Categorias
Bolsonarismo

Como nostalgia do ‘mundo de ontem’ e medo viraram arma para radicalizar brasileiros mais velhos

“Você é patriota ou ‘jornazista’?“, pergunta dona Heloísa (nome fictício), de 67 anos, antes de aceitar conceder uma entrevista à BBC News Brasil.

Avessa aos meios de comunicação tradicionais, ela se informa apenas pelo WhatsApp. Foi no aplicativo de mensagens que ela recebeu a convocação para participar, ativamente, dos atos antidemocráticos em Brasília em 8 de janeiro.

“Não assisto à TV desde 2015. Naquele ano, eu me politizei ao descobrir o Brasil Paralelo [canal bolsonarista desmonetizado por ordem do Supremo Tribunal Federal] e o Olavo de Carvalho [ensaísta e influenciador digital de direita, morto em janeiro de 2022]”, diz dona Heloísa.

Embora não tenha entrado no Congresso Nacional, ela esteve entre o grupo que subiu na rampa e na parte elevada do edifício legislativo. Acabou detida no dia seguinte, quando a polícia desbaratou os acampamentos bolsonaristas diante de quartéis. Foi fichada e liberada após 12 horas, conta.

Alguns dos detidos nos atos e acampamentos agora responderão a processo legal. Até 31 de janeiro, o Ministério Público Federal havia apresentado denúncia contra 479 pessoas por crimes como associação criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e dano qualificado pela violência.

Dona Heloísa emociona-se ao explicar por que decidiu encarar a longa viagem de ônibus do interior de Minas Gerais, onde vive com o filho de 28 anos (“que também é de direita”), até a capital federal.

“Quero um país melhor para mim, para você e para todos. O Lula e a esquerda vão implementar o comunismo no Brasil. Vamos virar uma Venezuela, uma Cuba, uma Coreia do Norte~, argumenta.

O medo sentido por dona Heloísa, embora não tenha base em fatos concretos, parece ser chave para entender um fenômeno visível: os atos antidemocráticos pós-eleição presidencial passaram a atrair pessoas mais velhas em comparação ao que se via em protestos populares até então no Brasil.

De um lado, há o temor de que isso alimente uma “velhofobia”, ou preconceito contra idosos. De outro, provoca debates sobre como prevenir — ou reverter — a radicalização, o isolamento, a sensação de ressentimento e a suscetibilidade à desinformação de parte da população mais velha, um grupo que é cada vez mais numeroso no Brasil e no mundo.

“Existe maior vulnerabilidade dos mais velhos ao discurso que provoca medo e ameaça destruir o mundo que eles conhecem e onde se sentem seguros e protegidos”, diz Mirian Goldenberg, professora-titular do Departamento de Antropologia Cultural do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

“O WhatsApp e a mídia de extrema direita se tornaram armas poderosas para provocar medo e insegurança nos mais velhos. Eles sentem muito mais medo com as ameaças de destruição dos seus valores.” O perigo, porém, segundo Goldenberg, é associar a velhice a uma inclinação ao extremismo de

O que, então, podemos concluir a partir da presença de tantos cabelos grisalhos na invasão dos Três Poderes e nos acampamentos diante de quartéis?

Os presos em Brasília

Os dados corroboram a percepção de que os atos antidemocráticos atraíram um público mais velho, embora não necessariamente idoso (que, para efeitos legais, é quem tem 60 anos ou mais).

Segundo a lista divulgada pela Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seape-DF) depois do 8 de janeiro, a faixa etária prevalente entre os mais de mil detidos nos atos era de 50 e 59 anos (393 presos).

No grupo entre 60 e 69 anos, havia 40 pessoas presas. Mais duas tinham mais de 70 anos, e uma terceira, mais de 80.

No entanto, antes disso, a Polícia Federal havia liberado outras 684 pessoas detidas no acampamento diante do QG do Exército, acusadas de participarem das manifestações pró-Bolsonaro. A Seape-DF não informou quantas dessas pessoas liberadas eram idosas.

No Brasil em geral, uma pesquisa sobre a polarização no país, divulgada em abril de 2022, das organizações Locomotiva, Despolarize e Tide Setúbal, identificou que 35% dos 1.300 entrevistados de 60 anos ou mais se diziam de direita — o maior contingente entre todas as faixas etárias.

Os idosos entrevistados também se identificavam mais com expressões como “cidadão de bem” e “patriota”, em comparação com outras faixas etárias.

"Esse discurso não é só perigoso - REUTERS - REUTERS

“Esse discurso não é só perigoso, mas criminoso. É reforçar ainda mais o preconceito”, afirma Goldenberg, uma das principais estudiosas do envelhecimento no Brasil. “Se antes ouvíamos que velhos são ‘teimosos’ ou ‘gagás’, agora estamos ouvindo que eles são ‘fascistas e de extrema-direita’.”

Mas não se pode dizer - REUTERS - REUTERS

Mas não se pode dizer que houve nesse grupo um alinhamento automático a Jair Bolsonaro (PL). Em 27 de outubro, a poucos dias do segundo turno das eleições de 2022, pesquisa Datafolha apontou que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) liderava em intenção de votos entre eleitores com 60 anos ou mais, com 51% contra os 43% de Bolsonaro.

