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Vídeo: Milícia digital do clã Bolsonaro espalha fake news covarde à China, maior parceira comercial do Brasil

Allan dos Santos, que comanda o escritório do ódio, conhecido como um dos maiores vigaristas digitais do país, esteve, junto com Eduardo Bolsonaro, num evento de extrema direita nos EUA, umbilicalmente ligado a Steve Bannon e Trump.

Todos sabem da guerra comercial que se trava entre EUA e China, com toda a possibilidade da China sair vencedora desse ringue. A China, no entanto, já fez inúmeras acusações aos EUA de fazer uma guerra suja contra ela, espalhando fake news sobre o coronavírus para atingir a economia chinesa.

Não por acaso, Allan dos Santos acaba de soltar uma fake news contra a China, a maior parceira comercial do Brasil, de que ela está cremando pessoas vivas com o coronavírus, o que pode custar ao Brasil um prejuízo de muitos bilhões se a China resolver retaliar o governo que utiliza esse expediente, possivelmente em acordo com os EUA para bombardear a economia chinesa.

Há que se duvidar que Allan dos Santos tenha feito isso sem o consentimento ou com a orientação de Eduardo Bolsonaro que, certamente, recebeu sinal verde do Palácio Planalto para fazer esse jogo sujo contra a China em favor dos EUA.

O caso é muito sério e pode ter desdobramentos inimagináveis contra o Brasil, sem dúvida. Aguardemos o que vem por aí.

Numa postagem seguinte, Allan dos Santos posta em seu twitter um vídeo em que Trump beija a bandeira americana. Para quem sabe ler, pingo é letra.

Abaixo, um vídeo com montagem extremamente grosseira compartilhado por Allan dos Santos, comandante da milícia virtual, o escritório do ódio do clã Bolsonaro.

https://twitter.com/allantercalivre/status/1234276589430550533?s=20

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Vídeo – China: O lado tragicômico do coronavírus

Como a vida real não funciona na base do pão, pão, queijo, queijo, certas disciplinas em momento de catarse soam cômicas, pra não dizer trágicas.

A cena no vídeo abaixo, de um fato ocorrido, supostamente, na China, em função do coronavírus, é inusitada, pela trapalhada bruta que acaba se transformando em algo extremamente cômico, fazendo até esquecer o motivo de algo que exige um comportamento tão exótico, para dizer o mínimo.

Divirtam-se:

 

*Da redação

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1ª prisão do miliciano herói de Bolsonaro teve comandante detido e fuzis do tráfico achados em batalhão

Em 27 de novembro de 2003, oito PMs do 16º BPM (Olaria) foram presos em flagrante pelo homicídio do flanelinha Leandro dos Santos Silva, em Parada de Lucas, na Zona Norte do Rio.

O homem foi assassinado um dia depois de denunciar que havia sido torturado e extorquido pela patrulha.

Um dos agentes detidos era o então tenente Adriano da Nóbrega — morto numa operação da PM na Bahia, há duas semanas.

Uma investigação da PM aberta após as prisões escancarou o descontrole no batalhão de Adriano à época: agentes faziam operações clandestinas, fuzis do tráfico foram encontrados dentro da unidade e até o comandante acabou preso acusado de tentar coagir testemunhas.

Essa foi a primeira prisão da carreira de Adriano — que recebeu, na cadeia, a Medalha Tiradentes do então deputado estadual Flávio Bolsonaro.

O EXTRA teve acesso ao relatório final da investigação, que apontou irregularidades cometidas por 51 policiais e determinou a abertura de processos administrativos para a exclusão de dois oficiais da PM — um deles, Adriano.

A investigação descobriu falhas no controle das viaturas usadas pelos agentes e nas escalas de serviço, o que possibilitava que PMs, mesmo fora de serviço ou à paisana, fizessem operações.

No mesmo dia das prisões, foram encontrados, no batalhão, dois fuzis — fabricados na China e na Rússia — que não faziam parte do armamento utilizado pela PM à época. As armas haviam sido apreendidas com traficantes e deveriam estar acautelados, mas eram usados pelos agentes do batalhão.

Torturas em série

Os oito PMs foram presos e denunciados pelo homicídio do flanelinha, mas nunca chegaram a responder pelas acusações de tortura feita por outros dois moradores de Parada de Lucas. Um deles alegou ter sido capturado em casa no dia 11 de outubro, levado para um terreno baldio na favela e liberado após pagar R$ 1 mil aos PMs. Outra vítima relatou ter passado o mesmo no dia 11 de novembro.

O GPS da viatura usada pelo grupo apontou que ela esteve no local apontado como o cativeiro. Seguranças que trabalhavam numa empresa próxima confirmaram que viram PMs lá nos dois dias. Um par de sandálias de uma das vítimas foi apreendido no local. A terceira vítima foi Leandro, o guardador de carros, em 21 de novembro. Exame de corpo de delito feito antes do assassinato apontou sinais de asfixia.

Comandante acabou preso

No dia em que a patrulha foi presa, o então comandante do batalhão, tenente-coronel Lourenço Pacheco Martins, foi exonerado pelo secretário de Segurança Anthony Garotinho. O oficial acompanhou os oito PMs até a delegacia e, no local, chegou a ameaçar fotógrafos caso fossem registradas imagens dos agentes.

