O ministro da Economia, Paulo Guedes, que mantém R$ 50 milhões nas Ilhas Virgens Britânicas, paraíso fiscal usado por quem lava dinheiro ou sonega impostos, sofreu uma derrota acachapante na Câmara dos Deputados. Por 310 votos a favor e apenas 142 contrários, foi aprovada sua convocação ao plenário para tentar justificar o injustificável: porque, na condição de ministro da Economia e chefe da Receita Federal, mantém recursos num esconderijo fiscal. O placar indica que ele foi abandonado pela própria base bolsonarista e pelo centrão. Ou seja: Paulo Guedes pode cair. Confira, abaixo, o tweet do deputado Rogério Correia (PT-MG):
Convocação do Ministro Paulo Guedes aprovada: terá de vir até à Câmara por suas contas secretas no exterior e enriquecimento a partir de sua própria determinação de alta do dólar. Em 1000 dias de governo, ganhou 14 milhões sem nada fazer. pic.twitter.com/R7Lhz8bPhg
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Presidente, em troca, tentaria garantir apoio para se defender de processos na Justiça contra ele e os filhos.
A possibilidade de Jair Bolsonaro não disputar a sucessão de 2022 já começou a ser discutida entre os principais líderes do centrão. Por esse raciocínio, em vez de insistir em contestar as eleições em caso de dificuldade de vitória, o presidente escolheria outro candidato para apoiar, escapando de uma derrota fragorosa nas urnas.
Bolsonaro, em troca, tentaria garantir apoio para se defender de processos na Justiça contra ele e os filhos, considerados inevitáveis caso ele deixe o poder.
O próprio Bolsonaro já levantou a possibilidade de ser preso ao discursar no dia 7 de Setembro para apoiadores —dizendo que isso pode ser tentado, mas que nunca ocorrerá. “Eu nunca serei preso”, disse.
A preocupação em evitar o pior na Justiça seria central no raciocínio de Bolsonaro, consideram os líderes do centrão que convivem com o presidente e apoiam seu governo.
*Mônica Bergamo/Folha
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Membros do governo já jogaram a toalha. Bolsonaro, que tem 64% de rejeição, com esse badernaço, conseguirá ultrapassar os 70% de avaliação negativa.
O centrão já coloca o impeachment como possibilidade mostrando os dentes para Bolsonaro.
Com a faca na nuca colocada pelas descobertas de esquemas de rachadinha praticados pelo clã, Bolsonaro, com seu badernaço, mostra que nada está tão ruim que não possa piorar. E o que já estava ruim, ficou ainda pior para ele.
Assista:
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O presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, durante recepção ao presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, no Palácio do Planalto.
Integrantes do Progressistas e do PL reconhecem sérias dificuldades eleitorais para o presidente caso não haja guinada no seu comportamento e economia não saia das cordas.
Aliado de Jair Bolsonaro no Congresso, o Centrão se dividiu para a disputa de 2022 e uma importante ala do bloco avalia que a chance de o presidente conquistar o segundo mandato está cada vez mais distante. Em conversas reservadas, o núcleo do Progressistas, partido do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), e do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, tem traçado esse cenário e aposta que a eleição para o Palácio do Planalto pode até mesmo ser decidida no primeiro turno, se o presidente não mudar radicalmente o comportamento e a população não sentir no bolso uma melhoria econômica.
O diagnóstico marca uma mudança significativa na avaliação de políticos próximos do Planalto. Até então, o palpite era de que Bolsonaro voltaria a ser competitivo novamente no ano que vem com crescimento econômico e com um novo Bolsa Família, agora batizado de Auxílio Brasil. Apoiadores do presidente também argumentavam que, com todo mundo vacinado, ninguém mais se lembraria do desastre na gestão da pandemia de covid-19. O que mudou? Com inflação, juros e desemprego em alta, a população sente os efeitos da deterioração econômica e do aumento do preço dos alimentos, do gás de cozinha, da conta de luz e da gasolina. Não se trata de uma situação vista como passageira e, além de tudo, é agravada por uma nova onda da pandemia, crise hídrica e arroubos autoritários de Bolsonaro, que investe em ameaças à democracia e em conflitos institucionais.