O que parece corroborar a tese de Mirian Goldenberg de que, embora muitos desse grupo etário se identifiquem mais com a direita, a maioria não se radicalizou em favor do ex-presidente. “Trata-se de uma pequena minoria de pessoas, e não foi com a velhice que se tornaram assim. A população mais idosa está sendo erroneamente estigmatizada”, opina a antropóloga.

O problema é que os fenômenos por trás dessa radicalização são complexos — e estão associados a questões tanto nacionais, quanto globais.

Medo e nostalgia Alguns anos atrás, o acadêmico italiano Edoardo Campanella analisou, em países da Europa e nos Estados Unidos, o que chama de “elo entre envelhecimento e populismo”.

*Com Uol

Apoie o Antropofagista com qualquer valor acima de R$ 1,00

Agradecemos aos que formam essa comunidade e convidamos todos que possam a fortalecer essa corrente progressista. Seu apoio é fundamental nesse momento crítico que o país atravessa para continuarmos nossa labuta diária para trazer informação e reflexão de qualidade e independência.

Caixa Econômica Agência: 0197
Operação: 1288
Poupança: 772850953-6
PIX: 45013993768 – CPF

Agradecemos imensamente a sua contribuição

Categorias
Bolsonarismo

Bolsonarista que levou réplica da Constituição durante ataques ao STF é preso no Sul de MG

Marcelo Fernandes Lima, de 50 anos, havia devolvido a réplica à Polícia Federal quatro dias após invasão em Brasília (DF). Ele se entregou à PF, em Varginha (MG), nesta quarta-feira (25).

O homem que levou a réplica da Constituição Federal de 1988 do STF durante invasão em Brasília (DF) foi preso pela Polícia Federal, nesta quarta-feira (25), em Varginha (MG). O designer bolsonarista Marcelo Fernandes Lima, de 50 anos, havia entregado a réplica à PF no dia 12 deste mês, quatro dias após os ataques na Praça dos Três Poderes, na capital federal.

Ele havia sido liberado após depoimento feito durante a devolução da réplica. Conforme apurado pelo g1, após a entrega da réplica, foi instaurado um inquérito pela Polícia Federal, que resultou em um pedido de prisão. Ele estava com o mandado em aberto e se entregou na sede da PF em Varginha no início da tarde desta quarta-feira.

Ainda conforme apurou o g1, o designer será levado para um presídio do Sul de Minas.

O que disse o designer em depoimento

O designer Marcelo Fernandes Lima, de 50 anos, que é de São Lourenço (MG) e possui uma empresa com sede em Campinas (SP), é o homem que aparece em fotos com a réplica na mãos na Praça dos Três Poderes, em Brasília (DF), no dia dos ataques de 8 de janeiro. No depoimento feito quando entregou a réplica à PF, obtido pela EPTV Sul de Minas, Afiliada Rede Globo, ele disse que pegou a Constituição “para que não fosse destruída” durante os ataques.

Segundo o depoimento dele para a PF, ele passou próximo aos prédios do Congresso e do Palácio do Planalto e não entrou no local. Mas que ao chegar ao STF, viu que várias coisas e vidros já tinham sido quebrados e viu três pessoas saindo do local com um livro grande nas mãos.

“Eles gritavam: ‘Vamos rasgar, vamos rasgar’. Que o declarante percebeu que se tratava de um exemplar da Constituição Federal e, como nunca teve qualquer intenção de depredar coisa nenhuma, achou aquilo um absurdo e tomou o livro das mãos daquelas pessoas, para que não fosse destruído”, cita o depoimento.

Réplica da Constituição de 1988 levada do STF durante ataques em Brasília é recuperada no Sul de MG — Foto: Reprodução/Twitter Flávio Dino

Réplica da Constituição de 1988 levada do STF durante ataques em Brasília é recuperada no Sul de MG — Foto: Reprodução/Twitter Flávio Dino

Marcelo, que é morador de São Lourenço (MG), também disse para a polícia que como não sabia o que fazer com o livro naquele momento de tumulto, levou o mesmo consigo, pois certamente seria destruído por radicais que ali estavam.

O designer também disse, no depoimento, que pensou em devolver o livro para algum policial no local, mas a situação estava tão caótica que não soube o que fazer no momento e decidiu levar o livro para entregar para alguma autoridade posteriormente.

O designer também disse acreditar que “as portas de trás do STF estavam abertas quando chegaram, pois entrou no prédio sem ver uma porta sequer quebrada ou arrombada”.

https://twitter.com/FlavioDino/status/1613581303017869332?ref_src=twsrc%5Etfw%7Ctwcamp%5Etweetembed%7Ctwterm%5E1613581303017869332%7Ctwgr%5Ea9afd87d0b2059622501d8dc7464c1fa20a5b97b%7Ctwcon%5Es1_c10&ref_url=https%3A%2F%2Fd-28828984671467845125.ampproject.net%2F2301112346000%2Fframe.html

*Com G1

Apoie o Antropofagista com qualquer valor acima de R$ 1,00

Agradecemos aos que formam essa comunidade e convidamos todos que possam a fortalecer essa corrente progressista. Seu apoio é fundamental nesse momento crítico que o país atravessa para continuarmos nossa labuta diária para trazer informação e reflexão de qualidade e independência.

Caixa Econômica Agência: 0197
Operação: 1288
Poupança: 772850953-6
PIX: 45013993768 – CPF

Agradecemos imensamente a sua contribuição

Categorias
Bolsonarismo

Gastos de Bolsonaro com cartão corporativo: passeios custavam R$ 100 mil aos cofres públicos

Ex-presidente era acompanhado por até 300 pessoas quando viajava a lazer ou para fazer motociatas.