No ano seguinte, já fora do cargo, Martins foi preso acusado de tentar coagir testemunhas que acusavam a patrulha de tortura. A prisão do oficial aconteceu um dia depois de um depoimento do traficante José Roberto da Silva Filho, o Robertinho de Lucas. O criminoso alegou que teria sido forçado por Martins a convencer testemunhas da morte do guardador a mudar o depoimento na Justiça. A acusação nunca foi comprovada, e Martins acabou solto meses depois.

Impunidade

Adriano da Nóbrega foi condenado em primeira instância a 19 anos e seis meses de prisão. Após a condenação, foi defendido na tribuna da Câmara pelo então deputado federal Jair Bolsonaro. Ao recorrer da sentença, o então capitão conseguiu ser absolvido por decisão da 4ª Câmara Criminal do TJ do Rio, em setembro de 2006.

Nenhum dos oito PMs da patrulha acabou condenado pelo homicídio. Todos foram soltos após serem absolvidos em segunda instância. Em 2014, já capitão, Adriano foi expulso da PM por envolvimento com bicheiros.

Casado, pai de dois filhos e sem antecedentes criminais, Leandro começou a trabalhar como autônomo registrado na CET-Rio em 18 de setembro de 1999. Ele trabalhava no sistema Vaga Certa na Avenida Atlântica, próximo ao hotel Copacabana Palace.

 

 

*Com informações do Extra

 

 

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Exportações desmoronam 19,5% e déficit externo de Janeiro chega 11,9 bilhões de dólares

O ano de 2020 começou desfavorável para o comércio exterior brasileiro. O volume de exportações brasileiras recuou 19,3% em janeiro deste ano ante janeiro de 2019. Já o volume de importações cresceu 2,0% no período. Os dados são do Indicador do Comércio Exterior (Icomex), divulgado nesta quinta-feira, 20, pela Fundação Getulio Vargas (FGV).

O tombo pesou para o déficit de US$ 11,9 bilhões nas chamadas transações correntes, a conta que mede todas as operações que o país faz com o exterior, sejam elas financeiras, de comércio exterior e de serviços.

No mesmo mês de 2019, o resultado negativo havia sido de US$ 9 bilhões.

Os brasileiros gastaram menos com viagens no exterior.

No mês passado, a despesa caiu 13%, de US$ 986 milhões para US$ 857 milhões.

A balança comercial de janeiro registrou um déficit de US$ 1,7 bilhão, após consecutivos superávits neste mesmo mês desde 2016.

O Icomex lembra que o acordo entre a China e os Estados Unidos deve levar a perdas nas exportações de soja, mas há risco também para as exportações de carnes.

A equipe do Icomex prevê uma possível queda entre 10% e 15% nas exportações brasileiras para a China este ano. Ao mesmo tempo, a FGV considera pouco provável que a economia argentina possa contribuir para o aumento das exportações brasileiras em 2020.

 

*Da redação

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Globo, que apoiou a precarização trabalhista e do SUS, diz que hospitais da China foram feitos por mão de obra escrava

Resumindo o contrato entre os americanófilos da Globo com os interesses ideológicos, mas sobretudo comerciais de Trump, a Globo tenta substituir o elogio a um país que constrói dois hospitais em poucos dias em um desastre humanitário.

Abre-se aí  um parênteses, o desastre humanitário, no caso, não é o coronavírus, mas sim a suposta mão de obra escrava dentro de um regime totalitário.

A Globo sendo a Globo. Se de um lado, ela, via Globonews, foi uma espécie de programa de auditório 24 horas por dia em prol do desmonte das leis trabalhistas, da PEC do fim do mundo que congelou por 20 anos os recursos da saúde e da educação, é uma entusiasta da privatização do SUS, como sonha Paulo Guedes, além de ter sido madrinha da bateria dos batuqueiros que ecoaram o som do fim da aposentadoria para os mais pobres, como ocorreu na reforma da Previdência.

A mesma Globo, agora, está compadecida com os escravos chineses, obrigados a um trabalho forçado na construção recorde de dois hospitais, o que está encantando o mundo que, segundo ela, só é possível em países sanguinolentos, totalitários.

O engraçado é que, mesmo nesses países totalitários, essa mesma ditadura comunista da China, quando comprou alguns milhares de toneladas de carne brasileira, fazendo o preço disparar no mercado interno afetando a economia com uma explosão inflacionária, a Globo se esqueceu de dizer que isso estava acontecendo porque Bolsonaro, o anticomunista de araque, tinha sido salvo justamente pelas exportações para a China, sem se preocupar se esta vive uma ditadura ou uma democracia, o importante era encher os bolsos dos pecuaristas e estes ganharem dinheiro como nunca e com os holofotes da Globo.

Como na guerra comercial entre China e EUA, a Globo é 100% Trump, mesmo sem saber o que aconteceria com o Brasil se o vírus causasse uma hecatombe econômica na China e afetasse diretamente as Havans da vida, empanturradas de bugigangas chinesas, a Globo cumpre seu papel olavista de elogiar a economia americana e os empregos de qualidade gerados por ela e, por outro lado, aproveitar o ensejo da construção dos hospitais para denegrir a imagem da China falando em trabalho escravo.

Por isso é sempre bom dizer que o que se ampliou no Brasil não foi a direita ou a extrema direita, mas o cinismo, a cara dura, a desavergonhada fala que se contradiz na fala seguinte sem que ninguém core a cara de pau. E esse é o caso da Central Única do Fascismo Nativo, Rede Globo de Televisão.

