidade de Brown
Em suma, os elevados custos da guerra e os gastos relacionados com a guerra representam uma preocupação de segurança nacional, porque são insustentáveis”, alertaram.
Fome e Clima
A realidade é que o valor destinado pelos EUA até agora para financiar suas guerras supera o que institutos, acadêmicos e organismos internacionais sugerem como investimentos para preparar o planeta para lidar com as mudanças climáticas.
No ano passado, um grupo de 34 personalidades – entre eles o fundador da Microsoft Corp. Bill Gates, o ex-Secretário Geral da ONU Ban Ki-moon e a Diretora Executiva do Banco Mundial Kristalina Georgieva – concluiu que o mundo precisaria de US$1,8 trilhão em investimentos até 2030 para lidar com as mudanças climáticas.
O dinheiro, segundo eles, deveria ser investido em sistemas de alerta meteorológico, infraestrutura, agricultura em terras secas, proteção de manguezais e gestão de água. Não apenas o investimento ajudaria o planeta a estar pronto para as mudanças climáticas, mas renderia US$7,1 trilhões em benefícios.
Num outro estudo, a FAO, braço das Nações Unidas para a alimentação mundial, estimou que, para eliminar a fome no mundo até 2030, governos precisariam investir m 265 bilhões de dólares por ano através de gastos em medidas como transferências de renda, investimento público a favor dos pobres em irrigação, recursos genéticos, mecanização e estrutura.
Em dez anos, a conta não chegaria aos gastos das guerras americanas no Golfo.
Nos bastidores da agência de alimentos da ONU, um dos comentários que se fazia era que o orçamento dos EUA para os programas da entidade era ‘migalha’ perto do que se gastava no Pentágono.
Gastos Públicos, Lucros Privados
Mas as guerras dos últimos 20 anos também representaram um ótimo negócio para empresas americanas.
Parte do dinheiro, de fato, foi usado para contratar companhias dos EUA que prestaram serviços durante a ocupação.
Pelo menos US$ 140 bilhões foram gastos em logística e serviços, além de reconstrução. Isso inclui desde gelo, segurança à papel de banheiro. Uma das empresas que recebeu o maior número de contratos foi a KBR, ex-subsidiária da Halliburton. A empresa de logística chegou a ser comandada por Dick Cheney, vice-presidente na gestão de George W. Bush. Sozinha, ela ficou com quase US$ 40 bilhões em contratos.
Apenas para a segurança da embaixada americana em Bagdá, hoje sob ataque, essas empresas receberam mais de US$ 3 bilhões nos cinco primeiros anos.
Dez anos depois das guerras terem tido seu início, um informe ainda mostrou que, por dia, US$ 12 milhões eram desperdiçados ou perdidos em fraude.
Além disso, estudos passaram a revelar que, se o governo americano quer criar empregos, investimentos em defesa não são os mais recomendados.
Avaliações elaboradas pelo projeto Cost of War, da mesma Universidade Brown, apontaram que a cada US$ 1 milhão gasto em defesa, 6,9 empregos diretos são gerados. Mas, se o mesmo valor fosse aplicado em educação primária e secundária, a taxa de empregos gerados seria de 19,2 empregos para cada US $ 1 milhão.
Caso o dinheiro fosse usado em saúde, 14,3 empregos diretos seriam criados com US$ 1 milhão.
Mas a grande recompensa viria do setor do petróleo. Em 2003, quando a operação foi lançada, a Casa Branca insistia que seu objetivo era um mundo mais seguro e a liberdade para milhões de iraquianos. Em 2007, porém, o ex-presidente do Federal Reserve Bank, Alan Greenspan, deixou claro que a história não era exatamente como havia sido contada.
É politicamente inconveniente reconhecer o que todos sabem: a guerra no Iraque é, em grande parte, por conta do petróleo. Alan Greenspan, ex-presidente do Federal Reserve Bank.
Antes de 2003, a segunda maior reserva do mundo estava nas mãos do estado iraquiano. Quase 20 anos depois, ela está praticamente privatizada e sob o controle de empresas ocidentais. No governo americano, a estimativa é de que a reserva seja de 112 bilhões de barris. Em 2003, 90% desse volume não estava explorado. Os lucros, portanto, prometem ser bilionários por décadas.
17 anos após a invasão, a produção de petróleo do Iraque passou de menos de 1 milhão de barris por dia para 4,8 milhões. Em abril de 2019, o governo iraquiano anunciou que a receita do petróleo havia superado a marca de US$ 7 bilhões para o país.
Para a Agência Internacional de Energia, essa produção pode garantir um total de US$ 5 trilhões até 2035 em receitas.
De acordo com a mídia local, os ataques contra as bases que abrigam os soldados norte-americanos deixaram ao menos 80 pessoas mortas.
