Um relatório da Controladoria Geral da União (CGU) aponta que o governo Bolsonaro utilizou a máquina pública do estado para se beneficiar nas eleições de 2022.
A partir da observação de sigilos quebrados e revisões de pedidos emitidos pela Lei de Acesso à Informação, o órgão chegou a um balanço de uso da máquina pública para fins eleitorais. A informação é da Folha de São Paulo.
Revisão dos sigilos
É através dessa revisão de sigilos que os controladores concluíram o aparelhamento do estado em favor do incumbente do executivo na época.
Os dados mostraram, por exemplo, que a liberação de empréstimos consignados do Auxílio Brasil se intensificou em outubro de 2022. Contudo, as informações ficaram em sigilo e só foram divulgadas depois de pedidos do atual governo.
Além disso, as despesas do cartão corporativo em datas de motociatas, ou as ações da PRF no dia do segundo turno em estados com vitória de Lula têm se tornado públicos com abertura de dados a partir da Lei de Acesso à Informação, diz a Forum.
A Lei de Acesso à Informação foi uma conquista dos governos do PT e, nesse ano, completará 12 anos. A gestão de Lula se comprometeu a cumprir a legislação, que dá mais transparência aos gastos públicos.
Na próxima semana, o governo deve anunciar novas medidas para regulamentar e tornar mais eficiente o uso da Lei de Acesso à Informação.
Para a CGU, a gestão Bolsonaro utilizou o sigilo de forma inadequada para se blindar durante o processo eleitoral de 2022. O balanço do órgão pode servir para a ação que tenta tornar o ex-presidente inelegível no TSE.
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Os lanches e refeições pagos por Bolsonaro a militares e policiais, durante a campanha de reeleição, custaram ao menos R$ 754 mil aos cofres públicos.
Foram analisadas 58 agendas de Bolsonaro fora de Brasília entre 16 de agosto e 31 de outubro de 2022. Destas, 42 estão classificadas em documentos oficiais como “atividades eleitorais” e tiveram despesas de alimentação pagas com cartão corporativos, segundo o Agenda do Poder.
A reportagem conseguiu obter notas fiscais e comprovantes de pagamento de 35 viagens. Uma delas, de 2 de outubro, coincide com o dia em que Bolsonaro foi ao Rio para votar no primeiro turno. Não houve agenda de campanha nessa data, mas notas fiscais mostram a compra de 1.100 kits-lanche a um custo de R$ 39.600.
Os gastos foram levantados pelo UOL em parceria com a agência Fiquem Sabendo por meio da Lei de Acesso à Informação.
Depois de tudo o que ficou comprovado das barbaridades de Bolsonaro com o cartão corporativo, inelegibilidade basta?
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Gastos envolvem hospedagem e alimentação de servidores. Metrópoles acessou dados após pedido formulado pela agência Fiquem Sabendo.
Segundo Sarah Teófilo, Metrópoles, a Presidência da República gastou R$ 98.975 com o cartão corporativo na viagem do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e familiares para o casamento do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), ou 03, como é chamado pelo pai, no Rio de Janeiro, em maio de 2019. O gasto é de hospedagem de toda a comitiva e alimentação de militares.
As despesas foram pagas pelo Cartão de Pagamento do Governo Federal (CPGF), chamado de cartão corporativo por ser usado para pagamento de despesas do governo. Além de Bolsonaro e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, integraram a comitiva oficial a filha do casal, Laura; a filha mais velha de Michelle, Letícia; o filho 04 de Bolsonaro, Jair Renan; o deputado federal Helio Lopes (PL-RJ); a intérprete de Libras Elizângela Ramos, e outras duas pessoas.
Só do escalão avançado (Escav) e das comitivas da viagem presidencial, viajaram 61 servidores. O ex-presidente partiu de Brasília no dia 24 de maio e retornou no dia 26, mas a equipe do Escav chegou ao Rio ainda no dia 20 para organizar a chegada de Bolsonaro, como de costume nas viagens presidenciais.
O maior gasto da viagem foi com a alimentação de militares envolvidos na segurança da área onde o então presidente estaria: R$ 55,5 mil em 1.850 lanches. A refeição consistia em uma maçã, dois sanduíches frios, uma água com gás, um refrigerante e uma água sem gás. Confira abaixo o quantitativo: overlay-cleverCloseClose.
Além deste gasto, o cartão corporativo foi usado para pagar R$ 32.775 no Hotel Mercure de Copacabana para a hospedagem de 49 pessoas (diárias de R$ 345). Outros R$ 10.150 foram desembolsados no Hotel Laghetto Stilo Barra, para a hospedagem de 28 pessoas do escalão avançado (diárias de R$ 290).
Os dados foram obtidos pelo Metrópoles diretamente na Diretoria de Planejamento, Orçamento, Finanças e Contabilidade (DIROF), onde estão as notas fiscais oriundas de gastos do governo com o referido cartão. Os documentos eram sigilosos, mas tiveram o sigilo levantado no início da atual gestão.
As informações puderam ser acessadas depois que a Fiquem Sabendo, agência de dados especializada na Lei de Acesso à Informação (LAI), entrou com um recurso a um pedido via LAI para que fosse concedido o acesso a todas as notas fiscais, e não apenas aos dados dos gastos com o cartão.
Cada nota fiscal de gasto com Cartão de Pagamento do Governo Federal (CPGF) integra um processo que, até o início do ano, era reservado. O responsável pelo pagamento da despesa é intitulado “ecônomo”. No prédio da Dirof, que fica em Brasília, a reportagem pôde olhar alguns processos, sob supervisão de servidores do local, após marcar uma visita.