O presidente do PSD, Gilberto Kassab, diz em público o que grande parte dos dirigentes de partidos reserva para o bastidor. “Tem uma chance grande de o presidente Bolsonaro não estar no segundo turno. A gestão está ruim e mal avaliada e uma série de fatores o atrapalham”, afirmou Kassab, considerado até por adversários como hábil analista de cenários políticos.
Ao fazer o inventário de problemas, Kassab citou “a conduta do presidente na pandemia, as coisas que estão sendo apontadas na CPI da Covid, a inflação chegando no preço do feijão e a vacinação que demorou para começar”.
O PSD tem em seus quadros o ministro das Comunicações, Fábio Faria, que está de saída do partido por causa das divergências da sigla comandada por Kassab com o governo. Faria vai para o Progressistas e Kassab faz articulações para filiar o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), ao PSD. A ideia é lançá-lo à cadeira de Bolsonaro.
Presidente do Solidariedade, o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (SP), também vê possibilidade de Bolsonaro perder já no primeiro turno. “Se o Lula (ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva) souber trabalhar, ampliar, manter a unidade da esquerda – o que é difícil por causa do Ciro (Gomes, candidato do PDT) – e caminhar para o centro, tem muita chance de ganhar a eleição no primeiro turno”, afirmou o deputado. Na eleição de 2018, o Solidariedade integrava o Centrão e apoiou a campanha de Geraldo Alckmin (PSDB), mas há tempos o partido se descolou do grupo.
Até mesmo nas bancadas de legendas com assento na Esplanada de Ministérios, como o Progressistas e o PL, há deputados que admitem muitos obstáculos na campanha de Bolsonaro para 2022.
*Com informações do Estadão
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Jair Bolsonaro botou nas mãos de Ciro Nogueira uma guloseima apetitosa.
Ofereceu mais quatro ministérios para o Centrão — ainda sem definição de quais seriam exatamente. Dois irão para o Senado escolher e mais dois para a Câmara.
A propósito, um escolado líder do Centrão respondeu assim à possibilidade de a facção deixar o governo Bolsonaro: “Antes de 2 de abril, ninguém sai”. A data, seis meses cravados antes da eleição, é o prazo final para a desincompatibilização de quem disputará as urnas de outubro.
Não é à toa que um ministro do STF, com fina ironia, costuma sentenciar: “Este governo foi desapropriado pelo Centrão.
Como disse o próprio Ciro Nogueira, “Até o Talibã aderiu ao Centrão. kkkk.”
O Talibã afegão, não se sabe ainda. Mas o brasileiro, ninguém tem dúvida.
*Lauro Jardim/O Globo
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Em resumo, o que ocorreu ontem foi a irônica puxada de tapete que Ciro Nogueira e Arthur Lira deram em Bolsonaro. Pior, o esperto que achou que tinha o centrão nas mãos, tomou um calça arriada e nem pode reclamar, senão toma um impeachment na fuça.
Na verdade, Bolsonaro, com essa bravata, revelou que caminha numa pinguela sobre um rio de piranhas. Mas foi o que restou pra ele, o que revela que a tal máquina de fake news de Bolsonaro sempre foi uma grande mentira.
O que o levou à vitória em 2018 foi uma combinação de eventos acionados na onda do antipetismo a todo custo imposto pela mídia e pelos interesses neoliberais que cercavam a candidatura de Bolsonaro para se chegar ao resultado que se chegou.
Bolsonaro, para não cair, cercou-se de gente do centrão e, ontem, mostrou que está cercado pelos caciques desse bloco que é historicamente extremamente maleável e se adapta facilmente a qualquer mudança de vento.
Ou seja, o centrão deixou claro nessa votação que impôs derrota a Bolsonaro, que os ventos mudaram e deixaram Bolsonaro mais refém de uma teia de interesses que vão muito além do que aparenta.