Não há hoje vírgula de pudor na forma com que a Globo produz seus balões, cria heróis e bandidos, isso ela faz até de improviso, mesmo que a língua de um comentarista tropece na do outro cinco minutos depois. O importante é fazer de conta que o errado que beneficia os ricos é o correto, e o correto que beneficia os pobres, seja o errado, porque na verdade, é disso que se trata a crítica da Globo na construção relâmpago de dois hospitais na China.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Saúde

Além do coronavírus, agora a China registra surto de gripe aviária

Enquanto o número de mortes por coronavírus em Wuhan continua aumentando, a China foi atingida por outra infecção perigosa. As autoridades locais detectaram uma cepa do vírus H5N1, também conhecida como gripe aviária.

O Ministério da Agricultura da China informou neste sábado sobre o surto da gripe aviária H5N1 na província de Hunan, assegurando que ainda não há registro de exposição humana.

“Um surto de influenza aviária H5N1 altamente patogênica ocorreu em uma fazenda no distrito de Shuangqing, na cidade de Shaoyang, província de Hunan”, disse o comunicado do Ministério da Agricultura, acrescentando que a fazenda infectada tinha 7850 aves. Cerca de 4500 aves contraíram a doença e morreram.

A cepa do H5N1 matou dezenas de pessoas em todo o mundo nas últimas décadas. O surto de gripe aviária foi relatado em 2009-2010 e 2013-2014. Na época, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a comunidade internacional fizeram um esforço para conter a propagação da infecção.

Segundo os médicos, a gripe aviária – descoberta pela primeira vez entre as aves no sudeste da Ásia – é um tipo altamente contagioso do vírus influenza que pode ser facilmente transmitido entre os seres humanos. Ao contrário da atual epidemia do coronavírus, a gripe aviária é curável porque a OMS desenvolveu uma vacina contra esse tipo de infecção.

 

 

*Com informações do Sputnik

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Os interesses de poder por trás do coronavírus e das questões humanitárias

Pesquisador Evandro de Carvalho analisa implicações econômicas e geopolíticas do surto do vírus na China.

Das 33 províncias chinesas, cerca de 12 delas têm 99 ou mais pessoas infectadas pelo coronavírus, responsável por síndromes respiratórias graves. Juntos, esses 12 territórios concentram 64% do Produto Interno Bruto (PIB) chinês, de acordo com o World Atlas. Somente Jiangsu e Guangdong configuram cerca de 21% do índice.

Na primeira província, está localizada a cidade Hangzhou, onde surgiu a e-commerce Alibaba. No segundo trimestre de 2014, a empresa lucrou mais que as gigantes eBay e Amazon juntas, de acordo com o Valor Econômico. No mesmo patamar, a vizinha de Macau e Hong Kong, Guangdong, é berço do maior polo de produção de eletrônicos no mundo e vende cerca de US$ 650 bilhões em exportação anualmente – cerca de um quarto de todas as exportações do país.

Evandro Menezes de Carvalho, doutor em Direito Internacional pela Universidade de São Paulo (USP) e coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro (FGV-RJ) aponta que, com o isolamento de províncias em situações críticas de infecção, como Wuhan, e a paralisação de atividades econômicas, avalia que certamente a conjuntura afetará o jogo geopolítico que envolve a China e haverá, seguramente, um impacto no PIB chinês. Algumas empresas devem retomar as atividades somente depois do dia 10 de fevereiro, alargando ainda mais o Ano Novo do país.

Em entrevista ao Brasil de Fato, Evandro Menezes de Carvalho falou sobre as implicações econômicas e geopolíticas do surto causado pelo coronavírus. Ele salientou que o modo com que o país asiático vem lidando com a questão “reduz bastante a possibilidade de um pânico generalizado que teria consequências mais dramáticas na relação da China com vários países no mundo, que é o primeiro ou segundo parceiro comercial de uma centena de países”.

Brasil de Fato: Como fica o jogo geopolítico entre a China e outras potências mundiais? Quais são os interesses geopolíticos que alguns países podem apresentar em um surto como esse?

Evandro Menezes de Carvalho: Dentro do jogo geopolítico, há interesses que consideram questões humanitárias para benefícios de poder e, é claro que para certos países, o impacto desta epidemia de coronavírus contribui para a medição de força com a China. Países que querem prejudicar a imagem da potência asiática no mundo, utilizam esse tipo de situação para disseminar, ou deixar disseminar em seu território, a ideia de que a China tem informações não confiáveis, gerando uma certa insegurança e uma relativa aversão ao país.

Certos países, então, aproveitam situações como essa para manipular e aumentar o temor pela China. Isso aumenta os custos chineses para dar continuidade ao que vem sendo feito para melhorar sua imagem internacional. Nisso, é importante lembrar que a China permaneceu no Acordo de Paris e mostra publicamente a importância disso, assim como tem defendido a manutenção e o fortalecimento da Organização Mundial do Comércio (OMC), enquanto outros Estados advogam o contrário.

E quais são as implicações econômicas desse surto?