O que diz Bolsonaro
Em meados de janeiro, foram divulgados os gastos com cartão corporativo do governo federal desde 2003. Após a publicação de diversas reportagens, como sobre o uso do cartão em motociatas, Bolsonaro se posicionou diante de apoiadores na Flórida, nos Estados Unidos, onde está desde o fim do ano passado.
Na ocasião, voltou a dizer que nunca usou o cartão para nada. “Vocês sabem quanto eu gastei ou saquei do meu cartão particular durante quatro anos? Alguém tem ideia? Zero. Estou com os extratos aqui. Nunca paguei um picolé. Eu podia sacar até R$ 17 mil por mês, daria 3 mil dólares, para despesas sem prestação de contas. Nunca gastei um centavo”, afirmou.
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O UOL identificou notas fiscais pagas com o cartão corporativo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que totalizam até agora R$ 697 mil entre agosto e novembro durante atividades da campanha eleitoral dele.
Os valores dos gastos em viagens durante a campanha podem ser ainda maiores porque nem todas as notas fiscais foram tornadas públicas.
O UOL questionou o PL e a defesa de Bolsonaro sobre os gastos, sem resposta. A legalidade do uso do cartão para esse tipo de despesa é controversa. A lei prevê que o partido ou a coligação deve ressarcir a União em gastos de transporte pessoal do candidato e sua comitiva durante o período eleitoral, em um prazo de dez dias, mas nada fala sobre os demais gastos.
As planilhas dos gastos foram divulgadas em resposta à agência Fiquem Sabendo por meio da LAI (Lei de Acesso à Informação). As notas estão em relatórios classificados como “atividade eleitoral”.
Motociatas, lanches e hotel
Em sua primeira agenda de campanha na Bahia, em agosto, Bolsonaro fez uma motociata em Vitória da Conquista. Ao lado de João Roma (PL), que era candidato ao governo baiano, foi recebido por apoiadores no aeroporto aos gritos de “mito” e percorreu a cidade em uma moto, pilotada por Roma. Na comitiva, além de candidatos, estava o empresário Luciano Hang.
Naquele dia, o cartão corporativo da presidência gastou R$ 50 mil só em lanches —foram 1.024 lanches frios de uma padaria e 512 barras de cereal, entre outros itens.
Cerca de 50 pessoas se hospedaram por três dias em Vitória da Conquista para garantir a segurança presidencial, acrescentando R$ 44,7 mil à fatura do cartão corporativo.
A quatro dias do segundo turno, Bolsonaro subiu em um palanque eleitoral em Teófilo Otoni (MG). Lá o cartão corporativo gastou R$ 63 mil em hospedagem, lanches e um cercadinho para proteção.
Na cidade de São Paulo, em 4 de outubro, onde visitou duas igrejas da Assembleia de Deus, e em Aparecida (SP), no dia 12, para participar da celebração no santuário, Bolsonaro desembolsou ao todo R$ 64 mil com cartão corporativo.
Só em Aparecida, foram gastos R$ 40.255,80. Entre as despesas, estão R$ 18 mil com hotel e R$ 15.946,80 com lanches.
Em Fortaleza (CE), em 15 de outubro, o cartão custeou a compra de 566 kits lanches por R$ 20.312 em outro evento classificado como “atividade eleitoral”.
Também foi identificado pagamento de R$ 8.650 para um delivery de iFood durante campanha em Belo Horizonte, em 24 de agosto, além de gasto com cercadinho, na mesma cidade, em 24 de setembro no valor de R$ 2.000.
Conduta vedada e ressarcimento
O UOL submeteu os gastos de Bolsonaro em agendas de campanha a especialistas em direito eleitoral. Segundo eles, não é permitido o emprego de recursos públicos em viagens eleitorais nem mesmo mediante ressarcimento à União, com exceção do uso de transporte.
Os advogados explicam que o uso de bens e serviços da administração para fins eleitorais é vedado a agente público. Para eles, os gastos de Bolsonaro com o cartão corporativo em atividades de campanha o colocaram em vantagem em relação aos demais concorrentes.
Isso é abuso de poder político e pode gerar tanto cassação de registro e de mandato, caso fosse eleito, como decretação de inelegibilidade. Luiz Eduardo Peccinin, advogado eleitoral
Considerando que são gastos volumosos, dentro do período eleitoral, com quantitativos que excedem qualquer razoabilidade, há indícios de grave desvio de finalidade, com a obtenção de benefícios eleitorais. Pode haver a configuração de conduta vedada e abuso de poder econômico, bem como improbidade administrativa. Gabriela Rollemberg, advogada eleitoral.
Por ser chefe de Estado, o presidente é obrigado a viajar acompanhado de forte segurança institucional, mas a lei não define limites para o tamanho desse efetivo.
Segundo Peccinin, a manutenção dos militares que fazem a segurança de um presidente candidato em agendas eleitorais não deve ser custeada com dinheiro público. O pagamento de hospedagem e alimentação deveria ter sido feito pelo partido ou coligação do postulante, afirma o advogado.
Partido de Bolsonaro devolveu gastos com transporte. A lei permite, contudo, o uso de recursos públicos para deslocamento de presidente em campanha desde que sejam ressarcidos.
A prestação de contas eleitoral do PL aponta ressarcimento à União de R$ 4,8 milhões referentes a transporte e deslocamento de Bolsonaro em 48 eventos eleitorais. No entanto, o ex-presidente teve ao menos 80 agendas no período da campanha.
Gastos de Bolsonaro na pré-campanha
Bolsonaro também fez gastos no cartão corporativo durante a pré-campanha.