Um moribundo político carregando a culpa por quase 600 mil mortes por covid, uma economia em frangalhos, desemprego batendo recordes e a devolução do Brasil ao mapa da fome com 20 milhões de miseráveis, já é um moribundo caríssimo. Soma-se a isso o vulcão de denúncias de corrupção que estão sendo reveladas pela CPI do genocídio, o resultado não poderia ser outro.
Se chegar até 2022, o governo Bolsonaro caminhará como um morto-vivo. Foi isso que ficou explícito ontem com sua derrota na PEC do voto impresso.
Para piorar um pouco mais, o apelo de usar os militares foi um tiro de espalha chumbo no próprio pé.
O presidente Jair Bolsonaro marcou para esta quinta-feira a live em que, segundo ele, provaria que o sistema de votação eletrônica não é confiável. Escolheu fazê-lo logo após a nomeação de seu novo chefe da Casa Civil, o presidente nacional do PP, Ciro Nogueira, um dos comandantes máximos do centrão. Assim como entregou cargos aos generais para desmoralizar os militares, agora oferece cargos no governo ao centrão para desacreditar as urnas. Tudo junto e misturado, o resultado seria um só: escrachar a democracia.
É difícil crer que Ciro Nogueira e o presidente da Câmara, Arthur Lira, que é do PP de Alagoas, se rebelarão e recusarão ser sócios dessa cruzada do capitão Bolsonaro contra as urnas eletrônicas.
Como chefe da Casa Civil do Planalto, Ciro Nogueira tem como principal função defender a aprovação no Congresso dos projetos de interesse do governo.
E Bolsonaro dá mostras nessa live desta quinta-feira que considera prioridade do governo a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional que institui o voto impresso no Brasil.
A PEC foi apresentada na Câmara pela deputada bolsonarista Bia Kicis (PSL-DF) por sugestão do próprio presidente. Kicis foi ungida presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, graças ao acordão partidário capitaneado pelo Planalto para eleger Arthur Lira o todo poderoso presidente da Casa.
Lira instituiu uma comissão especial para analisar a PEC. Tem dito que, embora não desconfie da urna eletrônica, considera razoável o voto impresso. Note-se que seu partido, o PP, representado pelo próprio Ciro Nogueira, integrou no último dia 26 de junho uma reunião em que os presidentes de 11 legendas se manifestaram contra a aprovação da PEC.
O projeto quase foi derrubado na comissão nesta última semana antes do recesso de meio do ano do Legislativo. A votação foi adiada e a expectativa era que o texto fosse enterrado agora na volta dos trabalhos, no início de agosto. Será?
Bolsonaro está decidido a promover uma força-tarefa contra a derrubada do projeto. Amarrou o comando do centrão com cargos importantes no governo, e acredita que comprou os votos do grupo.
Se conseguir, terá repetido com os políticos dos partidos que integram o centrão a mesma estratégia que usou com os generais: distribuiu cargos a granel para os comandantes das três Forças para, em troca do comissionamento, humilhar e desmoralizar os militares em geral. Uma vingança contra aqueles que, no passado, o obrigaram a deixar o Exército.
Ciro e Lira não estarão sendo usados para desmoralizar os políticos em geral. Esses, Bolsonaro acredita que já tinha desmoralizado na sua própria campanha eleitoral, quando venceu com o mote de combate ao que chamava de “velha política”.
O que Bolsonaro quer mesmo, agora, é usar o centrão, especialmente esses dois comandantes do agrupamento partidário, para desmoralizar a democracia. Afinal, ele mesmo já disse que é a favor da ditadura.
Bolsonaro, todos sabem, é a figura do boquirroto. Ele marcou e marca sua trajetória produzindo preconceitos e farsas. Agora, que está comendo na mão do centrão, várias de suas falas contra seu atual grande amor são compiladas e mostram as contradições do passado e do presente de Bolsonaro. Ou seja, ninguém é genocida de improviso.