Ainda que seja difícil postular isso hoje, e mesmo economistas têm essa dificuldade, haverá um impacto no PIB do país, sobretudo porque a China está em um momento em que a economia teve de ser paralisada. Não totalmente, mas na medida em que se fecham cidades e restringe-se o fluxo do tráfego de trens, carros, ônibus, tudo isso vai afetar a economia chinesa, seguramente.

Se já havia uma perspectiva do Fundo Monetário Internacional (FMI) de crescimento em cerca de 6% – com muito esforço, 6,5% – provavelmente isso não será possível ainda esse ano. O próprio governo chinês já sabia com muita antecedência que ia haver essa redução do PIB. Mas há um risco de ser abaixo de 6%, porque o surto é um fato inesperado. Isso gera uma preocupação normal do governo chinês, mas não significa necessariamente que não haja possibilidade de recuperar isso. É mais ou menos o que aconteceu depois da SARS (sigla em inglês para Síndrome Respiratória Aguda Grave), entre 2002 e 2004, a China voltou a crescer. Mas é certo que isso vai gerar impacto.

Esse impacto no PIB também está diretamente ligado às consequências nas relações internacionais da China, certo?

Tem um impacto internacional sobretudo nos países próximos à China, cuja economia é influenciada pelo turismo na região, como Tailândia e Japão, que já estão sentindo as consequências. Nesse sentido, o governo chinês proibiu viagens de certos grupos da população para o exterior, uma medida de segurança e de saúde para não espalhar essa situação para o resto do mundo.

Tudo isso começa a criar uma série de dificuldades que vai impactar o mercado internacional. E, é claro, na medida em que a economia chinesa já tinha uma leve retração, é difícil mensurar isso em função do coronavírus, que fará com que o governo chinês venha a reavaliar suas prioridades e despesas de emergência no contexto atual. Ainda é muito cedo para se falar em números e dados, em quais setores serão mais prejudicados. Mencionei o turismo, porque é a causa da medida recente de proibir viagens internacionais de grupos de chineses.

E em relação ao turbilhão de notícias que circulam sobre o surto provocado pelo coronavírus: como esse fator é colocado em questão?

A primeira questão a ser salientada é que esse tema do coronavírus se tornou global pelo potencial de propagação do vírus. Agora, um aspecto importante diz respeito ao modo como a China está lutando com essa questão. No contexto atual, há uma miríade de notícias que circulam na Internet que muitas vezes é difícil identificar aquilo que é informação crível e confiável.

É importante sublinhar que o governo chinês tem estabelecido um diálogo muito produtivo e aberto com a Organização Mundial da Saúde (OMS). O presidente Xi Jinping se reuniu com o diretor geral da OMS recentemente, e eles decidiram entrar em acordo para intensificar as buscas pelas causas desse vírus e estudar as consequências, a fim de encontrar, inclusive, formas e soluções para combater a epidemia. Isso mostra abertura e transparência, de modo que não há porque também desmerecer as informações que estão sendo prestadas pela mídia chinesa constantemente.

Então, são informações importantes que mostram, de um lado, como o governo chinês está lidando com a situação. E, ao mesmo tempo, permite ao mundo acompanhar o que tem que ser feito. Isso, por si só, reduz bastante a possibilidade de liberar um pânico generalizado, que teria consequências mais dramáticas na relação da China com vários países no mundo. A China hoje é o primeiro ou segundo parceiro comercial de uma centena de países, por isso um fato como esse acaba gerando expectativas muito grandes em escala mundial.

No momento em que se declara que isso é uma emergência global, caso isso venha a ocorrer, tem um impacto direto na China, não só na questão dos gastos públicos para resolver o problema internamente, economicamente, mas também na imagem da China. Nós já sabemos que vivemos em uma era de muitas fake news, e que a China não está imune a isso, sobretudo no plano internacional. Então, esse fato pode ser usado para reforçar ainda mais a imagem que os países ocidentais têm ou querem construir de que a China não é tão confiável. Isso gera um ônus muito grande para o país asiático: o de precisar se mostrar um país responsável lidando com essas situações de emergência.

E como é a perspectiva brasileira em relação ao surto causada pelo coronavírus? Como o Brasil pode ser afetado em termos geopolíticos e econômicos?

Da perspectiva brasileira, o que a gente precisa observar é: estamos preparados para enfrentar seja uma epidemia de coronavírus ou qualquer outra situação semelhante que venha a ocorrer no Brasil?

Agora, acho que no contexto atual, o principal impacto seria aparentemente econômico, porque várias delegações chinesas de negócios poderiam estar vindo ao Brasil agora, ou de brasileiros que estariam indo para a China. Há uma redução do intenso nível de interação entre os dois países, pela conjuntura do coronavírus. Além disso, alguns produtos podem passar por um escrutínio maior do ponto de vista de segurança sanitária. Então acredito que terá um impacto maior no comércio.

 

 

*Com informações do Brasil de Fato

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Coronavírus, emergência global: o estrago que já causa na economia moribunda brasileira

Analistas destacam que ações de empresas de commodities são as que mais podem sofrer no curto prazo.

O temor sobre os efeitos do coronavírus vem impactando fortemente os mercados, inclusive o brasileiro, em meio às indicações de que o surto da doença que se assemelha a uma pneumonia afete fortemente a economia chinesa e, consequentemente, a mundial.

Conforme destacou Zhang Ming, economista do governo do gigante asiático, o crescimento econômico do país pode cair para 5% ou menos no primeiro trimestre por conta do surto, enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou nesta quinta-feira (30) o coronavírus como emergência global. O Brasil, por ser um dos maiores exportadores para a China, pode ver diversos setores da economia sendo impactados.