Cem mil reais para os cofres públicos. Esse era o custo das viagens a lazer e dos passeios de moto — as chamadas motociatas — por cidades do Brasil que Jair Bolsonaro costumava fazer, acompanhado por até 300 pessoas. O jornal O Estado de S. Paulo teve acesso a notas fiscais que detalham os gastos com o cartão corporativo do ex-presidente. São dois mil documentos classificados como reservados, anexados à prestação de contas com esse método de pagamento.

As notas fiscais foram consultadas em parceria com a agência de dados Fiquem Sabendo, especializada no acesso a informações públicas. Elas revelam que nas viagens de Bolsonaro havia gastos para a hospedagem de cerca de 30 servidores públicos que partiam de Brasília, bem como alimentação de cerca de 300 pessoas responsáveis por dar o suporte ao destino escolhido pelo ex-presidente.

De acordo coma reportagem, um motociata realizada no Rio em maio de 2021 custou R$ 116 mil com suporte local de policiais militares, tropa de choque, socorristas e homens do Exército. Em alguns casos, mais de 200 agentes das Forças Armadas chegaram a ser deslocados. O nome de cada um deles consta na prestação de contas.

Esses números explicam, em parte, gastos repetidos como a aquisição de lanches a R$ 30 cada, num total de R$ 9 mil por cada turno de trabalho. Os funcionários — pilotos, motoristas, seguranças e integrantes do cerimonial — recebiam um kit contendo um ou dois sanduíches de presunto e queijo, bebida (suco ou refrigerante) e uma fruta. Como às vezes eles ficavam mais de nove horas de prontidão, faziam três refeições: café da manhã, almoço e jantar.

Em São Paulo, as padarias Tony e Thays eram as preferidas: foram 102 compras num total de R$ 126 mil. Já no Rio a preferência era pela padaria Santa Marta, na qual foram feitas 24 compras por R$ 364 mil. As diárias dos funcionários geralmente tinham valores baixos, entre R$ 100 e R$ 250. Mas a quantidade de pessoas mobilizadas e o tempo de estadia faziam com que a conta fosse elevada.

Os serviços de comissaria — o que é servido durante um voo e envolve, por exemplo, a alimentação a bordo do avião oficial — eram contratados por cerca de R$ 4 mil em cada viagem. Nas despesas do cartão corporativo não consta o que era gasto para abastecer as aeronaves — isso era custeado pela Força Aérea Brasileira (FAB).

A reportagem do Estado de S. Paulo revela que, segundo os registros que analisou, Bolsonaro na maior parte das vezes não pernoitava no local: ele saía de Brasília pela manhã e voltava no mesmo dia, à exceção das férias e períodos de lazer. Um dos casos foi uma viagem do ex-presidente a Santa Catarina,em fevereiro de 2021. Bolsonaro, parentes e assessores ficaram no Forte Marechal Luz, que pertence às Forças Armadas. A hospedagem de quatro dias ficou em quase R$ 9 mil e os reparos em motos aquáticas e lanchas avariadas durante passeios custaram R$ 5 mil. Nessa viagem de quatro dias, as compras em supermercados chegaram ao total de R$ 48 mil.

Bolsonaro — que em lives durante o mandato disse ao menos 15 vezes que não usava o cartão corporativo — costumava afirmar que as estadias em unidades militares tinham “custo zero” para os cofres públicos. O Estado de S. Paulo não conseguiu contato com o ex-presidente. De acordo com o ex-ministro das Comunicações Fabio Faria, ele está recluso nos Estados Unidos.

Deslocamento de parentes

Além das viagens do ex-mandatário, havia mobilização de equipes também em deslocamentos de parentes dele. Em janeiro de 2021, Carlos Bolsonaro fez uma viagem a Resende, no Rio de Janeiro, na qual teve a companhia de cinco pessoas. Os gastos de deslocamento, alimentação e hospedagem foram bancados pelo poder público. De acordo com os registros, Carlos era a presença mais frequente nas viagens do pai.

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro também tinha as despesas — dela e de sua equipe — custeadas pelo cartão corporativo quando decidia fazer algo fora de Brasília e não acompanhada pelo marido. Mensagens na prestação de contas mostram que hotéis ofereciam cortesias e melhoria nas instalações a Michelle.

*Com O Globo

Apoie o Antropofagista com qualquer valor acima de R$ 1,00

Agradecemos aos que formam essa comunidade e convidamos todos que possam a fortalecer essa corrente progressista. Seu apoio é fundamental nesse momento crítico que o país atravessa para continuarmos nossa labuta diária para trazer informação e reflexão de qualidade e independência.

Caixa Econômica Agência: 0197
Operação: 1288
Poupança: 772850953-6
PIX: 45013993768 – CPF

Agradecemos imensamente a sua contribuição

Categorias
Bolsonarismo

“Não há como separar o bolsonarismo do lavajatismo”, diz jurista

“Quanto mais se criminaliza a política, que é o que a Lava Jato fez, mais espaço se abre para aventureiros golpistas no estilo de Bolsonaro”, frisou a jurista Gisele Cittadino.

A jurista Gisele Cittadino, integrante do Grupo Prerrogativas (Prerrô) e da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), analisou a conjuntura política e falou sobre os desdobramentos jurídicos das investigações dos atos terroristas do bolsonarismo.