A luta gigantesca empenhada em tirar Bolsonaro do atoleiro político é de fato intensa, porém, o capítulo que, segundo Bolsonaro, fará com que adquira musculatura política, entregando basicamente seu destino nas mãos do centrão, pode lhe criar muito mais embaraços.
Estamos falando de um grupo, uma frente ou seja lá o que for que caracteriza o centrão que é, antes de qualquer coisa, pragmaticamente fisiológica, é a mais clara tradução do toma lá dá cá, aqui e acolá.
Mas Bolsonaro, no desespero de se salvar, parece ignorar isso, ou pelo menos finge ignorar, pois é isso ou isso. Hoje, não há margem de manobra para mais nada.
Bolsonaro carrega nas costas a culpa pelo morticínio provocado pelo governo claramente genocida que até a chegada da CPI a sociedade imaginava que se limitava à ideia absurda e cômoda de Bolsonaro e os asseclas que o cercam que bastaria 70% da população se contaminar com o coronavírus, não importando quantos morressem, que se chegaria à imunidade de rebanho, tese que já foi repudiado pelo mundo inteiro, que chegou à conclusão de que o grau de letalidade seria gigantesco, além de um número inimaginável de reinfecção.
Mas o mais grave foi descoberto pela CPI que revelou uma teia de corrupção instalada dentro do ministério da Saúde com a compra de vacinas envolvendo muitos militares da alta patente.
Mas não só isso, os militares deixam de ser os protagonistas do governo a partir do momento em que foram obrigados a passar o bastão para o centrão.
O fato é que não há qualquer sinal de recuperação econômica que possa, até a eleição de 2022, trazer benefícios para a população com o desemprego que não para de bater recorde. É possível que o aumento de 50% do Bolsa Família, anunciado pelo governo, traga algum cisco de popularidade. Talvez, com isso, compense um pouco a perda de muitos seguidores do ex-mito, por conta da sua aliança com o centrão.
Há também a possibilidade de fazer uso político eleitoral de uma nova rodada de auxílio emergencial, mas há o risco do enfurecimento do mercado, que é, em última análise, quem está segurando Bolsonaro pelos fundilhos.
A inoperância do governo, a incapacidade dos militares de governar é assombrosa. E se Bolsonaro, em dois anos e meio, não apresentou rigorosamente nada, como é tradição do clã metido na política, não será em um ano e meio, mesmo jogando pesadamente com a máquina do governo nas mãos, que Bolsonaro vai recuperar alguma coisa que dê a ele a reeleição. Não dá para esquecer que ele só cresceu em 2018 porque Lula foi impedido de se candidatar.
Dois detalhes, em 2022 Lula estará no páreo e, como mostram as pesquisas, tem uma invejável vantagem sobre Bolsonaro, além de lembrar que um dos pontos mais fortes do pragmatismo do centrão, assim como Bolsonaro, é a traição que ele exerce sem corar.
Isso que foi aqui narrado ainda prima pelo otimismo, porque a CPI ainda pode trazer revelações que, muito mais que tirá-lo da cadeira da presidência, poderá levá-lo direto para a prisão.
O centrão já deixou claro que não veio para ocupar cargos, mas o governo todo e, de cara, foi direto na jugular de Paulo Guedes tirando dele o planejamento, ou seja, o orçamento de fato ficará nas mãos do centrão, sob o comando do PP.
Só um governo totalmente apodrecido usa o centrão como estaca, mas este cobrará caro. Na verdade, cobrará tudo.
Talvez seja por isso que Dilma tenha dito que “não sobrará pedra sobre pedra” do governo Bolsonaro.
Está claro que os generais de Bolsonaro serão meros recrutas zero a partir de então, Augusto Heleno, Braga Netto, general Ramos, serão no máximo lembranças das vacas de presépio de Bolsonaro com o centrão comandando a birosca, nem microfone esses pijamudos terão mais.
E podem apostar, o centrão vai censurar todas as falas patéticas de Bolsonaro, até deixar o rei completamente nu, oco, afônico.