O Itaú BBA, o Morgan Stanley, XP Investimentos e Bradesco BBI apontaram o impacto para diferentes setores da economia da América Latina e, especialmente, para a brasileira.

A equipe de análise do Itaú BBA avalia que a China é o parceiro comercial considerado chave para a economia latino-americana, sendo o principal parceiro de Peru, China e Brasil, com o gigante asiático sendo responsável por mais de 20% do total exportado desses países. Assim, dada a importância dessa relação, é possível um impacto direto para o PIB dessas nações.

Apesar de haver vários segmentos impactados, a mensagem é de que não há motivos para pânico, ainda mais quando se traçam paralelos com outros surtos de doença ao longo dos últimos anos e o impacto para a economia e para os mercados no longo prazo. Contudo, no curto prazo, algumas empresas podem sofrer.

Veja abaixo alguns dos setores que podem ser impactados de forma significativo pelo surto de coronavírus:

Commodities
Mineração, siderurgia e celulose

Os analistas do Itaú BBA fizeram um paralelo entre o novo coronavírus e a crise com a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS, na sigla em inglês), em 2003, que também levou a uma desaceleração da economia chinesa.

A análise sugere que a crise do SARS teve um impacto limitado nos preços de commodities em geral. Após a crise no início daquele ano, na segunda metade de 2003 os preços das ações de companhias do setor recuperaram o valor de antes do surto da doença. Contudo, eles fazem a ponderação de que a China tem agora um papel mais forte como demandante de commodities do que há 17 anos.

Neste cenário, mineração e companhias de celulose aparecem como mais expostas à China, com o Ebitda (lucro antes de juros, depreciações e amortizações) sendo mais diretamente afetados, o que é negativo para Vale (VALE3) e Suzano (SUZB3).

A China responde diretamente por 72% e 49% da demanda global por minério de ferro e cobre por via marítima, respectivamente, resultando em uma participação significativa no Ebitda das mineradoras. Os analistas apontam que 48% do Ebitda da Vale e 31% do Ebitda da CSN (CSNA3) estão vinculados ao gigante chinês.

Vale ressaltar que, durante o pico do surto de SARS, a produção de aço bruto e as importações de cobre cresceram a uma média de 22% e 53% ao ano respectivamente, indicando não haver um impacto claro no mercado físico do insumo.

“Dito isso, o sentimento negativo do mercado fez com que os preços do cobre caíssem cerca de 11% entre fevereiro e abril de 2003 antes de retornaram rapidamente aos níveis anteriores no final de maio”, avaliam os analistas.

Para eles, embora os preços mais baixos de minério de ferro e cobre possam pesar nas margens dos produtores, o efeito pode ser suavizado pelo fato das empresas de mineração estarem operando com custos baixos.

A China também responde pela maior parte do crescimento da demanda global de celulose (36%). Contudo, o impacto nas empresas brasileiras é diferente: ela é responsável por uma participação relativamente maior no Ebitda da Suzano (43%) do que da Klabin (15%).

“Houve um impacto limitado nos mercados físicos durante a crise da SARS, e os preços de celulose de fibra curta e longa permaneceram fortes e em alta, apoiados por um crescimento médio de 18% na produção de papel chinesa. No entanto, considerando que a China deve impulsionar todo o crescimento estimado para o setor nos próximos anos (entre 2020 e 2023), uma revisão para baixo das taxas de crescimento da demanda por celulose do país pode adiar a tão esperada recuperação dos preços da celulose”, avalia o Itaú BBA.

Por outro lado, avaliam, os resultados dos produtores de papel dependem mais da demanda regional, sugerindo uma resiliência relativamente mais alta dos números operacionais da Klabin em relação aos da Suzano. Enquanto isso, em meio ao surto (com as pessoas evitando sair de casa), o comércio eletrônico pode ganhar relevância na comparação com as lojas físicas na China, dando suporte ao aumento da demanda por embalagens.

Enquanto isso, as empresas siderúrgicas estão menos expostas diretamente à China, mas os preços globais podem impactar essas empresas. A maior parte das receitas e do Ebitda dessas companhias são provenientes de seus respectivos mercados domésticos, com a China tendo uma participação direta de menos de 5% do Ebitda.

“Dito isso, contudo, um potencial declínio nos preços globais do aço pode ter efeitos negativos sobre os preços no Brasil, Argentina e México devido às relações de paridade de importação. De fato, os preços domésticos de aço tipo HRC e vergalhão da China caíram 19% e 4%, respectivamente, de fevereiro a maio de 2003, antes de se recuperar para níveis anteriores em outubro daquele ano. Pelo lado positivo, moedas locais mais depreciadas podem ajudar a compensar parcialmente o impacto da queda dos preços”, avaliam.

Além disso, atenção para as possíveis medidas de estímulo do governo chinês, que podem ser anunciadas para reverter o cenário de desaceleração da economia e impactar positivamente as siderúrgicas e mineradoras.

Petroleiras

O petróleo do tipo brent registra uma queda de mais de 10% em apenas seis sessões, com o barril abaixo de US$ 58 o barril, uma vez que a preocupação sobre a demanda aumenta.