“Temos uma elite política que é muito pouco acostumada à convivência democrática. Nós temos uma tradição fortemente autoritária”, apontou a professora.

Para Cittadino, o “bolsonarismo é fruto do lavajatismo”. “Quando usa um dos poderes da República para perseguir um adversário político, criminaliza de tal forma a política que abre uma espécie de avenida gigantesca para que Bolsonaros apareçam. Não há como separar o bolsonarismo do lavajatismo”, enfatizou.

Segundo a professora, o momento exige uma unidade de “todas as forças comprometidas com a defesa da legalidade, da institucionalidade, com o respeito à soberania popular, enfim, com a defesa do estado democrático de direito”.

“Quanto mais se criminaliza a política, que é o que a Lava Jato fez, mais espaço se abre para aventureiros golpistas no estilo de Bolsonaro”, frisou.

Questionada sobre o comportamento de setores da elite diante da decisão política do presidente Lula em combater as desigualdades, Cittadino afirma que a elite brasileira tem muita dificuldade de compartilhar esse compromisso com a defesa democrática porque tem dificuldade de compartilhar o compromisso com a inclusão.

“Não há como imaginar uma democracia que funcione somente para 40% da população, quando todo resto da fique à margem da sociedade”, disse. “A elite tem que colocar na sua cabeça que é impossível ter democracia sem inclusão”, completou.

*Com 247

Apoie o Antropofagista com qualquer valor acima de R$ 1,00

Agradecemos aos que formam essa comunidade e convidamos todos que possam a fortalecer essa corrente progressista. Seu apoio é fundamental nesse momento crítico que o país atravessa para continuarmos nossa labuta diária para trazer informação e reflexão de qualidade e independência.

Caixa Econômica Agência: 0197
Operação: 1288
Poupança: 772850953-6
PIX: 45013993768 – CPF

Agradecemos imensamente a sua contribuição

Categorias
Bolsonarismo

PF mira Bolsonaro, Torres, financiadores e vândalos em 4 frentes contra golpistas

Investigação sobre autores intelectuais dos ataques inclui apurar responsabilidade do ex-presidente no fomento a ações radicais.

De acordo com a Folha, a Polícia Federal atua em quatro linhas de investigação para apurar todos os fatos e pessoas relacionados aos ataques golpistas e vandalismo realizados por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 8 de janeiro.

Estão na mira dessas investigações o ex-presidente, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e autoridades que atuaram ou se omitiram durante a investida golpista.

As investigações pretendem detalhar como se deram os preparativos e as invasões ao Palácio do Planalto, Congresso Nacional e STF (Supremo Tribunal Federal) e miram os golpistas atuantes diretamente na quebradeira, os financiadores e os agentes públicos envolvidos.

A primeira linha de apuração foca os possíveis autores intelectuais dos ataques golpistas, e é essa frente que pode chegar a eventual responsabilidade do ex-presidente no fomento das ações radicais.

Bolsonaro já era um dos alvos do inquérito das milícias digitais por causa de sua atuação na live de 29 de julho de 2021 —quando levantou sem provas suspeita de fraude nas eleições por meio de falhas nas urnas eletrônicas— e pelo vazamento de um inquérito sigiloso sobre um ataque hacker ao Tribunal Superior Eleitoral.

No caso das milícias digitais, cada um dos eventos com participação de Bolsonaro e de seus apoiadores, como a live, os atos antidemocráticos de 2020 e outros, são vistos como sendo praticados por uma organização criminosa que atua para atacar instituições, autoridades e disseminar desinformação.

Agora, com essa nova apuração, a PF pretende avançar sobre como suas investidas golpistas insuflaram seus apoiadores contra o Estado democrático de Direito e desaguaram nos ataques aos três Poderes.

A segunda linha de apuração vai investir no detalhamento das supostas omissões de agentes públicos durante a movimentação de pessoas para o acampamento em frente ao quartel-general do Exército e depois para a praça dos Três Poderes.

O ex-ministro Anderson Torres, o governador afastado Ibaneis Rocha (DF-MDB) e integrantes das forças de segurança do Distrito Federal são alvos nessa frente.

Torres está preso desde o dia 14 por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF. Durante busca e apreensão em sua casa, a PF encontrou uma minuta (proposta) de decreto para o então presidente Bolsonaro instaurar estado de defesa na sede do TSE.

O decreto golpista previa a criação de uma comissão controlada pelo governo Bolsonaro para fazer uma “apuração da conformidade e legalidade do processo eleitoral” vencido por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e estabelecia as quebras dos “sigilos de correspondência e de comunicação telemática e telefônica” dos membros do TSE.

Como mostrou a Folha, o ex-número 2 da Segurança Pública do Distrito Federal Fernando de Sousa Oliveira afirmou à PF que Torres deixara o país às vésperas do 8 de janeiro sem repassar “diretriz” nem apresentá-lo aos comandantes das forças policiais e a Ibaneis.

Oliveira disse que não tomou conhecimento, por exemplo, do plano operacional da Polícia Militar para as manifestações que ocorreriam nos dias 6, 7 e 8 deste mês.

O governador afastado do DF e Oliveira foram alvos de busca e apreensão na sexta (20) a pedido da Procuradoria-Geral da República.