Aproximadamente 80 pessoas morreram em decorrência dos ataques com dezenas de mísseis balísticos realizados pelo Irã durante a madrugada desta quarta-feira (8) contra as bases aéreas no Iraque, que abrigam as tropas norte-americanas, segundo a Iribnews.
A informação foi concedida por uma fonte importante do Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica (IRGC) à emissora de televisão do país, ressaltando que os “terroristas americanos” morreram nos ataques com 15 mísseis lançados por Teerã contra alvos dos EUA. Além disso, a fonte informou que nenhum míssil foi interceptado.
Além disso, o Irã afirmou que os equipamentos militares dos EUA foram “seriamente danificados”, ressaltando que há outros 100 alvos prontos para serem atacados, caso Washington decida tomar medidas de represália.
Por sua vez, o presidente norte-americano, Donald Trump, afirmou que “está tudo bem”, enquanto os danos causados pelos ataques são avaliados.
All is well! Missiles launched from Iran at two military bases located in Iraq. Assessment of casualties & damages taking place now. So far, so good! We have the most powerful and well equipped military anywhere in the world, by far! I will be making a statement tomorrow morning.
Está tudo bem! Os mísseis lançados pelo Irã contra as bases militares localizadas no Iraque. No momento, estamos avaliando as vítimas e os danos. Até agora, está tudo bem! Temos o Exército mais poderoso e melhor equipado do mundo!
Na última semana, o general iraniano Qassem Soleimani foi morto durante um suposto ataque de drone norte-americano, ordenado pelo presidente Donald Trump. O ataque foi realizado contra o Aeroporto Internacional de Bagdá. Por sua vez, o presidente iraniano, Hassan Rouhani jurou que vingaria a morte do general.
Não foram informados outros detalhes sobre o acidente. Uma equipe de investigação está no local para apurar as causas da queda do avião, que tinha como destino Kiev, na Ucrânia.
Um Boeing 737 ucraniano caiu nesta quarta-feira (8) logo após a decolagem do aeroporto de Teerã com 167 passageiros a bordo.
Um representante do aeroporto de Teerã confirmou à Sputnik que o avião caiu com 167 passageiros logo após a decolagem. A queda teria acontecido por conta de problemas técnicos da aeronave.
De acordo com a mídia iraniana, citada pela Reuters, todos os passageiros morreram com a queda.
Não foram informados outros detalhes sobre o acidente. Uma equipe de investigação está no local para apurar as causas da queda do avião.
O Boeing 737 de uma companhia aérea ucraniana estava realizando um voo da capital do Irã para Kiev.
A Guarda Revolucionária Iraniana ameaçou atacar dentro dos Estados Unidos caso os americanos respondam com outro ataque aos disparos de dezenas de mísseis feitos pelo Irã contra uma base militar dos EUA no Iraque nesta terça-feira7.
A mensagem foi postada no canal da Guarda Revolucionária na rede social Telegram.
“Desta vez a resposta será na América”, diz a postagem, em referência à notícia de que o Pentágono afirmou que tomará todas medidas necessárias para proteger e defender norte-americanos, parceiros e aliados na região.
Uma terceira onda de ataques, ainda de acordo com a Guarda Revolucionária Iraniana, caso seu território seja bombardeado, terá como alvo as cidades de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, e Haifa, em Israel.
Ainda, segundo o Israel Breaking:
“O canal de mídia Tasnim, afiliado ao estado do Irã, noticiou que autoridades estão dizendo que se os EUA retaliarem esta noite o Irã, o Hezbollah atacará Israel com seus mísseis.”
Mídia iraniana relata que o Irã lançou uma segunda onda de ataques de foguetes contra alvos dos EUA no Iraque nesta terça-feira (7).
O Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica do Irã (IRGC), citada pela Tasnim News Agency, com sede em Teerã, alertou os aliados dos EUA contra o envolvimento em sua operação, intitulada “Mártir Soleimani”, e ameaçou uma possível retaliação.
Cerca de cinco foguetes atingiram uma base de coalizão dos EUA localizada a 27 quilômetros ao norte de Bagdá, no Iraque. A informação foi divulgada por uma fonte militar citada por Carla Babb, da VOA News.
Anteriormente, aproximadamente 35 foguetes foram lançados e atingiram alvos dos EUA no Iraque, em bases locais que abrigam as forças militares dos norte-americanas.
Segundo informou o Jornal Nacional, várias bases dos EUA no Iraque foram atingidas por foguetes.
Pelo menos seis mísseis atingiram a base aérea de Al Asad, usada pelos Estados Unidos no Iraque, nesta terça-feira (7).
Ainda não há informações sobre mortos ou feridos pelo ataque.
O grupo Hezbollah escreveu em seu canal do Telegram que a “vingança começou”.