Conforme destacam os analistas do Morgan Stanley, as preocupações não são infundadas, uma vez que há um número crescente dos voos para a China está sendo cancelado, as restrições de viagens estão aumentando entre as cidades chinesas e o vírus está se espalhando para outros países. Levando em conta que tudo isso afeta as expectativas de crescimento econômico do maior importador de petróleo do mundo, há justificativas para a forte queda do petróleo.

As vendas de cargas da commodity da América Latina para a China foram interrompidas esta semana, com a crise do coronavírus paralisando um período de feriado já tranquilo, aponta a Bloomberg. Desde a semana passada, nenhuma venda de cargas para entrega em março do Brasil e da Colômbia foi registrada e cargas sem vender estão se acumulando, apontaram fontes à publicação.

As refinarias na China – que recebem 30% dos embarques do Brasil, Colômbia e de outros grandes exportadores da América Latina – deverão cortar a produção em meio a especulações de que restrições de viagem para conter a propagação do coronavírus reduzirão a demanda por gasolina, diesel e combustível de aviação, aponta a agência.

Um relatório da Platts Analytics calcula que, se o surto do coronavírus for tão grave como a epidemia da SARS, a demanda por petróleo poderá cair entre 700 mil e 800 mil barris diários no mundo, que são equivalentes a mais da metade do crescimento da demanda projetado para este ano. Segundo o ministro da Energia da Argélia, Mohamed Arkab, os membros da OPEP + estão considerando uma reunião de emergência em fevereiro devido a preocupações relacionadas ao coronavírus.

Porém, aponta o Morgan Stanley, caso a situação se estabilize, há espaço para os preços do petróleo voltarem para a casa dos US$ 65,00. Enquanto isso não acontece, as ações de petroleiras, como é o caso da Petrobras (PETR3;PETR4), podem repercutir a queda da cotação da commodity negativamente na bolsa.

A estatal tem reiterado sua política de seguir o princípio da paridade de importação – levando em conta preços no mercado internacional mais os custos de importadores, como transporte e taxas portuárias, com impacto também do câmbio – e já cortou três vezes o preço dos combustíveis no mês. Em 14 de janeiro, a companhia promoveu um corte de 3% no diesel e gasolina. Na semana passada, a empresa diminuiu o preço médio da gasolina e do diesel nas refinarias em 1,5% e 4,1%, respectivamente. Nesta quinta, houve um novo corte dos preços de combustíveis, também de 3%.

Frigoríficos

Já para os frigoríficos, que até então tinham registrado um forte rali por conta de uma outra doença que estava afetando a China, no caso a gripe suína africana, a expectativa é de um impacto negativo no primeiro trimestre de 2020 (principalmente para as exportadoras) por conta do coronavírus, mas um impacto mais limitado no ano cheio.

Há dois possíveis efeitos no radar, avalia a equipe de análise: i) a redução da atividade econômica, o que deve reduzir a acessibilidade em um contexto em que a carne já é cara e ii) o cancelamento de eventos do Ano Novo Chinês, que poderia guiar altos estoques de produtos no começo deste ano. “Vamos mais risco neste segundo ponto e não esperamos nenhuma mudança significativa nas estimativas para a oferta e demanda da China para 2020”, avaliam os analistas ao citar que, no surto de SARS, também não houve mudanças expressivas na demanda por proteína.

Para eles, o consumo de proteínas, assim como de produtos do varejo, sofrerão menos do que as commodities diretamente impactadas com investimentos ou atividade econômica. Em 2003, aliás, houve um aumento na demanda pelas três principais proteínas (de frango, de boi e de porco) em 3,1% na base de comparação anual, marcando uma aceleração frente os dois anos anteriores.

De qualquer forma, a expectativa é de um primeiro trimestre de 2020 mais fraco depois que todos os efeitos do coronavírus forem contabilizados, também levando em conta que o momento é pior do que o SARS, uma vez que houve uma explosão dos casos na véspera do Ano Novo Chinês.

Há evidências de que vários eventos do ano novo chinês foram cancelados mesmo fora da área em que os focos estavam concentrados. Entre os mais importantes, estavam eventos em Pequim e Hong Kong. O feriado começou em 24 de janeiro, sendo geralmente este o período de maior consumo de proteína no país.

Um aumento no estoque de proteínas devido ao consumo mais fraco, na avaliação deles, pode sim prejudicar os exportadores brasileiros de proteínas no curto prazo. “Desta vez, esperamos que as importações se recuperem menos rapidamente se houver um estoque restante por conta do Ano Novo Chinês”, avaliam.

Porém, não espera-se que o coronavírus mude o quadro geral do déficit de proteína na China no contexto da febre suína africana (ASF), uma vez que a queda no consumo devido ao cancelamento dos eventos do Ano Novo deve ser 14 vezes menor do que a queda na produção na China causada pelo ASF.

Os eventos do Ano Novo Chinês aumentam a demanda em cerca de 3% do consumo anual de proteína em comparação com a média mensal regular. Isso significa que um declínio pela metade nos eventos do ano novo chinês levaria a uma redução de 1,5% na previsão de consumo para o ano de 2020, o que equivale a cerca de 1 milhão de toneladas para as três proteínas combinadas.

Como lembrete, a gripe suína africana levou a uma redução de 14 milhões de toneladas na produção de proteína chinesa. “Apesar do potencial aumento de curto prazo para as exportações brasileiras de proteínas, esperamos que o ASF continue sendo o principal impulsionador do mercado global de proteínas”, avaliam.