Vista como mais demorada, a terceira frente tem como objetivo mapear os financiadores dos atos golpistas e os responsáveis pela logística do acampamento e transporte de bolsonaristas para Brasília.

Na última semana, a PF atuou contra possíveis financiadores de golpistas na região norte do Rio de Janeiro. A ação foi batizada de Ulysses e prendeu três pessoas suspeitas de organizar e financiar a viagem de bolsonaristas para Brasília.

O objetivo da PF agora é mapear outros financiadores dos atos e do acampamento em frente ao QG do Exército em Brasília para saber se as ações dos bolsonaristas tiveram alguma estrutura de financiamento e de organização.

Os investigadores estão identificando todos que contrataram e organizaram viagens de ônibus para Brasília, aqueles envolvidos na manutenção dos acampamentos nos QGs do Exército e todos que de alguma forma viabilizaram os ataques.

A AGU (Advocacia-Geral da União) já pediu o bloqueio de R$ 18,5 milhões em bens de pessoas físicas e empresas suspeitas de envolvimento nos ataques golpistas. A quantia seria uma estimativa de reparação pelos danos causados pelos atos de vandalismo no Congresso, Planalto e STF.
O quarto foco da investigação PF são os vândalos. Os investigadores querem identificar e individualizar a conduta de cada um dos envolvidos na depredação dos prédios históricos da capital federal.

Nesse caso, a perícia da PF tem atuado com a ajuda de softwares de inteligência artificial para comparar as imagens dos prédios invadidos com a dos presos e também com outros bancos de dados para identificar envolvidos. Foram presos em flagrante 1.459 suspeitos pelos ataques golpistas.

Para subsidiar as quatro linhas de apuração, todas as informações que estão sendo coletadas, pelos canais disponibilizados pelo Ministério da Justiça e PF ou em diligências feitas por ordem do ministro Alexandre de Moraes, são analisadas e encaminhadas para os inquéritos abertos.

Segundo a Folha apurou, o trabalho de triagem tem sido feito pela DIP (Diretoria de Inteligência Policial) e os inquéritos em si conduzidos por delegados de setores da Dicor (Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado).

Apoie o Antropofagista com qualquer valor acima de R$ 1,00

Agradecemos aos que formam essa comunidade e convidamos todos que possam a fortalecer essa corrente progressista. Seu apoio é fundamental nesse momento crítico que o país atravessa para continuarmos nossa labuta diária para trazer informação e reflexão de qualidade e independência.

Caixa Econômica Agência: 0197
Operação: 1288
Poupança: 772850953-6
PIX: 45013993768 – CPF

Agradecemos imensamente a sua contribuição

Categorias
Bolsonarismo

Etchegoyen quer nova anistia para militares que atacaram democracia

Chefe do GSI no governo Temer, general ataca STF, reclama da imprensa e faz ameaça velada a Lula.

O general Sérgio Etchegoyen está enfezado. Acha que os golpistas do 8 de Janeiro viraram vítimas de injustiça. Em entrevista à TV Pampa, o ex-ministro esbravejou contra os tribunais, o governo e a imprensa. Ao comentar os ataques à democracia, usou eufemismos como “acidente” e “triste episódio”.

O militar chefiou o Gabinete de Segurança Institucional no governo Temer. De volta à planície, foi contratado por uma agência de comunicação corporativa. Pendurou a farda, mas continuou a ser lido e requisitado como porta-voz da caserna.

A exemplo de Bolsonaro e seus apaniguados, o general nutre pouco apreço pelo Judiciário. Considera que o STF e o TSE “carecem de credibilidade”. Para ele, os juízes são “apaixonados por microfones” e gostam de “falar mal do país lá fora”. “Isso é inaceitável”, condenou. Sobre os extremistas que atacam o sistema eleitoral, emitiu opiniões mais amenas. “É legítimo duvidar do resultado”, disse.

Etchegoyen está invocado com Lula. Nos últimos dias, o presidente criticou a segurança do Planalto e afirmou que “perdeu a confiança” em parte dos militares. Para o ex-ministro, a frase revelou “profunda covardia”. De Lula, não dos militares que permitiram a invasão. “É a velha técnica de procurar culpados”, protestou. “Como é que se pacifica o país a partir daí? Como é que pacifica as Forças Armadas?”.

A imprensa, sempre ela, também entrou na mira do general. Ele acusou a mídia de perseguir Bolsonaro, ultrapassando “todos os limites da razoabilidade”. Numa declaração curiosa, reclamou de excesso de jornalismo na cobertura do quebra-quebra. “Esse episódio merece uma abordagem mais objetiva e menos panfletária. Menos jornalística, sem ofensa”, palpitou. A despeito das críticas, o ex-ministro confidenciou que se informa cada vez menos por veículos tradicionais. “Abandonei muito o noticiário”, admitiu.

Os Etchegoyen têm um longo histórico de envolvimento em golpes e conspirações. O avô do general, que alcançou a mesma patente, tentou impedir a posse de três presidentes. Um de seus alvos foi Juscelino Kubitschek, inventor da cidade que os bolsonaristas tentaram destruir.

Em 2014, quando ainda estava na ativa, o general de Temer se projetou ao atacar a Comissão Nacional da Verdade, que investigou crimes da ditadura militar. Não era só reacionarismo, era defesa do clã. Seu pai e seu tio foram apontados como responsáveis por graves violações aos direitos humanos. Os dois nunca foram julgados graças à Lei da Anistia.