Em 9 de julho, para ficar três horas e 20 minutos em Uberlândia (MG), ele gastou R$ 51.689 dos cofres públicos e mobilizou centenas de servidores.
Alguns deles, envolvidos na segurança e lotados em Brasília, passaram mais de quatro dias na cidade mineira. O motivo da viagem era encontrar pastores e fazer uma motociata.
Em 9 de julho, Bolsonaro esteve em São Paulo, pela manhã, para participar do evento religioso. No mesmo dia, seguiu para Uberlândia, onde gastou ao menos R$ 51.689.
Na ocasião, Bolsonaro falou com apoiadores e, em tom eleitoral, indicou que a disputa presidencial era a guerra “do bem contra o mal”.
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Cálculo inclui despesas de servidores que acompanharam Bolsonaro.
O ex-presidente Jair Bolsonaro gastou R$ 4,3 milhões em compras pagas com cartões corporativos durante os feriados e recessos que aproveitou em seus quatro anos de gestão, quase todos com passeios de moto e jet ski em praias do Guarujá (SP) e de São Francisco do Sul (SC), segundo informações de O Globo.
A reportagem analisou os dados referentes a 66 dias de folga em 16 viagens feitas pelo então presidente entre 2019 e 2022. O cálculo inclui pagamentos feitos por servidores do Palácio do Planalto que chegaram antes de Bolsonaro às cidades onde ele ficaria hospedado. Foram considerados apenas os gastos pagos com o cartão corporativo, sem incluir a remuneração pelas diárias dos funcionários destacados para acompanhar o ex-presidente. Isso significa que o valor total das viagens é ainda maior que os R$ 4,3 milhões.
Além do Guarujá e de São Francisco do Sul, Bolsonaro repousou em Salvador (BA) e em Eldorado Paulista, cidade do interior de São Paulo onde o ex-presidente passou a infância.
*cálculo inclui pagamentos feitos por servidores que chegaram antes às cidades onde Bolsonaro ficaria hospedado. Foram considerados somente os pagamentos com cartão corporativo, sem incluir remuneração pelas diárias de funcionários. Fonte: Secretaria-Geral da Presidência da República.
Do total gasto pelo ex-presidente, R$ 3,7 milhões foram desembolsados nos dias em que Bolsonaro esteve nessas cidades ao longo de seu mandato. Outros R$ 593 mil foram despendidos na véspera ou nos dias seguintes à estada do ex-presidente pelos assessores que o acompanharam.
A viagem mais cara da lista foi o réveillon do ano passado em Santa Catarina: R$ 633 mil só em despesas pagas com o cartão. Na ocasião, Bolsonaro foi criticado por curtir a praia em sua terceira viagem a São Francisco do Sul em um momento em que cidades da Bahia enfrentavam situação de calamidade por conta de alagamentos provocados por fortes chuvas.
Os maiores gastos nas viagens do ex-presidente foram com hospedagem, totalizando R$ 2,5 milhões. Na sequência, aparecem as rubricas de alimentação (R$ 1,1 milhão) e combustíveis e lubrificantes (R$ 392 mil).
Os dados foram publicados pelo governo Lula. A discriminação de produtos ou serviços adquiridos segue indisponível na internet, mas as notas fiscais foram liberadas para a agência Fiquem Sabendo, especializada em Lei de Acesso à Informação.
Responsável pelo controle das informações referentes cartões corporativos, a Casa Civil não respondeu.
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Suspeita é que a ex-primeira-dama usou os recursos para colocar novos implantes de silicone nos seios e realizar procedimentos estéticos.
O pente-fino nos gastos do cartão corporativo da Presidência da República realizados durante o governo Jair Bolsonaro (PL) apontaram, a suspeita de que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro “usou os recursos para colocar novos implantes de silicone nos seios e realizar caros procedimentos estéticos”. A informação é da coluna Radar, da revista Veja.
“Investigando um auxiliar de Bolsonaro, o STF já descobriu que um cartão de crédito usado por Michelle era pago pelo Planalto. No caso da troca de silicone em 2020, há um mistério: a conta foi paga a partir de um boleto”, observa a reportagem.
Nesta semana, uma reportagem dos jornalistas Rodrigo Rangel e Sarah Teófilo, do portal Metrópoles, apontou que a ex-primeira-dama supostamente recebia com regularidade, no Palácio do Alvorada, moradia oficial do presidente da República, envelopes de dinheiro enviados por Rosimary Cardoso Cordeiro.
Rosimary é a amiga íntima de Michelle e no primeiro ano do governo Bolsonaro teve seu salário de assessora no gabinete de um senador governista quase triplicado.Os indícios apontam para a suspeita de mais um caso de “rachadinha” envolvendo a família Bolsonaro.
*Com 247
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Ex-presidente era acompanhado por até 300 pessoas quando viajava a lazer ou para fazer motociatas.
Cem mil reais para os cofres públicos. Esse era o custo das viagens a lazer e dos passeios de moto — as chamadas motociatas — por cidades do Brasil que Jair Bolsonaro costumava fazer, acompanhado por até 300 pessoas. O jornal O Estado de S. Paulo teve acesso a notas fiscais que detalham os gastos com o cartão corporativo do ex-presidente. São dois mil documentos classificados como reservados, anexados à prestação de contas com esse método de pagamento.
As notas fiscais foram consultadas em parceria com a agência de dados Fiquem Sabendo, especializada no acesso a informações públicas. Elas revelam que nas viagens de Bolsonaro havia gastos para a hospedagem de cerca de 30 servidores públicos que partiam de Brasília, bem como alimentação de cerca de 300 pessoas responsáveis por dar o suporte ao destino escolhido pelo ex-presidente.