Aliás, durante painel realizado pelo Credit Suisse na última quarta-feira (29), os principais produtores de proteína do Brasil disseram que a epidemia de coronavírus poderia até aumentar a demanda por alimentos produzidos no Brasil, especialmente nos países asiáticos. O CEO da BRF, Lorival Luz, disse que isso pode estar relacionado a uma maior demanda por segurança alimentar. Já o CEO da JBS, Gilberto Tomazoni, disse que uma comparação com o surto de SARS em 2003 não pode ser feita, pois, naquela época, o governo chinês restringia as vendas de animais vivos e o país importava mais. Porém, de acordo com o Bradesco BBI, no saldo final, não haverá impacto do coronavírus dentro das empresas do setor. Os analistas seguem com recomendação outperform (desempenho acima da média) para as ações da BRF (BRFS3) e JBS (JBSS3), com preços-alvos respectivos de R$ 47 e R$ 37.

 

 

*Do Informoney

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Pandemia do coronavírus: OMS decreta emergência sanitária global, surto sem precedentes

Entidade afirma que se opõe à aplicação de restrições de viagem e de comércio contra a China e apresenta lista de medidas que cada país terá de adotar.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) decreta uma emergência sanitária global por conta do novo coronavírus. A decisão foi tomada nesta quinta-feira, em Genebra, depois de uma reunião entre especialistas e os governos dos países afetados. Por dias, Pequim pressionou para que a declaração não fosse realizada. Mas, para a OMS, o surto é “sem precedentes”.

A entidade alerta ainda que não há necessidade de restrição de viagens e nem de comércio. Mas insiste que a declaração é uma forma de apoiar países que não teriam a capacidade de lidar com um eventual surto. “Isso não é uma declaração não confiança com a China”, indicou a OMS. “Esse é o momento para que os fatos prevaleçam, não o medo”, declarou.

A OMS ainda anunciou que vai questionar restrições que países optem por colocar e pedir que governos que busquem essa saída “provem cientificamente” o motivo de eventuais barreiras. Segundo a agência, haverá uma pressão para que restrições sejam reconsideradas. “Esse não é um exemplo a seguir”, declarou a entidade.

“Nós precisamos agir agora para ajudar outros países a se preparar para a possibilidade [da entrada do vírus]”, diz Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS. “A razão para a declaração não é pelo que está acontecendo na China, mas pelo que acontece nos outros países.”

“Embora o número de casos em outros países seja relativamente pequeno em comparação com o registrado na China, devemos agir juntos. Não sabemos o tipo de dano que esse vírus pode causar se ele se espalhar em um país com um sistema de saúde mais frágil. Por isso, declaro emergência em saúde pública internacional”, declarou Tedros.

A iniciativa tem um forte componente político e ocorre poucas horas depois de as autoridades chinesas divulgarem o maior salto em apenas um dia no número de mortes. Um plano para uma resposta global também foi apresentado, com obrigações que devem ser seguidas por países em todo o mundo.

Até o momento, mais de 7,7 mil casos foram identificados na China, com 170 vítimas fatais. Outros 12 mil casos suspeitos estão sendo examinados e, no total, 88 mil pessoas estão sendo monitoradas por terem mantido contato com doentes ou parentes. No exterior, são 98 casos em 18 países.

Desde que o sistema foi criado, em 2009, a OMS decretou cinco emergências globais. Uma delas envolveu o Brasil, em 2016, por conta do zika vírus.

Com a medida, a OMS espera gerar uma mobilização global para impedir que novos epicentros do surto possam surgir. A declaração visa também abrir espaço para que recursos sejam destinados para enfrentar a nova emergência, inclusive para preparar países mais pobres e financiar uma vacina.

O principal temor da entidade é de que, fora da China, novos centros de proliferação da doença sejam estabelecidos. Para o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, há o potencial de um surto “muito maior” se novos focos se desenvolverem.

Em pelo menos quatro países, já se conhece casos em que houve uma transmissão entre pessoas que não estiveram na China. O último deles foi registrado nos EUA. No Japão, as autoridades confirmaram que houve transmissão entre pessoas que sequer apresentaram sintomas. Dentro da entidade, fontes confirmam à coluna que se a OMS tiver de lutar contra várias frentes ao mesmo tempo, o risco é de que a resposta tenha sérias dificuldades para frentes ao mesmo tempo, o risco é de que a resposta tenha sérias dificuldades para frear a proliferação da doença.

Medidas

A emergência, portanto, significa que governos de países com casos já confirmados, países com fronteiras com a China e mesmo aqueles apenas com ligações aéreas terão de adotar medidas de controle.

Para países como o Brasil, aeroportos e portos precisam realizar um intenso controle. Há também recomendações detalhas de protocolo sobre o que fazer com casos suspeitos e com casos confirmados da doença.

Atualmente, porém, apenas 32 países de um total de 194 estão conduzindo o monitoramento de quem entra em seus territórios.

Outro objetivo é ainda o de harmonizar as respostas da comunidade global. Sem uma orientação da OMS, cada governo está adotando medidas diferentes para lidar com a potencial crise. A Rússia, por exemplo, mais de 4 mil quilômetros de sua fronteira com a China, enquanto outros governos cortaram as ligações aéreas e até um barco com seis mil pessoas foi impedido de desembarcar na Itália por conta de um caso suspeito.