Nove anos depois, o oficial sugere um novo perdão, desta vez em favor dos extremistas de Brasília. “Espero profundamente que os responsáveis pelos nossos destinos façam uma reflexão e tenham a grandeza de buscar a pacificação”, discursou.

Ao pregar a impunidade de colegas de farda, Etchegoyen disse defender a “tranquilidade” e o “bom senso”. Acrescentou que o governo precisa “harmonizar a sociedade” para “poder andar”. “Por enquanto, os sinais que está dando é (sic) que não consegue andar. E possivelmente tenha acabado (sic) no dia 8 de janeiro”, opinou. Sobre o futuro do presidente, o general soltou uma frase enigmática: “É muito difícil prever o que vai acontecer”.

As ameaças veladas de Etchegoyen animaram o apresentador da TV Pampa, que chamou o golpe de 1964 de “revolução” e manifestou saudades da “velha Arena”. Num momento de descontração, o general contou que torce pelo Grêmio, celebrou a contratação de Suárez e elogiou o livro “As 44 regras do poder”. Ao que tudo indica, referia-se “As 48 leis do poder”, um best-seller de autoajuda empresarial.

Na contracapa, o leitor encontra dicas para “conquistar o que deseja”: “esperar o momento certo para atacar”, “criar uma aura de mistério para confundir os inimigos”, “encobrir todos os atos em cortinas de fumaça”.

*Bernardo Mello Franco/O Globo

Apoie o Antropofagista com qualquer valor acima de R$ 1,00

Agradecemos aos que formam essa comunidade e convidamos todos que possam a fortalecer essa corrente progressista. Seu apoio é fundamental nesse momento crítico que o país atravessa para continuarmos nossa labuta diária para trazer informação e reflexão de qualidade e independência.

Caixa Econômica Agência: 0197
Operação: 1288
Poupança: 772850953-6
PIX: 45013993768 – CPF

Agradecemos imensamente a sua contribuição

Categorias
Bolsonarismo

Bolsonaro, de terrorista a aterrorizado

Os dias que seguiram o infame 8 de Janeiro e a vergonha colossal de bolsonaristas radicais fragmentou a massa de eleitores do presidente Jair Bolsonaro.

Havia os presos em flagrante que choravam uma retórica sem cabimento de maus tratos da Polícia Federal. Os que temiam ser encontrados e detidos, além dos que vão pensar duas vezes antes de citar a liberdade de expressão como escudo para ser criminoso.

E no que depender do Judiciário essa sensação de alerta constante deve durar por mais algum tempo. Alexandre de Moraes comanda a mais extensa delegação investigativa da história do Brasil. São 150 peritos ainda em atividade revelando DNA.

São cinco tecnologias diferentes de reconhecimento facial para analisar imagens além de um time de internet para rastrear sinais de celulares e marcar a localidade dos golpistas.

De longe o mais ambicioso plano para o desmonte de uma organização criminosa em solo brasileiro, Moraes já começou a pescar peixes maiores que os lunáticos, mal informados ou mal intencionados que tomaram Brasília de assalto.

A lista com empresas envolvidas com financiamento do golpe já supera 120 nomes, e pelo menos dez delas já têm carros de luxos e ônibus bloqueados pela Justiça como forma de reparar os danos materiais nos três palácios invadidos.

Sem sono também está o agora preso preventivamente Anderson Torres, ex-ministro da Justiça. Já no Brasil ele optou por ficar calado em seu primeiro depoimento. (Ele também pediu a visita de uma psicóloga, alegando estar muito abalado e sem dormir).

E se por aqui Bolsonaristas não dormem, lá em Orlando o ex-presidente fujão também não deve pregar o olho. Temendo ser deportado, ele cogitou voltar para o Brasil, mas, vendo o cerco apertar por aqui, optou por ficar mais um tempo fora. De terrorista a aterrorizado.

*Thais Rodrigues/IstoÉ Dinheiro

Apoie o Antropofagista com qualquer valor acima de R$ 1,00

Agradecemos aos que formam essa comunidade e convidamos todos que possam a fortalecer essa corrente progressista. Seu apoio é fundamental nesse momento crítico que o país atravessa para continuarmos nossa labuta diária para trazer informação e reflexão de qualidade e independência.

Caixa Econômica Agência: 0197
Operação: 1288
Poupança: 772850953-6
PIX: 45013993768 – CPF

Agradecemos imensamente a sua contribuição

Categorias
Bolsonarismo

Coronel que assessorou GSI pede golpe, ameaça Dino e diz que militares da ativa estavam em atos terroristas

José Placídio Matias dos Santos atuou por três anos no Gabinete de Segurança Institucional durante o governo Bolsonaro.

O coronel do Exército José Placídio Matias dos Santos, que foi assessor no Gabinete de Segurança Institucional (GSI) durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) por três anos, usou as redes sociais para pedir golpe e ameaçar o ministro da Justiça Flávio Dino. Ele ainda afirmou que “centenas de militares da ativa” participaram dos atos terroristas em Brasília, no dia 8 de janeiro. Procurado, o Exército ainda não respondeu aos questionamentos da reportagem.

O militar publicou, no dia dos atos golpistas, uma mensagem direcionada ao comandante do Exército, general Júlio César de Arruda. A publicação pedia a insubordinação ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

As informações foram divulgadas inicialmente no “Estado de S. Paulo”. Após a publicação, o coronel apagou algumas postagens de suas redes sociais.