De acordo coma reportagem, um motociata realizada no Rio em maio de 2021 custou R$ 116 mil com suporte local de policiais militares, tropa de choque, socorristas e homens do Exército. Em alguns casos, mais de 200 agentes das Forças Armadas chegaram a ser deslocados. O nome de cada um deles consta na prestação de contas.
Esses números explicam, em parte, gastos repetidos como a aquisição de lanches a R$ 30 cada, num total de R$ 9 mil por cada turno de trabalho. Os funcionários — pilotos, motoristas, seguranças e integrantes do cerimonial — recebiam um kit contendo um ou dois sanduíches de presunto e queijo, bebida (suco ou refrigerante) e uma fruta. Como às vezes eles ficavam mais de nove horas de prontidão, faziam três refeições: café da manhã, almoço e jantar.
Em São Paulo, as padarias Tony e Thays eram as preferidas: foram 102 compras num total de R$ 126 mil. Já no Rio a preferência era pela padaria Santa Marta, na qual foram feitas 24 compras por R$ 364 mil. As diárias dos funcionários geralmente tinham valores baixos, entre R$ 100 e R$ 250. Mas a quantidade de pessoas mobilizadas e o tempo de estadia faziam com que a conta fosse elevada.
Os serviços de comissaria — o que é servido durante um voo e envolve, por exemplo, a alimentação a bordo do avião oficial — eram contratados por cerca de R$ 4 mil em cada viagem. Nas despesas do cartão corporativo não consta o que era gasto para abastecer as aeronaves — isso era custeado pela Força Aérea Brasileira (FAB).
A reportagem do Estado de S. Paulo revela que, segundo os registros que analisou, Bolsonaro na maior parte das vezes não pernoitava no local: ele saía de Brasília pela manhã e voltava no mesmo dia, à exceção das férias e períodos de lazer. Um dos casos foi uma viagem do ex-presidente a Santa Catarina,em fevereiro de 2021. Bolsonaro, parentes e assessores ficaram no Forte Marechal Luz, que pertence às Forças Armadas. A hospedagem de quatro dias ficou em quase R$ 9 mil e os reparos em motos aquáticas e lanchas avariadas durante passeios custaram R$ 5 mil. Nessa viagem de quatro dias, as compras em supermercados chegaram ao total de R$ 48 mil.
Bolsonaro — que em lives durante o mandato disse ao menos 15 vezes que não usava o cartão corporativo — costumava afirmar que as estadias em unidades militares tinham “custo zero” para os cofres públicos. O Estado de S. Paulo não conseguiu contato com o ex-presidente. De acordo com o ex-ministro das Comunicações Fabio Faria, ele está recluso nos Estados Unidos.
Deslocamento de parentes
Além das viagens do ex-mandatário, havia mobilização de equipes também em deslocamentos de parentes dele. Em janeiro de 2021, Carlos Bolsonaro fez uma viagem a Resende, no Rio de Janeiro, na qual teve a companhia de cinco pessoas. Os gastos de deslocamento, alimentação e hospedagem foram bancados pelo poder público. De acordo com os registros, Carlos era a presença mais frequente nas viagens do pai.
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro também tinha as despesas — dela e de sua equipe — custeadas pelo cartão corporativo quando decidia fazer algo fora de Brasília e não acompanhada pelo marido. Mensagens na prestação de contas mostram que hotéis ofereciam cortesias e melhoria nas instalações a Michelle.
*Com O Globo
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TRANSAÇÕES FINANCEIRAS DO MILITAR DO EXÉRCITO QUE ATUAVA COMO AJUDANTE DE ORDENS DO EX-PRESIDENTE FORAM MAPEADAS PELA POLÍCIA FEDERAL POR ORDEM DO STF
MILITAR PAGAVA CONTAS DO CLÃ PRESIDENCIAL EM DINHEIRO VIVO AO MESMO TEMPO EM QUE OPERAVA UMA ESPÉCIE DE “CAIXA PARALELO” NO
PLANALTO QUE INCLUÍA RECURSOS SACADOS DE CARTÕES CORPORATIVOS
PAGAMENTOS ERAM FEITOS EM AGÊNCIA DO BANCO DO BRASIL LOCALIZADA DENTRO DO PALÁCIO ENTRE AS CONTAS PAGAS ESTAVA A FATURA DE UM
CARTÃO DE CRÉDITO USADO PELA PRIMEIRA-DAMA MICHELLE BOLSONARO, MAS EMITIDO EM NOME DE UMA AMIGA DELA
COM A VOZ DE BOLSONARO REUNIDOS PELA INVESTIGAÇÃO, SOB COMANDO DO MINISTRO ALEXANDRE DE MORAES, INDICAM QUE O PRESIDENTE CONTROLAVA E TINHA CIÊNCIA DE TUDO
A reportagem é de Rodrigo Rangel e Sarah Teófilo, publicada com exclusividade no Metrópoles
As investigações que correm no Supremo Tribunal Federal sob o comando do ministro Alexandre de Moraes avançam sobre um personagem-chave que, por tudo o que se descobriu até agora e por sua estreita proximidade com Jair Bolsonaro, deixará o ex-presidente ainda mais encrencado.
As descobertas conectam o antigo gabinete de Bolsonaro diretamente à mobilização de atos antidemocráticos e lançam graves suspeitas sobre a existência de uma espécie de caixa 2 dentro do Palácio do Planalto, com dinheiro vivo proveniente, inclusive, de saques feitos a partir de cartões corporativos da Presidência e de quartéis das Forças Armadas.