A entidade quer, agora, que as medidas tenham uma lógica científica e que não se use o vírus politicamente. Também há uma forte pressão por parte da China para que a OMS se posicione contra medidas consideradas como “exageradas”, o que aprofundaria a crise econômica e de confiança numa das maiores economias do mundo.

Política e pressão

A declaração ocorre uma semana depois de a agência de saúde da ONU alertar que era “cedo demais” para decretar a emergência. Há sete dias, a entidade não conseguiu um consenso entre os seus especialistas sobre a necessidade de se decretar a emergência. O encontro ainda foi marcado por uma forte pressão da China, temerosa de que tal iniciativa da OMS resultaria em um golpe contra a credibilidade do país.

Xi Jinping, já questionado pela crise política em Hong Kong e Taiwan, veria a declaração como um fator extra de enfraquecimento de seu poder.

Para não dar uma impressão internacional de que desconfiava da capacidade da China de conter o vírus, Tedros viajou até Pequim para se reunir com Xi. “Tivemos uma conversa franca”, contou.

Ao retornar para Genebra, o chefe da OMS insistiu em elogiar o governo chinês e dar a mensagem de sua entidade tem plena confiança no trabalho feito pelo presidente do país.

Não por acaso, na OMS, apesar da pressão internacional e de críticas internas, a ordem é a de prestar todas as homenagens, elogiar explicitamente a China por suas ações e garantir que não há influência política nas decisões da entidade.

“O fato de termos apenas 80 casos no exterior é por conta das medidas que o governo chinês tomou para evitar as exportações de casos”, disse Tedros. “E eles estão fazendo isso às custas de sua economia e sociedade”, destacou o etíope.

“Nunca vimos a escala de resposta como existe na China, com recursos e altamente organizadas. O desafio é grande, mas a resposta tem sido impressionante”, completou Mike Ryan, chefe do programa de emergências da OMS.

Na China, porém, vozes cada vez mais claras alertam para o fato de que houve uma demora para que o governo reconhecesse o problema.

 

 

*Jamil Chade/Uol

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Se a origem do coronavírus não é o mercado de frutos do mar de Wuhan, então, onde surgiu?

A descrição divulgada dos primeiros casos de infecção por coronavírus contradiz a hipótese de a fonte inicial do coronavírus 2019-nCoV ter sido o mercado de frutos do mar Huanan, na cidade de Wuhan.

A pesquisa, publicada na revista The Lancet, foi realizada por um grupo de cientistas chineses de várias instituições médicas e revela os pormenores dos casos dos primeiros 41 pacientes hospitalizados com infecção confirmada pelo novo tipo de coronavírus 2019-nCoV.

O primeiro caso foi detectado em 1º de dezembro de 2019 e o paciente não referiu a relação com o mercado de frutos do mar. Também não foi encontrada uma relação epidemiológica entre o primeiro paciente e os casos seguintes. Segundo os pesquisadores, 13 dos 41 casos não tiveram relação com o mercado de frutos do mar.

Nas declarações anteriores das autoridades de saúde chinesas e da Organização Mundial da Saúde foi referido que os primeiros sintomas no primeiro paciente foram detectados em 8 de dezembro de 2019 e que a maioria dos casos teve ligações com o mercado de frutos do mar, que foi fechado em 1º de janeiro de 2020.

Cidade fantasma:

Os cientistas afirmam que os primeiros casos da infecção por vírus, dado o período de incubação, deveriam ter acontecido em novembro de 2019 ou até antes. Nesse caso, o vírus já se espalhou entre os habitantes de Wuhan, e possivelmente para fora da cidade, antes do primeiro caso ter sido registrado e relacionado com o mercado.

O especialista em doenças infecciosas Daniel Lucey, da Universidade de Georgetown, Washington, EUA, explicou à revista científica Science que após o artigo publicado na The Lancet surge a questão sobre a precisão da informação inicial apresentada pela China.

No início do surto, a principal fonte oficial de informação eram as declarações da Comissão Municipal de Saúde de Wuhan. Nas declarações de 11 de janeiro foi anunciada a quantidade de 41 casos confirmados, que não mudou até 18 de janeiro. Entretanto, indicava-se que em todos os casos a origem era o mercado de frutos do mar e que não havia evidências de transmissão do vírus de humanos para humanos.

É provável que neste momento na China tenham entendido que a epidemia não surgiu no mercado de frutos do mar Huanan em Wuhan”, disse Daniel Lucey.

“Um dos cenários considerados por nós é a infecção de alguém fora do mercado e depois a sua chegada ao mercado. Isso é bastante verosímil, considerando os dados e conhecimentos correntes”, disse o biólogo-evolucionista Kristian Andersen, do Instituto de Pesquisa Scripps, em uma entrevista à revista Science.

Andersen analisou a estrutura do vírus 2019-nCoV para descobrir sua origem. Segundo ele, outro cenário é o aparecimento no mercado de animais infectados.

“Agora é evidente que o mercado de frutos do mar não é a única origem do vírus. Mas para dizer a verdade, até agora nós ainda não sabemos de onde surgiu o vírus”, disse o chefe da pesquisa descrita na The Lancet, doutor Bin Cao.

 

 

*Com informações do Sputnik