“General Arruda, o Brasil e o Exército esperam que o senhor cumpra o seu dever de não se submeter às ordens do maior ladrão da história da humanidade. O senhor sempre teve e tem o meu respeito. FORÇA!!”, diz a postagem no Twitter.

Ainda no dia dos atos terroristas, Placídio conclama as Forças Armadas a atuarem. “Brasília está agitada com a ação dos patriotas. Excelente oportunidade para as FA entrarem no jogo, desta vez do lado certo. Onde estão os briosos coronéis com a tropa na mão?”, publicou.

No dia seguinte aos atos, Placídio voltou às redes sociais para afirmar que havia “esquerdistas baderneiros infiltrados” nos atos golpistas da véspera. “Não sei o que vai acontecer, ninguém sabe ao certo. O que temos de evidente é que o povo ordeiro e patriota, o que não inclui os esquerdistas baderneiros infiltrados, jamais aceitará a usurpação de poder levada a cabo pelo sistemão”, escreveu.

O coronel ainda comparou a ação dos policiais que impediram uma destruição ainda maior nas sedes dos Três Poderes com a Gestapo, a polícia secreta de Adolf Hitler na Alemanha nazista. Em seguida, o Placídio disse que os atos golpistas tiveram participação direta de militares da ativa.

“Será que o pessoal sabe que na manifestação de ontem em Brasília havia centenas de militares da ativa?”, perguntou no Twitter.

Ameaça a ministro

Placídio ainda publicou uma ameaça a Dino, com um ataque homofóbico. “O ministro da justiça está se sentindo empoderada. Tua purpurina vai acabar”, escreveu.

Placídio atuou no GSI entre fevereiro de 2019 e março de 2022. Ele atuou como assessor chefe militar da Assessoria Especial de Planejamento e Assuntos Estratégicos da Secretaria Executiva do GSI e era subordinado ao ex-chefe da pasta, o general Augusto Heleno.

Nesta quinta-feira, depois da publicação da reportagem, Placídio voltou ao Twitter para criticar militantes de esquerda. “A esquerdalha baixou em peso hoje por aqui! Vamos em frente!”, afirmou.

Apoie o Antropofagista com qualquer valor acima de R$ 1,00

Agradecemos aos que formam essa comunidade e convidamos todos que possam a fortalecer essa corrente progressista. Seu apoio é fundamental nesse momento crítico que o país atravessa para continuarmos nossa labuta diária para trazer informação e reflexão de qualidade e independência.

Caixa Econômica Agência: 0197
Operação: 1288
Poupança: 772850953-6
PIX: 45013993768 – CPF

Agradecemos imensamente a sua contribuição

Categorias
Bolsonarismo

Lula diz que ‘Inteligência do governo não existiu’ e manda recado: ‘Quem quiser fazer política que tire a farda’

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ser contra a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar os ataques golpistas às sedes dos Poderes. Em entrevista à GloboNews, o petista disse que a iniciativa poderia criar “um tumulto” e que “não vai ajudar” a chegar aos responsáveis pelos atos do dia 8 de janeiro.

— O que nós podemos investigar numa CPI que a gente não possa investigar aqui e agora? Nós estamos investigando, tem mil e trezentas pessoas presas. O que você pensa que a gente vai ganhar com uma CPI? — questionou o presidente. — Nós (governo) temos instrumentos para fiscalizar o que aconteceu nesse país. Uma comissão de inquérito pode não ajudar e ela pode criar uma confusão tremenda, sabe? Nós não precisamos disso agora.

Lula ponderou, porém, que a decisão é do Congresso, mas que, caso seja consultado, recomendará a aliados que não apoiem a iniciativa.

Após um ímpeto inicial, em que parlamentares do PT e de siglas aliados assinaram requerimentos para criar CPI, integrantes da base do governo no Congresso passaram a adotar cautela nos últimos dias ao tratar do assunto. A avaliação de petistas é que a criação da CPI poderia acabar por dar holofote para bolsonaristas radicais, além do risco de não trazer avanços para investigações do caso e servir mais para uma disputa política.

Maior partido da Câmara e do Senado, o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro, já avisou que vai tentar enquadrar o governo petista caso uma CPI seja realmente criada. Integrantes da legenda têm falado em omissão dos ministros da Justiça, Flávio Dino, e da Defesa, José Múcio.

— Já nos manifestamos que qualquer CPI tem que ser ampla porque a falha foi geral. A partir da próxima legislatura veremos— disse o senador Carlos Portinho (PL-RJ), ex-líder de Bolsonaro no Senado, ao GLOBO.

Por ter as maiores bancadas nas duas Casas, o PL tem direito a indicar mais parlamentares para um eventual colegiado do que as outras siglas.

Um dos pedidos de CPI partiu da senadora Soraya Thronicke (União-MS), que é adversária tanto de Bolsonaro quanto de Lula. Em uma postagem no Twitter, ela comentou a resistência do governo Lula em apoiar a CPI.

— A CPI não será de um governo, não terá ideologia e nem partido… A CPI será imparcial e investigará atos e fatos. Quem não deve, não precisa tremer — declarou.

Aliados do governo também temem que uma “caça às bruxas” neste momento possa atrapalhar a montagem de uma base ampla de apoio ao governo. Hoje já há uma proximidade com PSD e MDB, mas o Palácio do Planalto procura também agregar o União Brasil e se aproximar de setores do PP, Republicanos e até de uma ala do PL.