O personagem em questão é o tenente-coronel do Exército Mauro Cesar Barbosa Cid, o “coronel Cid”, ajudante de ordens de Jair Bolsonaro até os derradeiros dias do governo que acabou em 31 de dezembro.
O militar compartilhava da intimidade do então presidente. Além de acompanhá-lo em tempo quase integral, dentro e fora dos palácios, Cid era o guardião do telefone celular de Bolsonaro. Atendia ligações e respondia mensagens em nome dele. Também cuidava de tarefas comezinhas do dia a dia da família. Pagar as contas era uma delas – e esse é um dos pontos mais sensíveis do caso.
Entre os achados dos policiais escalados para trabalhar com Alexandre de Moraes estão pagamentos, com dinheiro do tal caixa informal gerenciado pelo tenente-coronel, de faturas de um cartão de crédito emitido em nome de uma amiga do peito de Michelle Bolsonaro que era usado para custear despesas da ex-primeira-dama.
Agência Banco do Brasil do Palácio do Planalto
QUEBRA DE SIGILO PERMITIU MAPEAR TRANSAÇÕES
Já era sabido, há tempos, que Cid se tornara alvo dos inquéritos tocados por Moraes, em diferentes frentes. Ainda no ano passado, o jornal Folha de S.Paulo noticiou que mensagens de texto, imagens e áudios encontrados no celular do oficial do Exército levaram os investigadores a suspeitar das transações financeiras realizadas por ele.
Pois bem. Depois disso, Moraes autorizou quebras de sigilo que permitiram revirar pelo avesso as operações realizadas pela equipe do tenente-coronel, muitas delas com dinheiro em espécie, na boca do caixa de uma agência bancária localizada dentro do Palácio do Planalto (foto acima).
Pois bem. Depois disso, Moraes autorizou quebras de sigilo que permitiram revirar pelo avesso as operações realizadas pela equipe do tenente-coronel, muitas delas com dinheiro em espécie, na boca do caixa de uma agência bancária localizada dentro do Palácio do Planalto (foto acima).
As primeiras análises do material já apontavam que Cid centralizava recursos que eram sacados de cartões corporativos do governo ao mesmo tempo em que tinha a incumbência de cuidar do pagamento, também com dinheiro vivo, de diversas despesas do clã presidencial, incluindo contas pessoais de familiares da então primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Durante a investigação, os policiais se depararam com um modus operandi que lembrava em muito aquele adotado pelo clã bem antes da chegada de Bolsonaro ao Palácio do Planalto e que, anos depois, seria esquadrinhado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro nas apurações das rachadinhas do hoje senador Flávio Bolsonaro, o filho 01 do ex-presidente. Dinheiro manejado à margem do sistema bancário. Saques em espécie. Pagamentos em espécie. Uso de funcionários de confiança nas operações. As semelhanças levaram a um apelido inevitável para as transações do tenente-coronel do Exército: “rachadinha palaciana”.
A certa altura do trabalho, os investigadores enxergaram indícios fortes de lavagem de dinheiro. Chamou atenção, em especial, a origem de parte dos recursos que o oficial e seus homens da ajudância de ordens manejavam.
Para além do montante sacado a partir de cartões corporativos que eram usados pelo próprio staff da Presidência, apareceram indícios de que valores provenientes de saques feitos por outros militares ligados a Cid e lotados em quartéis – sim, quartéis – de fora de Brasília eram repassados ao tenente-coronel. Os detalhes dessas transações ainda estão sendo mantidos sob absoluto sigilo, trafegando entre o gabinete de Moraes e o restrito núcleo de policiais federais que o auxilia nas apurações.
NA BOCA DO CAIXA, DENTRO DO PLANALTO
As investigações desceram à minúcia das transações. A partir dos primeiros sinais de que várias delas haviam sido feitas em espécie, os policiais esquadrinharam as fitas de caixa e pediram até as imagens do circuito de segurança da agência bancária onde os pagamentos eram feitos – a agência 3606 do Banco do Brasil, que funciona no complexo do Palácio do Planalto.
Da mesma forma que o MP do Rio conseguiu documentar o notório Fabrício Queiroz, operador das rachadinhas, pagando em dinheiro vivo contas de Flávio Bolsonaro, os policiais a serviço de Alexandre de Moraes foram buscar os registros em vídeo de que pessoas da equipe de Cid, o ajudante de ordens do presidente, eram as responsáveis por quitar – também em espécie, assim como Queiroz – os boletos do presidente, da primeira-dama e de seus familiares.
MICHELLE E O CARTÃO DA AMIGA
Entre os pagamentos, destacavam-se faturas de um cartão de crédito adicional emitido por uma funcionária do Senado Federal de nome Rosimary Cardoso Cordeiro. Lotada no gabinete do senador Roberto Rocha, do PTB do Maranhão, Rosimary é amiga íntima de Michelle Bolsonaro desde os tempos em que as duas trabalhavam na Câmara assessorando deputados.
Rosi, como os mais próximos a chamam, é apontada como a pessoa que aproximou Jair Bolsonaro e Michelle quando o ex-presidente ainda era um deputado do baixo clero que nem sonhava um dia chegar ao Palácio do Planalto. Moradora de Riacho Fundo, cidade-satélite de Brasília distante pouco mais de 20 quilômetros do centro do Plano Piloto, até hoje ela mantém laços estreitos com o casal.