BREAKING: Hezbollah affiliated telegram channel posts "Revenge has begun" after dozens of rockets reported fired at US military base. pic.twitter.com/HuMFaxZgh0
O canal do Telegram afiliado ao Hezbollah postou “A vingança começou” depois que dezenas de foguetes foram disparados contra a base militar dos EUA.
A agência de notícias iraniana Fars classificou os foguetes iranianos lançados na base americana como “vingança forte”, segundo um post nas redes sociais.
🚨 #فوری| انتقام سخت به وقوع پیوست/ برخی منابع خبر از شلیک موشکهای بالستیک ایرانی به سمت پایگاه عینالاسد در عراق که محل استقرار نیروهای آمریکایی است، میدهند. pic.twitter.com/qbfPYmFXri
A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) anunciou nesta terça-feira (7) que irá retirar suas tropas do Iraque
“Estamos tomando todas as precauções necessárias para proteger nosso pessoal. Isso inclui o reposicionamento temporário de algumas pessoas em locais diferentes, dentro e fora do Iraque”, disse uma autoridade da OTAN à agência de notícias Reuters.
A missão da OTAN no Iraque é composta por centenas de instrutores, conselheiros e suporte dos 29 membros do bloco militar, além do pessoal de países parceiros, e inclui civis e militares.
A tensão está alta no Oriente Médio após os Estados Unidos assassinarem o general iraniano Qassem Soleimani no Aeroporto Internacional de Bagdá, no Iraque.
A ação militar desencadeou reações dos países da região e o Parlamento do Iraque aprovou a saída das tropas estrangeiras do país.
Teerã prometeu uma resposta “proporcional” e disse que o assassinato de uma de suas principais lideranças é “terrorismo de Estado”.
Os Estados Unidos, contudo, afirmaram na segunda-feira (6) que não pretendem deixar o país. O presidente Donald Trump afirmou que os militares sairão apenas após Washington ser pago por uma base aérea construída no Iraque.
O aumento das tensões entre Estados Unidos e Irã pode dificultar as exportações de milho do Brasil para o país persa, avalia o diretor-geral da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Sérgio Mendes. “Essa situação preocupa, pois o Irã é um dos maiores destinos do milho brasileiro”, disse Mendes ao Broadcast Agro.
Conforme dados da Agrostat, no acumulado de 2019 até novembro, dado mais recente de exportação por país, o Irã foi o segundo maior comprador de milho brasileiro, com 5,108 milhões de toneladas, atrás apenas do Japão (5,515 milhões de toneladas). Em 2018, o país foi o maior importador de milho produzido por aqui, com 6,379 milhões de toneladas.
Segundo Mendes, embora o comércio de alimentos esteja livre de sanções, caso haja restrições dos EUA a transações bancárias de câmbio da moeda iraniana para o dólar exportadores brasileiros podem ter problemas em receber o pagamento referente aos embarques de milho.
O representante da Anec destacou que o Irã é um grande consumidor de milho porque produz carne frango para consumo interno. “Para não importar frango, eles acabam importando milho”, disse. O Irã também compra soja do Brasil, mas não está entre os maiores destinos.
Caso o Brasil tenha de fato mais dificuldade em exportar para o Irã, parte do milho brasileiro poderá ser redirecionada a outros destinos no exterior ou ficar no mercado interno. “O que preocupa é o milho. Na medida que milho alterna com a soja (no sistema de exportação brasileiro), e o Irã é um destino tão importante, não teria o que fazer com esse milho. Vai complicar a nossa vida”, avaliou.
O governo iraniano declarou que ia exigir a retirada do embaixador brasileiro no país, dentro do normal processo diplomático.
Logo após o assassinato de Qassem Soelimani, uma onda de revolta tomou conta do Irã, motivando várias medidas, uma delas a expulsão de vários embaixadores de países que se colocaram como apoiadores do governo dos Estados Unidos.
Jair Bolsonaro, presidente do Brasil, expressou apoio à decisão de Donald Trump de atacar as forças iranianas no Iraque. Logo depois da declaração, o governo iraniano declarou que ia exigir a retirada do embaixador brasileiro no país, dentro do normal processo diplomático.
Segundo a Reuters, Jair Bolsonaro já se reuniu com seu ministro para discutir a medida do Irã. Lembrando que Bolsonaro disse também, na ocasião, que vai manter os acordos comerciais entre o Brasil e o Irã, mas enfatizou que rejeita o terrorismo em qualquer parte do mundo.
Os Estados Unidos, depois da posse de Jair Bolsonaro, se tornaram o mais importante aliado do Brasil. Os dois países celebram um acordo diplomático ‘especial’, existindo uma prioridade diplomática entre ambos, numa relação em que o Brasil dá muito mais do que recebe.
*Com informações do GGN/ JF – Jornal Económico / Portugal