Escolhido para liderar a bancada do PT na Câmara em 2023, o deputado Zeca Dirceu (PR) evita se comprometer com o apoio à CPI e põe em dúvida até mesmo a apresentação de representações no Conselho de Ética contra os bolsonaristas radicais ligados aos atos terroristas.

— Não decidimos ainda. Estamos conferindo as denúncias e buscando provas-, disse ao GLOBO sobre a possibilidade de o PT tentar enquadrar o episódio no Conselho de Ética.

Um dia depois dos ataques do dia 8 de janeiro, parlamentares do PT chegaram a apresentar um requerimento para que uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), com deputados e senadores, fosse instalada no Congresso. Agora, o novo líder da bancada prega mais cautela no uso do instrumento.

— Entendo que o Congresso precisa de unidade agora para enfrentar os golpistas e terroristas — afirmou Zeca Dirceu.

Outros parlamentares do PT seguem a mesma linha adotada pelo líder na Câmara.

— Não vejo porque a gente fazer esse embate político quando na

verdade é caso policial —disse o deputado Alencar Santana (PT-SP). Ele acrescenta: — Como está havendo uma ação rápida, precisa e eficiente, eu particularmente entendo que não há necessidade da Câmara avançar eventualmente na apuração. O que mais nós iríamos revelar além daquilo que está sendo revelado?

Na semana passada, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), já havia adotado discurso semelhante ao do deputado do Paraná. O senador da Bahia assinou a CPI proposta por Soraya Thronicke, mas disse que o governo não definiu se irá apoiar a iniciativa.

— Não tem posição de governo nisso. Na verdade, a assinatura é individual. Eu pessoalmente também assinei, acho que a ideia é boa, mas acho que a gente tem que avaliar até porque ela só começaria em fevereiro-, declarou o Wagner sobre um pedido de CPI feito pela senadora Soraya Thronicke (União-MS). -Se até lá a Polícia Federal estiver esclarecido, a Justiça estiver caracterizado os crimes executados, não sei se continua tendo objeto a própria CPI — disse.

O senador chamou a atenção para o fato de que a CPI foi pedida por uma senadora que não é da base. Wagner também afirmou que as assinaturas precisarão ser novamente colhidas após fevereiro, quando começar a nova legislatura do Senado.

Apoie o Antropofagista com qualquer valor acima de R$ 1,00

Agradecemos aos que formam essa comunidade e convidamos todos que possam a fortalecer essa corrente progressista. Seu apoio é fundamental nesse momento crítico que o país atravessa para continuarmos nossa labuta diária para trazer informação e reflexão de qualidade e independência.

Caixa Econômica Agência: 0197
Operação: 1288
Poupança: 772850953-6
PIX: 45013993768 – CPF

Agradecemos imensamente a sua contribuição

Categorias
Bolsonarismo

Lula diz que Brasília teve tentativa de golpe “por gente preparada” e afirma que Bolsonaro tem culpa, “instigou o ódio”

O presidente Lula (PT) afirmou hoje em evento no Planalto que os atos golpistas que aconteceram no último dia 8 foram uma tentativa de golpe, e culpou seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL).

Eles não se contentaram, depois da nossa posse maravilhosa […], esperaram uma semana e tentaram dar um golpe. O que houve aqui foi uma tentativa de golpe, por gente preparada. Não sei se o ex-presidente mandou, o que sei é que tem culpa, porque passou quatro anos instigando ódio.

Em conversa com jornalista, na semana passada, Lula pediu que as investigações sobre os atos do dia 08 de janeiro cntinuem intensas e sugeriu que as invasões podem ter sido orquestradas. Para o presidente houve conivência por parte dos militares na sede do governo durante os atentados.

Teve muita gente conivente. Teve muita gente da Polícia Militar conivente, muita gente das Forças Armadas aqui dentro coniventes. Eu estou convencido de que a porta do Palácio do Planalto foi aberta para essa gente entrar, porque não tem porta quebrada. Ou seja, alguém facilitou a entrada deles aqui”

Hoje o petista falou após encontro com lideranças sindicais para discutir o reajuste do salário mínimo para os próximos anos. Durante o encontro, Lula aproveitou também para criticar o orçamento que recebeu do governo anterior. Segundo o presidente, o valor não é suficiente para cumprir as promessas feitas pelo próprio Jair Bolsonaro.

“Começamos a governar antes de tomar posse porque o governo que estava aí fez um orçamento que não dava para cumprir nem o que ele prometeu durante as eleições. Nós só vamos ter o nosso orçamento em 2024 e tenho certeza que vamos cumprir cada coisa que prometi durante a minha campanha. Não há outra razão para eu estar aqui senão melhor a vida do trabalhador e acabar com a fome”.

*Com Uol

Apoie o Antropofagista com qualquer valor acima de R$ 1,00

Agradecemos aos que formam essa comunidade e convidamos todos que possam a fortalecer essa corrente progressista. Seu apoio é fundamental nesse momento crítico que o país atravessa para continuarmos nossa labuta diária para trazer informação e reflexão de qualidade e independência.

Caixa Econômica Agência: 0197
Operação: 1288
Poupança: 772850953-6
PIX: 45013993768 – CPF

Agradecemos imensamente a sua contribuição