Rosimary Cardoso Cordeiro, amiga de Michelle no avião presidencial
A antiga amizade ganhou toques de glamour depois que a senhora Bolsonaro virou primeira-dama do Brasil – passou a contar, por exemplo, com viagens a bordo de jatinhos e até do avião presidencial. Em maio do ano passado, Rosi acompanhou Michelle em um tour por Israel que contou, ainda, com a participação da então ministra Damares Alves. As duas também foram juntas, em voos fretados pagos pelo PL, para eventos da campanha de Jair Bolsonaro à reeleição.
Em uma viagem oficial de Bolsonaro ao Maranhão, Rosi foi convidada a integrar a comitiva presidencial e registrou fotos ao lado dele na cabine principal do Airbus que serve à Presidência. A ascensão de Michelle fez a amiga também ascender no Congresso. No início do governo, era telefonista no gabinete de Rocha, aliado de Bolsonaro. Logo depois, foi promovida e viu seu salário aumentar. No fim do ano passado, ela ocupava um dos cargos comissionados mais altos da equipe, com salário de R$ 17 mil brutos. Como o mandato de Rocha está a dias do fim, Rosi já tem a promessa de ganhar uma função no futuro gabinete de Damares, eleita senadora pelo Distrito Federal. Michelle, claro, deu uma força.
ÁUDIOS DE BOLSONARO E CONEXÃO COM RADICAIS
O material reunido nas investigações sobre o tenente-coronel o coloca na cena da sucessão de atos antidemocráticos que já vinham sendo investigados por Moraes e que culminaram com a invasão das sedes dos três poderes, em 8 de janeiro. Pela proximidade com Bolsonaro e pela função que o militar exercia no Planalto, o ex-presidente é peça indissociável dos movimentos que ele fazia.
Em mensagens de texto e áudio, o tenente-coronel funcionava como elo entre Bolsonaro e vários dos radicais que há tempos vinham instigando a militância bolsonarista a atentar contra as instituições. Há fartas evidências nesse sentido. Um dos contatos frequentes de Cid era Allan dos Santos, o blogueiro que vive nos Estados Unidos e em outubro de 2021 teve a prisão decretada pelo ministro Alexandre de Moraes.
Jair Bolsonaro terá sérias dificuldades para se desvencilhar, ele próprio, das provas que engolfam seu ex-ajudante de ordens. O material compromete os dois. O ex-presidente aparece como interlocutor em várias das mensagens que Cid mantinha em seus aplicativos e foram copiadas pelos investigadores com autorização de Moraes. Uma série de áudios enviados por Bolsonaro ao subordinado indicam que ele tinha conhecimento e controle de tudo o que Cid fazia — seja na seara financeira, pagando as contas do clã em dinheiro vivo, seja na interlocução com os bolsonaristas radicais.
CID PAI, CID FILHO E BOLSONARO
Jair Bolsonaro e o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid têm uma relação que transcende a carreira militar do ex-ajudante de ordens. O pai de Cid, general Mauro Cesar Lourena Cid, foi colega do ex-presidente no curso de formação de oficiais do Exército. Lourena Cid tornou-se amigo de Bolsonaro. Em 2019, ano em que foi para a reserva, ele ganhou do governo a confortável posição de chefe do escritório da Apex, a agência brasileira de promoção de exportações, em Miami. Com salário em dólares, o cargo lhe garantiu uma bolada mensal equivalente a mais de R$ 80 mil.
Cid filho, o ajudante de ordens, também ascendeu na carreira durante o governo passado. Era major e foi promovido a tenente-coronel. Tido como um dos mais radicais auxiliares do ex-presidente, o oficial já havia aparecido em várias das frentes de investigação a cargo de Moraes no STF.
Cid em viagem aos EUA em março de 2020
Ele foi investigado, por exemplo, por suspeita de atuar no vazamento de informações de um inquérito sigiloso sobre ameaças às urnas eletrônicas — parte do velho movimento bolsonarista destinado a descredibilizar o sistema eleitoral. Em dezembro passado, a Polícia Federal concluiu que o tenente-coronel Cid e Bolsonaro cometeram crime ao associar falsamente, durante um live, as vacinas anticovid com o vírus da Aids.
CID ESTÁ NOMEADO PARA CHEFIAR COMANDO DE FORÇAS ESPECIAIS
Antes de deixar o poder, Bolsonaro dispensou o tenente-coronel Mauro Cid da função de ajudante de ordens. O ato foi publicado em 31 de dezembro. O futuro do militar, porém, ficou encaminhado — e de uma forma não muito agradável para o novo governo. Com a bênção do então presidente, o comando do Exército o designou para comandar nada menos que o 1º Batalhão de Ações e Comandos, o 1º BAC, uma das unidades do prestigiado e temido Comando de Operações Especiais, com sede em Goiânia.
O batalhão reúne as mais bem treinadas tropas de elite do Exército e seus homens têm por atribuição, por exemplo, realizar operações de emergência para debelar ameaças a Brasília e, em eventuais situações de guerra, cumprir missões delicadas contra alvos tidos como difíceis. Textos publicados pelo próprio Exército dizem que cabe às tropas do BAC atuar em “ações contra alvos de alto valor” em “áreas hostis ou sob controle do inimigo”.
Mais cedo ou mais tarde, a designação de Cid para o posto será motivo de mais dor de cabeça para o novo governo na delicada relação com o alto comando do Exército — a quem, teoricamente, caberia uma eventual decisão capaz de reverter o ato assinado no apagar das luzes do governo Bolsonaro. Depois das invasões das sedes dos poderes, em 8 de janeiro, nas quais Lula já disse abertamente ter visto o dedo de militares, manter uma unidade tão sensível sob comando de um oficial sabidamente bolsonarista e reconhecidamente radical certamente será um problema para o atual chefe do Planalto.
Indagado pela coluna, o Exército informou nesta quinta-feira que a designação de Mauro Cid está mantida. O staff de imprensa da corporação disse não saber, porém, a data em que ele assumirá o comando do batalhão. O tenente-coronel viajou com Jair Bolsonaro para a Flórida, nos Estados Unidos, nos últimos dias de 2022.
“É PESSOAL”, DIZ AMIGA DE MICHELLE
A coluna tentou por mais de uma vez ouvir Rosimary, a amiga que cedia um cartão para Michelle Bolsonaro. Ela se negou a falar sobre o assunto. Primeiro, disse que estava em um almoço. “Bom, querido, quando eu for (informada da investigação) aí eu falo sobre o assunto, tá bom? Mas nesse momento eu não posso falar. Estou em almoço, estou com meu chefe aqui em reunião”, disse (ouça abaixo).
Horas depois, abordada novamente, desta vez no Senado, ela respondeu o seguinte: “É um assunto tão pessoal. Não quero falar. Até porque eu acho que não preciso dar satisfação para entrevista. É uma coisa minha, pessoal. (…) Eu não tô sabendo (da investigação), não, mas se tiver (sic) eu já vou resolver com os advogados, né? (…) Eu não quero tocar nesse assunto que não seja com advogado”.
A coluna tentou contato com Jair e Michelle Bolsonaro e com o tenente-coronel Mauro Cid nesta sexta-feira, sem sucesso.
Interlocutores do ex-presidente e da ex-primeira-dama disseram que Cid precisava lidar com dinheiro em espécie porque muitas das despesas, especialmente as que envolviam a primeira-dama, “tinham valor ínfimo” e precisavam ser pagas diretamente a fornecedores que “prestavam serviços informalmente”.
Apesar de admitirem haver “confusão” com os valores em espécie, esses mesmos interlocutores negaram que contas pessoais do clã e de parentes de Michelle fossem pagas com os recursos que eram provenientes de saques corporativos do governo.
Não houve resposta sobre o pagamento dos boletos, especialmente os do cartão que era cedido pela amiga de Michelle Bolsonaro, e das contas de familiares da ex-primeira-dama. Tampouco houve explicação sobre as razões pelas quais os tais “serviços de fornecedores”, por exemplo, não poderiam ser quitados por transferência bancária.
Horas depois, abordada novamente, desta vez no Senado, ela respondeu o seguinte: “É um assunto tão pessoal. Não quero falar. Até porque eu acho que não preciso dar satisfação para entrevista. É uma coisa minha, pessoal. (…) Eu não tô sabendo (da investigação), não, mas se tiver (sic) eu já vou resolver com os advogados, né? (…) Eu não quero tocar nesse assunto que não seja com advogado”.
A coluna tentou contato com Jair e Michelle Bolsonaro e com o tenente-coronel Mauro Cid nesta sexta-feira, sem sucesso.
Interlocutores do ex-presidente e da ex-primeira-dama disseram que Cid precisava lidar com dinheiro em espécie porque muitas das despesas, especialmente as que envolviam a primeira-dama, “tinham valor ínfimo” e precisavam ser pagas diretamente a fornecedores que “prestavam serviços informalmente”.
Apesar de admitirem haver “confusão” com os valores em espécie, esses mesmos interlocutores negaram que contas pessoais do clã e de parentes de Michelle fossem pagas com os recursos que eram provenientes de saques corporativos do governo.
Não houve resposta sobre o pagamento dos boletos, especialmente os do cartão que era cedido pela amiga de Michelle Bolsonaro, e das contas de familiares da ex-primeira-dama. Tampouco houve explicação sobre as razões pelas quais os tais “serviços de fornecedores”, por exemplo, não poderiam ser quitados por transferência bancária.
Horas depois, abordada novamente, desta vez no Senado, ela respondeu o seguinte: “É um assunto tão pessoal. Não quero falar. Até porque eu acho que não preciso dar satisfação para entrevista. É uma coisa minha, pessoal. (…) Eu não tô sabendo (da investigação), não, mas se tiver (sic) eu já vou resolver com os advogados, né? (…) Eu não quero tocar nesse assunto que não seja com advogado”.
A coluna tentou contato com Jair e Michelle Bolsonaro e com o tenente-coronel Mauro Cid nesta sexta-feira, sem sucesso.
Interlocutores do ex-presidente e da ex-primeira-dama disseram que Cid precisava lidar com dinheiro em espécie porque muitas das despesas, especialmente as que envolviam a primeira-dama, “tinham valor ínfimo” e precisavam ser pagas diretamente a fornecedores que “prestavam serviços informalmente”.
Apesar de admitirem haver “confusão” com os valores em espécie, esses mesmos interlocutores negaram que contas pessoais do clã e de parentes de Michelle fossem pagas com os recursos que eram provenientes de saques corporativos do governo.
Não houve resposta sobre o pagamento dos boletos, especialmente os do cartão que era cedido pela amiga de Michelle Bolsonaro, e das contas de familiares da ex-primeira-dama. Tampouco houve explicação sobre as razões pelas quais os tais “serviços de fornecedores”, por exemplo, não poderiam ser quitados por transferência bancária.
*Metrópoles
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A apuração foi feita com base numa requisição do @IvanValente que em 2019 buscou saber quais eram os servidores que tinham acesso ao cartão corporativo de Bolsonaro.
O que resultou numa lista com 32 nomes.Desde que os dados do cartão foram liberados pelo @_fiquemsabendo, há uma grande discussão sobre onde estariam os dados faltantes.
Segundo as planilhas que se tornaram públicas no dia 6 de janeiro, foram gastos R$ 27,6 milhões entre 2019 e 2022, porém, no Portal da Transparência do governo federal, no entanto, essa quantia passa de R$ 75 milhões.
Segundo o requerimento do @IvanValente, 32 pessoas tinham acesso ao cartão naquele momento (2019).
Destes, 15 são militares, 7 ainda são da ativa e atualmente 8 são da reserva.
Lista abaixo:
Além disso, mesmo entre os que foram para a reserva, alguns deles ainda eram da ativa quando tinham acesso ao famigerado cartão.
Outro dado interessante é que estes 15 militares não aparecem na relação de gastos liberada pelo @_fiquemsabendo.
Desde que os dados do cartão foram liberados pelo @_fiquemsabendo, há uma grande discussão sobre onde estariam os dados faltantes
Segundo as planilhas que se tornaram públicas no dia 6 de janeiro, foram gastos R$ 27,6 milhões entre 2019 e 2022, porém, no Portal da Transparência do governo federal, no entanto, essa quantia passa de R$ 75 milhões
Gasto de Bolsonaro com cartão corporativo foi quase o triplo do divulgado Os gastos da Presidência com cartão corporativo durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Vejam só que interessante!
Esse é CARLOS AUGUSTO PISSUTTI, SUBOFICIAL.
Embora no portal da transparência, os dados de gastos não constam nas planilhas liberadas pelo @_fiquemsabendo . O motivo, desconhecido!
Destes, 15 são militares, 7 ainda são da ativa e atualmente 8 são da reserva.
Além disso, mesmo entre os que foram para a reserva, alguns deles ainda eram da ativa quando tinham acesso ao famigerado cartão.
Outro dado interessante é que estes 15 militares não aparecem na relação de gastos liberada pelo @_fiquemsabendo.
E AGORA A CEREJA DO BOLO!
Entre os nomes informados no pedido do @IvanValente, nós encontramos “ALEXANDRE AUGUSTO PIOVESAN”
Quem é ele?
O tenente-coronel, Alexandre Augusto Piovesan, foi preso durante as investigações do caso de TRÁFICO DE COCAÍNA no avião de apoio da comitiva presidencial!
Isso mesmo! Um militar do Aerococa teve acesso ao cartão corporativo da Presidência da República.
O tenente-coronel, Alexandre Augusto Piovesan, foi preso durante as investigações do caso de TRÁFICO DE COCAÍNA no avião de apoio da comitiva presidencial!
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Os gastos da Presidência com cartão corporativo durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foram quase o triplo do que os divulgados na semana passada.
Segundo planilhas que se tornaram públicas no dia 6 de janeiro, foram gastos R$ 27,6 milhões entre 2019 e 2022; No Portal da Transparência do governo federal, no entanto, essa quantia passa de R$ 75 milhões nestes quatro anos; Conforme as planilhas, em 2022 foram gastos R$ 4,9 milhões; no portal, essa quantia é de R$ 22,8 milhões para o mesmo período.
Por que essa diferença?
O jornalista Luiz Fernando Toledo, cofundador da agência “Fiquem Sabendo”, disse ao UOL que os dados divulgados na semana passada não são discriminados e deixam perguntas sem respostas.
As planilhas foram publicadas em resposta a um pedido feito pela agência por meio da LAI (Lei de Acesso à Informação).
Não se sabe por exemplo se os gastos são apenas do presidente, de sua equipe de segurança ou se englobam outros órgãos que estão sob o guarda-chuva da Presidência, como secretarias, o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) e a Abin (Agência Brasileira de Inteligência).
No Portal da Transparência os gastos da Presidência são discriminados de acordo com esses diferentes órgãos, mas nas planilhas, não; A grande novidade dos dados divulgados agora é que é possível saber os estabelecimentos onde houve gastos e a frequência — no Portal da Transparência esses dados ainda aparecem como “sigilosos”; As notas fiscais não foram divulgadas, o que impede saber o que foi comprado realmente.
O que não está esclarecido é o que significam afinal esses dados que eles divulgaram. Será que é só um pedaço? Falta atualizar, falta colocar os dados com viagens internacionais ou se colocaram só um órgão? Sem essas informações fica muito difícil fazer qualquer comparativo [com outros governos]Luiz Fernando Toledo, cofundador da agência “Fiquem Sabendo”.
Marina Atoji, diretora de programas da Transparência Brasil, destaca que viagens envolvendo negociações do país com parceiros internacionais podem continuar sob sigilo e, por isso, podem não aparecer nas planilhas de detalhamento de despesas. O Itamaraty colocou sob sigilo de cinco anos o acesso aos detalhes de documentos da visita de Bolsonaro à Rússia, em fevereiro do ano passado.
A especialista também ressalta que os gastos da Abin e do GSI podem não estar na planilha porque um decreto de 2019 estabelece uma classificação de sigilo mais imprecisa do que a prevista pela LAI, por envolver informações de ações de inteligência e investigações.
Para que serve o cartão corporativo?
Criados em 2001, durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), os cartões de Pagamento do Governo Federal (CPGF), que ficaram conhecidos como cartões corporativos, tinham como objetivo facilitar a transparência de gastos antes feitos com cheques ou por meio da apresentação de notas fiscais.
Alterações por meio de decretos tentaram limitar e dar mais transparência ao uso desses recursos. Depois da CPI dos cartões corporativos, em fevereiro de 2008, o uso do cartão para saques passou a ser proibido. A exceção ficou para “peculiaridades” de alguns órgãos e casos com um limite de 30% do total da despesa anual do órgão.
O detalhamento dos gastos com cartão corporativo fica sob sigilo durante o mandato do presidente por razões de segurança.
*Com Uol
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